Sophie continuava sofrendo a cada dia mais. Em apenas uma semana que tinha se passado já havia pensado em acabar com a própria vida um pouco menos de vinte vezes. Brincadeira, foram apenas oito. Sua relação com a mãe estava pior, mas ela não havia parado de tentar melhorá-la.

Seu aniversário, no sábado que não era hoje, poderia ser um ótimo começo.

− Você sabe o que vai fazer final de semana que vem? – Sophie perguntou com esperança nos olhos.

Sarah estava deitada em uma das grandes cadeiras de praia em frente à piscina lendo uma revista de moda. Não mudou de posição ao ouvir a pergunta da filha, a atenção não saiu daquelas folhas nem por um segundo.

− Não tinha pensado nisso, para ser franca. – A mulher disse, abaixando a revista e olhando para Sophie.– Estou cheia de trabalho, e seu pai também está esgotado daquela empresa maldita. – Ela comentou, fazendo uma careta. – Seria uma boa se viajarmos, não? – Ela perguntou, sorrindo com a ideia.

Sophie imediatamente sorriu. Uma viagem em família era tudo que ela estava precisando, aquele com certeza seria o melhor aniversário da sua vida.

− Seria maravilhoso. – Sophie disse com os olhos brilhando. – Mas pra onde vamos?

Sarah encarou a filha com as sobrancelhas erguidas, e deu uma rápida risada.

− Vamos, Sophie? – A mulher repetiu o verbo, ainda sem deixar de rir. – Por que acha que você deveria ir? – Ela perguntou, fazendo com que a morena parasse de sorrir.

− Eu só pensei. – Sophie respondeu. – É meu aniversário.

− E por isso você tem que viajar com a gente? – Sarah perguntou. – É um dia como outro qualquer. Isso é uma viagem de casal, precisamos relaxar. Você pode viajar sozinha se quiser.

− Eu só achava que poderíamos comemorar juntos. Eu, você e meu pai. – Sophie disse.

− É claro que não podemos. Finais de semana são os únicos dias que temos para descansar de uma semana completamente cheia. Não acha egoísmo de sua parte nos privar disso simplesmente pra comemorar uma data idiota que acontece todos os anos.

Sarah continuava falando e falando, e Sophie já não mais a acompanhava. Seus pensamentos eram outros, sua cabeça estava em outro lugar. Em outro lugar não, naquela casa, naquele mesmo cenário.

−

– Pensei que nunca fosse me beijar. – Sophie brincou, sorrindo para o garoto.

– Pensei que tivesse dito que nossa amizade estava no limite e que não tem como crescer. – Thom repetiu as palavras ditas por Sophie, debochado.

– Cala a boca. – Sophie disse baixo, voltando a abraçá–lo, dessa vez mais forte. – Eu gosto muito de você, sabia? – Ela sussurrou, com a cabeça encostada no peito dele. – Se eu não gostasse teria matado você por ter me puxado pra piscina.

– Obrigado por não me matar. – Thom brincou, soltando uma risada.

Sophie se afastou um pouco do moreno e o olhou.

– É sério. – Sophie falou com a voz firme. – Eu realmente gosto muito de você.

– Eu também gosto muito de você, Sophie. – Ele falou, colocando uma mecha do cabelo molhado da garota atrás da orelha. – E vamos comemorar seu aniversário. – Informou, olhando pra ela, que automaticamente sorriu.

−

Ah, por que a vida não tinha criado um botão para que as pessoas pudessem voltar ao tempo na hora que quisessem? Por que Sophie tinha colocado na cabeça que deveria fazer a vontade da mãe?

Era chato admitir, mas apenas lembrando daquilo Sophie se deu conta de que Thomas Löhnhoff se importava mais com ela do que a própria mãe. Bom, pelo menos naquela época.

Sophie poderia estar neste momento beijando Thomas se, ao invés de pensar no bem estar da mãe, pensasse no seu. Talvez se aquilo tivesse acontecido hoje ela tivesse mandado Sarah Montini ir para bem longe.

Mas não. Sophie decidiu dispensar Thomas da pior forma possível, e agora ele estava em outra. Bem fez ele, não? Olivia era bonita, provavelmente inteligente, parecia ser legal e ele devia estar completamente apaixonado por ela.

Pelo menos ele estava feliz, Sophie conseguia notar muito bem em todas as vezes que o via passar com a menina ruiva por ali. Estavam sempre juntos, mesmo que, pelo que Meredith havia dito, a menina morasse na cidade grande. A morena já havia visto os dois andando de mãos dadas no portão da mansão, na vila e até na pracinha, de agarramento. E em todas as vezes ela se sentia igual, sem controlar o choro igual ao de um bebê.

Sem dizer nada a garota levantou dali, decidida a ir até a vila fazer uma visita à Meredith Kik, a única pessoa com quem ela podia conversar.

Pensando em Thomas Sophie decidiu ir visitar Meredith, que estava morando na vila em que ele morava. Estranho, não? Pois é leitores, quem não tem cão caça com gato. Sophie talvez quisesse arranjar uma desculpa para cruzar com ele no meio da vila, o que de fato aconteceu.

Quando chegou ao portão da vila uma mulher estava saindo, então aproveitou para entrar sem precisar tocar o interfone. Enquanto andava até a porta da mulher se surpreendeu ao ver, saindo de casa, Thomas, provavelmente indo se encontrar com Olivia. Estava bem vestido, apesar de simples. A calça jeans era escura e não estava surrada, como ele costumava usar antes, e, devido ao frio, vestia um casaco preto, que não era feio. Estava de chinelo, único erro, e o cabelo estava cortado, Sophie teve certeza, o topetinho estava menor. Estava lindo, droga!

− Oi. – Sophie cumprimentou o garoto ao cruzar com ele, abrindo um pequeno sorriso.

Thomas não respondeu. E diferente de Sophie, que notava cada detalhe diferente nele, o rapaz não olhou uma única vez para moça.