-Mãe, cheguei! - gritei ao abrir a porta da casa amarela. 

Vi meu pequeno irmãozinho correr na minha direção e desviar de mim para abraçar o John.

-Cuidado aí Carl, ele está fraco ainda. - falei despenteando os cabelos dele - Cadê a mamãe? 

-Arrumando o quarto pro John. - ele respondeu enquanto saía correndo e pulando tipo um canguru.

-Sério, já falei pra minha mãe levar esse cara num psiquiatra. - John falou.

-Vamos, eu ajudo você a subir as escadas. 

Ele se apoiou em mim e nós subimos. A porta do quarto dele estava fechada então ele girou a maçaneta e empurrou. 

Minha mãe se encontrava lá dentro arrumando a cama com muitos travesseiros e uma bandeja com algumas coisas que o médico deixara meu irmão comer. 

-Nossa, - John se manifestou - preciso doar rim mais vezes. 

-Não fala isso! - minha mãe colocou as mãos no rosto mostrando aparente preocupação o que fez eu e meu irmão rirmos. 

-Ele ta brincando mãe. - falei - Então, John, você já está em casa, eu vou dar umas voltas pela praia. Mais tarde eu vou embora mesmo então, sei lá. Beijo gente.

**

Ali, deitada na cabana, olhando para o teto, as coisas não faziam muito sentido. Antes, a cabana era um lugar onde eu gostava de ficar sozinha, mas agora, não fazia sentido sem o Collin. A vida me parecia bem irônica, eu me apaixonara pelo cara mais detestável do mundo e agora sentia falta dele. 

Muito irônico. 

Olhando para o teto com a pintura azul desbotada, eu pensava em como minha vida havia mudado tão depressa. Quer dizer, eu havia trancado a faculdade para acompanhar o tratamento de Collin. Ultimamente, tudo que eu fazia, era pensando nele. Realmente, as pessoas mudam de uma hora para outra. 

Eu aguardava ansiosa para a chegada do outro dia. Na verdade estava mais ansiosa ainda para que Collin voltasse ao normal logo, queria poder fazer as mesmas coisas com ele. Dormir na cabana abraçada com ele, comer macarrão no píer com as pernas balançando no mar. Como eu sentia falta disso.

Olhei ao meu redor e me lembrei que a última vez que eu estivera ali, foi quando Collin terminou comigo. Resumindo, todas as minhas lembranças agora se resumiam ao Collin. Tudo o que se passava na minha cabeça era como um negativo de pensamentos e recordações relacionados a ele. Isso me deixava feliz, na verdade. Pelo menos eu tinha alguém em quem pensar. 

Me levantei, decidi ir embora para casa e passar um tempo vendo filmes ou tomando sorvete, ou até mesmo cerveja com a Polly. Precisávamos de um tempo assim, como a muito tempo não rolava.