Natural Disaster escrita por Thaís C


Capítulo 4
Capítulo 4 - Entendimento?


Notas iniciais do capítulo

Será que estão começando a se entender?



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Acordou 20 minutos antes do necessário, queria se assegurar de que dessa vez não chegaria atrasado e poderia vê-la antes da aula, mesmo que fosse por alguns minutos apenas. Se arrumou com cuidado, tentando parecer apresentável, tomou seu café da manhã e voou no skate até a Universidade. Estava cedo e provavelmente Catherine ainda demoraria a chegar, sentou novamente na porta da sala de aula dela e esperou. Pensou em fumar um cigarro, mas, ao imaginar a reação que ela teria se ele estivesse com cheiro de cigarro, desistiu.
Minutos se passaram e ela apareceu linda e altiva, com aquele ar de superioridade característico dela. Derick levantou e ficou olhando para ela, tenso.
– Oi, eu... eu...eu... – Ele gaguejava, não sabia por onde começar.
– Você tá se sentindo bem? – Ela falou preocupada, ele estava tão nervoso que Catherine pensou até que ele estava passando mal.
– Tô sim, é que eu quero falar com você depois da aula.
– Eu sei, você fez questão de me dizer isso ontem, de madrugada. – Ela sorriu ironicamente.
– Me desculpa, é que eu não conseguia dormir.
– Tudo bem. – Catherine disse olhando nos olhos de Derick como se quisesse hipnotizá-lo. Antes que pudessem conversar melhor, o professor dela entrou na sala e ela teria de assistir à aula.
– Bom, adeus Derick, até mais tarde.
– Tchau. – Eles se despediram, ela entrou na sala e ele seguiu para a dele.
Assistiu à aula concentrado, a matéria estava interessante e ele conseguiu parar de pensar em Catherine. Finalmente deu meio-dia e voltaria a conversar com ela. Guardou o material rapidamente e saiu correndo, pretendia alcançá-la antes que ela surtasse e fugisse. Correu porta a fora e teria a atropelado se não a visse a tempo. Ficou parado olhando para ela e seu coração batia aceleradamente.
– Achei que fosse fugir. – Disse ofegante.
– E eu lá sou mulher de fugir? Nós não vamos conversar?
– Vamos. – Ele deu um sorriso tímido. – Pode ser aqui mesmo? É que eu estou esperando uma pessoa também e então não posso sair.
– Hum... – Ela virou os olhos.
– É a minha irmã. – Derick falou preocupado e com medo do que a garota estava pensando.
– Mesmo que não fosse, você não me deve explicações. – Ela sorriu cinicamente. – O que tem pra me dizer em sua defesa?
– Eu sei que você não gosta de fumar nem de beber, mas só por causa disso você vai me tratar desse jeito? Eu não sou um marginal por causa disso, tá bom? Eu não gosto de suco de laranja, nem por isso eu saio por ai ofendendo pessoas que gostam de suco de laranja... Ou agindo como se me afetasse o fato de existirem pessoas que tomam suco de laranja , entende... E também... – Derick começou a falar compulsivamente, queria muito se defender.
– Mas pera aí.. Você não gosta de suco de laranja? – Catherine arregalou os olhos.
– Não, eu adoro, mas você entendeu o que eu quis dizer, não foi? – Ele a encarou.
– Quer comparar suco de laranja com promiscuidade e drogas? – Ela o encarou de volta.
– Você está fugindo do assunto. – Derick afirmou com firmeza. - Me diz a verdade, qual é o problema? É preconceito ou o que? Por que te afeta tanto?
– Preconceito!? É pós-conceito.

O garoto ficou surpreso, não sabia exatamente o que ela queria dizer com isso de “pós-conceito”. Será que ela já havia tido algum vício?
– Como assim?
– Nada. – Catherine virou os olhos novamente, mas, ao perceber que ele iria insistir e perguntar mais uma vez, resolveu que seria mais razoável inventar uma desculpa. – Eu faço medicina, sei muito bem os efeitos das drogas, não acha? Então não é preconceito.
– Então o que é? – O garoto não se deu por satisfeito.
– Para com isso! – Ela desviou o olhar do dele. – Não quero mais falar sobre isso.
Derick ia insistir mais uma vez, porém foi impedido por sua irmã que chegou pulando em seus braços. Ele pegou Bárbara no colo e a apresentou a Catherine:
– Essa daqui é minha irmãzinha, a Bárbara. - Catherine sorriu e de certa forma ficou aliviada, talvez Derick não fosse exatamente o que ela havia imaginado. – E essa daqui é a minha avó, Dona Fátima.

– Oi, tudo bem? Meu nome é Catherine. – Ela as cumprimentou com um beijo na bochecha.
– Tudo! Seus cabelos são tão lindos! – Catherine sorriu timidamente, ficou realmente sem graça com Bárbara.
– Obrigada!
– Que? O cabelo!? – As três o encararam sem entender nada. – A Cath é toda linda...
Catherine possuía a pele muito clara e logo ficou vermelha, geralmente não ficava dessa forma com elogios, já havia recebido muitos, mas dessa vez, a família de Derick estava ali...E não era um elogio de qualquer cara, era dele. Bárbara e a avó notaram um clima de tensão entre o casal e a pequena logo falou:
– Leva ela pra almoçar com a gente hoje, vai!
– Vem almoçar com a gente Cath, por favor...- Ele pediu olhando nos olhos dela, insistindo.
– Aonde? – Dessa vez, parecia que ela era quem estava hipnotizada com os olhos dele.
– Lá em casa... Minha irmã vai estar lá, não vai nem pegar mal.
– Eu vou então...
Os três se despediram de Fátima, desceram até o ponto e entraram num taxi rumo à casa de Derick. A corrida foi rápida, até porque a casa dele era perto da Universidade.
– Mas a gente não pode demorar... O professor Andrew disse que temos que voltar para a faculdade de tarde... Ás 14:30 temos que estar no laboratório para a pesquisa. – Catherine disse entrando assustada na mansão onde Derick morava. Já sabia que ele tinha dinheiro, mas a casa era realmente linda, nunca havia visto uma casa tão bonita como aquela pessoalmente.
– Eu sei, mas a gente volta rapidinho.
– A sua casa é linda. – Ela disse olhando apreensiva.
– Obrigado, o que você quer comer? Eu vou ligar para algum lugar e pedir hambúrguer e batata-frita para a Bárbara porque ela me pediu muito ontem. Mas vou te acompanhar no que você quiser comer.
– Pode pedir hambúrguer pra mim também, eu adoro.
Derick olhou em seu celular um número de algum lugar que vendesse bons hambúrgueres, ligou e pediu para os três. Bárbara deitou no sofá e cochilou. Ele e Catherine sentaram no outro sofá e começaram a conversar. Os dois voltaram a se entender e ele a levou para conhecer a enorme biblioteca de sua casa. Emprestou alguns livros para ela e passaram 30 minutos rindo e se divertindo juntos enquanto a comida não chegava. Era impressionante a forma como conseguiam em uns momentos se darem tão bem e em outros discutirem como duas crianças disputando o mesmo brinquedo.

Catherine sentou no sofá da biblioteca com um livro na mão e Derick se sentou ao lado dela. Enquanto ela folheava as páginas do livro, ele assistia àquilo totalmente concentrado, não queria perder um detalhe sequer daquele momento, por mais singelo que ele fosse. Não sabia bem ao certo o que era, mas se sentia muitíssimo atraído por Catherine de uma forma que não conseguia controlar, inconscientemente pôs sua mão direita sobre uma das mãos dela. A garota não esperava aquele gesto e o olhou um pouco confusa. Derick lentamente aproximou seu rosto do dela e ela não teve nenhuma reação, quando suas bocas estavam a mais ou menos 5 cm de distância uma da outra, a empregada dele entrou no cômodo.
– Desculpem, mas é que o lanche de vocês chegou.
Os dois estavam nervosos, porém Catherine conseguia disfarçar melhor, já Derick estava notavelmente sem graça. Ele levantou do sofá e estendeu uma das mãos para levantá-la também. A garota levantou e eles seguiram para a sala, onde a empregada já havia posto a mesa para que lanchassem. Bárbara já havia acordado e estava comendo com uma velocidade assustadora.
– Tava com fome hein Babi? Puxou ao seu irmão favorito. – Derick disse sorrindo e brincando com a irmã.
– O que você tem é larica, Derick! – Peter entrou na sala rindo e após perceber que Catherine estava lá, se arrependeu amargamente do que havia dito e ficou envergonhado. – Opa, me desculpa gente, eu tava brincando.
O irmão mais velho ficou preocupado com o que Cath iria pensar dele após a afirmação de Peter e olhou para a garota imediatamente. Ela não parecia irritada, mas também não achou graça na piadinha do irmão de Derick, parecia apenas surpresa pela presença dele.
– Eu não sabia que tinha visita mano, eu não me liguei, me perdoa mesmo.
– Tranquilo, eu também não sabia que você tava aqui, se não teria pedido hambúrguer pra você também.
– Eu já to de saída, vou encontrar umas... – De repente Peter se tocou de que iria cometer uma gafe igual ou maior que a anterior e preferiu não falar diretamente para onde iria. – É, uns amigos.
Catherine, que não era boba nem nada, sabia muito bem que ele iria encontrar algumas garotas e se lembrou do primeiro encontro com Derick, e do tipo de diversão que ele costumava ter. Peter se despediu de todos e foi embora totalmente atrapalhado.
– Vem comer gente, o hambúrguer tá muito bom! – Bárbara falou animada, provavelmente porque não havia entendido muito bem a situação anterior.
– Vamos Cath? - Ela concordou e os dois sentaram-se à mesa para comer.
Derick preferiu não tocar no assunto que o deixara constrangido e tentar conversar com a garota tranquilamente. Ela conversou com ele, mas não demonstrava a mesma empolgação que demonstrara na biblioteca. Ele percebeu que com certeza, todo o seu esforço para fazê-la mudar de opinião sobre ele havia sido comprometido pela brincadeira de seu irmão. Sabia que ela provavelmente havia se lembrado do quanto o achava idiota por ser um galinha e por se drogar como um louco.
Os dois comeram rápido, se despediram de Bárbara e pegaram um taxi para voltar para a Universidade. Foram calados durante todo o trajeto e até chegarem na porta do laboratório de anatomia.
– Agora é a hora da verdade, quero ver se você é bom mesmo. – Catherine lançou um olhar desafiador sobre Derick.
– Bom? – Ele riu. – Eu sou um prodígio.
– Você é muito convencido, isso sim! – Cath virou os olhos, debochando novamente. – Anda logo!
Terminaram de se vestir adequadamente, entraram no laboratório e o professor Andrew já os esperava próximo à bancada com mais dois professores. Os cinco ficaram a tarde toda no laboratório e Andrew se impressionou com o rendimento de Catherine e Derick, discutiam e brigavam e mesmo assim ainda pareciam em sintonia. Entendiam-se da forma deles.
Derick, enquanto fazia as coisas, não conseguia parar de pensar no quanto Catherine era rápida e prática para tudo e no quanto ele desejava ser assim. Catherine, de certa forma também invejava a capacidade com que Derick conseguia observar os fenômenos de forma muito mais completa do que todos ali. Para ele, a complexidade parecia simples e muito natural. Ao fim do dia, estavam exaustos. Derick insistiu durante alguns minutos até que Catherine deixasse que ele a levasse em casa. Ela teimou e usou milhões de argumentos, mas ele estava muito decidido a levá-la e então ela acabou tendo de aceitar.
Eles foram no taxi conversando e discutindo sobre o que havia acontecido no laboratório, as descobertas que fizeram e outros assuntos relacionados ao tema. Os dois riram e se divertiram o caminho inteiro. Não demorou muito para que chegassem em frente ao prédio onde Catherine morava. Era um prédio antigo, em um bairro simples e aparentemente tranquilo. O garoto desceu do táxi para se despedir dela e num impulso a abraçou.
– Obrigado.
– Pelo que?
– Por hoje, pela companhia...
– De nada, adorei seus irmãos e você até que é legal. – Derick sorriu automaticamente.
O taxista buzinou e perguntou se ele iria ficar lá ou ir para outro lugar. O garoto, ao perceber que demorava, se despediu de Catherine e entrou no taxi rumo à sua casa.


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Notas finais do capítulo

C-O-M-E-N-T-E-M
P-O-X-A
Ç.Ç



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