Darkness Feed escrita por S A Malschitzky


Capítulo 77
Três dias de gripe. Três dias de pura mentira


Notas iniciais do capítulo

Bueno, não me matem.
Acho que os próximos capítulos podem... ALERTA DE SPOILER.
Não não.



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Vejo os olhos assustados de Brook, mas não sei se é por meu estado ou pelo o que eu acabei de dizer.

Bem, acho que pode ser um pouco dos dois.

Ela engole em seco e encara meus olhos, como se fosse explicar que meu pai morreu.

- Não me olhe com essa cara – digo revirando os olhos e tusso mais uma vez, sentindo minha garganta sangrar. – Você pediu a solução.

- É, mas é quase impossível – Ela suspira, esfregando o rosto. – Mas vamos tentar. – Ela ri. – Sabe que a Shannon vai ficar maluca.

- Ela não pode ficar aqui – digo balançando a cabeça. – Se eu morrer ela vai... Pirar.

- Modesto... – Ela revira os olhos, mas concorda com a cabeça. – Mas tenho que admitir que é verdade. Ela já perdeu o irmão assim.

- Eu tive que matar o irmão dela – digo com o estômago revirando mais uma vez, mas não por causa da doença, mas por me lembrar da maneira que me senti quando precisei fazer aquilo. – E eu realmente não quero morrer.

- E se conseguirmos mais vacinas? – Ela propõe e eu balanço a cabeça.

- Acho que é tarde demais. Para os dois lados. A fábrica parou de produzir e... Acho que não vai funcionar. – Suspiro. – Acho que deveria leva-la para a casa do meu pai.

- Tudo bem – Ela concorda com a cabeça e ri. – Não reclame se ela voltar como uma prostituta.

- Se eu voltar a vê-la, você quis dizer.

- É, não foi isso o que eu quis dizer. Acho que poderia se... Despedir. Caso não funcione.

Concordo com a cabeça, vendo-a bater as mãos nas coxas e andar na direção da porta, girando a maçaneta e passando por ela, batendo a porta atrás de si e me deixando sozinho.

- Oi – Shan abre a porta menos de dois minutos depois, andando em minha direção. – Brook disse que John precisa de ajuda para a casa. – Ela ri. – Meg poderia ajudar, não acha? Eu preciso cuidar de você.

- Eu estou bem – Mentiroso. – Não preciso que cuide de mim. – Mentiroso.

- Tem certeza? – Ela estreita os olhos, parecendo pedir para ficar.

- Tenho – concordo com a cabeça, mesmo tentando disfarçar meu olhar para todo seu corpo, talvez por uma última vez. – Acho que meu pai precisa mais de você. E Meg vai me curar rapidinho, sabendo que terá que ficar aqui até que eu me cure para ver John novamente.

- Porque você chama seu pai de John às vezes?

- Você chama ele de John – digo rindo e encolho os ombros, mesmo que eles estejam doloridos. – Não faço ideia.

- Tudo bem, Brook vai me levar agora então... – Ela diz mais alguma coisa, mas estou ocupado demais para ouvir, pensando que talvez seja a última vez que eu vou vê-la.

- Tudo bem – Mentiroso. – Tchau.

- Posso te dar um abraço? – ela pergunta e eu praticamente imploro por isto.

- Pode, mas vai ficar fedorenta. – digo rindo e ela me abraça, parecendo não ligar. – Eu te amo.

- Eu também – Ela pressiona os lábios, como se já tivesse percebido o que está acontecendo. – Já superou uma doença de bicho, vai superar uma gripe. – É, parece que não.

Ela segura meu queixo e sorri, puxando a mochila e colocando algumas roupas, passando pela porta e acenando uma última vez.

Não sei se eles tentarão buscar a cura com tanta urgência apenas para mim, mas é melhor acreditar nisso para não enlouquecer sabendo que tenho apenas três dias.

**

- Porque eu estou aqui? – pergunto, encarando Brook bater na porta com o punho fechado. – Brook.

- Porque vai acabar ficando doente também se ficar perto do Nathan e John realmente precisa de ajuda dentro desse buraco que ele chama de casa. – Ela soca a porta. – Meg eu sei que você está ai! Abre essa droga de porta! – grita ela.

A porta se abre e John nos encara com um suspiro.

- Oi Brook. – Ele esfrega o rosto.

- Cadê a Meg? – Ela pergunta.

- Brooklyn. – Meg aparece atrás dele, abanando as mãos para que ela vá embora.

- Não tenho tempo para papinho – Brook revira os olhos. – A senhora safadinha vem comigo e Shannon vai ajudar a limpar a casa por três dias, lembrando que se ela voltar como uma prostituta, Nathan te dá um tiro na testa. – Ela arqueia as sobrancelhas para ele e John suspira, concordando com a cabeça e esfregando os olhos. – Vamos logo!

Meg beija os lábios de John e sorri, encarando Brook com uma cara séria enquanto elas vão para o carro.

- Oi Shan – Ele sorri, segurando minha mochila.

- Lembrando que eu não me ofereci para isso – digo entrando na casa e vendo que ela não está tão ruim assim. Eu diria que está até... Limpa. – Meg limpou isto aqui, não é?

- Ela disse que parecia um buraco – Ele arqueia as sobrancelhas passando pelo corredor até a cozinha.

- Brook também disse isso – digo e ele ri, sentando na cadeira e erguendo a mão para a outra na sua frente para que eu me sente. – Então... Nathan está doente.

Ele suspira, bebendo um gole de... Água?

- É, eu falei com ele agora a pouco – Ele suspira novamente. – Mas é só... Uma gripe. Vai passar.

- Ele está mal – digo e suspiro, mas querendo sair correndo para dizer a Nathan que John se importa com ele. – Mas acho que mais alguns dias e passa.

- É, esperamos que sim – Ele sorri, bebendo mais um gole de água.

**

Covarde.

Tem medo de morrer na frente dela e a manda para mim sem que ela saiba o que é, achando que é apenas uma gripe.

Isto será tortuoso.

Ela não faz ideia.

Mas acho que pior será para o pessoal da colônia.

Eles têm três dias para achar uma cura que nunca foi descoberta até agora.

Se eles conseguirem, salvarão o mundo e exterminarão Carter e Georgia – eu espero.

Mas se não conseguirem, meu filho morrerá e Shannon não ficará nada bem.

Ela continua falando sobre Nathan e como ele disse alguma coisa bonitinha ou engraçada que ela gostou e eu escuto sem prestar muita atenção, até porque aquele sorriso bobo não durará muito e quando ele se for, talvez não volte nunca mais.


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Notas finais do capítulo

Acho que posto outro capt hoje mesmo
beixos



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