Absence escrita por Thalita Moraes


Capítulo 44
Flashback 06




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Dessa vez, Lucy não precisou de se perder na floresta. Pegando os dias anteriores como exemplo, ela notou que eles entravam na floresta de propósito, sabendo que ela ia acabar se perdendo. Tendo isso em mente, pediu à Virgo que montasse a armadilha. Virgo fez um imenso buraco de dois metros de altura por sete metros de comprimento, tapando-o, escondendo-o. Era um clichê, sim, mas havia uma chance de funcionar.

Então Lucy saiu procurando pelos três. Não demorou muito para que eles aparecessem das sombras jogando ovos em seu cabelo, fazendo Lucy mais brava do que antes. Os olhos de Lucy brilharam malignamente enquanto os três delinquentes corriam rachando de rir sem nenhuma noção do perigo de vida que corriam. E como Lucy previu, eles foram em direção à floresta.

Era um clichê, mas eles caíram. O importante é que funcionou.

— Um buraco? — Jun perguntou, não acreditando que tinha caído no truque mais barato do livro.

— Nos tire daqui! — Kiichi pediu, ou melhor, ordenou. Ele sabia o que aquilo significava. Agora, ele temia por sua vida.

— Depois. — Lucy disse, sorrindo com sua vitória. — Primeiro, vocês vão me levar a cada uma de suas mães. Então, vocês vão me dar todos as suas bombas de fumaça e bugigangas, e terão que me prometer nunca mais perturbar a paz dessa vila.

— E como você pretende nos obrigar? — Kiichi disse, cruzando os braços, nenhum um pouco intimidado com o fato de estar em desvantagem.

— Eu não vou fazer isso. — Lucy disse, agachando-se para enxergá-lo melhor. Kiichi se demonstrou confuso. Lucy explicou: — Sua mãe vai.

Kiichi engoliu em seco. Ele sabia o que aquilo significava.

E com cada um preso em suas mãos, Katsuo, o mais novo, preso em Horologium e Kiichi e Jun algemados levados por correntes, passando pelo meio da vila, enquanto Lucy caminhava com notoriedade. Deixou Katsuo em sua casa, onde Lucy pôde ouvir através da porta fechada:

— Está proibido de ir para a cidade! Nada de videogames e só pode sair com minha autorização. Eu e sua mãe estamos muito decepcionados com você, filho. — A última frase saiu quase em um suspiro.

Então, Lucy deixou Jun na casa dele. Quem abriu a porta foi a tia, uma senhora de 82 anos de idade que não demonstrou muita reação quando Lucy falou o que ele vinha fazendo. Porém, antes de fechar a porta, a tia mandou um olhar tão sombrio que superava o olhar maligno de Erza.

E por último, Kiichi. A mãe de Kiichi, quando ouviu a história do que seu filho andava fazendo solto pela vila, seu rosto ficou tão vermelho quanto seu cabelo. Olhou para Kiichi e suspirou, acalmando-se.

— Obrigada pela sua visita. — Ela disse calmamente, com um sorriso obviamente falso. — Agora, se me der licença, preciso ter uma conversinha com meu filho.

Assim que Lucy saiu pela porta, parou e prestou atenção no que ouviu. Não foi nada diferente de Katsuo.

— Você está proibido de sair dessa casa! — A mulher disse, então uma porta bateu-se com força, fazendo um estalo enorme que ressoou por toda a casa e provavelmente as casas vizinhas.

Lucy deu-se por encerrada e foi conversar com sua cliente, avisá-la do que acabara de fazer. Dera os nomes de cada guri e o endereço, para caso ela queira, mais tarde, fazer uma visitinha e dar mais uma bronca.

E assim, ela terminou sua missão. Teria sido mais fácil se ela tivesse feito isso mais cedo. Ela perguntou-se porque não tinha feito isso desde o começo. Então, lembrou-se do porquê estava agindo tão diferente de si mesmo naqueles primeiros dias.

Natsu.

A culpa era toda dele.

Mas Lucy não podia pensar dessa forma. Afinal, depois de passar dois dias pensando no que ele tinha dito, Yoshiaki estava certo.

Ela se fez invisível.

Não era o tempo todo que Natsu estava com Lisanna, tinha alguns momentos que eles se separavam enquanto Lisanna ia conversar com os outros membros. Lucy poderia ter usado um desses momentos para conversar com Natsu. Mas ela poderia também conversar com Natsu com Lisanna ao lado. Ela poderia, muito bem, ter chamado ele para aquela missão. Lucy poderia ter feito amizade com Lisanna.

Mas ela não quis.

Não porque Lucy não queria fazer amizade com Lisanna. De um lado, ela queria. Queria conversar com Lisanna, queria conhecê-la melhor. Mas o ciúme falou mais alto. E toda vez que via os dois juntos, propositalmente saia do caminho deles. Quando eles chamavam, ela fugia.

Lucy foi se afastando, pouco a pouco.

E só agora ela tinha percebido isso. Ela precisou ter saído da Fairy Tail, numa missão, sem contar a ninguém. Ela precisou que alguém contasse isso para ela.

E agora, ela precisava pedir suas desculpas genuínas para Yoshiaki.

Caminhou de volta à floresta, dessa vez com a intenção de se perder, procurando-o. Passou pela árvore retorcida, pelo tronco caído, abaixou a cabeça no galho baixo. Andou por horas apenas para chegar de volta à vila, pelo mesmo lugar de onde tinha saído. Suspirou, querendo voltar à floresta, mas o céu estava escurecendo e se perder numa floresta de noite não era a melhor coisa a se fazer. Então, voltou para a casa de Spetto-san.

Se ao menos tivesse dado o primeiro passo certo.

Quando Lucy pulou pelo tronco caído usado como divisão entre floresta e vila, seu pé atingiu o ar e ela caiu na sua própria armadilha. Na armadilha que tinha feito para capturar os três pestinhas.

— Perfeito. — Lucy disse num suspiro que foi capaz de levantar poeira.

— O que está fazendo aí embaixo? — Uma voz conhecida a chamou. Para sua surpresa, era Yoshiaki. Onde é que ele estava à uma hora atrás?

— Relaxando. — Lucy disse, num tom sarcástico que ele fingiu não ter entendido. — Eu ouvi dizer que barro faz bem para a pele.

— Então vou deixá-la em paz. — Ele disse, sua cabeça sumindo da linha de visão de Lucy.

— Espere! — Ele voltara para ver o que Lucy queria. Ela suspirou novamente. — Eu caí. Me ajuda a sair? — Ela disse, levantando as duas mãos.

Yoshiaki sorri de leve. Ele então se inclina no buraco buscando pela mão de Lucy. Segurando a mão de Lucy ele a puxa e a ajuda a sair do buraco, sentando-se no chão quando ela finalmente alcançou terra firme.

Assim que Lucy agradeceu, Yoshiaki ficou observando-a intensamente a ponto de conseguir fazê-la corar.

— O quê? — Lucy disse, com as bochechas avermelhadas.

— Você não tinha alguma coisa para falar para mim?

As bochechas de Lucy coram mais ainda.

— Desculpa. — Ela disse, virando seus olhos para o chão.

— Pelo que? — Ele perguntou, confuso.

— Naquele dia... O que você me disse... — Ela disse, parando para suspirar. — Você estava certo. Eu estou fugindo.

— Eu nem me lembro o que eu lhe disse aquele dia. — Yoshiaki riu.

— Mesmo assim. Eu precisava ter ouvido aquilo. — Lucy finalmente admitiu. Ela precisava ter ouvido aquilo. Então, Lucy se levanta e começa a caminhar em direção à casa de Spetto-san.

— Espera, só isso? — Ele disse, puxando Lucy pelo braço mais uma vez.

— O que você esperava?

— Achei que você estava me procurando para me dizer que resolveu entrar em minha guilda.

— Eu já disse. — Lucy disse rindo, achando graça das tentativas de convencê-la. — Só nos seus sonhos.

— Você não pode me dar ao prazer de sonhar comigo? — Ele disse, apertando um pouquinho mais o pulso dela. Tudo que ele já tentou não deu certo. Ele teria de começar a usar mais seu charme para conseguir o que queria.

Lucy se solta da mão dele e continua andando.

— Então, você vai embora? Vai voltar para Fairy Tail?

Lucy para. De repente, a imagem do rosado volta à sua mente. Quando ela finalmente tinha conseguido se livrar dele. Inconscientemente ela cerra o punho. Só de pensar em voltar para Fairy Tail, para ver os dois juntos... Ela tinha medo. Receio. Ansiedade. Nervosismo. Tudo junto. E, num impulso, as sobrancelhas ainda tortas num tom de desespero, com um sorriso falso, Lucy se vira para dizer:

— Talvez eu fique mais um pouquinho.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo sai dia 26.