Colégio Interno escrita por Híbrida
Ri baixinho, assentindo. Eu tinha algum problema que fazia de mim um ímã para garotos. Não no sentido de namoro escancarado, mas como amigos, mesmo.
— De fato – disse, rindo.
— É sua sina, minha pequena
— Minha pequena é a puta que lhe...
— Escuta aqui, projeto de gente, veja como fala com o meu Ferreira, está ouvindo?
— Foi mal.
— Foi péssimo.
— Se não gostou, vai embora! – gritou Gabriel, fazendo bico.
— Eu to tentando!
— Ei... Alguém se lembra do coleguinha ao telefone?
— Desculpa, minha vida!
— Tá ok. E Bruna?
— Tá aqui. Quer falar com ela?
— Não, tá ok. Mamãe está começando a ficar roxa aqui. Acho que está pensando na conta de telefone. Não quer matar dona Clotilde, né? — disse, soltando aquela risada de criança que eu amo – Eu te amo, anjinho
— Também te amo, meu menino.
— Pra sempre.
Desliguei e suspirei profundamente, me encolhendo. Havia batido uma senhora nostalgia após desligar o telefone, isso porque não fazia nem uma semana desde que eu havia visto meu garoto pela última vez.
— Saudades.
— Do Bernardo?
— Bernardo, da escola, Caio, do meu irmão, da Clara...
— Não gostava delas – disse Bruna, rolando os olhos.
Ri baixinho. Pomme era muito ciumenta. E Clara era minha pequena.
— Clarinha! – choraminguei
— Pronto, agora vai começar o mimimi.
— Sabe que eu te amo, Pomme.
— Sei.
A true friend, you’re here ‘till the end...
— Você está brincando que esse toque é o da Clara, né.
— Clarinha! – gritei.
— Ah, eu não acredito numa coisa dessas.
— Já conversamos a respeito – sussurrei.
— Como está, princesa?
— Bem, e você?
— Ótima! Mas a escola não é a mesma sem vocês.
— E como está minha pupila?
— Eu lá vou saber, Amanda? Você tá longe e eu não sou oftal... Ah, tá! Sua seguidora! Tá fogo. Tá se achando a rainha das tapiocas assassinas e achando que comanda tudo. Daqui a pouco dou uns tapas pra ela virar gente.
— Tá com ela aí? – Clara assentiu – Passe-me o telefone.
— Ui, agora ela quer comandar a escola estando do outro lado do oceano! Rainha remota!
— Passa logo essa bosta de telefone! – disse, rindo.
Antes de sairmos da Albert Einstein, aquela escola era meu reino. Meu, da Bruna – não que sejamos algum tipo de casal homoafetivo da realeza, era só... Ah, éramos irmãs, ok? – e a pequena pupila, Maria Eduarda. Mas não é porque fomos embora que ela vai assumir meu posto de Rainha Vermelha.
— Maria Eduarda?
— Diga.
— Me diga que porra que ‘cê tá fazendo.
— Mas eu não...
— Eu te tirei do lixo, e se eu quiser que você volte pra lá, não importa onde eu esteja, você volta. Pensa bem no que você tá fazendo e em quem você está pisando, porque você não vai querer mexer comigo.
— Eu não tenho medo de você!
— Abaixe seu tom de voz comigo, porque você não é absolutamente ninguém pra gritar comigo. Eu psso acabar com tudo o que você construiu em uma mensagem de texto. Se você não sabe, eu tenho fotos suas pondo meia no sutiã, minha filha.
— Gente, o que é isso – sussurrou Gustavo.
— Isso sou eu nervosa. E você, Maria Eduarda, tente controlar a emoção antes que eu pegue um avião, volte praí e te ensine a fazê-lo, ok? Obrigada.
— Quer.. Falar com a Clara?
— Por favor.
Ela passou o telefone pra Clara. Ela riu debochada e eu ri baixinho.
— O que você fez?!
— Chantagem emocional. Social, na verdade. Sempre dá certo.
— Sei disso.
— Ah, que bom que sabe, pequena.
— Pequena — disse ela, rindo debochada.
Clara era um pouquinho maior que eu. Pouca coisa, assim, só uns dez ou quinze cm. Ainda assim, era a minha pequena, porque eu era como sua mãe. Dela e de várias outras.
— E Ferreira?
— Ferreira anda muito safado, viu? Mande-o controlar aquilo que ele tem dentro das calças e usa no máximo pra fazer xixi.
— Tarado?
— Demais!
— Ai gente, que horror.
— Sério,Mandie! Tenho que te contar as coisas que ele faz. E as férias?
— Minha filha, eu entrei na escola agora. Mas tem o winterbreak! Venha pra cá. E sem desculpas, já que você é rica.
Clara riu e assentiu. Despedimo-nos de maneira um tanto gay e pedi para que ela ficasse de olho em Bernardo pra mim. Quando desliguei, fitei Bruna batendo seus sapatinhos no chão.
— Que foi?
— Clara? Vir pra cá? – assenti, sorrindo de maneira infantil – Você é inacreditável, Amanda. Inacreditável.
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