Darkness Feed escrita por S A Malschitzky


Capítulo 62
Papéis, discalculia, John, chuveiros.


Notas iniciais do capítulo

Bueno, boa leitura povo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/375332/chapter/62

- Eu estava pensando - diz ele acariciando meus cabelos, tentando fazer uma trança que certamente nunca dará certo. - Quem sabe... A gente poderia ver meu pai.

Olho para ele com o canto dos olhos.

- Como?

- Ver meu pai. - repete ele soltando as mecas de cabelos que ele juntou, me fazendo sentir um arrepio quando as pontas secas de meu cabelo batem em minha pele, na linha da espinha. 

Olho pra trás e o encaro. 

- Quando? - pergunto encarando seus olhos. - Hoje?

- Não. - Ele estala a língua e franze o cenho. - Não está feliz somente pelo fato de eu estar ao menos pensando em ir lá?

Esboço um sorriso, me virando para ele e cruzando as pernas.

- Então. Quando pensa em ir? - pergunto.

Ele dá de ombros e sorri.

- Falarei com Meg e verei se há algum cientista aqui na colônia, - Ele revira os olhos e dá de ombros novamente. - Mas... Eu não sei se vou mesmo tentar. É exatamente o que ele quer. Não quero fazer o que ele quer. Faz tudo o que já fiz em toda a minha vida: Fugir com o carro e evitar a ideia de que ele saiba onde eu estou a cada segundo; ir por água abaixo. 

Suspiro e cruzo os braços, encarando-o com os olhos estreitos.

- Nate - Levanto o dedo indicador e o encaro. - Admita. Você quer tentar.

- Eu acabei de dizer: Não sei se quero tentar.

Eu sei. Você quer tentar. Mesmo que seja o que ele quer que você faça. Você quer mostrar para ele que consegue fazer isso sem a ajuda dele.

- É, mas era exatamente o que ele queria. Ele não acredita em dislexia, discalculia e essas coisas. Para ele são somente desculpas para alguém ser tratado diferente e não estudar como os outros. - Ele dá de ombros.

- E você já perguntou porque?

Tente novamente! Isso é tão fácil. Até as vadias da rua conseguem fazer essa merda! Vamos Nathan, pare de ser frouxo e vire homem logo!  Isso foi o que ele disse por mais de uma década.

- Foi por isso que fugiu?

- Por isso também.

- E porque mais? - pergunto encarando seus olhos.

- Eu acabaria com vinte e dois anos, sentado em um sofá velho, bebendo cervejas e vendo revistas. Se é que me entende.

- Ok. Eu entendi. Não quer ser igual a ele. Mas...

- Mas uma vírgula. Eu só virei um vagabundo porque uma garota pulou para dentro o carro e não disse nada.

- Isso é...

- Eu não quero falar sobre isso ok? 

- Eu também não. - Começo a rir e encaro seus olhos, que encaram a colcha branca. - Não acha melhor ir falar com a Meg?

Ele solta um grunhido, fecha os olhos e bate a cabeça na parede.

- Eu não quero sair dessa cama. Com você, minha preguiça só aumenta. 

- Desculpa se você quer ficar ai. - Me levanto da cama e puxo seu braço. - Mas você vai sim falar com a Meg. Não quer provar para o seu pai que é mais do que o garotinho que não cresceu e continua com a desculpa de discalculia?

- Isso exige sair dessa cama? - Ele abre um dos olhos e me encara.

 - Sim. - digo balançando a cabeça.

- Então não. - Ele ri e puxa meu braço, me fazendo ficar sobre ele. - Porque você é tão chata?

- Só quero que não fique se lamentando e chorando no meu colo de novo.

- Eu não fiz isso. - Ele balança a cabeça e me encara.

- Fez sim. E eu me lembro. Duas garrafas jogadas na parede. 

- Ok, vamos falar com a Meg. - Ele se levanta me me coloca em seu ombro.

- Para quem estava com preguiça... - murmuro e encaro o chão escuro se movimentar até que chegamos ao refeitório e ele me larga no chão. 

Meg nos encara, com as pernas em cima da mesa azul e as botas para fora da mesa.

- Posso ajudar os pombinhos? - Ela folheia um livro. 

- Quantos espertinhos você tem aqui dentro? - pergunta Nathan. - Dou cinco minutos para...

- Duzentos e dois. - Ela folheia outra página e nos encara sorrindo. - A não ser vocês. Todos são espertinhos.Com vocês seriam duzentos e quatro.

- Duzentos e três. - Nathan murmura.

- Eu esqueci, me desculpe. - diz Meg balançando a cabeça. - Mas por qual motivo quer saber?

- Preciso resolver umas contas.

- É importante?

- Muito. - digo.

Meg me encara e ri.

- Salvará a humanidade do vírus?

- É. - diz Nathan de braços cruzados. 

Meg fecha o livro, pigarreia e encara Nathan. 

- Pensei que os papéis estivessem com o John.

- Ele os mandou para mim.

- Para o filho com discalculia? - Ela ri e Nathan suspira. - Não faz o menor sentido. Eu sei o que tem naquele papel e também sei que ele já mandou você resolver aquilo quando tinha treze anos. 

- Vai ajudar ou não? - diz Nathan em um berro, pigarreando e suspirando. - É sério Meg. Quero tentar sem o John... - Ele estreita os olhos. - Espere um minuto. - Meg o encara com os olhos arregalados e ele começa a rir. - Você quer que ele venha aqui! Não que eu vá lá. - Ele começa a gargalhar. - Meg... Você ainda ama o meu pai!

- Cale-se! - grita ela jogando uma caneta em seu peito.

- Não vai ser uma caneta que vai me fazer parar de falar. - Ele continua rindo e se inclina na direção dela. - Escute bem, se você me ajudar, eu posso até colocar meu pai dentro do seu chuveiro.

Ela fica com os olhos estreitos ao encará-lo.

- Nathan, você é um vagabundo. - Ela sorri e balança a cabeça. - Ok. Eu te ajudo.

- Espere! Você quer meu pai no seu chuveiro?

- Pare de dizer isso. - diz ela.

- Se não responder eu digo a ele que sim. - Nathan ri. 

- Talvez. - Ela murmura. - Ok. Você pode falar com qualquer um aqui. E você não é o único que tem isso. 

- Que bom. Valeu Meg. - Nathan bate repetidas vezes na mesa e pisca. - Vou falar com o meu pai.

- Vai embora.

- Olhe o respeito! - diz Nathan enquanto passamos pela porta. 

Andamos até Brook que ri.

- Ameaçou minha tia?

- Fizemos um acordo. Ela me ajuda e eu coloco meu pai no chuveiro dela. 

- Isso é estranho. - diz Frankie e ri. - Enfim. O que pediu á ela.

- Vocês vão ter que me ajudar. Ela disse que todos vocês são cientistas e tem alguns papéis para a descoberta da cura.

- Ei! - grita Brook subindo em cima da mesa, fazendo todos olharem para ela. - Prestem atenção no filho do John! 

- Quem ai tem os papéis que os pais de vocês tinham para a descoberta da cura? - pergunta Nathan em um tom alto. 

Todos se entreolham e começam á mexer em bolsos e mochilas, tirando pilhas e mais pilhas de papeis brancos. 

Eu, Brook, Frankie e Nathan nos entreolhamos.

Ok. Isso não será nada fácil.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tia Meg hein??
Será que o Tio John vai aceitar genteim?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Darkness Feed" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.