De dentro de um volvo vermelho ela observava duas coisas apenas, um garoto de cabelos verdes, peruca na certa e os faróis que desta vez eram uma distração para ela. Seus olhos vidraram de repente em um garoto que cruzava a esquina. Aqueles olhos chocolates, pele morena bronze, ela ficou muitos minutos o observando, até ver ele entrar em um prédio, subir algumas poucas escadas e seu corpo sumir da sua visão.

Ela ficara apaixonada no primeiro segundo que o avistou, mas ela era a Jade, não se apaixonava por ninguém. Suspirou, saindo da pequena transe. Colocou o volvo em movimento e saiu da rua do prédio do menino que conquistara seu coração. Chegando em casa, jogou a bolsa no sofá vermelho da sala, e foi em direção a cozinha, desde que se mudou da casa dos pais obteve a responsabilidade da casa em suas mãos.

Não queria se afastar, mas tinha que ir, seus pais não a aturavam mais e nem ela conseguia aturá-los. Pegou uma panela e cozinhou o básico, arroz, feijão e um bife. Era a única coisa que ela sabia cozinhar bem, por isso se dava sem apaixonar por ninguém, como cuidaria do tal garoto se eles casassem um dia? Ela já estava mais velha, 16 anos, estava na hora de aprender culinária, pois nunca soube cozinhar algo bom.

Ao comer, no sofá, jogou o prato de qualquer jeito na pia, cheia de louças para lavar, a preguiça nunca deixara Jade lavar um pires sequer. Sempre tinha um fio de preguiça que não a possibilitava lavar uma louça sequer, ao colocar seu prato e voltar ao sofá, pensou no garoto de hoje mais cedo. Hoje era domingo, e amanhã seria o dia das aulas começarem, bufou, odiava estudar, mas desta vez ela iria estudar em uma escola nada comum. Numa escola de artes.

Dormiu no sofá após ver um filme, oito horas e meia, nada normal para uma menina que já dormiu três horas da manhã. A noite se virou praticamente em um piscar de olhos, acordou por vontade própria, cedo, nunca pôde imaginar que um dia acordaria cedo e ainda por cima por vontade própria. Acordou, deu de ombros com o pensamento e foi até seu quarto, tomou um banho relaxante e pouco demorado. Escovou seus dentes, enfim, fez sua higiene matinal.

Vestiu uma roupa preta, era sempre preta. Pegou sua mochila preta, foi até a cozinha, preparou um café e waffles. Tomou seu café e comeu os waffles. Se dirigiu ao volvo com outro copo descartável cheio de café. Bebeu um gole. Seguiu em frente. Chegou no volvo e dirigiu-o até a tal escola que fora matriculada esse ano. Entrou e os olhares dos alunos, nas mesas do Asphalt Café se viraram a ela. Bufou. Depois de bufar seguiu até a sala do diretor, onde conversaria sobre os mínimos detalhes da escola, por isso chegara mais cedo um pouco.

– Bom dia, senhora West. Como vai? – o diretor deu a mão, em vão, pois ela não a pegou.

– Que seja! – se sentou onde a ajudante do diretor sugeriu, na frente do homem.

Ele falou mil e uma coisas, lhe entregou uma chave, dois papeis, e ela entendeu o quê ele falou: “blá, blá, blá!”.

– Diretor, eu.. – entrou um garoto bronzeado, ao se virar Jade captou que era o tal garoto que ficou observando ontem mais cedo, que coincidência, ela estava estudando na mesma escola que ele. – Ah, me desculpe, não sabia que estava com visita. Eu volto de.. – o diretor não deu tempo, o cortou.

– Ah, sente-se Beck Oliver. – o diretor apontou para a cadeira cujo qual a garota estava sentada.

– Como eu falei para a novata, aqui na Hollywood Arts os alunos costumam decorar os armários, toma aqui a chave do seu armário e.. ai meu Deus! Eu dei a chave do armário da menina, você poderia ir lá e entregar para ela, essa chave aqui. – disse o diretor pegando uma chave em sua gaveta, perfeito os dois estariam juntos!

– Bom, continuando.. aqui seu mapa, e na Hollywood Arts também temos aulas diferentes no dia, você já deve saber, aqui está o seu horário de aulas. Tomara que goste da escola! Obrigada por vir. – o diretor falou lhe entregando a chave da menina, a chave dele e duas folhas diferentes.

Ao sair, viu a tal garota uns três metros de distância. Deu um passo firme, não poderia fraquejar agora! Deu mais um passo firme. Mais um. De novo pisou firme. Olhou para a garota. Encarou ela de novo. Impossibilitado, deu um passo atrás. A conversa que teve com diretor sobre ela, a conversa que teve com ela e com o diretor presentes na diretoria, vieram em sua memória. Seu coração o avisava a ir cada vez mais longe, buscando ela, mas ele não queria obedecer. Como ela reagiria sabendo que tem um menino que ela mal conheceu, nem sabe o nome já se apaixonou por ela? Como ela agiria com isso? Aquelas perguntas eram quase impossíveis de serem respondidas.

– Aquela chave que recebeu era errada, toma essa aqui. – eles se encararam, ela por fim engoliu seco e pegou a chave.

– Que seja! – falou pegando a chave.