Absence escrita por Thalita Moraes


Capítulo 51
Capítulo 51




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Se não fosse pela densa chuva, sua voz ecoaria pela cidade inteira. A dona do nome preso em sua garganta, por mais que ele repetisse, não aparecia mais e ele odiava o fato de que talvez estivesse certo. Mas não queria admitir. Natsu não queria acreditar que Lucy tinha sido sequestrada na frente de seus olhos.

—Não adianta gritar. — Gajeel disse, sentado na calçada, já encharcado. Ele não se importava mais com nenhuma gota que caísse, ele já estava molhado o suficiente para não se importar. — Ele levou ela.

—E você vai ficar aí sentado? — Natsu disse, irritado com o fato de que Gajeel parecia calmo demais para tudo aquilo. — Temos que ir atrás dele!

—Mas não sabemos onde ele foi. — Gajeel disse, tendo todos seus pensamentos interrompidos por Natsu gritando e falando coisas que ele já sabia.

—E se não nos mexermos não vamos conseguir encontrá-lo! — Natsu disse, tentando fazer Gajeel se levantar para ajudá-lo a procurá-la. Lucy e Lisanna. — Mas você continua parado aí, sem fazer nada.

—Eu estou tentando pensar, seu cabeça dura! Algo que você poderia tentar ao invés de ficar aí rodeando de um lado para outro feito barata tonta! — Gajeel disse, levantando-se, já não aguentando mais Natsu falando em seus ouvidos.

—E você já conseguiu descobrir onde ele levou Lucy e Lisanna? — Natsu disse, impaciente. Ele ainda estava irritado depois de tudo o que disse para Lucy, sem obter nenhuma resposta.

—Ainda não, porque você ainda não calou essa sua matraca! — Gajeel disse, chegando mais perto de Natsu. Ele aceitou o desafio e colaram as testas, encarando um ao outro com um ódio mortal típico voltado a um arqui-inimigo.

—Vem tentar! — Natsu disse, queimando de raiva.

—Eu sei onde ele levou ela. — Uma figura um tanto esquecida disse, levantando-se do chão, passando a mão na cabeça. Depois da bela porrada que Natsu lhe dera caíra inconsciente e demorara um pouco para voltar à vida. O capuz não estava mais em sua cabeça, como não tinha sol, não havia mais motivo para ele se preocupar.

—Sabe?! — Natsu disse, correndo para a figura branca no chão. Ele então se levantou e se livrou do casaco.

—Provavelmente ele deve ter levado-a para a guilda. — Ele disse, apesar de não ter visto Yoshiaki pegar Lucy e Lisanna. Mas ele sabia. Sabia porque Zafron-sama queria a maga celestial. — Zafron-sama quase nunca sai de lá, ele deve estar esperando-a. Se isso for verdade, devemos correr. Eu não sei o que ele pode fazer com a sua amiga.

—Onde que fica a guilda dele? — Gajeel perguntou. Nesse instante, uma gigante cobra branca apareceu no meio do ar, sua cabeça planando a meio metro do chão. Seus olhos amarelos fitaram Gajeel intensamente antes de deixar sua língua bifurcada chacoalhar no ar fora de sua boca.

—Subam. Eu levo vocês lá. — Haruta disse, pulando na cobra e sentando-se perto da cabeça.

—Porque eu deveria confiar em você? — Gajeel disse, ainda desconfiado. E se ele estivesse os levando para uma armadilha?

—De novo essa conversa? — Haruta disse, passando a mão no cabelo. — Olha, se você não quiser confiar, não confie. Eu não sou confiável, eu traí minha própria guilda, deixei meus companheiros para trás. — Haruta disse, deixando Gajeel ainda mais desconfiado ainda. Essa história era verdadeira, mas quando contada assim por uma parte que se achava culpada, é lógico que ia fazer parecer como se ele fosse realmente o vilão. Mas não era. Exatamente o motivo pelo qual deixou sua guilda. — Eu não tenho tempo para te explicar meus motivos. Seja lá o que Zafron tem preparado para ela, ele tem preparado por um bom tempo. Enquanto conversamos, só Deus sabe o que ele está fazendo com sua amiga. Então, devemos ir logo antes que seja tarde demais.

Ainda um pouco relutante, porém convencido, Gajeel pulou na cobra e sentou-se com um pouco de dificuldade. As escamas molhadas não eram a melhor escolha para se sentar durante um dia de chuva.

—Você é um mago celestial? — Gajeel perguntou, ainda um pouco surpreso de ter visto a cobra surgiu do nada. Se bem que ele também não puxou nenhuma chave. Se ele fosse um mago celestial, deveria ter uma chave.

—Mais ou menos. — Ele disse, lembrando de seu passado conturbado. — Você está sentado sim encima de um espírito, mas quando eu fechar o portão, ele não poderá mais ser conjurado. Tecnicamente, eu sou um mago da imaginação. Posso "invocar" qualquer espírito que eu inventar, mas só poderei usá-lo uma vez. — Haruta disse, parando para pensar um pouco. Ele aproveitaria aquele momento para poder demonstrar que estava falando a verdade. — Yoshiaki, aquele que pegou sua amiga, ele conhece feitiços fortes de cor e salteado, mas todos tem uma maneira muito fácil de serem cancelados. Aprendemos essas magias com Zafron na promessa de que, se ficássemos na guilda dele, ficaríamos mais fortes.

"Eu não fiquei por muito tempo, logo saí. Porém, uma vez que eu deixei a guilda dele, o efeito colateral dessa magia quase me matou. Eu não podia ficar exposto ao sol de forma alguma se eu quisesse viver. Quando descobri o lado ruim dessa magia, tentei tirar Yoshiaki de lá também, mas... Ele não poderia desobedecer Zafron sem que ele perdesse um tempo de vida considerável."

Gajeel olhou fixamente para o cabelo já molhado de Haruta, pensando em porque ele estava contando tudo aquilo de repente.

—Eu quero ajudar a sua amiga porque não quero que ela fique presa à Zafron também. — Haruta deu uma olhadela para trás, enxergando os rostos confusos e determinados de Gajeel e Natsu. Ambos se surpreenderam com o olhar triste de Haruta. Obviamente Zafron fez muito mais do que apenas prender ele e Yoshiaki consigo naquela guilda.

A guilda de Zafron, Pink Eclipse, ficava no meio de uma densa floresta, próxima a vila de Spetto-san, escondida na forma de uma casa de madeira desgastada, de vários andares, com uma fachada mal feita. Não tinha nome, não tinha um símbolo descente. Quem passasse por ali, apenas veria uma casa de madeira mal assombrada. Ninguém ligaria um lugar tão acabado como aquele à uma dark guild.

A chuva pareceu cessar um pouco, as gotas foram presas pelas folhas unidas densamente no topo de cada árvore. Apenas algumas gotas conseguiam passar.
Gajeel já se preparara mentalmente durante a rápida viagem para a luta, caso fosse necessário. Natsu já estava atiçado para lutar fazia algum tempo. Ele desceria o cascudo no primeiro que visse.

—Aqui é o máximo que eu posso ir. — Haruta disse, a cobra parou ao lado dele, e enrolou-se nele antes de se transformar em poeira. — Boa sorte.

Natsu já tinha pulado da cobra assim que chegaram e fez sua entrada triunfal quebrando tudo ao passar pelo portão principal. Mas no momento em que colocou seus pés para dentro, Gajeel pôde ver seu semblante voar para longe com a ajuda de uma corrente de água. Gajeel correu para dentro para ver o que tinha acontecido. Natsu estava contra a parede, mais encharcado que antes, cuspindo água, com uma expressão atônita em seu rosto. Quando olhou para o outro lado, seu rosto adquiriu a mesma expressão atônita do rosto de Natsu. Ele mal conseguiu balbuciar palavras para demonstrar sua surpresa.

Ele não queria dizer seu nome. Uma vez que dissesse, faria aquela cena se tornar realidade, como se estivesse apenas sonhando.


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Notas finais do capítulo

Então? Então, então?
Eu disse que ia começar a ação.