Encantada escrita por Ana Wayne


Capítulo 20
Capítulo 19




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A cada dia que passava eu me tornava mais impaciente. Desde que Karl me contara a descoberta de Rosier eu me tornara um obcecado. Claro que inicialmente eu não me afetara. Na verdade pensei ser mentira. Mas não era. Não podia ser. Hermione Granger – ou deveria dizer Avery? – era muito parecida com Lanora. Mas também se parecia comigo se observasse bem.

Céus aquela menina era minha filha. Minha! E por culpa de Lanora fora criada e tratada como uma maldita sangue ruim. Lanora iria pagar muito caro. E como ia. Mas antes eu teria minha filha perto de mim. Minha filha! Quem eu nem ao menos pude segurar no colo.

Minha mente trabalhava a mil. E eu me esqueci de Voldemort e de Potter. E eu me esqueci da guerra e da causa. Porque tudo o que eu queria naquele momento era a minha filha ao meu lado.

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Descia as escadas quase correndo. Havia me esquecido completamente de que Dumbledore iria fazer um anuncio essa noite e quando me aproximava do refeitório acabei esbarrando em alguém. E como sempre fui ao chão.

– Caramba Mione! Você continua uma desastrada! – Olhei para cima e vi Dante com um sorriso de lado, se divertindo às minhas custas. – Ou por acaso gosta de esbarrar nas pessoas? – Perguntou-me.

– Hey! Isso não é verdade! – Ele se aproximou de mim e me estendeu a mão. Quando me puxou acabei muito próximo a ele.

– Então gosta de esbarrar em mim? – Acho que devo ter ficado mais vermelha que o cabelo de todos os Weasley juntos.

– Claro que não! Foi apenas um mero acaso! E também estou com pressa... Dumbledore pretende fazer um anuncio hoje, caso não saiba!

– Ah! Claro! O anuncio do Diretor! Acho melhor nos apressarmos o jantar começa oficialmente em três minutos! – Droga!

Eu segurei sua mão e comecei a puxá-lo para o refeitório. Ele resmungou algo que eu não dei ouvidos – Por que daria? –. E quando nós chegamos à porta eu soltei sua mão e me encaminhei para a mesa da Grifinória me acomodando entre Harry e Rony. Vi quando ele fez o mesmo, com uma careta contrariada, se ajeitando próximo aos amigos de sua casa.

– Onde esteve? – Perguntou-me Gina, que se sentava a minha frente.

– Lendo! – Respondi e ela me olhou cética. Revirei os olhos. – Acabei perdendo a noção do tempo. Não queria ter me atrasado! Juro!

Ela pareceu aceitar minha resposta. E mesmo que não tivesse aceitado não teria tido tempo de retrucar. Tão logo terminei de responder Gina, Dumbledore, se levantou e se encaminhou ao centro para que pudesse iniciar o seu anuncio. E eu, assim como todos, desviei meus olhos para ele, curiosa sobre qual seria seu pronunciamento, já que ele raramente faz algo desse gênero.

– Caros alunos! Hoje eu venho aqui com grande pesar ter que afirmar que devido aos recentes ataques acontecendo próximos a Hogwarts, nossa escola deverá receber a presença de mais ou menos trinta aurores como medida de segurança. Os aurores chegaram a Hogwarts no próximo dia 2, agora em outubro e deveram ser recebidos com o devido respeito que merecem. Com isso também devo repassar algumas novas medidas de segurança para vocês. A floresta proibida continua proibida a qualquer um que não esteja acompanhado de um professor ou funcionário de Hogwarts. Os alunos pegos após o toque de recolher serão agora levados aos diretores de suas casas e isso inclui os monitores que agora tem sua ronda suspensa até segunda ordem. As rondas serão realizadas pelos aurores. Não será tolerado qualquer tipo de substâncias ilícitas ou alcoólicas dentro do terreno, tendo suspensão como possível punição. E principalmente, todo e qualquer ato de possível Magia Negra deve ser imediatamente repassado para qualquer professor.

Eram regras comuns. Que já estávamos acostumados. O que mais surpreendia mesmo era as novas rondas que seriam realizadas pelos aurores.

– Ah! Sim! Como pude me esquecer dessa! – Disse mais para si mesmo do que para nós. E logo continuou. – E o mais importante: não se aproximem da Torre Norte, que a partir de hoje não é mais permitida a permanência de alunos nessa área. Então a todos, desejo um bom apetite!

E então o jantar apareceu em nossas mesas.

– Céus! Vamos ter aurores andando por aqui! De novo! Argh... Que raiva! – Reclamou Gina.

– Se acalme ruiva! – Disse Harry com um sorriso brincalhão. Gina sorriu para ele. Eu tava perdendo alguma coisa?

– Ah! Mione nós vamos para o festival em Hogsmead, você vai ou vai arrastada?

– Peraí oh ruiva! Que história é essa de ir arrastada?

– Você lê demais para o meu gosto! Então ou você vai arrastada, ou você vai por bem! – Ri do jeito que ela disse. E a perguntei sobre a festa. – Parece que chegou uma caravana cigana.

– E eles estão oferecendo um festival?

– Exatamente! Todos vão! E você também!

– Certo e o que tem demais em um festival cigano?

– Eu não sei! – Respondeu com um sorriso gigante! – Vamos descobrir isso no sábado. – Revirei meus olhos. – Dizem que tem muitos ciganos lindos por lá, quem sabe você não encontra o amor da sua vida entre eles?

– Sem casamentos arranjados, por favor! – Pedi com um sorriso sarcástico de canto.

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Vi ela sentada entre Testa Rachada e o Pobretão, e por algum motivo eu tive uma grande vontade de arrancá-la de lá. Infernos! Qual era o meu problema? Era a sangue-ruim Granger! A Granger! Certo, eu tinha uma aposta para vencer. E certo ela era a garota que eu vi deitada de forma fúnebre em uma cama da área hospitalar.

Então por que infernos eu não conseguia simplesmente seduzi-la até ela dizer que me ama e então deixá-la? Por que não consigo nem mesmo pensar em como seria vê-la magoada? Em como seria vê-la me ignorando para o resto da vida? Por que eu não conseguia mais pensar nela com outro sem morrer de raiva e querer matá-lo? Eu estava confuso. E isso me irritava. E eu já não sei se o que fazia era certo.

Blaise se sentou ao meu lado e vi que ele também olhava para ela. E aquilo me dava raiva. Ele sabia que eu tinha que vencer a aposta, então por que ele simplesmente grudava nela? Por que ele estava sempre com ela? Aquilo me irritava. E muito.

– Ela é linda não?

– Como? – Perguntei, a raiva se escondia em minha voz e transbordava pelos meus olhos que se encontravam fixos nele. Ele desviou os olhos dela para mim com um semblante sério.

– Draco, você é meu amigo! Mas eu amo Hermione!

Eu não entendi o motivo, mas meu corpo se inundou com uma enorme vontade de lhe socar, ou talvez uma Imperdoável fosse mais prático. Acho que minha raiva se mostrou presente em meus olhos ou em alguma reação involuntário, pois logo em seguida ele disse.

– Sim Draco, eu a amo! E acredite é algo profundo e é inesperado para mim. E eu sei o que estou falando. Sei muito bem do que estou falando, Draco.

Em seus olhos verdes havia um brilho de devoção que jamais imaginei que algum dia Blaise fosse ter, e em sua voz pude ver a paixão que ele alegava. Algo em mim se contorceu, mas não soube identificar o que era, pois logo percebi uma mudança. Os olhos dele, antes com paixão e devoção tornaram-se raivosos e ameaçadores, e se eu não o conhecesse teria tido medo dele.

– Deixe-me avisar-lhe algo, Malfoy... Eu não vou deixar com que você a machuque. E se eu souber algum dia que ela derramou uma única lágrima se quer por sua culpa eu me certificarei que sua mãe derrame várias por você...

E se foi. Percebi pelo tom de sua voz que não brincava. E então algo voltou para dentro de mim. Uma vontade estúpida de matá-lo. Não soube o motivo e entreguei-o como defesa por ele ter me ameaçado. Voltei meu olhar para ela. Ela sorria junto de Potter e Weasley e naquele instante eu desejei que aquele sorriso fosse para mim.

– Sem essa Draco... – Sussurrei para mim. Enquanto desviava o olhar e começava a andar deixando-a para trás. – Ela é só uma aposta!

Ela é só uma aposta.

Só uma aposta.

Uma aposta...

Repeti isso muitas e muitas vezes. Como um mantra. E desejava que surtisse efeito. Mas não surtiu. Porque o sorriso dela sempre voltava a minha mente, me enfeitiçando.

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– Céus Helena! O que seria de mim sem você?

–Provavelmente mais um riquinho prestes a perder a fortuna! – Exclamei com um sorriso. Sam sorriu também.

Eu estava melhor. Bem melhor na verdade. Ficara sabendo que Hermione já voltara as aulas normalmente, mas também fora informada sobre o ataque de dois comensais da morte que só conseguiram levar a varinha dela. Aquilo me incomodou um pouco, mas fiquei feliz ao ser informada logo. Mas sabendo que ela já estava melhor tudo ficava bem.

– É bom ver você sorrindo!

– Foi só uma preocupação com ela, você sabe... Ela é minha boneca! – Brinquei. Sam riu.

– Bem tenho uma notícia para você! Nós vamos para a Inglaterra!

– O que você fez dessa vez?

– Oucth! – Disse com falso ressentimento. – Eu queria te levar para ver Hermione e vê-la mais vezes, sem contar que estou com saudades de Haydée e de Will.

Meu olhar cético o fez rir. Me levantei pegando café para nós enquanto o questionava sobre essa história novamente.

– E, por favor, sem cinismo.

– Ok! Ok! Um amigo meu, Sirius Black, pretende abrir uma empresa e precisa da minha ajuda. Sem contar que preciso conferir algo que meu pai me deixou.

– Oh! Entendo! E por que eu tenho que ir?

– Você sabia que Sirius Black é o padrinho do melhor amigo da sua sobrinha favorita?

– Oh certo! E o que eu vou fazer com ele?

– Sei lá! Que tal conhecê-lo? – Eu ri. – E também a Elle vai...

– Entendi... Quer limites no cartão dela.

– Na verdade eu estou levando ela de volta para casa.

– Como?

– Vou terminar com ela! – Disse-me.

– Vocês são noivos há cinco anos! Por que isso agora?

– Sinceramente, eu não aguento mais! Elle é louca, digo completamente pirada!

– Traduza.

– Ela é ciumenta, qualquer mulher que passa na minha frente ela começa a brigar. E não é só isso ela briga porque acha que dou mais atenção ao trabalho do que a ela e que eu fico muito tempo com você.

– Elle te ama, e sinceramente eu também teria ciúmes de você se estivesse no lugar dela! – Ele olhou para mim e riu. Já estava completamente descabelado e desarrumado. – E você já não esta acostumado com isso?

– É eu já me acostumei. Mas ontem ela disse que não se casaria comigo se eu não te demitisse. – Estaquei. O que aquela louca estava querendo mesmo?

– Como?

– De uns tempos para cá Elle começou a sentir muito ciúmes de você. E sempre que digo seu nome ela enlouquece de vez e briga comigo! Ela tem um ciúme desenfreado por você. – Ele disse próximo de mim.

– Desenfreado e sem base ou fundamento! – Eu completei. Por um instante pensei ter visto uma faísca de tristeza em seus olhos, completa imaginação minha. – E claro que eu passo muito tempo com você! Você é meu chefe e meu melhor amigo!

Ele murmurou algo que eu não entendi. E eu decidi que já era minha hora, estava escurecendo e eu iria embora a pé para casa, então era melhor ir logo. Despedi-me dele com um sorriso e ele sorriu para mim um pouco triste. Provavelmente por causa do rompimento com Elle. E me fui, antes que se tornasse perigoso.

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Tão logo deixei Draco com seus pensamentos me dirigi a biblioteca. Era o local favorito dela. E mesmo sabendo que ela estava com Potter e Weasley eu busquei sua presença naquele lugar. Em minha mente se passava milhões de questões. Eu amava Hermione e eu tenho certeza disso. Eu a amo, e seria capaz de dar minha vida por ela e eu não sabia ao certo quando que aquele sentimento surgiu. Eu mal sabia se ela sentia algo por mim, mas mesmo assim eu queria protegê-la fosse de Draco ou de quem quer que fosse.

Me sentei em sua poltrona favorita enquanto pegava um livro jogado lá. Peguei o livro de capa dura e antiga e procurei ler o que estava escrito lá. Mas não havia letras apenas runas. Pensei, inicialmente, que fosse o livro da aula de runas, mas não tive tempo de confirmar, pois logo o dono dele apareceu.

– Zabini! – Dante Dranias, o novato, me chamou.

Os meus olhos se levantarão até os dele. Dranias era um aluno transferido, vindo de Delfos School. Nascido e criado na Grécia e que por algum misterioso motivo veio para Hogwarts. Eu não gostava dele, talvez fosse pelo fato de que ele era grudado em Hermione. Ou talvez por causa da forma como ele olhava para ela. Mas eu não gostava dele. Eu se quer conseguia confiar nele.

– Dranias...

– Vejo que encontrou meu livro! – Disse-me em um tom irritantemente cínico enquanto desviava os olhos para o livro de capa vermelha em minhas mãos. – Poderia devolvê-lo?

– Claro!

Estendi a ele o livro que ele pegou. Ele sorriu de canto e começou a se encaminhar em direção as estantes cheias de livros. E então parou e sem me olhar disse.

– Só um aviso Zabini: Hermione é minha! Então se afaste dela se sabe o que é melhor para você!

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Tranquei a porta sem nem me importar em acender as luzes. Joguei minha bolsa em cima de uma poltrona, sem me importar com qualquer coisa que estivesse lá dentro. O silencio do meu apartamento era incrivelmente entediante após uma longa jornada de trabalho.

Enquanto caminhava em direção ao corredor nem ao menos percebi que a janela – que sempre me certifiquei de estar bem fechada antes de sair – se encontrava agora aberta. E talvez por causa disso consegui me assustar quando ouvi aquela voz feminina e suave, um pouco perigosa talvez, falar. Despertando em mim as lembranças de um dos meus maiores segredos.

– Há quanto tempo Helena La Vecchia!?


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Notas finais do capítulo

oi Galera! O próximo cap sai no dia 31! BJS