Me jogo contra o vidro grosso, fazendo o bicho se aproximar de mim, rangendo os dentes, soltando espuma pela boca, andando como um macaco em minha direção e me encarando com os olhos avermelhados.

Estou chorando e acabei de soltar um grito antes de me jogar contra o vidro.

- Quer que deixemos você sozinha? - pergunta Brandon.

- Não! - grito com a testa no vidro, escutando os rangidos de seus dentes. - Quero que me expliquem exatamente o que está acontecendo! - grito. - Este não é o Nathan! Onde está o Nathan.

- Este é o Nathan - diz Brandon andando em minha direção e me levantando. - Ele não estava... Apenas com gripe.

Encaro o arranhão mais aparente em seu braço e me lembro agora de ter olhado pelo espelho para ver o que estava acontecendo, mas não consegui ver nada e ele voltou para o carro estranho.

- Um bicho bebê estava debaixo do banco e... Nathan não conseguiu matar uma criatura tão indefesa - diz Brandon e Brook ri.

- Não eraindefesa. - resmunga ela.

- E ele tentou mordê-lo, mas o arranhou e eles conseguiram manter com as vacinas, mas elas acabaram.

- Maseuestava as tomando também! Eu poderia tê-las deixado para ele! Poderiam ter dito para mim! E ele ainda estaria vivo! - berro, ainda chorando.

- Você teve uma ferida exposta pela mordida do Carter, sabe que Nathan nunca deixaria você morrer - Brandon diz, engolindo em seco. - E... Tentamos achar a cura neste tempo que você estava fora. Não dormimos e conseguimos uma vacina, mas... Alguma coisa não está certo.

- Ah, então por isso eu precisava ajudar o John? - grito, tentando não olhar para o vidro, sabendo que estou gritando com ele.

- É. Ele pediu - diz Brook. - Ele não queria que você ficasse...

- Assim? - pergunto. - Foi bem pior agora.

- Ele não queria contar. Quem quer contar que vai morrer? - diz Brandon e respira fundo. - Tudo bem, você vai voltar para o quarto?

- Não. - digo esfregando o rosto, me sentindo tonta e enjoada. - Eu... Não vou sair daqui até que ele volte. Se acharem a cura de verdade, ele pode voltar... Certo?

- Certo. - Brandon concorda com a cabeça.

- Certo. - repete Brook. - John disse que sim.

- Estão mentindo para mim, novamente? - pergunto encarando os olhos dos dois.

- Não - Brandon engole em seco.

- Tudo bem, agora eu quero ficar sozinha.

- Se acontecer qualquer coisa, é só apertar aquele botão - Brandon aponta para um botão perto da porta. - É só tirar as cordas das cortinas quando for sair e nunca acenda as luzes enquanto a cortina estiver aberta, ouviu bem? Nunca!

- Eu não quero mata-lo. - digo. - Ele pode me ouvir?

- É, achamos que sim. Talvez ele se lembre depois. - diz Brandon e os dois saem, me deixando sozinha com o que costumava ser o Nathan.

Me aproximo, e ele range os dentes, chegando mais perto do vidro também, mas olhando para mim omo se eu fosse apenas um pedaço de comida.

- Bem, deve ser assim que funciona agora, não é? - digo aproximando o braço do vidro e encarnado-o tentar mordê-lo. - Eu sou uma comida.

- Você não é comida - Olho para trás e encaro Meg que esfrega os braços. - Eu sinto muito. - Ela se aproxima, mas fica á uma boa distância do vidro. - Mas ele sabia...

- Ele sabia muita coisa - digo tentando conter as lágrimas ao vê-lo assim e não como o Nathan.- Mas não significava que ele precisasse me contar.

- Ele queria proteger você - diz ela.

- Não fale como se o conhecesse. - digo olhando para ela e encarando-a. - Sei que estou sendo grossa, mas você nunca pareceu gostar dele.

- Eu gostava muito do Nathan - Ela diz, com os olhos estreitos. - Ele me lembra muito o John.

- Eles não são iguais - digo, me contendo para não dizer parecidos e me contrariar. - Nunca diga isso.

- Tudo bem. Eu não gostava dele tanto assim - Ela deixa as mãos caírem ao lado das coxas. - Mas acho que você me entenderia se conhecesse alguém á algum tempo, fosse salva por ela e por um simples comprimido, tudo aquilo que passou junto com ele virasse pó. E mais de vinte anos depois, aparece um garoto igual á ele de aparência e o modo de falar, o jeito e o que você vê? O filho dele. O filho dele com outra mulher.

- A culpa não foi do John.

- Me drogaram Shannon. Sabe como é ser enganada é o caminho é bem por aí. - Ele diz rangendo os dentes, até um pouco mais do que Nathan e vai embora.

- Ela te odeia mesmo - digo encarando o bicho atrás de mim tentando morder minha cabeça. - E você não faz ideia do quanto eu te amo. E o quanto você é um idiota por ter mentido para mim.

**

- Espera! - grito, antes que Brandon enfie aquela agulha em meu braço. - Eu preciso falar com ela.

- O que? - grita Brook, fazendo uma careta. - Ah, eu não acredito nisso!

- Eu não vou... Dizer só... Tudo bem, eu escrevo um bilhete e se tudo der errado vocês deixem em um lugar onde ela possa ver. Tudo bem?

- Nathan. Sabe que suas horas estão contadas e que estamos mortos se você virar um bicho.

- Por favor. - digo segurando seu braço e vendo a diferença da cor de nossos braços. Meu braço está praticamente verde. - Dez minutos sozinho. É só do que eu preciso.

- Tudo bem. Dez minutos - diz Brandon empurrando aquela gente de lá, deixando um papel e uma caneta em meu colo, soltando meu braço do suporte e colocando-o sobre meu colo também.