Absence escrita por Thalita Moraes


Capítulo 54
Capítulo 54




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–Lucy, você não precisa fazer isso! - Gajeel tentou argumentar, mas já era tarde demais. No momento em que ela ouvira "sua querida Fairy Tail", sua mente se fechara novamente. Ela não deixaria sua guilda sofrer os riscos novamente. Da mesma forma como aconteceu há algum tempo atrás, quando seu namorado ainda era seu inimigo. - Lucy! Está me ouvindo? Não se junte à ele, você não... - As correntes o apertaram ainda mais, seu pulmão perdeu o ar. Então, as correntes afrouxaram novamente.

–Você tem cinco segundos. - A voz de Zafron ecoou pela sala. E, embora Lucy já tivesse decidido, ela não conseguia parar de pensar no que a guilda faria para pegá-la de volta. Se meteria em mais uma briga, com certeza. Sairiam machucados. Poderia perder alguns de seus companheiros. - Três. - As facas chegaram ainda mais perto do pescoço de Gajeel e Natsu. Ela não poderia se dar ao luxo de deixá-los sofrer por ela. - Dois.

–Tudo bem. - Lucy disse, seus olhos fechados em convicção. Seu corpo inteiro tremia de medo. Sua voz saíra um pouco mais baixa do que pretendia.

–Oh? - As facas que já quase perfuraram a pele dos dois desaparecera, Gajeel e Natsu podiam respirar novamente. - Pode repetir?

–Eu disse que tudo bem! - Ela grita. Os olhos abriram-se, encarando profundamente Gajeel nos olhos, provavelmente tentando se desculpar. - Eu me junto à você. Mas em troca, você deixe a Fairy Tail em paz e deixe-os sair vivos daqui. - Gajeel pôde ver uma lágrima se formar no canto de seu olho que ela foi capaz de mandá-la embora rapidamente com a ajuda dos cílios.

Zafron riu. As correntes desapareceram, largando Gajeel e Natsu no chão de qualquer jeito. Yoshiaki, que até então estava paralisado observando a cena atrás dos dois, passa por eles e caminha até Lucy. Gajeel rosnou para ele quando passara, Yoshiaki tentou fingir que não tinha visto. Pegou Lucy pelo braço e tentou conduzí-la até onde Zafron estava. Ela puxou seu braço de volta. Não queria que ele tocasse nela. Yoshiaki se inclinou e disse perto de seu ouvido, com uma voz cheia de remorsos.

—Se você tivesse aceitado minha proposta no começo, não teríamos passado por isso.

Gajeel se levantou e foi correndo até Lucy, tentando pegá-la de volta. Mas ele trompou em uma parede invisível, numa espécie de vidro aborrachado. Por mais que ele batesse e gritasse, Lucy não podia ouvir nada. Gajeel não pôde fazer nada a não ser observá-la partir. Ela virou sua cabeça para trás, para vê-lo uma última vez. Gajeel pôde ver seus lábios se moverem numa súplica muda.
"Me salve".

—Então, afinal, para quê você precisa de mim? — Lucy disse com desgosto enquanto entrava na sala em que Zafron a esperava, sentado, a cabeça apoiada no braço, as pernas para cima, com um sorriso de vitória. Ele abre uma gaveta e retira um estojo preto com lacre dourado. Se levanta e entrega para Lucy.

—O que é isso? — Ela pergunta analisando o estojo antes mesmo de abrir.

—O restante das chaves de ouro. — Zafron disse, as mãos no bolso, numa pose de notoriedade. Lucy o olhou confusa, então ela abriu o estojo. Haviam seis* chaves de ouro lá dentro. — Você vai fechar contrato com eles todos.

—De onde você tirou essas chaves? — Zafron riu.

—Você não vai querer saber disso. — Ele disse num sussurro, com um sorriso mais diabólico ainda. Lucy soube naquele instante que ele tinha matado os outros magos celestiais, apenas para pegar suas chaves. Mas para quê? Para dar para ela? Para fazê-la mais poderosa ainda?

Era por isso que ele a queria em sua guilda?

Percebendo que socar e chutar a parede invisível não ia adiantar em nada, Gajeel resolveu dar a volta. Ele saiu e começou a escalar as paredes da guilda, procurando entrar em alguma janela qualquer para começar a busca por Lucy. Natsu não iria atrás dele, Gajeel já tinha percebido isso. Ele provavelmente estaria mais preocupado em conferir se Lisanna estava bem do que ir atrás de Lucy.

"E é esse o motivo pelo qual Lucy veio para cá em primeiro lugar". Mas Gajeel prendeu as palavras que tanto queria jogar na cara de Natsu para ir atrás de Lucy. Outra hora ele dá essa tão esperada bronca em Natsu. Agora, o importante era Lucy.

Ele pulou janela adentro, provavelmente esperando alguma reação, já se preparando para uma eventual briga. Ele tinha parado na cozinha e parecia tão deserto que, se não tivesse tão limpo, ele poderia dizer que estava abandonado. Começou a percorrer pelos corredores, entrando em cada porta que encontrava procurando por Lucy. E quanto mais ele andava naquela guilda, mais ele desconfiava.

Quer dizer, isso se ele puder chamar aquilo de guilda. Parecia mais uma mansão de rico, daquelas enormes, cheias de quartos, feitas para somente duas ou três pessoas. Não havia ninguém em lugar nenhum. Não era possível. Não tinha como não haver ninguém naquele lugar. Era para ser uma guilda, não é? Então porque estava tão abandonado assim?

Gajeel desviou seus pensamentos de volta para Lucy. Depois de ter subido duas escadas, dando de cara com mais portas e portas que levam para nada, ao final do corredor ele encontra mais uma escada que dava direto à uma outra porta, dessa vez diferente. Era pintada de um tom mais escuro, não estava descascada como as outras. E, por alguma razão, ele pressentia que era ali que Lucy estava. Talvez seja porque ele já revistou o lugar inteiro e aquele era o único lugar que ele não tinha checado ainda.

Abriu a porta com um estrondo, pronto para agarrar Lucy e descer a porrada nos dois, mas no momento em que dera um passo para dentro, Yoshiaki desviou-se do soco e jogou as correntes nele novamente.

Gajeel revirou os olhos.

—De novo?

—Eu não posso fazer nada. — Yoshiaki disse, a voz num tom seco. Todos seus sentimentos estavam enterrados à sete palmos debaixo da terra, mas seus olhos não podiam deixar de exibir um brilho cansado. Triste. Pelo que ele estava fazendo. — Você continua entrando no meio do caminho e é meu dever livrar os obstáculos do caminho de Zafron-sama.

Zafron riu. Ele adorava se sentir no poder daquele jeito. Ter um aliado como Yoshiaki foi o que fez aquilo se tornar realidade, embora ele tenha pisado na bola algumas vezes. Dera tudo certo.

—Agora... — Zafron continuou a instruir Lucy. Ela estava sentada na cadeira, seus olhos castanhos pareciam cinzas. Ela estava novamente hipnotizada, debaixo daquela magia de antes. Zafron colocara sua mão sob o ombro de Lucy. — Eu vou te dar todo meu poder mágico. E então você saberá o que fazer.

Lucy assentiu com a cabeça, os olhos arregalados. Gajeel estava muito assustado para tentar fazer alguma coisa. Inutilmente, ele tentou afrouxar as correntes.

A mão de Zafron adquiriu um tom branco e foi perdendo o brilho pouco a pouco. O rosto antes gozador, agora parecia estar num dor agoniante. Seu sorriso desapareceu por completo, suas sobrancelhas arquearam e seus olhos fecharam. Ele foi pouco a pouco caindo no chão, suas pernas enfraquecendo conforme continuava. Então, ele finalmente caiu de joelhos, ofegante, sua mão soltou-se do ombro de Lucy. Ele agora a segurava, tentando controlar a tremedeira. O corpo de Lucy brilhou. Então o brilho desapareceu novamente, da mesma forma que ocorrera com a mão dele.

Lucy se levantou e fechou os olhos. As doze chaves de ouro saíram de seu chaveiro, voando ao redor de Lucy numa trajetória circular mas não perfeita. As chaves pareciam pular no ar, balançando para cima e para baixo alternadamente enquanto giravam.

—Magister amet... — Lucy entoou as palavras numa língua morta. E, embora esquecida por muito tempo, Yoshiaki reconheceu aquelas palavras de uma magia proibida de um livro de magias esquecidas. Ele entrou em pânico e fez o que pôde para evitar que ela continuasse. — Ad ostendendam... — Um pano apareceu do nada e cobriu a boca de Lucy. Ela pareceu não se importar, não tentou retirar, apenas continuou olhando para o nada sem poder mover os lábios.

—O que está fazendo, Yoshiaki? — Zafron disse com uma voz sofrida. A falta de mágica em seu corpo estava lhe fazendo mal, ele mal conseguiu puxar o ar para pronunciar as palavras.

—O que você pensa que está fazendo? — Yoshiaki disse, bravo. Ele não conseguiria mais continuar a fazer aquilo. Não quando agora ele sabia o que é que Zafron ia fazer. — Essa é uma magia negra, proibida pelo conselho!

—Você não sabe a menor ideia do que está falando...

—É claro que sei! Eu li o livro! Sei que para serve essa magia. Sei que se ela continuar, — ele disse, então, engolindo em seco se preparando para o que ia dizer a seguir. — Ela vai morrer.


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Notas finais do capítulo

E aí? Curiosos?
Mwahahaha!
Agora o próximo sairá somente daqui três dias.