Amor E Caos... escrita por Bel Russeal


Capítulo 19
Pais e filhos


Notas iniciais do capítulo

Primeiro: mil desculpas pela demora. Tipo, dois meses ? Desculpe mesmo.
Primeiro eu fiquei atolada em provas e trabalhos da escola, depois que eu entrei de férias.. E depois veio as provas e etc..
Af enfim volteeeei!



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O barulho do ventilador de teto era a única coisa que se ouvia na sala da minha casa, Gabriele estava sentada na minha frente observando cada detalhe da casa como se nunca tivesse entrado em minha casa, mas na verdade ela só desviava dos meus olhos.

_ Então ? – Suspirei já cansada com toda aquela tensão envolvida.

_ Eu vim aqui pra gente conversar.. – Ela disse suspirando também – Na verdade, vim pedir desculpa. – Não pude deixar de ficar surpresa com o que ela disse, dado aos últimos dias nunca pensei ouvir dela a palavra “desculpas” tão de repente.

_ Eu fiquei pensando depois que saí da biblioteca, que desde muitos anos estudando naquele colégio maldito, cheio de Melaines e An.. – Ela se calou rapidamente, certamente falaria de Antenor – Enfim, eu nunca tive uma amiga de verdade, não até você aparecer, tem o Caio, mas ele é ...

_ Ele é diferente, porque vocês são apaixonados um pelo outro. – Eu completei a frase que ela hesitou em terminar, e revirei os olhos porque aquilo era tão obvio.

_ Eu sou, pelo menos. Nossa é tão difícil admitir isso em voz alta. – Ela disse respirando fundo mais uma vez.

_ Todo mundo sabe disso, esta esfregada na cara de um e do outro que vocês se amam, parem de complicar. – Falei encorajadora.

_ Não é sobre o Caio que vim falar. Eu vim falar de nós duas, vim falar que eu te devo desculpas, eu não tenho nada a ver com o seu relacionamento com o Toni, eu ainda acho que você vai se magoar. – Ela disse me fazendo rir, porque mesmo deixando seu orgulho de lado para fazer as pazes, ela ainda era a Gabriele afinal e eu amava isso nela – Mas eu quero ta perto quando isso acontecer pra te proteger e consolar, porque você é minha melhor amiga. – Ela disse com os olhos lacrimosos e levantamos juntas para um abraço.

_ Me desculpe, eu não ter te contado antes, na verdade, eu estava negando isso para mim mesma. – Eu disse ainda a abraçando.

_Chega, você esta fazendo borrar a maquiagem. – Ela disse se afastando e enxugando seus olhos e rimos juntas.

_ Que tal um filme de comemoração a nossa pazes? – Eu disse animada.

_ Eu acho ótimo. Eu faço a pipoca.

_ Eu vou pegar alguns filmes no quarto de Cezar, ele tem filmes de terror irados. – Disse subindo as escadas.

_ Cezar, seu pai gatão, cadê ele ? – Gabe disse com cara de tarada maníaca.

_ Ah que nojo! – Disse simulando um vômito e ela riu.

Entrei no quarto de Cezar e me surpreendi com a decoração, por mais estranho que possa aparecer, eu nunca havia entrado no quarto de meu pai, mesmo depois de alguns meses morando com ele, não era algo que me interessasse e nem que eu precisasse, até hoje.

Era um quarto normal, mas diferente para um adulto, tudo bem que Cezar ainda era bem jovem, mas um quarto tão casual tirava toda a imagem de sério e engravatado que eu o via toda manhã. Deixei a porta entreaberta mesmo e fui procurar os filmes, mas me surpreendi com alguns cinturões pendurados na parede, ele havia sido mesmo um lutador.

Passei a mãos pelos largos cintos dourados que brilhavam mais que a careca do técnico de futebol da escola, portas retratos com ele sendo campeão. Abri algumas gavetas ainda a fim de achar os filmes, mas parei em seu criado mudo uma foto minha e do meu irmão, meu irmão com seus quatro ou três anos me segurava no colo ainda recém nascida, tive a vontade de chorar ali mesmo.

_ Nossa, agora definitivamente eu tenho uma queda pelo seu pai. – Gabriele disse me assustando e me fazendo derrubar o porta-retrato.

_ Me desculpe entrar assim é que você tava demorando. – Gabe disse ainda concentrada na foto de meu pai segurando o cinturão de campeão. – Ele ainda tem esse tanquinho ? – Ela disse apontando para a foto.

_ Você quer mesmo que eu vomite não é ? – disse juntando o porta retrato que havia rachado, mas tratei de colocar no mesmo lugar.

_ Estranho, mesmo quando meu pai era casado com minha mãe nunca soube que ele lutava no colégio.

_ Talvez desistiu quando sua mãe engravidou de seu irmão, afinal você mesma me contou que eles se casaram no fim do colegial. – Gabriele disse observando todas as medalhas e cinturões.

_ É verdade, não havia pensando nisso. – Murmurei ainda concentrada no porta retrato rachado, mas meu celular tocou e tive que dar atenção à ele.

***

_ Me desculpe mesmo ter que cancelar o filme, Gabe. – Ainda me desculpava pelo celular com Gabriele e andava rapidamente pelo corredor do hospital.

_ Eu já falei que está tudo bem, e me de noticias de Antenor. – Ela disse compreensiva e só então desliguei o celular.

Na entrada de um dos quartos vi Antenor sair de muletas acompanhado de seu pai e seu avô, ele soltou um sorriso a me ver.

_ Esta tudo bem? – Perguntei preocupada ao vê-lo.

_Fique tranqüila, ele só teve um deslocamento no joelho, só tem que imobilizar perna por alguns dias. – O seu avô respondeu simpático.

_ ah seu idiota, pensei que tinha quebrado as duas pernas pelo jeito que me ligou.- Disse aliviada e brava ao mesmo tempo, e pude ouvir a risada do avô de Toni no fundo.

_ Para minha defesa, estava doendo muito, eu juro. – Antenor disse erguendo os dois braços e se desequilibrando um pouco com as muletas, mas eu o apoiei em meu ombro e ele pousou um beijo em meus cabelos.

_ Acho que está tudo bem agora, tenho que voltar para empresa. – Sebastian Grayson que tinha ficado calado e sério todo esse tempo se pronunciou.

_ Espera, acho que temos que conversar. – O avô de Toni falou rápido e logo depois pousou seus olhos em mim e em Antenor- Vocês dois podem me esperar na limo, já os encontro.

Assentimos com a cabeça e caminhamos até o carro um pouco devagar por causa do estado de Antenor, entramos na limusine, um luxo tão desnecessário, mas tão a cara do avô de Toni.

_ Acha que ta tendo treta ? – Perguntei enquanto ajudava Antenor achar uma posição confortável.

_ Com toda certeza, contei ao meu avô que vou ter um irmãozinho, pelo menos é o que meu pai pensa. Eu ainda acho que é um golpe na barriga.

_ Ana esta grávida ? – Disse surpresa.

_Sim. – Ele afirmou.

_ Mas e se for mesmo seu irmãozinho, Antenor, ela não me parece ser essa vadia toda que você diz.

_ As aparências enganam.

***

_ Ainda acho que esta com implicância. – Disse colocando almofadas debaixo da perna de Antenor, ele olhava para todo canto do seu quarto menos para mim.

_ Para de defender ela e meu pai, por favor. – Ele disse irritado.

_ Não estou defendendo, eu só acho que você não vê que ta estragando a amizade que você tinha com o seu pai com implicância com sua madrasta. – Disse sentando ao seu lado na cama.

_ Não é uma implicância de tipo, minha mãe morreu e não quero que ela seja substituída, Ana realmente não presta.– Ele disse em um tom mais alto.

_ Tudo bem, mas esse modo que você tenta provar pro seu pai é errado, você só se afunda e da razão a ele pra te criticar.

_ Ah eu realmente não quero mais falar disso. - Ele disse afundando a cabeça para trás no travesseiro.

_ Viu? Ta fugindo, quando alguém quer lhe dizer algo que você esta fazendo errado você apenas ignora. – Disse brava.

_ Ah e o que você entende mais do que eu sobre relação de pai e filho ? – Ele retrucou irritado.

_ Não muito, porque o meu pai é um babaca que sumiu por quase seis anos e por isso estou dizendo pra valorizar o que você tinha com o seu pai.

_ Ta aí, é muito fácil você me criticar. E você que acha que sempre ta certa e é vitima da historia e não deixa nem mesmo seu pai lhe contar o que realmente ouve.

_ Porque já é tarde demais. – Eu gritei.

_ Tarde demais por quê ? Porque seu irmão morreu? Mas você ta viva, Sam. – Ele gritou de volta e logo um silêncio predominou no quarto .

_ Você não entende. – murmurei.

_ Você que não entende. – Ele não me entendia e eu não o entendia, então por que estávamos juntos ?

_ Acho que ta na hora de você ir. – Ele falou desviando os seus olhos dos meus, engoli o seco e peguei minha bolsa que estava na mesinha ao lado da cama, o olhei novamente e ele estava com o rosto virado para o outro lado fugindo de mim.

_ Sinto muito por não poder jogar amanhã. – Eu disse ainda parada ao seu lado.

_ É eu também sinto. – Ele disse frio, então saí do quarto batendo a porta.

...

Cheguei em casa pousando as chaves na mesinha perto do sofá e me joguei na poltrona, pude me permitir respirar fundo algumas vezes e refletir nas palavras ditas por Antenor.

_ Esta tudo bem ? – Cezar pigarreou atrás de mim.

_ Esta! – murmurei.

A sala ficou em silencio por um tempo e pensei que ele já não estava mais ali, porem o vi dessa vez ao sentar na minha frente.

_ Eu achei isso. – Ele disse com o porta retrato rachado de mais cedo nas mãos – Foi você ?

_ Foi um acidente. Entrei para pegar alguns filmes. – Eu disse suspirando.

_ Tudo bem, sem problemas. – Ele disse colocando as mãos no queixo e mantendo seus olhos em mim.

_ Você era lutador, por que eu não sabia ? – eu disse e ele colocou um leve sorriso no rosto;

_ Porque eu desisti de ser lutador antes de você nascer.

_ Porque mamãe estava grávida ? – Arqueei as sobrancelhas e ele soltou uma risada.

_ E porque eu a amava e ela odiava luta.

_ Ela odiava? E por isso você largou? Você me pareceu bom, todos aqueles cintos e troféus.

_ Ela era uma top model de sucesso que estava quase largando tudo porque estava grávida de um filho meu, o mínimo era eu largar tudo por ela também e achar um emprego melhor e com mais lucro se é que você me entende. – Ele disse rindo.

_ Na época, não pagavam o tanto quanto ganha o Anderson Silva? – Perguntei rindo.

_ Não mesmo e eu nem era tão bom assim, só participava de pequenos campeonatos da cidade.

_ Você se arrependeu ? – perguntei.

_ Não, se arrepender não é a palavra, mas quando você já estava nascida eu tive saudade.

_ E teve alguma recaída ? tipo nunca mais lutou mesmo ?

_ Sim, lutei e disso me arrependo. – Ele me olhou sério dessa vez.

_ Por quê? – perguntei indignada. – Não era o que gostava?

_Eu tornei a lutar e a treinar jovens lutadores, mas me envolvi demais nisso, e acabei perdendo meu emprego, sua mãe e a vocês.

_ Então você voltou a lutar a seis anos atrás. – Disse ao lembrar que fazia seis anos que eu não o via depois do divorcio e antes da mudança é claro.

_ Não foi a luta que me fez perder vocês, se é isso que ta pensando. Mas eu me envolvi com muita gente errada e fui passado à perna, então eu já não me permitia ter mais nada, me afundei porque eu troquei o que eu tinha por um sonho morto que era a luta, eu devia ter me tocado que os ringues não eram mais pra mim.

_ E o que aconteceu? – perguntei com os olhos lacrimosos.

_ Eu virei um alcoólico, divorciado e falido, que queria afastar tudo que mais amava porque eu tinha vergonha do que eu havia me tornado.

_ Vergonha? Foi por isso por vergonha?

_ Eu não queria que vocês tivessem um pai como eu. Eu estava acabado.

_ Eu só queria um pai, você podia ter voltado lá e ter se explicado, eu entenderia.

_ Eu queria, mas já havia passado mais de 4 anos para me livrar do álcool e de tudo de ruim, eu fiquei com medo de vocês não entenderem. Então foi quando eu perdi seu irmão que percebi que não queria perder você também.

_ Você foi me ver no hospital, eu estava acordada, mas eu não estava pronta...

_ Eu entendo.

_ Me desculpe por nunca ter deixado você explicar.

_ Me desculpe por ter desistindo de mim e ter deixado vocês por seis anos. – Ele disse me abraçando e eu dividi a poltrona com ele.

_ Eu te amo tanto, minha menina.

Eu nunca culpei o meu pai por Nicolas ter partido, a nossa relação era baseada em problemas por eu nunca ter permitido ele ter se explicado, mas agora eu tinha entendido e estava pronta para perdoá-lo, eu estava pronto para ter um novo ciclo na minha vida. Afinal Antenor tinha razão, eu precisava me desculpar com ele.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por acompanharem, o proximo capitulo esta quase pronto e vem bastantes emoções.



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