Natural Disaster escrita por Thaís C


Capítulo 5
Capítulo 5 - Um espetáculo à parte


Notas iniciais do capítulo

Muito tenso esse capítulo! KKKKKKK Um dos meus preferidos da fic!



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Derick passou a semana distante dos amigos, bebendo e fumando o mínimo possível. Chegou em casa quase todos os dias antes de meia-noite e sóbrio. Quando sentia insônia, se trancava na biblioteca e ficava lá estudando, queria aprender cada vez mais. Quando a vontade de se drogar era intensa, olhava as fotos de Catherine e isso o acalmava. Os dois se davam bem no laboratório e faziam uma dupla cada vez melhor. Ensaiava com a banda e realmente estava feliz, todos achavam estranho o comportamento de Derick e se perguntavam se aquilo era só uma fase ou não.
Sexta-feira, foi convidado para uma social na casa de Samantha, uma das garotas com as quais ele dormia com frequência. Ele se animou e foi, mas ao chegar lá se sentiu estranho. Era como se não pertencesse mais àquele tipo de lugar, como se não gostasse mais de estar com aquelas pessoas. Derick simplesmente desapareceu da vista de todos, o que não foi difícil, visto que todos lá estavam drogados demais para encontrá-lo. Ele se escondeu em um cômodo qualquer e começou a compor mais uma canção. Impressionantemente, Derick não havia bebido uma gosta de álcool sequer. Passou a madrugada escrevendo compulsivamente e de manhã levou Giulio, que não se aguentava em pé, para casa.
Derick dormiu na casa de Giulio. Giulio passava muito mal e o garoto estava com medo de que algo mais grave acontecesse sem ter ninguém para socorrer o amigo. Dormiu até às 15 horas e pediu para que Peter fosse até a casa de Catherine convidá-la para o show da The Rebel Machine. De tarde, Giulio já estava um pouco melhor e animado para o show, que seria por volta das 21 horas.
Às 16 horas, Giulio, acompanhado por Derick, se dirigiu para a casa de Danny, um luthier conhecido deles que estava com o set de pedais de Giulio. Danny morava em uma rua da periferia onde havia vários prostíbulos que funcionavam 24 horas. Os dois pegaram o skate e foram o mais rápido possível. Quando chegaram na esquina da rua da casa de Danny, os dois foram parados por três homens que saíram de um carro preto e com vidros escuros.
Dois dos homens seguraram os garotos e um deles começou a agredir Giulio, enquanto o terceiro, que era o líder do bando, o ameaçava.
– Você tem uma semana, uma semana moleque! Se não pagar o que está nos devendo, nós vamos acabar com você, é o meu último aviso. A gente não tá brincando! – Um dos homens começou a agredir Giulio com socos e chutes. O outro homem deu um soco no rosto de Derick a fim de intimidá-lo. Como o homem usava anéis, Derick acabou sendo cortado na testa. O corte não foi profundo, mas sangrava demais. Giulio apanhou bastante, mas logo os bandidos viram uma viatura se aproximando.
Derick e Giulio foram jogados no meio-fio e os homens fugiram rapidamente. Os policiais socorreram os garotos, ambos foram levados para um hospital. Giulio teve de ficar lá, e Derick foi levado para a delegacia após fazer alguns curativos. Como Derick era menor de idade, seu pai teve de ir lá. Ralf não queria saber o motivo pelo qual seu filho havia chegado na delegacia, já era bastante humilhante o fato dele estar lá. O pai simplesmente subornou os policiais com valores irrecusáveis e Derick e Giulio foram liberados de prestar qualquer depoimento que fosse.
A raiva nos olhos de Ralf era evidente. Estava transtornado com aquela situação. Derick tentou explicar o que havia acontecido e que não tinha nada a ver com aquilo tudo, porém o pai não fazia questão nenhuma de saber. Assim que chegaram em casa, começou uma briga entre pai e filho.
– Você é um merda. Você é um irresponsável, e ainda anda com esse imbecil do Giulio que, assim como você, é um drogado de merda.
– Eu não tinha nada a ver com aquilo pai, você sabe que eu to tentando mudar. Essa semana toda eu cheguei cedo e tava praticamente limpo. – Ralf riu da cara do filho.
– Grande merda, você nunca vai deixar de ser um drogado, e mesmo que deixasse continuaria sendo um irresponsável. Porque você só me decepciona, você não serve pra nada, você é o meu filho mais velho e ao invés de estar fazendo advocacia e preocupado com os negócios da família, preferiu me desobedecer e ficar trancado em um laboratório cheio de velhos lunáticos que nem você! – Derick abaixou a cabeça e engoliu aquelas palavras a seco. – E pra piorar, pra você fuder ainda mais as coisas, você ainda teve a capacidade de tocar com essa banda de vagabundos. Você me envergonha.
Derick, por ser orgulhoso, engoliu o choro e foi em direção ao seu quarto sem falar nada.
– Onde você tá indo? Você não vai sair pra porra de lugar nenhum, tá me ouvindo!? – Ralf gritava e ia segurar Derick pelo braço, se não tivesse sido impedido pelas duas empregadas que estavam no local.
As empregadas o seguraram, pois Ralf estava muito alterado e provavelmente iria partir para cima de seu filho. Derick pegou sua guitarra e saiu de casa calado. O garoto estava destruído por dentro, e, assim que saiu, as lágrimas começaram a escorrer em seu rosto.
Antes de ir ao local de seu show, Derick passou em um bar, comprou três garrafas de bebida e 3 maços de cigarro. Foi fumando até o local do show e chegou lá por volta das 20 horas. Giulio já estava lá, todo machucado, porém insistiu em tocar mesmo assim. Os outros dois estavam apreensivos e ficaram mais ainda ao ver Derick agindo da forma que agia antes de conhecer Catherine. Ele bebeu durante toda a passagem de som e sentiu vontade de ir ao banheiro.

Derick estava alterado e agressivo por conta da bebida e da discussão que tivera com seu pai. Quando voltava para o palco, viu Catherine sentada em uma das mesas com mais duas garotas. Cath levantou correndo e foi em direção a ele para cumprimentá-lo. Derick foi totalmente frio com ela a ponto dela não o reconhecer. Estava alucinado e simplesmente não deu a mínima atenção para ela.
– Você tá bem Derick? O que aconteceu?
– Tô melhor do que nunca. – Ele a olhava como se fosse uma garota qualquer.
Catherine sentiu o cheiro de cigarro e o bafo de bebida dele e logo percebeu o motivo pelo qual Derick estava alterado.
– Você andou usando essas merdas de novo, foi? Você é um idiota mesmo, certas coisas realmente não mudam!
– Você não tem nada a ver com isso, eu uso a porra que eu quiser! Eu sou um drogado de merda mesmo, é isso que eu sou, você é só mais uma garota e eu não ligo pro que você pensa de mim! Foda-se! – Derick virou as costas e subiu no palco, sem olhar para trás.
Cath não esperava por aquilo, Derick estava totalmente irreconhecível, não parecia nem de longe o cara legal com quem ela gostava de conversar e que a fazia rir. Ela ficou vermelha de raiva e com os olhos cheios de lágrimas, se sentou novamente à mesa. As amigas dela escutaram a discussão dos dois e se preocuparam com o estado emocional de Catherine.
– Você não quer ir embora, Cath?
– Por que eu iria embora? – Ela deu algumas piscadas, respirou fundo e fingiu que nada daquilo havia acontecido, em menos de 5 segundos já estava aparentemente recomposta.
– Ué, depois daquilo tudo, eu achei que não tinha mais clima pra você ficar aqui.
– Queridas, vocês acham que eu me importo mesmo com esse idiota? Ele foi só um passatempo, jamais iria ficar mal por ele... Eu vou ficar aqui e assistir esse show inteiro. –

Catherine sorriu tão naturalmente que suas amigas ficaram de queixo caído com a frieza e a superioridade emocional dela. Era como se para alguma coisa fazê-la mal, ela tivesse primeiro que permitir. Suas amigas eram Stephanie e Ellen, ambas fãs de carteirinha da The Rebel Machine e eram da turma dela na faculdade.
– Ele pode ser o que for, mas não podemos negar que é um gato, super inteligente e pra melhorar ainda é podre de rico. Se eu fosse você, eu insistia nele, ele tá bêbado, por isso agiu assim, mas do jeito que anda te cercando, tá super na sua. – Disse Stephanie e Catherine olhou para a amiga com cara de nojo.
– Se estiver, o problema é dele. Ele é inteligente e bonito sim...É também um bom músico, isso eu não posso negar, é por isso que eu estou aqui. Não tive segundas intenções com ele ao vir nesse show. – As meninas riram como se duvidassem de cada palavra que Catherine dissera.
– Não tem segundas intenções? Ah, tá bom! – Todas as garotas riram, inclusive Cath.
– Com o Derick não! Derick? Definitivamente não! – Ela olhou para o lado, mexendo no cabelo e suas amigas também olharam.
Havia um rapaz, de uns 20 e poucos anos, em pé e encostado na parede, olhando para Cath, parecia bastante interessado nela. O rapaz era alto, de pele morena, olhos castanhos e cabelos cacheados. Ele era bem bonito e, desde que Catherine chegou no show, ele não tirou os olhos dela.
– Eu ainda prefiro o Derick, mas esse também tá ótimo! Cheguei até a sentir uma pontinha de inveja! – Ellen afirmou categoricamente.
– Umas com tantos, e outras com nenhum! – Complementou Stephanie, implicando com Cath.
– Calma meninas, a gente nem sabe qual é a desse cara direito!
Antes que as garotas pudessem comentar alguma coisa, os acordes da primeira música soaram. A banda que iria abrir o show era bem ao estilo da The Rebel Machine, se chamava, Cruiser Bender e tocava hardcore. Cruiser Bender era uma banda excelente, que logo empolgou o público do local, inclusive Catherine e as amigas, que levantaram e foram para perto do palco. A banda tocou por bastante tempo e todos gostaram, porém, quando o show de abertura acabou, o público histérico gritava pedindo o início do show da The Rebel Machine.
Após mais ou menos 15 minutos, a banda entrou. Eles iniciaram com uma música já bastante conhecida na cena underground e por todos que estavam lá. A música logo empolgou a todos e o show teve um início sensacional. Durante o show, a plateia pulava e gritava descontroladamente, cantando canção por canção. The Rebel Machine não tocava na TV e nem no rádio por motivos óbvios, mas na internet era bastante divulgada e era apaixonante a forma com que os fãs a idolatravam. Fãs de idades diversas, até mesmo pais de família, pais esses que à primeira vista tiveram certo preconceito com a banda, porém, ao escutarem as músicas, logo perderam esse preconceito e foram conquistados pelo espírito jovem.
Derick era um verdadeiro artista, no palco se sentia em casa, sua presença de palco era fenomenal. As garotas jogavam sutiãs no palco, ele pulava e era carregado pela platéia, autografava fotos da banda e jogava latas de cerveja para o público. A performance da banda foi incrível e Catherine se odiava por estar gostando tanto do quão Derick era talentoso. No fundo, ela não conseguia decifrar se o que sentia era raiva ou admiração naquele momento, era um misto de sensações perturbadoras.

Estava tão desnorteada que preferiu ficar mais afastada do palco, observando Derick de longe. Ela sabia que ele estava completamente fora de si, que havia feito uso de outras drogas, ele não estava apenas bêbado. Isso a preocupava mil vezes mais, Derick estava no palco, se divertindo e mostrando seu talento, mas isso era perigoso e ela sabia o quanto. Internamente se culpava por se preocupar, por admirar o desempenho dele no palco e por também estar triste com a forma com que ele a tratou antes do show. Enquanto pensava nisso, sentiu alguém a segurar pelo braço. Quando olhou para trás, logo reconheceu. Era o rapaz que estava a admirando antes do show começar.
– Oi, tudo bem? Meu nome é Giovanni, e o seu?
– Tudo sim, meu nome é Catherine. - De início ela o olhou desconfiada, mas depois percebeu quão proveitosa poderia ser aquela conversa.
– Então Catherine, eu to te olhando desde que entrei aqui e sei lá, você não tá afim de ir pra um lugar mais calmo pra gente bater um papo? – Cath fez que sim com a cabeça, e eles foram para a varanda do andar de cima da casa de shows.
Os dois conversaram durante todo o show, Giovanni era simpático e Catherine se mostrou bem empolgada com os assuntos dos quais tratavam. Giovanni era surfista, de classe média e cursava Publicidade e Propaganda em uma universidade particular, de nível mediano. Os dois trocaram telefone e marcaram de se encontrar na segunda-feira à noite, ele a buscaria na faculdade.
– Eu não quero estragar o papo de vocês, mas é que o show já acabou e eu preciso saber se você vai embora comigo! – Cath olhou para trás e viu Ellen a olhando desconfiada.
– Vou sim, já tá bem tarde mesmo. – Ela se despediu de Giovanni e foi descendo as escadas.
Enquanto desciam, a menina olhava para Catherine como se necessitasse falar alguma coisa.
– Por que tá me olhando assim? O que foi?
– Cath, posso te pedir um mega favor?
– Diz, o que é?
– O show foi incrível e eu soube que eles estão no camarim ali atrás, eu preciso tirar uma foto com eles... Eu sei que você tá chateada com o Derick, mas se não quiser entrar, me espera ali na porta?
– Chateada com o Derick? No máximo, eu tenho é pena dele. – Mentiu. – Não tenho problema nenhum em entrar lá. Mas onde está a Stephanie?
– Ela já foi para lá, disse que iria para casa sozinha mais tarde. Eu não pretendia pedir autógrafo nem tirar foto com eles, mas sei que vou me arrepender se não fizer isso.
– Ah sim, então vamos logo pra lá.
As duas caminharam mais um pouco pelo corredor, e chegaram à porta do camarim de Derick, que era o primeiro. Havia uma placa pendurada na porta, escrito:
“Entrada permitida apenas a mulheres e aos integrantes da banda”
– Não somos da banda, mas somos mulheres, então tá tudo certo!
– Aff. – Catherine virou os olhos, impaciente. – Vamos entrar logo nessa porcaria.
Ao abrirem a porta e entrarem, se depararam com uma cena chocante. Derick, Stephanie e Emma estavam no sofá do camarim transando empolgadamente. Havia garrafas de bebida, cocaína e camisinhas por todo lugar. Com o susto pela entrada de Cath e Stephanie, os três pararam de transar.
Stephanie, muito envergonhada, tentou se cobrir rapidamente com suas roupas. Já Emma, deitou no sofá com as penas em cima de Derick, na maior naturalidade do mundo. Ele não parecia com vergonha, estava drogado demais para sentir isso. Catherine e Ellen ficaram atônitas, não acreditavam no que seus olhos viam. Se viraram para ir embora, quando de repente Derick gritou:
– Ei, vem cá.
– Você tá doido!? Eu vou embora! – Catherine o olhou assustada.
– Poxa, eu não sabia que você fazia tanta questão assim de ter sido convidada pra nossa festinha! Mas se você quiser participar, ainda dou conta de você e da sua amiga! – Ellen arregalou os olhos, Emma começou a rir e Stephanie não sabia aonde enfiar a cara.
– Você é ridículo, eu tenho nojo de você!
– Vai embora então, você é frígida! Deve ser péssima na cama mesmo!
Catherine ficou morta de raiva, e, se Derick não estivesse nu, com certeza teria avançado nele. Ela e Ellen foram embora, Cath com ódio no olhar e Ellen extremamente assustada com a cena acabara de presenciar. Passando pelo corredor, vinham Peter e Murilo.
– Hey Cath, meu irmão tá no camarim dele?
– Tá, mas não vai pra lá não se não vai atrapalhá-lo. – Ela respondeu irritada.
– Por quê?
– Sério mesmo que não sabe? É o Derick, a única cabeça dele que funciona é a de baixo.
Murilo e Peter se assustaram com o jeito com que ela os respondeu, com certeza estava mal humorada e perceberam que Derick provavelmente deveria estar transando. Olharam para a porta do camarim dele e viram Stephanie correndo, carregando algumas roupas e vestindo apenas sua calça jeans e o sutiã.


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Notas finais do capítulo

C-O-M-E-N-T-E-M
P-O-X-A
Ç.Ç



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