Esse ainda era o objetivo. Deixar Natsu com ciúmes. Por mais que doesse, essa era a verdade. Foi só por isso. Todo o resto, se ele pudesse esconder o resto por ela, ele o faria. 

—Mas e... E quanto aos meu machucados? — Que agora já tinham sido quase completamente curados. Machucados não tão profundos como se achava que fossem, machucados leves, porem feios. Como uma queimadura. — Minha perna. Onde tudo isso se encaixa?

Gajeel suspirou. Ele esperava não ter que responder isso.

—Isso eu não sei. Eu estava fazendo compras na cidade de Hargeon quando o fogo aconteceu. Como aconteceu, quando aconteceu, eu não sei. Mas quando eu cheguei, o fogo tinha destruído quase tudo. A casa onde tínhamos ficado não dava mais para entrar. Eu fiquei preocupado ao pensar se você não estava no meio de tudo. A partir daí, foi como eu te contei. Eu te encontrei deitada, recostada numa árvore, com arranhões, vermelhos e coberta de sangue. Suas pernas... Suas pernas estavam intactas.

—Como? 

—Eu não sei.

Sem dar tempo de Lucy perguntar mais alguma coisa, Gajeel ficou de pé. Então, ofereceu a mão para ajudar Lucy a levantar. Ela segurou sua mão e ele a trouxe de pé, como um pai faria à uma criança de dois anos ensinando-a a andar. A maneira como Lucy parou de pé revelava isso. Era humilhante. 

Quanta frustração. 

A dor era insuportável. 

Gajeel a sentou na cama e rearrumou a coberta encima dela. Então, sentou-se ao seu lado e disse.

—Então? O que quer fazer? 

—Como assim?

—Você percebeu. Erza, Gray e Wendy vieram aqui para saber se você está bem e também para perguntá-la sobre o que aconteceu. Amanhã, na Fairy Tail, com certeza muitos a farão a mesma pergunta. 

Lucy abaixou o olhar, pensando.

—Eu queria que eles percebessem o que a falta de atenção deles me causou. — Lucy disse, apertando sua mão na coberta - Mas, eles já devem estar se sentindo culpados. Já é o suficiente. — Ela murmurou para si mesma, mesmo sabendo que Gajeel a escutara. — Eles não precisam saber da verdade.

Gajeel sorriu.

—Então o que quer falar para eles?

—"Ah, pobrezinha da Lucy! Ela não consegue se lembrar de nada!" — Lucy disse, brincando com sua situação, atuando um deles qualquer. Então, ambos trocaram um longo e significativo olhar. 

—Então, já decidimos quanto à isso. — Gajeel disse, levantando-se da cadeira e dirigindo-se à janela.

—Oi, aonde você vai? — Perguntou Lucy

—Pra minha casa dormir. 

—E eu? 

Gajeel riu.

—A namorada quer um beijo de boa noite? — Gajeel disse, parando no meio do caminho. Então, ele voltou rapidamente e a puxou para si, segurando-a pela nuca. Ele a beijou. De olhos fechados, apreciando cada segundo daquilo, pois esperava aquele beijo há tempos. Lucy ficou espantada, mas não resistiu. Logo, ela se entregou. Foi naquele beijo que Lucy descobriu que queria beijá-lo a tempos.

Era difícil de explicar porque ela queria beijar Gajeel Redfox. 

Ela realmente tinha se apaixonado por ele. Ele sentia a mesma coisa por ela? Ou ele fazia aquilo por obrigação à promessa e ao acordo? Não tinha ninguém ali, porque ele a beijara?

Após soltá-la, contrariado, porém ele precisava respirar, Gajeel murmura numa voz rouca enquanto ainda buscava por ar. 

—Boa noite. 

Lucy agarrou a mão dele.

—Fica. — Ela pediu, praticamente suplicando. Gajeel não queria deixá-la também. Ele tirou seus sapatos e apagou a luz do quarto e voltou para a cama dela, levantando a coberta e postando-se ao lado de Lucy. — Tira essa camisa. — Disse Lucy. Ele se espantou levemente. — Deve ser horrível de dormir com essa camisa pesada. 

Então, dando uma risadinha muda, Gajeel levanta e retira a camisa, achando graça. Era um déjavu. Ele já tinha visto aquilo antes, antes de Lucy perder a memória. Ele dormiu ao lado de Lucy, que, sem perceber, deitara-se em seu peito nu.