X-Men: O Renascer Da Fênix escrita por Tenebris


Capítulo 19
Detenção


Notas iniciais do capítulo

Oi gente :D Simmmm, demorei, mas estou de volta. Esse capítulo é muito emocionante, na minha opinião. Espero que vocês se surpreendam e gostem tanto quanto eu gostei enquanto o escrevi. Estamos chegando no último capítulo dessa primeira fase. Como eu falei para vocês, pretendo continuar essa fic numa segunda fase. Por isso, gostaria se saber como vai ser a reação de vocês quando eu postar o último capítulo. Após ele, se iniciará uma nova fase na história e olha: MUITA coisa vai acontecer, inclusive alguns casais novos. Enfim, é isso. Desculpem a demora, os vestibulares já estão acontecendo. Me desejem sorte! Beijos e boa leitura! ♥



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E assim, seis longos meses se passaram. Essa era a parte real, a parte fisiologicamente correta. Porque, para Alice, o tempo simplesmente não transcorria, e ela poderia jurar que tinha vivido um século de angústias entre as quatro paredes que pareciam comprimir-se ao redor dela.

Ora, a rotina tinha um peso muito grande na vida dela, e era especialmente isso que contribuía para o tempo estagnar, como se ele não existisse ali. Todos as manhãs, durante aquelas semanas intermináveis, Alice fora examinada pela equipe médica da ESPADA. Entre os doutores, os mesmos olhares preocupantes de sempre. Os mesmos diagnósticos silenciosos e semblantes repulsivos na direção de Alice. E nem mesmo uma palavra de explicação para ela. Depois disso, alguns remédios e sedativos queimando em suas veias. Alice tinha a impressão de que queriam descobrir até onde os limites dela poderiam chegar, mas deviam fazer algo além disso.

Ela acordava em sua cela com marcas estranhas de agulhas pelo braço e sentia vontade de chorar. Mas depois de seis meses sobrevivendo dessa forma, as pessoas costumam aprender a engolir o choro e aceitar seu destino. Aliás, em nenhum momento Alice discutia a real justiça de estar ali, presa. Ela sabia que merecia isso. Só não julgava correto examinarem-na sem dar satisfações a ela. Além disso, ela tinha refeições insossas e controladas dentro da própria cela. Tomava um banho quente de cinco minutos por dia. Raramente via o espaço sideral ao seu redor. O ar artificial e pressurizado a incomodava, mas novamente ela acostumou-se... Aceitou passivamente pagar pelos seus erros.

Mas havia algo que a incomodava ainda mais: Era não saber exatamente o que se passava com ela. Charles tinha dito que eles a examinariam e estudariam, principalmente depois da explosão de poder que ela – voluntariamente–, sofrera. E ninguém nunca lhe dizia nada, ninguém lhe explicava nada. Às vezes, as dores de cabeça em Alice eram mais frequentes e agudas, geralmente após os exames terem sido efetuados. Contudo, ela tinha a impressão de que sabia o que acontecera, embora não houvesse comprovações.

Com certeza, o poder dela estava oscilando de maneira exponencial. Ela nunca tivera os poderes tão instáveis como naquele momento. E ela jamais recuperaria o controle que outrora tivera. Devia ser isso... Ou, pelo menos, era isso o que se passava na mente dela, pelo menos umas cinco vezes por dia. E ainda havia os X-Men, Charles e Erik. Abigail dissera que visitas só seriam permitidas depois de seis meses de reclusão, por questões adaptativas e de protocolo. Alice acreditava, na verdade, que era porque ela poderia sofrer altas emoções e abalos psicológicos, caso encontrasse com quem mais desejava. Tais emoções poderiam desencadear seus poderes. Poderia fazer com que ela os liberasse e causasse uma catástrofe irreparável. Ela sabia que era isso...

Desse modo, com resignação, Alice preparou-se para o fim de seu sexto mês de prisão. Não houve nenhuma visita. Houve apenas a aparência dela quase definhando, a pele extremamente lívida, os olhos opacos – cercados de profundas olheiras -, os cabelos sem vida... Um vazio que a dominava e consumia como fogo.

Contudo, algo inesperado aconteceu no fim do sétimo mês. Alice aguardava pacientemente o momento em que teria uma refeição. Ela não sabia se seria café da manhã, ou almoço. Porque, para ela, essa concepção de tempo já deixara de ter valor desde que o confinamento se tornara sua sina. Ela ouvia os zumbidos da grade elétrica, estalando no ar ruidosamente. Ela também observava mais marcas de furos em seus braços, tentando se lembrar ao máximo de como tinha sido o exame daquela manhã. Olhou também o chip inserido dentro da pele de seu pulso. Pesarosa, suspirou.

Foi com surpresa que viu as grades elétricas se apagarem. A única coisa que a separava dos corredores era a placa de vidro. O fato era bem estranho, visto que em sete meses de reclusão, as grades elétricas nunca se apagaram antes.

Alice encarou o vidro plano desconfiada. Ela estava sentada no chão, com os joelhos entre os braços, abraçada às suas pernas. Entretanto, mesmo surpresa, ela limitou-se a erguer os olhos de maneira assustada para a sua frente, sendo tomada pela confusão.

Foi então que ela ouviu uma voz grave nos alto-falantes:

– Senhorita Field. Dentro de um minuto, você receberá uma visita.

Alice franziu a testa. Ela pigarreou. Há quanto tempo estivera sem dialogar com alguém? No máximo, trocava algumas palavras com os carcereiros e com os médicos. Nada além disso.

Então, ela ouviu passos retumbantes e imponentes. Levantou os olhos de modo a observar melhor quem se aproximava. Erik aprumava a sua jaqueta de couro em seu corpo e posicionava-se na frente do vidro, para que Alice o visse.

E, naquele momento, ela sentiu que o tempo tinha o seu devido valor. Agora o tempo fazia sentido, poderia até tornar-se algo substancial. Porque, ao cravar seus olhos ávidos nos olhos penetrantes de Erik, era como se cada segundo, cada minuto, tivesse feito sentido em sua vida. Era como se o próprio propósito de sua vida estivesse renascendo, ascendendo. Alice deixou um suspiro tomar conta dela e extravasar, como se ela estivesse liberando cada mágoa, cada angústia, cada ressentimento que fora obrigada a suportar naquela prisão.

Ela arqueou as sobrancelhas, num gesto que transbordava saudade. Ela levantou-se um pouco desajeitadamente e encaminhou-se até à placa de vidro. Erik continuava o mesmo, a não ser por sua expressão de fúria contida e o semblante mais grave e distante. Ele olhou para Alice com ares de preocupação e surpresa, mas deixou escapar um sorriso enviesado que resumia tudo. Toda a saudade, toda a promessa que incendiou sua mente durante as noites que não poderia ter Alice consigo.

Além disso, ele a fitava com certo pesar. Alice estava muito pálida, esguia, com marcas de ferimentos pelo corpo. Erik teve um ímpeto de raiva e desejou destruir quem tivesse feito isso com ela. Então, ele começou a repassar seu plano mentalmente. Ora, ele tinha vindo visitá-la, mas não se esquecera do que prometera. Erik podia sentir, simplesmente por estar relativamente perto de Alice, que a aura de poder dela continuava persistente. Até mesmo mais insistente, como o prelúdio de um raio antes de uma tempestade. Alice estava mais poderosa do que antes. Erik sentia isso. Ele conversara, semanas antes, com Charles a respeito disso. Alice poderia estar diferente... Charles, conhecendo o histórico dela, previra que mudanças aconteceriam. Restava a Erik comprovar se tais mudanças ocorreram de fato.

Alice corrrespondia ao olhar dele, completamente dominada pelo torpor de ter em sua frente o homem que ela amava, ansiando pelo momento em que poderia tocá-lo e tê-lo para si. Alice sentiu seus músculos faciais doerem depois do esforço de sorrir. Era a primeira vez em tempos que ela ousava fazer isso.

Foi então que, diante daquela cena de pura nostalgia e esperança num futuro incerto, Alice pensou consigo mesma, retraindo uma lágrima: “Foi assim que nos conhecemos...”

No entanto, de súbito, ela ouviu a voz de Erik. Mas os lábios dele estavam cerrados numa linha fina. Foi como um pensamento, que ela o ouviu proferir:

– Você sempre acaba precisando da minha ajuda...

Alice franziu o cenho, recuando um pouco. Ela estava ouvindo os pensamentos de Erik? Porque parecia exatamente isso...

– Se estiver me ouvindo, coloque suas mãos aqui.

Alice encarou Erik estupefata. Os lábios dele curvaram-se num sorriso misterioso. Sim... Ela estava ouvindo os pensamentos dele. Mas como isso podia ser possível?

Ela fitou o chão por um momento, para depois repetir o gesto de Erik. Ele tinha levado uma mão até o vidro. Alice fez o mesmo, de modo que eles tinham uma mão sobreposta à outra, apenas separados pelo vidro. O invisível e o frágil separarando-os.

Erik assentiu imperceptivelmente ao ver que Alice correspondia aos gestos dele, entendendo que tudo o que Charles previra fora real. O Professor dissera que Alice perdera o controle, e que seus poderes ficariam mais instáveis, podendo até mesmo evoluir. Charles, baseado em seus estudos e suposições, deduzira que Alice poderia ganhar novas habilidades impossíveis de se retardar. Ela ganhara a habilidade da telepatia.

– Seus poderes estão mais intensos e inconstantes. Esse fato fez com que você ganhasse a habilidade de ler mentes... O Professor, de alguma forma, achou que fosse mesmo acontecer. – Erik pensou, enquanto olhava para as mãos deles justapostas.

– Eu... Eu nem imaginava, Erik. – Alice pensou em resposta, maravilhada.

– Eles sabem disso. Sabem que seus poderes estão oscilando e aumentando. Estão tentando conter de todas as formas, com chips e remédios, mas é impossível. – Erik contou, mentalmente.

– Mas e você? – Alice preocupou-se. A ideia de alguém ferir Erik por causa dela a torturou momentaneamente.

– Eles não fizeram nada comigo. Alegam que a sua prisão é especialmente feita de materiais não metálicos. Alem disso, Charles jurou para eles que eu não tentaria nada. Ele afirmou que estamos do mesmo lado.

Alice sorriu, mordendo o lábio.

– E Charles? – Ela pensou.

– Nem mesmo ele foi liberado para visitá-la. Eles não querem telepatas... Mas, não é como eles dizem? Nós estamos do mesmo lado... – Erik pensou, e uma feição maligna foi se construindo em seu semblante. - No entanto, temo que irei trai-lo...

– Eu entendo... Mas... – Alice retrucou. – Trai-lo? Como?

Erik sorriu misteriosamente, seu pensamento refletia sua expressão:

– Aqui não é mais um lugar seguro para você, Alice. Eu lhe fiz uma promessa. Não importa o que Charles tenha dito a eles para me deixar entrar. Eu vim para tirá-la daqui. Vim para levá-la aonde deve estar: Comigo.


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