[Paradise - ColdPlay]

POV BELLA

Ele se sentou ao meu lado, me olhando.

–Por que saiu correndo da casa? – ele perguntou.

–Não te interessa! – respondi rudemente.

Ele suspirou e se aproximou mais. Olhou profundamente em meus olhos.

–Bella, eu sei que por trás dessa mulher independente e durona, existe apenas uma garota confusa tentando se encontrar, achar seu lugar no mundo. Uma garota gritando por ajuda e atenção. – ele disse, enquanto tirava uma mecha de cabelo do meu olho.

Como ele sabia? Ele tocou justo em minha ferida. De nunca ter me encontrado no mundo quando eu era mais nova. Fui uma adolescente problemática. Tenho marcas em meu coração e em meu pulso. E é exatamente disso que eu preciso, ajuda e atenção. Uma lágrima caiu de meu olho. Eu já ia limpá-la quando ele o fez primeiro.

–Desculpa. – murmurei.

–Tá pedindo desculpa por estar chorando? – ele perguntou.

Assenti, e ele me puxou para perto de si, me acolhendo em seu peito caloroso. Era tão bom me sentir assim novamente, acolhida por alguém que não fosse meus amigos e família.

Nesse momento, não me senti relutante quanto a tê-lo tão perto de mim. Seu cheiro era delicioso, uma perfeita combinação de sedução e delicadeza.

Ele se afastou alguns centímetros e me encarou. E foi se aproximando de minha boca. Nossos lábios estavam tão próximos que eu podia sentir sua respiração contra meu rosto. Ele encostou sua testa na minha e colocou sua mão em meu côncavo. Mas não iria ser tão fácil assim pra ele. Sua boca me chamava, mas quando ele a abriu, afastei-me bruscamente.

–Não tão rápido, mocinho! – disse sorrindo.

Ele apenas bufou e sorriu, um sorriso que me deixou tonta.

POV EDWARD

Eu cheguei tão perto! Ainda não acredito que não consegui. Eu usei todo meu charme e sedução, e ela resistiu. E a única coisa que me restou foi rir de mim mesmo.

–Tá rindo do que? – ela perguntou.

–De nada. – respondi.

Ela deu de ombros, se virou pro mar e levou uma colher de brigadeiro à boca. O brilho da lua prateada iluminava sua pele clarinha e deixava seus cabelos quase azuis. Ela era tão linda!

Durante um tempo, ficamos apenas assim, eu olhando pra ela e ela olhando pro mar comendo seu brigadeiro. De vez em quando, ela me olhava e sorria. O sorriso mais lindo que eu já vi.

–Então, vamos começar de novo? Acho que nossos encontros até agora não foram dos melhores. – quebrei o silêncio.

–Tudo bem. – ela sorriu. – É bom ter você aqui.

Oi? O que ela disse? Esse seu pequeno comentário foi suficiente pra fazer meu coração disparar. O que tá acontecendo comigo?

Pigarreei.

–Ah, bom... digo o mesmo de você. – respondi.

Sorrimos olhando um pro outro. O brilho no olhar dela parecia refletir o meu. Como ela viu que eu não ia desviar o olhar, ela baixou a cabeça, tímida.

–Então, me fala um pouco sobre você. – eu disse.

–Bom, meu nome é Isabella Swan, tenho 19 anos, sou de Los Angeles mas moro em Miami, e faço faculdade de Jornalismo. E você? – ela perguntou.

–Meu nome é Edward Cullen, tenho 21 anos, sou e moro no Caribe e estudo contabilidade.

Ela me analisou por um momento.

–Você não tem perfil pra trabalhar na empresa do seu pai.

Olhei incrédulo pra ela. Ela era adivinha?

–Como... como você sabe? – perguntei.

–Acha que não conheço o Sr. Cullen, um dos maiores empresários do mundo? Fala sério, sou futura jornalista!

–Ah, e pelo visto será uma futura grande jornalista.

–Assim espero. – ela sorriu.

–Esse é o seu sonho? Ser jornalista?

–É sim, desde os 15 anos. Focar nessa meta pra minha vida me ajudou muito a superar meus traumas.

Ela olhou pra areia, como se estivesse envergonhada de algo, que disse agora ou que fez no passado.

–Traumas? – indaguei.

–Sim, traumas. – ela respondeu apenas.

Do modo como ela falou, pude perceber que ela não queria falar do assunto. Resolvi não insistir.

–Então, agora que está mais calma, pode me dizer porque saiu da casa daquele jeito? – mudei de assunto.

–Ah, é porque a gente tava vendo filme de terror e eu odeio!

Dei uma gargalhada.

–Tem medo é? Uma garota desse tamanho, que feio! – brinquei.

Ela me deu um tapa nas costas, rindo.

–Não, não tenho tá? É só que... acho desnecessário pra minha vida.

Ri ainda mais da explicação dela.

–Aham, sei. – eu disse ironicamente.

–É sim! – ela esbravejou, ainda rindo.

–Tá, tudo bem. Não vai me oferecer brigadeiro não? – perguntei.

–Ah, desculpa. Quer? – ela estendeu a panela pra mim.

Peguei um pouquinho no dedo e levei à boca. Estava delicioso. Ela agora colocou a panela entre nós dois, para que pudéssemos compartilhar. Depois de comermos um pouco em silêncio, peguei mais brigadeiro no dedo e lambrequei seu nariz. Caí na gargalhada e saí correndo.

–Porra, Edward! – ela gritou, limpando o nariz.

POV BELLA

Meu nariz estava todo sujo de brigadeiro! Peguei uma colher do doce pra jogar nele, que estava correndo à beira mar. Corri atrás dele com a colher, mas ele desviava rapidamente de mim. Até que consegui acertá-lo bem no cabelo.

–Ah não, meu cabelo não! – ele esbravejou.

Voltamos à panela de brigadeiro juntos, pra ver quem pegava mais. Fiz uma concha com a mão, peguei e esfreguei na cara dele e ele lambuzou todo meu cabelo.

–Ah não, meu cabelo seu filho da puta! – grunhi.

Como o brigadeiro tinha acabado, resolvi correr atrás dele pra bater.

Eu corria, ria e gritava ao mesmo tempo. Até que consegui alcançá-lo e montei em suas costas, passando meus braços por seu pescoço, tentando enforca-lo de brincadeira.

Mas ele acabou desequilibrando e nós caímos á beira mar. Ele por cima de mim. As ondas me molharam até a cintura. Rimos muito.

–Nós somos dois idiotas mesmo. – ele gargalhou.

Quando o ataque de riso passou, ele continuou em cima de mim, me olhando nos olhos e á poucos centímetros de minha boca. Seria possível resistir dessa vez?