No capítulo anterior...

“ – Eu amo você. Com toda a minha vida. Você é tudo o que faltava para eu ser feliz de verdade. Promete que nunca, nunca vai me deixar?”

“ – Nunca. Jamais.”

POV – FRED WEASLEY

No dia seguinte nos reunirmos novamente, mesmo de ressaca. Tínhamos poucas horas para terminar aquilo de vez e curtir Las Vegas de verdade.

Rodei uma garrafa (dessa vez de cerveja) e parou em mim. De novo. Mas durante a noite, eu mesmo consegui uma história perfeita. Lá, enterradinha na memória.

– TODO MUNDO CALADO QUE EU É QUE VOU CONTAR! – gritei.

E então comecei...

FLASHBACK ON.

Quando nascemos, nossos pais sabem que vai acontecer. Quando somos crianças, criamos a consciência de que ela vai aparecer. Mas é sempre um susto quando acontece.

E foi no verão de 2017 que ela resolveu dar as caras pela primeira vez. Em um dia normal, acordei, me olhei no espelho e... Lá estava ela, A Espinha.

– AAAAAAAAAARRRRRRRRRGGGGGGGGHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!

– O que ouve?! – perguntou minha mãe, entrando de vez no quarto. Olhei para ela com cara de medo, pedindo socorro.

Ela era enorme. Gigante, parecia uma goles. E o pior é que eu tinha uma festa para ir naquela noite. Ouvi passos leves subindo as escadas e foi aí que entrei mesmo em desespero.

– NÃO DEIXA A ROXY ENTRAR!

– Roxy, querida, poderia nos dar licença? Seu irmão quer um pouco de privacidade.

Depois de dar um jeito da Roxy vazar, minha mãe deu um sorriso de quem diz: “Eu tenho A Solução”.

– Maquiagem!

Merlin, eu quero morrer.

– Maquiagem? E o que eu vou ter que fazer agora? Alisamento japonês? Escova progressiva? Ou quem sabe uma esfoliação? Já sei, vou ter que depilar as axilas! Corta essa, mãe.

– Seu bobo! É base, da cor da pele! Olha, eu já percebi que mesmo com 12 anos, sua prima da boas festas. E James, ela e você são muito próximos. Não vai querer que James zoe de você, vai? E a Lucy pode espalhar para as amigas.

James não me zoaria porque A Espinha dele apareceu na semana passada. E já murchara. (ou será que ele cobriu com maquiagem, como a minha mãe está dizendo?) E a Lucy não espalharia para “as amigas”, simplesmente porque para ela, Dominique, Roxanne e Lysander são no máximo colegas dela. Amiga mesmo é só a Lily, e elas não são tão intimas assim. Agora, amigos, no masculino, eram outra história. James e eu sempre achamos Lucy a mais legal da família. Enquanto as outras se preocupavam com cabelo e maquiagem, a Lucy queria que tudo isso se ferrasse, para não dizer outra coisa.

Mas eu estava em uma espécie de pegar ou largar.

– Arrocha. – não maliciem, hein!

Minha mãe deu um jeito dela com a maquiagem, espalhou no meu rosto intero, gastou um pote todo e até que não dava mesmo para ver A Espinha.

Fui pra festa um pouco mais seguro, mesmo que eu sentisse vários olhares em mim. Impressão minha, claro.

Só que não.

Até hoje me sinto muito idiota por não ter notado. Mas continuando, avistei James atacando os bolinhos da tia Gina (a única que ajudava com a comida nas festas da Lu.) e aproximei-me.

– E ao Fred? – ele olhou direto para o meu nariz.

– O que houve?

– Nada. Deve ser a luz, é isso. – murmurou ele. – Olhe ao redor.

Uma festa de Lucy Weasley nas férias de verão é algo extremamente raro. É mais difícil conseguirmos uma folga de toda a família no verão, então, só tivemos duas festas dessas, uma em 2017 e outra no ano passado. Agora, não importa a época, a preferência de convidados da minha prima era maravilhosa. Pernas perfeitas por todos os lados. Bocas de todas as cores gritando para ser beijadas.

FLASHBACK INTERROMPIDO.

– Essa safadeza de vocês dois é de nascença? – perguntou Angie, abraçada a James. Sorri em resposta.

– E vocês dois também não perdem tempo, não é?

– E então Angie, meu priminho é bom de cama? – Lucy entrou na provocação.

– Nós não fizemos aquilo. – o olhar assassino de James foi suficiente para que eu continuasse.

CONTINUANDO O FLASHBACK:

– Olha só, chegou o atrasado. – a voz de Lucy nos fez voltar a realidade. Mas ela também olhava para o meu nariz. – É a luz, deve ser isso...

– O que é a luz? – perguntei, mas minha pergunta ficara no ar.

E pouco depois, respondida indiretamente. Um garoto do sétimo ano olhou para mim e caiu na risada. Passei a Mao desesperado no meu rosto, e eu vi.

Minha mãe trocou os potes. Porque...

AQUILO ERA MAQUIAGEM QUE BRILHA NO ESCURO!!

MERLIN, ME MATA!!!

FLASHBACK INTERROMPIDO.

– Desculpa Fred, mas eu tenho que rir! – disse Angie, rindo.

– Eu achei mesmo que fosse a luz da sala. A tia Gina escolheu então eu achei que ela tivesse errado. – comentou Lucy.

– Depois daquilo eu saí da festa – continuei. – e só me olhei no espelho de novo no dia seguinte. E espremi a espinha. Só que eu ouvi um grito de uma pessoa – lancei um olhar sugestivo a Lucy. – e constatei que A Espinha fez outra aparição.

Estávamos mesmo entretidos naquilo. O tempo passava, e passava... A garrafa foi girada de novo... Angie.

– Ah, sinto decepcionar vocês. Minha vida é pacata demais. Nada de interessante, juro. – acrescentou ela, ao ver nossas caras de descrença. – Na verdade, só ficou interessante quando vocês entraram na minha vida.

– Ah que fofo, ela nos ama! – brincou Lucy, abraçando Angie. – Amor platônico.

Nós três olhamos para Lucy com cara de espanto, afinal, platônico não é amor intenso?

– Amor platônico é qualquer tipo de relação entre duas ou mais pessoas que abstrai-se o envolvimento sexual, como a nossa amizade. Amor platônico também pode ser um amor impossível ou não correspondido. O termo “amor platonicus” foi usado pela primeira vez pelo filósofo neoplatônico florentino Marsilio Ficino no século XV, como um sinônimo de amor socrático. Ambas as expressões...

– Lucy, respira. – pediu Angie. E graças a Merlin que ela fez isso, porque se deixar Lucy nos diz com as palavras mais difíceis do mundo tudo o que é relativo a qualquer palavra que tenha algum vínculo com “platônico”.

Angie girou a garrafa e chegou a hora mais esperada: James.

– Nós contamos! Essa é imperdível!

Lucy e eu parecíamos duas crianças que viram o papai Noel trazendo os presentes de Natal.

– Eu conto a minha parte e você conta a sua. – não era uma pergunta. Sem esperar por nenhuma fala da Lucy comecei a contar.

FLASHBACK-ON

Doze anos é uma fase difícil. Zuera, é a maior maravilha. Portas novas se abrem e os seis anos que nos separam da mais pura liberdade (no mundo bruxo são cinco, mas deixa.) nunca parecem tão pouco.

Claro, tem as inseguranças e aquele tormento do primeiro beijo (beijei no verão de 2017.), mas nenhum tormento é maior que garotas.

Garotas têm mania de contar tudo entre si. Então, se uma garota souber de algo ruim sobre você, todas as garotas saberão.

Mas no verão de 2017, James e eu queríamos era aproveitar nossos doze maravilhosos anos. Com um pouco de sorte (o que quer dizer pedir a tia Gina) conseguimos convencer a família inteira (a tia Gina) para irmos passar o fim das férias no Caribe.

Conseguimos um hotel com vista privilegiada para o mar. James e eu dividíamos um quarto que dava a vista para o mar... Um pedaço de metal cravado na parede do hotel e uma lixeira. Guardem isso.

Havíamos acabado de almoçar e James e eu queríamos tirar aquela sonequinha de depois do almoço. Mas os nossos travesseiros sumiram. Momento desespero.

– Procurando isso aqui? – Lucy perguntou saindo de não sei da onde, com dois travesseiros na mão.

James e eu começamos a cercá-la, um indo de cada lado. Tudo pelo travesseiro!

Antes de continuar, quero dizer uma coisa: nunca tente vencer uma corvina. Porque você não vai conseguir.

Fazendo o inesperado, Lucy nos driblou e foi para o outro extremo do quarto. Lá, ela reparou “melhor” em nós e começou a rir. Estávamos só de cueca. James e eu fomos até ela e começamos a puxar o travesseiro, e...

FLASHBACK INTERROMPIDO.

– Se você continuar fazendo suspense alguém vai morrer. – ameaçou Angie tirando uma faca de não sei lá da onde.

CONTINUANO O FLASHBACK:

James caiu pela janela do 10º andar. Mas ele não foi direto ao chão não... ficou pendurado no metal. Pela cueca.

FLASHBACK INTERROMPIDO.

– Eu devia ter gravado aquilo! – disse Lucy em meio aos risos. Angie estava se segurando para não rir. Lucy e eu já não tínhamos essa preocupação.

CONTINUANDO O FLASHBACK:

James estava mesmo caído lá, preso pela cueca em um pedaço de metal, de ponta cabeça. Lucy e eu só riamos.

– Será que vocês podem fazer alguma coisa?? Eu vou cair do nono andar!

Quando conseguimos nos recompor, íamos chamar a tia Gina. Mas James começou a escorregar, e o pior é que a cueca dele estava ficando no metal.

– AH DROGA! – ele gritou.

James escorregou pelado, e caiu direto na caçamba de lixo.

FIM DO FLASHBACK.

– Ta, já chega. Tia Gina já deve estar chegando e eu quero ir para a night rápido, com licença. – pediu Lucy, depois de um histérico ataque de risos. – Ah, e antes que eu me esqueça: Angie, a tia Gina pode meio que surtar quando te conhecer, mas não estranhe.

Angie franziu as sobrancelhas sem entender nada. Logo ela entenderia.

–X-

POV – ANGIE MCKORMICK

Tivemos nosso primeiro dia de aula em Salém. Hoje, só conhecemos a escola. Amanhã, seremos selecionados. Não é nada tão espetacular como Hogwarts, mas até que é legal. Mas Lucy não gostou... Só tem meninas.

Eu não havia entendido direito o que Lucy disse, mas assim que uma mulher ruiva entrou no apartamento com dois (maravilhosos) vestidos de festa, eu entendi na hora. A sra. Potter abrira um enorme sorriso ao me ver, colocou os vestidos em cima do sofá e me abraçou.

– Você deve ser a namorada do Sirius. Prazer, Gina Potter.

– Angie McKormick.

– Belo nome, Angie. Seus pais devem ter muito bom gosto. – ou deviam, acrescentei mentalmente. – Então você conseguiu roubar o coração do meu filho?

Eu ri.

– É, acho que fiz o impossível.

A sra. Potter pegou um dos vestidos e me mostrou.

– O que achou, querida? Acha que serve em você?

Espere, aquele vestido era para mim?

– Sra. Potter...

– Me chame de Gina, querida. Você gostou? Acha que está muito grande? Ou prefere outro modelo?

– Gina, muito obrigada, mas eu não posso aceitar!

– Ah, mas você pode sim! Presente meu e da noiva, Victoire. Agora vá, vista! Mas não deixe James ver!

Sorri para ela em agradecimento e vesti o vestido (que por sinal, caiu feito uma luva.)

–X-

Os garotos haviam saído e eu estava sozinha com a Lucy no nosso apartamento, comparando vestidos e escolhendo as coisas para usar no casamento da prima de James, que seria dali a seis dias. O vestido que Gina comprou para Lucy era igualmente magnífico.

– A Gina não erra. – explicou Lucy. – E Victoire é meio veela, não há como ela errar nisso. Seremos as mais lindas do casamento! Fora a noiva, claro. E falando em romance, me conte! O que houve ontem à noite?

Comecei a contar tudo a ela. O quanto aquilo fora maravilhoso e mágico.

– Só tem uma coisa.

– Qual? – perguntou ela, sem muito interesse.

– Será que ele não está... Me enganando?

Lucy me olhou como se eu fosse uma retardada, embora estivesse com aquela cara de quem mede as palavras.

– Eu nunca vi aquele ser tão feliz. Angie, você realmente fez o impossível: colocou amor no coração do meu primo. Ele te ama. Lembre-se disso. – ela pareceu pensar um pouco. – Por que não vamos a uma cartomante antes de ir para a night? – franzi a testa para ela. – Vai por mim, existem videntes trouxas de verdade. E mesmo que sejam charlatonas, não custa nada tentar.

– Acha mesmo que vai funcionar?

– Só ela vai poder tirar suas dúvidas, Angie. Aquela história do Fred mexeu mesmo com você, hein?

Não era por causa da história do Fred. Algo muito ruim em mim dizia que ali havia coisa. Talvez Lucy tenha razão, eu devo estar ficando doida.

– Tudo bem então. – concordei. – Vamos lá.

–X-

Combinamos de nos encontrarmos em um shopping trouxa para compartilharmos nossas previsões. O nome da cartomante era Mary. Mary.

– Você primeiro. – mandei.

– Ela disse que o que parece, não é. Apenas isso.

– Só? – eu pensei que Mary tivesse dito muito mais coisas! – Ela disse centenas de coisas para mim! Disse que eu encontrei minha outra metade. Mas devo temer o destino, que será cruel e não gosta nada da nossa relação. Devo tomar cuidado com uma loira. Disse que o que parece, não é, também. Disse que devo saber perdoar. Disse que alguém que eu penso que não existe mais está mais perto do nunca. E por fim, disse que as linhas da minha mão formam o desenho de um espelho rachado, e isso pode significar azar ou tristeza em excesso. – respirei fundo. Comparada as da Lucy, ou A da Lucy, isso aqui é praticamente um livro. – E ainda tem mais uma coisa. A que mais assustou. Ela disse que a morte está ao lado. Lucy, eu vou enlouquecer! Já é a terceira pessoa que diz que vou morrer! Primeiro Trelanawey, depois o assassino de Karen e agora essa cartomante!

– Ah Angie, com certeza isso foi só para dar um efeito! Agora vamos voltar. A night nos espera.

Suspirei. Ela não tem mesmo jeito.

–X-

O lugar fora escolhido por Lucy. E eu nunca vi algo tão... Vamos por partes. Cheio de cassinos, mesas de poker, etc. Iluminado. Chamativo.

– Bem vindos ao Paradise Hotel, o paraíso de Las Vegas. – disse o garçom, como quem decora um texto.

Uma longa noite me aguarda.

No próximo capítulo...

“ – Há quanto tempo eles namoram?”

“ – Uns seis anos. Já era tempo.”

“ – Será que nós também vamos... Nos casar?”

“ – Talvez.”

“ – Talvez? Sério mesmo?”

“ – Olha, eu... Eu... Não é que eu não queria algo sério com você... É só que... Eu não sei explicar, ta! Se me amar de verdade, vai entender.”

(...)

“ – Lucy Audrey Tracy Weasley!”

“ – E aí, Fred?”

“ – ‘E aí Fred?’ Lucy, você está... NOSSA! Meu Merlin!”

“ – Eu sou a melhor! Devia ter descoberto isso antes!”

“ – Eu nunca vi tantos zeros! Isso significa que você está...”

“ – Zilionária?”

“ – É!”