Colégio Interno escrita por Híbrida


Capítulo 64
Irmãos, Eulália e Diálogos Amigáveis.


Notas iniciais do capítulo

Férias na casa da avó. Vou escrever hoje e programar os capítulos de dois em dois dias durante um tempo, ok? Obrigada pela atenção e continuem comentando porque eu não as abandonei ainda!! haha



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— Eu desisto – sussurrei, fitando Gabriel, que parecia confuso – Nutrir esse relacionamento vai ser impossível com essa maldita escuta aqui.

— Como assim?

— A Lis deve estar ao lado dele ou sei lá.

Eu não aguentava mais aquela merda. Levantei-me e rumei até o quarto dos garotos. Precisava de Thiago. Não de Rodrigo, Bernardo, Ivan ou Gabriel. Eu precisava do meu cunhado-irmão que tinha o amável dom de fazer as coisas parecerem mais fáceis do que de fato são.

Quando cheguei ao dormitório masculino, encontrei Gustavo seminu, jogando algum de seus jogos de tiro (como se eu não soubesse qual é e como se não jogasse melhor que ele, mas vamos deixar isso em anônimo), Rodrigo ressonando em sua cama com alguma espécie de roedor sobre si (falemos disso mais tarde) e Thiago estav deitado em sua cama. Quando eu entrei, correu até a porta e me pegou no colo, beijando minha testa.

— Que saudade da minha princesa! Resolveu me esquecer por conta do melhor amigo velho, não?

— Há coisas que só você pode fazer por mim.

Pisquei e ele sorriu, beijando a ponta de meu nariz e me puxando pra sua cama. Não levem isso para o lado pornográfico (seja lá com quem eu estiver falando. E Santo Deus, quantos parênteses podem ser abertos nesta história?!), já que eu e Thiago não passávamos de bons irmãos.

— O que houve?

Contei a ele tudo o que podia ser contado e ele apenas ouviu pacientemente até que eu finalmente soltasse um longo suspiro, simbolizando, assim, o fim de minha longa tragédia. Quando o fiz, ele encostou a testa na minha e me encarou.

— Amanda, não há muito que possa ser feito diante a esse fato, visto que você fez merda e precisa, de alguma forma, se redimir. Você aceitou essa palhaçada toda, você se rendeu. Eu não posso te ajudar.

— Então só me ajuda a ficar calma, Thiago, porque tá impossível.

Ele sorriu. Pelo visto, sabia como fazê-lo. Subiu na cama de Rodrigo e tirou o roedorzinho de cima do garoto, jogando-o em meu colo. Uma chinchila.

Aqueles garotos haviam conseguido encontrar uma maldita chinchila dentro de um internato de segurança máxima, onde qualquer vestígio de animal era dedetizado sem dó nem piedade. Os únicos animais que poderiam entrar lá ali vivos eram peixes para sushi. E cobras para os alunos asiáticos religiosos que curtiam esse lance de beber seu sangue. Mas qualquer animal que não seja para consumo era estritamente proibido.

— O que vocês estão fazendo com isso aqui?! – disse, afagando os pelos branquíssimos do pequeno animal – E qual o nome?

— É uma menina e ela ainda não tem nome. Estávamos esperando nossa princesa chegar pra dar um nome a ela.

— Vai ser Eulália.

— Vai ser...

— Eulália – repeti, deitando e colocando-a na cabeça. Eulália desceu pelo meu pescoço e aninhou-se no capuz do meu moletom.

— Ok. Eulália.

Fiquei deitada brincando com aquele bichinho por tanto tempo que me distraí. Thi brincava comigo e logo que Rodrigo acordou fez o mesmo.

— Você gostou dela? - perguntou Rod, sorrindo bobo – Eu a contrabandeei com os veteranos pra você. Conseguiram uma ninhada toda. Se bem que isso não é muito. Uma mamãe chinchila só pode ter dois filhotes por ninhada e duas ninhadas por ano. E esse é seu. É ¼ do que a mamãe vai ter durante todo esse ano e é o seu bebê.

— A Eulália – eu o corrigi, sorrindo boba pra aquele bichinho tão pequeno em mihna mão – Eu acho que estou apaixonada

— E o Gabriel?

— Quer dizer o Nicholas – corrigiu Gustavo, sem tirar os olhos do maldito Call of Duty – Amanda está com ele agora, não é? Estão falando a respeito no grupo da escola. É incrível como você dá uma chance até àquele psicopata homicida, mas não ao cara que te amou desde a maldita primeira vez que te viu.

— Com Nicholas você quer dizer... – começou Rodrigo.

— O britânico esquisito, sim – disse Gustavo, alterado.

— Me desculpa, Gus, mas eu não tenho que justificar nada a você. Prefiro não falar sobre isso, ok? Preciso voltar pra casa.

— E eu preciso te esquecer, Amanda.

— Isso é um fato.

Ao dizer isso, saí do quarto e caminhei por um bom tempo até encontrar um lugar deserto do campus. Tirei um maço de cigarros do bolso e o acendi. Se nem no meu dormitório e nem no dos meus garotos eu tinha sossego, ia procurar amparo e consolo no Malboro que Bernardo havia deixado comigo no dia anterior. Acendi com um fósforo – tá triste a situação no campus SIM pois nossos pais viriam e nós nos livramos de qualquer coisa que pudesse remeter a drogas – e o joguei nu balde de lixo próximo, tragando tão pesadamente que quase me engasguei.

— C’est la vie, mon amour – exclamou uma voz rouca e poética.

Por deus, cada pelo do meu corpo se arrepiava toda vez que eu ouvia a voz daquele garoto. Não era um arrepio bom, muito pelo contrário. Eu tinha nojo dele. Do seu toque, do seu riso irônico, do jeito com que ele parecia me devorar quando me olhava.

— Ah, é você – disse, soltando a fumaça do cigarro – O que quer agora, Nicholas?

— É um tanto redundante você perguntar isso, Amanda. Sabe o que eu quero.

— Agora não, por favor.

— Não vou te estuprar, relaxe – disse, tirando o cigarro da minha boca – Então, me ajude a entender a mente maliciosa por trás do plano “Vamos foder a vadia de uma maneira que ela não goste”

— Você pode ser desprezível, mas é ótimo com nomes.

E então começamos um diálogo onde eu não o odiava. Aquilo era muitíssimo estranho, ao mesmo tempo em que agradável.


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