Darkness Feed escrita por S A Malschitzky
Suspiro e não hesito ao dirigir, pensando em o que dizer, mas mais preocupada com o chilique que Nathan Jones Jr. dará quando perceber que peguei seu carro para ver seu pai.
Quando percebo, já estou na frente da casa verde e abrindo a porta do carro, puxando a chave da ignição e batendo a porta.
Corro até a porta da frente, abrindo-a e sabendo que está destrancada.
Eu e ele nos encaramos.
Seus cabelos estão um tanto grisalhos, mas ele continua aquele garoto de vinte anos que conheci.
- Eu... – começo, me esquecendo de qualquer discurso que havia feito, encarando-o se levantar, colocando o copo de vidro vazio em cima da mesa e andando em minha direção, me segurando quando pulo em seu pescoço, beijando seus lábios e puxando sua camisa pela cabeça, deixando-o desabotoar minha camisa e jogá-la longe.
- Espera – diz ele me empurrando e respirando ofegante, com o indicador erguido para mim – Ainda estou com raiva de você.
Franzo o cenho, totalmente confusa.
- Ainda? – pergunto.
- Você nem ao menos olhou para mim – diz ele bravo. – Eu fiquei lá por quase um minuto e você continuou... Sendo penetrada por sei lá quem.
- Você se casou. – Concordo com a cabeça, pressionando os lábios e arqueando as sobrancelhas. – Como acha que eu me senti, com um garoto igual a você quando era mais novo, com uma garota, depois dos dois saírem de uma mansão e ele diz: Sou filho do Nathan. Do John. Quem era a vadia? – grito.
- Primeiro – grita ele também, encarando meus olhos, acendendo as luzes da casa. – Ela não era uma vadia.
- Ela engravidou de você Nathan, - reviro os olhos. – É claro que era uma vadia.
- Aconteceu! – grita ele gaguejando. – Para você ver o nível dela: Ela me fez prometer que nunca mais falaria sobre aquilo com ela.
- Ficou sem aquilo por meses? – pergunto boquiaberta e começo a bater palmas. – Muito bem, estou orgulhosa de você.
- Estava chamando a Natalie de vadia? O que você está fazendo aqui?
- Sou uma vadia por precisar de você?
- É. – Ele revira os olhos e me encara mais uma vez, suspirando. – Pegou o carro do Nathan?
- Sim – Concordo com a cabeça. – Ele estava ocupado.
- Com a Shannon? – pergunta ele, estreitando os olhos.
- Ele não é um filho da puta que nem você – murmuro e ele me encara com a expressão séria.
- Pelo menos eu não sou uma. – Ele arqueia as sobrancelhas e suspira. – Não vai nem pedir desculpas?
- Desculpa – digo encolhendo os ombros. – Sabe que nunca pedimos desculpas um para o outro. – Suspiro e ando em sua direção. – Vai me empurrar de novo?
- Eu ainda estou com raiva de você... Mas... Ah, que merda – Ele range os dentes jogando o copo vazio na parede.
- Só... Deixe – digo.
**
Minha garganta dói de tanto vomitar e meu cheiro está insuportável ao ponto de eu pensar em perguntar a Shannon se não vai desmaiar no chão.
Minha cabeça lateja tanto que sinto que ela explodirá a qualquer momento e não há comprimidos que ajudem.
Até porque não é uma simples gripe.
Bem, para Shannon é.
E até que esta merda se resolva ou eu morra, continuará sendo uma gripe.
- Como ficou assim de um dia para o outro? – pergunta ela colocando uma toalha molhada em minha cabeça, mas que não está ajudando, está apenas deixando minhas roupas molhadas.
- Eu não sou médico – digo rindo, mesmo querendo quebrar a colônia inteira á socos. – Então não sei.
- Não era melhor chamar o John? – Ela pergunta, com as mãos sobre as coxas. Bem, ser um tanto desligada serviu para mim agora.
- John também não é médico – digo e suspiro. – Eu estou bem – Na verdade não. – Vai passar.
- Se eu disser uma coisa, vai ficar chateado? – pergunta ela estreitando os olhos ao encarar os meus.
- Depende. – digo movimentando os ombros para ficar mais confortável, mas meu corpo dói tanto que nenhuma posição será confortável.
- Você está fedendo – diz ela esboçando um sorriso, querendo rir. – Muito.
- É, imaginei – digo rindo e deitando a cabeça no travesseiro, não querendo ir assim. Mentindo. Como sempre. – Pode chamar a Brook?
- Posso – Ela concorda com a cabeça. – Não vomite no chão.
- Não quero fazer isto – digo escutando a porta bater e estalo a língua, sentindo outro vômito vindo.
Como?
Achei que já tinha vomitado tudo o que havia comido nos últimos dois anos...
Mas isto não importa mais, até porque não é mais comida.
É sangue.
Foi como o soar do gongo.
É, definitivamente, tenho três dias.
**
Shannon coloca a cabeça para dentro do quarto e a julgar pela última noite de confusão nesta manicômio – até porque tia Meg decidiu que vai deixar isto por conta própria enquanto mata as saudades do John.
E por mais que não estejamos quebrando tudo aqui dentro, Nathan realmente precisava ficar doente agora, ou pelo menos... Deixar que os sintomas apareçam.
- Nathan está chamando você – diz ela e eu me levanto, andando em sua direção.
- Está tudo bem? – pergunto franzindo o cenho, enquanto andamos pelo corredor, sem deixar de notar as feridas em seus lábios e as unhas roídas.
- Ele... Disse que queria falar com você – Ela encolhe os ombros, soltando um suspiro e abrindo a porta. – Vou tentar falar com seu pai, ok?
- Boa sorte – diz Nathan e eu entro no quarto, fechando a porta e encarando seu horrível estado. Seus olhos estão inchados, algumas veias estão saltadas demais, o arranhão parece ter dobrado de tamanho, sem falar no cheiro terrível. – Eu já sei que estou fedendo, tudo bem?
- Ótimo, eu não preciso fingir – digo ficando um tanto longe. – O que aconteceu?
- O que eu contei – Ele encolhe os ombros.
- Sim, mas você era bonito á alguns meses – Reviro os olhos e ele ri. – Acabaram as vacinas?
- Ela foi mordida...
- Tudo bem, mas você sabe que ele não tinha veneno e não é ela que tem risco de morrer – digo brava por ele ser tão idiota.
- E também não tinham em quantidade. – Ele resmunga. – Eu precisava de três ou mais por dia e... Enfim, fudeu. Eu tenho três dias ou menos até começar a virar um monstro igual ao Carter e um monstro igual ao que mordeu e matou o Abe.
- E qual a solução então?
Ele suspira.
- Temos três dias para achar a cura.
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