Eu visitava Collin todos os dias no hospital e já fazia um mês. Cruzava a mesma recepção com a mesma recepcionista de cabelos oleosos todos os dias. Só pra contrariar, eu dava um sorriso para ela todos os dias. 

O Collin estava cada dia pior e mais fraco. Eu já havia feito os testes mas os resultados ainda não haviam chegado por causa de uma greve nos laboratórios ou sei la o quê. O país vive em greves agora. 

Em uma das minhas visitas rotineiras, eu estava sentada nos pés da cama dele ouvindo-o ler um novo poema que ele escrevera para mim. Eu sorria para ele e apertava sua mão. Apesar de tentar ser otimista, estava difícil ver ele desse jeito. 

-O que achou? - ele perguntou se referindo ao poema.

-Amei, - passei a mão nos cabelos dele - são todos lindos. Todas as noites na minha casa eu os leio e releio muitas vezes. 

-Não queria que você ficasse triste por mim. - ele falou reprimindo uma lágrima.

-Ei, não se sinta mal com isso. Não é sua culpa. - falei o beijando e arrancando assim um sorriso dos lábios agora pálidos. 

Ouvimos batidas na porta e uma enfermeira entrou segurando uns papéis. 

-Senhorita Seen, me disseram que estaria aqui. Seus exames chegaram. - ela estendeu a mão com os papéis e deu um sorriso amarelado para mim.

Peguei os envelopes verdes, apreensiva. Minhas mãos tremiam e o Collin olhava para mim meio à parte da situação. Eu ainda não havia contado para ele sobre os exames que eu fizera. Ele poderia se irritar comigo.

-Exames? - ele perguntou - Que exames?

-Eu fiz um teste de compatibilidade. Para saber se posso ser sua doadora.

-O quê? - ele se irritou, como previsto - Você não falou nada comigo!

-Porque você não deixaria!

-Não mesmo! - ele parou e depois sorriu - Mas você faria do mesmo jeito né?

Assenti e o beijei. Ele fez sinal para que eu abrisse o envelope e minhas mãos tremeram mais. Abri e com um suspiro li. Não entendi muito bem, mas entendi quando estava escrito "compatibilidade negada". Uma lágrima saltou para fora dos meus olhos e eu pedi desculpas para Collin. 

**

Eu estava deitada nos braços do Collin chorando, eu havia tentado mas não dera certo. Tudo bem, ia dar certo, eu sei que ia. Quase que na mesma hora, uma moça entrou no quarto. 

-Senhor Wayves, - ela falou - achamos um doador.