Colégio Interno escrita por Híbrida
— Somos – respondeu Bruna, ao perceber que eu não estava disposta a dirigir a palavra ao garoto.
— Eu me chamo Gabriel – disse, esticando a mão. Fitei-a com certo desprezo, fazendo-o rolar os olhos claros – Ok, nem todo mundo é tão educado. Precisa de ajuda?
— Não.
— Posso ao menos saber o nome da mocinha na qual acertei uma bola de golfe?
— Posso ao menos saber por que a demência em pessoa está jogando golfe NO GELO? – exclamei. Bruna pisou no meu pé. – Ok, Amanda Froidefond.
— E a prima nem tão bonita e esquecida, Bruna Pommepuy – disse Pomme, acenando ironicamente.
Ok, eu não podia negar uma coisa: aquele garoto era lindo. Tinha os cabelos louros claríssimos e muito lisos, jogados sobre a testa e um dos olhos azuis. Mesmo morando em plena Europa, tinha a pele mais bronzeada que a minha, devia ter uns 30 cm a mais e um porte físico invejável. Porém, eu estava tentando não me concentrar em tudo aquilo. Não queria me perder nos olhos azuis do retardado que me acertou com uma bola.
— Olha, não lhe interessa – disse, fazendo beicinho – E que sobrenome mais...
— E aí, Gabriel? Onde foi parar esta bola, meu rapaz? Bora, carai!
— Veja, Brubs. Mais brasileiros. E eles falam gírias.
— Ok, essa deve ser a terceira menina que você para pra dar ideia.
— Cala a boca, Rodrigo – sussurrou o bonitinho.
— Pardon, princesse – disse ele, beijando minha mão.
— Não precisa falar em francês comigo, eu sou brasileira.
— Sério? Graças a Deus. Odeio esse idioma estúpido.
— E por que diabos está aqui?
— Ah, com ele você puxa assunto – resmungou o menino das bolas.
— Mandie? – interrompeu Bruna – Podemos ir pro quarto?
Assenti e saí desfilando até a secretaria. Bruna do meu lado, me fitava com feições de “Mas que porra é essa?”. Eu tinha uma mania muito feia de deixar as pessoas falando sozinhas. Ainda mais quando eram meninos, e meninos bonitos. Tenho algumas teorias quanto a como fazer com que eles corram atrás. Ignorá-los sempre funciona. E não é como se eu estivesse ligando muito pro quão cruel isso pareceria: c'est moi.
— Você me assusta.
— Eu te amo – disse, simplesmente.
— Estou procurando o tom de ironia
— Não tem. Eu gosto de te surpreender. Demorei muito tempo pra aprender a assustar as pessoas desta forma.
— Puxa, eu lhe idolatro por isso.
— E eu por me aguentar. Não deve ser fácil.
Ela sorriu e assentiu. Com Bruna, eu não precisava de máscaras. Não tinha a imagem de anjinho que eu tentava passar para os meus pais, a imagem que foi destruída recentemente. Mas também não havia a imagem irônica e vadia que eu que eu passava a todas as outras pessoa o mundo. Era só... Eu. Só a Mandie. Com dificuldades em se alinhar no perfil de filha perfeita e que tentava sobreviver nessa vida de elitismo ridícula. Que sobrevivia a toda a pressão com ajuda de álcool, festas e cigarros. Apenas a Mandie que havia perdido o irmão mais velho num racha, o namorado num acidente de carro ao voltar de uma viagem com os amigos e o melhor amigo pro mundão.
Eu não precisava esconder minha dor dela, já que era a única pessoa na qual eu me sentia confortável a chorar junto. Ela me conhecia melhor do que ninguém, e seria assim pra sempre. Minha melhor amiga, apenas isso.
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