Quando Mais Precisava escrita por AnaMM


Capítulo 20
Reconciliações


Notas iniciais do capítulo

Habemus lidinhum! E temos tbm outra troca muito importante neste capítulo. Espero que gostem e me desculpem pela baita demora, vou fazer o possível pra que não se repita.

Trilha:
https://www.youtube.com/watch?v=XCTAOauWjUY a música do meu querido fanvid
https://www.youtube.com/watch?v=h8oTT9r9978 na íntegra
http://www.vagalume.com.br/coldplay/warning-sign-traducao.html



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/370401/chapter/20

– Antes que você pergunte, a gente tá indo com calma e vai manter isso em segredo, ok?

– Como quiser. – O garoto respondeu boquiaberto, sua tentativa de recuperar o fôlego sendo interrompida por outro beijo, tão passional quanto o anterior.

Oxigênio pouco lhe importava. Havia esperado tanto por aquele momento, que mais parecia um sonho. Lia estava em seus braços por vontade própria, sóbria. Queria estar com ele, queria beijá-lo.

– É sério isso? – O garoto conseguiu perguntar entre um beijo e outro.

– Sim, Dinho, tá acontecendo. – Lia riu, brincando com a camisa do ex, envergonhada. – Só que ó, meu pai não pode nem desconfiar que a gente tá junto, tá? Então sem brincadeirinhas. – Apontou o dedo para o garoto, ordenando.

– Ok. – Sorriu tão largo quanto conseguia. – É... você falou “junto”? – Titubeou sem jeito.

– Não, eu falei defunto, que é o que você vai ser se o meu pai descobrir. – Desconversou debochada.

– Duvido. No fundo, o Lorenzo gosta de mim. – Exibiu-se.

– Bom, talvez ele até tenha perdoado a merda que você fez por ter me salvado, mas é do meu pai que a gente tá falando, e ele não vai me deixar dormir com você se souber disso.

– E você?

– Eu vou deixar, sim. – Ironizou.

– Quero saber se você me perdoou. – Perguntou sério.

– Olha, Dinho... – Respirou fundo. Torcera tanto por não precisar tocar no assunto... – Como eu disse aquela vez, eu entendo que você tenha feito o que fez, e se isso for perdoar... Talvez eu tenha te perdoado. Só que eu não posso confiar em você, entende? E eu sei que você já me deu provas suficientes de que eu não sou tão masoquista em sentir o que eu sinto, e que você merece uma segunda chance, mas eu também não quero sofrer tudo aquilo de novo. Ao mesmo tempo, eu também sinto muito a sua falta e aquela noite, apesar de eu não me lembrar de tudo, foi mágica e eu preciso de você, de mais maneiras do que eu gostaria, então eu acho melhor a gente ir com calma.

– Então... A gente não vai voltar? – Cobrou frustrado.

– Depende. – Murmurou a loira.

– Depende do que? – Hesitou.

– Do que você considera voltar. – Respondeu-lhe com um sorriso carinhoso. – Se você quer saber se a gente voltou a namorar... – Brincou com as mãos do garoto. – Não... – Aproximou-se, língua entre dentes. – Mas nós não estamos mais separados, também... Isso é, se você quiser, é claro.

– Lia, você tá doida? É tudo que eu mais quero! – Abraçou-a forte. – Quer dizer, a parte de estar junto, não a de ainda não estar... junto. – Explicou, confuso com as próprias palavras.

– Eu entendi. – A loira riu.

– Agora que você esclareceu o que queria, a gente pode voltar a se beijar, por favor? – Implorou.

A caminho de lhe responder com outro beijo, a roqueira freou o garoto.

– A Fatinha e o Orelha, eles continuam aqui? – Consultou preocupada.

– Já foram embora, a casa é nossa. – Respondeu rápido.

– Ótimo.

Enfim seus lábios voltaram a se encontrar, de repente tão dependentes. Descobriram seus corpos de tecidos e de jeans, aproveitando a privacidade rara de ter o apartamento dos Martins vazio. O garoto sorriu ao se lembrar de que era a primeira vez que acontecia no quarto da roqueira, mesmo até o telhado de seu prédio já lhes tendo servido, no passado, de cama. Virou os olhos apontando à sua volta, transmitindo a Lia sua conclusão. A garota retribuiu o sorriso, divertida. Era um exagerado... O exagerado que amava. Qualquer bobagem de Dinho era tão natural, tão eles... Fosse qualquer outro, não veria graça. Talvez por isso as coisas não parecessem se encaixar com Vitor... Acima de qualquer outro problema ou possível defeito, não era Dinho. Vitor.

– Merda! – Separou-se alguns centímetros de Dinho, de repente. – O Vitor.

– Depois, marrentinha. Não queira parar o que você mesma começou, vem. – Puxou-a de volta, tranquilizando-a com um simples toque. Outra habilidade que apenas Dinho tinha.

Agora sóbria, aproveitava cada milímetro do corpo de Adriano, cada sinal esquecido, cada cacho que já havia enrolado em seus dedos. Lembrava-se de cada músculo, de cada pelo se arrepiando ao seu toque. Onde sua barba falhava, onde os cachos encontravam raiz, onde o sorriso formava linhas de expressão e onde seus olhos castanhos eram manchados de verde. Se na noite de Orelha havia sido ótimo, agora, sentindo cada movimento por completo, cada arrepio, era inacreditável. Era-lhe incompreensível como passara tanto tempo sem se sentir tão viva. Seu mundo ganhava novas cores, era amada por aquele que amava, o que era completamente diferente de qualquer outro sentimento por qualquer outro garoto. Beijava-o com vontade, sentia-o com prazer. Não era automático, mas vivo, verdadeiramente vivo o que faziam. Ter estado com outro apenas lhe fazia amar mais ainda Adriano. O que tinham era único.

Seus corpos colapsaram. Apoiada sobre Dinho, Lia tentou retomar o fôlego. Seus rostos suavam, seus sorrisos tremiam.

– A gente bem que podia sumir com eles mais vezes, né? – A roqueira propôs com a voz falha.

– Você que demorou demais pra se entregar. A gente já podia ter recomeçado há um bom tempo!

– Ah, é, espertinho? E como você acha que teria acontecido? A gente não ficou sozinho aqui quase nenhuma vez.

– A gente teria dado um jeito, marrentinha, agora volta aqui. – Puxou-a para si, impedindo-a de se levantar.

– Eu criei um monstro! – Exasperou-se.

– Ei! Eu só quero aproveitar mais uns minutos abraçado com você, não é pra retomar nada, não, até porque eu não tenho nem condições pra isso.

– Perdeu a forma, é? – Debochou.

– Perdi. Quer me ajudar a recuperar? – Sorriu sugestivamente.

– Meus olhos! Vocês querem me traumatizar pro resto da vida? – Uma voz aguda cobrou possessa.

– Tatá! – Lia se exasperou, segurando as cobertas contra seu corpo. Para seu alívio, já tapavam seu corpo quando a caçula chegara. – Você não aprendeu a bater, não?

Por um momento, desejara estar de volta à casa de Marcela, com seu próprio quarto.

– Eu estou muito feliz que vocês voltaram, acreditem, mas no meu quarto não!

– Foi mal, Tatá. – O garoto tentou se desculpar, também coberto. Olhava para a lateral da cama agoniado. Não tinha muito espaço na cama de solteiro de Lia para os dois continuarem afastados como o flagra de Tatá exigia.

– Tatá, a gente sente muito, mesmo, mas você pode, por favor, voltar pra sala rapidinho?

– Eu não! Eu preciso ficar aqui, de olho, antes que vocês firam mais ainda a pureza do meu quarto! E do Justin! – Protestou.

– Tatá, é sério, a gente precisa pelo menos poder sair daqui e se vestir, né?

– Para! Sem detalhes, por favor! – Interrompeu-a, enfim entendendo o recado e voltando para a sala.

Apressada, a menina deixou a porta aberta. Lia defendeu seu corpo com o travesseiro na vertical e apressou-se na ponta dos pés até a entrada do quarto, enfim reconquistando sua privacidade. Juntou rapidamente suas roupas, perguntando-se se quem buscara Tatá teria escutado seu rompante.

– Eu vou primeiro. Se a gente sair junto vai ser pior. Eu invento uma história. – Dinho lhe assegurou, beijando-lhe a testa antes de deixar o quarto.

–x-

– Raquel.

– Oi, Dinho. Seus amigos já foram?

– Já, a Lia não tava se sentindo bem.

–Entendi. E ela tá melhor? Eu posso...?

– À vontade. – Adriano confirmou.

Tatá permaneceu mirando a mesa, envergonhada demais para encarar o namorado da irmã.

–x-

– Vocês voltaram?

– Que? – Lia perguntou nervosa.

– Você e o Dinho. Lia, eu não nasci ontem. O seu pai pode achar que você é uma santa, mas eu não.

– Raquel, eu não tô te entendendo.

– Você abriu as janelas. Bom. – Observou. – Que não se repita com a Tatá podendo chegar a qualquer momento, tá entendido? E o seu pai-

– Não pode nem imaginar. – A roqueira completou a frase, sem graça.

– Isso. – Concluiu a mãe, também sem jeito. – Eu fico feliz por vocês. – Sorriu, por fim.

– Valeu, mãe. – Lia sorriu em resposta, recebendo um abraço emocionado de Raquel.

– É tão bom quando você me chama assim!

– Só não vai se acostumando. – Lia brincou.

– Se isso é efeito do Dinho, eu espero que esse rolo de vocês dure bastante tempo. Que foi? – Perguntou ao notar a expressão surpresa de Lia.

– Você falou “rolo”.

– Interpretei errado?

– Não, pelo contrário. É que eu esperava que você achasse que a gente já tá namorando, como o papai acharia, ou a Tatá...

– Lia, eu já fui você um dia. Eu sei muito bem como a gente é nessa idade, e que vocês precisam de um tempo, ainda. Aconteceu tudo muito rápido, aquela complicação, a volta dele, a tal festa...

– O que você sabe da festa?

– Nada, só o que vocês deram a entender. Eu sei que rolou alguma coisa porque tá na cara. Só o que você quiser que eu saiba.

Lia a surpreendeu com um abraço. Na falta de Marcela, era bom ter sua mãe de volta, precisava dela mais do que nunca.

– Obrigada.

– Por que? – Perguntou com um sorriso confuso.

– Por ser minha mãe nesse momento. – Respondeu o sorriso, deitando a cabeça sobre o ombro de Raquel.

– E de agora em diante. – Sussurrou inaudivelmente, uma promessa para si, mais que para Lia. O bem de sua filha era também o seu bem.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!