Encantada escrita por Ana Wayne


Capítulo 15
Capítulo 14




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A despedida foi a pior parte. Depois de um tempo batendo papo com Hermione o tal Termopolis veio até o quarto onde estávamos e me disse que Hermione precisava descansar. Eu o segui de volta pelos corredores e junto com Kim fui até a carruagem. Termopolis não falara nada durante todo o caminho. Na hora em que Kim e eu íamos comprar as passagens, ela foi fazê-lo por mim, pois Termopolis me segurou pelo braço pedindo para falar comigo.

– Me desculpe!

– Como? – Perguntei a ele.

– Eu sei que fui rude com a Srt desde o primeiro momento em que nos encontramos...

– Não sou muito acostumada a desculpar as pessoas que me tratam mal, Sr Termopolis. – Disse a ele enquanto forçava para que ele me soltasse. – Em especial as que têm preconceito contra trouxas! – Sorri de forma afetada e comecei a andar em direção a fila onde Kim se encontrava, mas ele me segurou novamente.

– E eu não tenho o costume de pedir desculpas... Em especial para mulheres teimosas! – Então ele simplesmente se virou e foi embora e eu fiquei morta de raiva. Quem ele pensa que é para me chamar de “teimosa”.

Kim se aproximou de mim, em suas mãos se encontravam as passagens. Eu estava irada de raiva, queria matar aquele cara neste exato momento. Ela olhou para mim com um sorriso no rosto.

– Parece que vai matar um...

– Ah, vou!

– Deixe-me adivinhar, um professor moreno e super sexy chamado Leonidas Termopolis? – Perguntou a ruiva. Ela estava claramente se divertindo.

– Ele me chamou de teimosa, e ainda agiu de uma forma completamente machista! – Reclamei. Ela riu e revirou os olhos.

– Sinceramente Helena... Você é teimosa! E quanto a ele ser machista, acredite, faz parte do charme dele. – Me virei para ela. E a pergunta estava nos meus olhos. – Ele era da Sonserina e eu da Grifinória, se não me engano, Clair entrou no sexto, transferida Beauxbatons e ficou na Grifinória. Eles se tornaram amigos rápido, e nós tínhamos pequenos desentendimentos.

– Posso saber o motivo?

– Leonidas Termopolis quebrou o coração da minha prima, Pam, quando ficou com ela e no dia seguinte a esnobou.

– Ai! – Disse assim que imaginei a cena. Mas sabia que Pam já era casada e tinha três filhos.

– Você deveria dar uma chance a ele! – Comentou ela, eu revirei os olhos: Kimberly Dangers, A Casamenteira, estava de volta.

– Sem chance! – Respondi enquanto nos sentávamos nos bancos da cabine.

– É serio! Há quanto tempo você não namora?

– Há uns 3 ou quatro anos, não importa...

– Claro que sim! Lena, você tem estado solteira a tempo de mais! Já tem 29 anos...

– Correção: eu ainda tenho 29 anos!

– Tá, mas você precisa de um namorado! – O olhar dela era estranhamente convidativo.

– Então imagino que serei convidada para conhecer o seu namorado em breve, não? – Perguntei, desviando o assunto.

– Não começa, Lena!

– Foi você quem começou, Kim... – Respondi enquanto ria de sua cara que adquirira um tom vermelho. Ela sempre ficava assim quando alguém conseguia pegar ela, principalmente em sua própria armadilha, era divertido.

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Quando finalmente consegui fazer o movimento das ondas naquele cálice me senti ótimo. E mesmo que Fontaine não tivesse mandado eu fazer qualquer coisa eu simplesmente tentei fazer com que a água flutuasse na direção da minha mão. E eu consegui, um sentimento de satisfação percorreu o meu corpo.

– Vejo que já está se arriscando no campo da magia druida sozinho, Sr Zabini! – Me virei para trás para encontrar a mãe da professora. Nisso a água que eu controlava caiu no chão, fazendo uma pequena bagunça que me apressei em arrumar.

– Queria tentar algo novo!

Ela abriu um sorriso terno e maternal enquanto pegava uma vela de um castiçal e colocava-a em minha frente, com a chama apagada. Olhei para ela, sem entender.

– Acenda-a!

– Como?

– Acenda a chama da vela, usando sua magia. – Explicou enquanto fazia uma pequena demonstração e apagava a chama novamente. – Vamos ver se consegue...

Eu me concentrei na vela, mas eu não podia tocar nela, então tinha que enviar a minha magia de outra forma. Eu me concentrei, mas não conseguia era como um bloqueio. Tentei imaginar o calor e a luz que uma chama produzia e reproduzir essa chama naquela vela. E novamente não consegui.

– “Uma longa jornada começa com um único passo!” – Ela disse. – Lao-Tsé era um fantástico pensador, ele fundou uma religião trouxa chamada de Taoismo, cujos pensamentos são seguidos por pessoas de diversas religiões. Sabe o que essa frase quer dizer, querido? Que não devemos nos apressar.

– Eu só queria tentar algo novo!

– Existe tempo para tudo... Inclusive para tentar aprender coisas novas... A água é o oposto natural do fogo, desta forma, quanto mais você se aprimora na água...

– Mais eu me distancio do fogo?

– Exatamente! E com o tempo você acaba bloqueando esse elemento e deixa de ter o poder de controlá-lo e se você se aprimorar demais em apenas um elemento, você encontra dificuldades para controlar os outros. – Me explicou enquanto se sentava a minha frente. – É uma questão de equilíbrio.

– Mas eu não achei difícil controlar a água.

– E não é! O primeiro elemento é sempre o mais fácil. – Disse com um sorriso. – Se concentre mais, pense não apenas no calor da chama, mas em suas cores vivas e em seus movimentos. Pense em tudo o que observa em uma chama.

Eu fiz o que ela me disse, e novamente tentei. Escutei ela me mandando relaxar e resolvi aceitar seu conselho. Me concentrei na vela. Tentei pensar no calor e nas cores, nos movimentos poderosos e ainda sim delicados que dançavam nas chamas de fogo e então consegui. Uma chama apareceu na vela. Olhei para a Sra Fontaine que me abriu um sorriso.

– Antes de tentar coisas novas, aprenda primeiro o básico. E a propósito, leia o livro que Clair te entregou, eu usei ele para ensiná-la. – Eu assenti enquanto a vi se retirar.

Joguei meu corpo em um sofá que havia ali. Peguei o livro e comecei a lê-lo. Quem sabe eu poderia, alem de saber mais sobre a magia, encontrar o que realmente estava acontecendo com Hermione. Suspirei enquanto observava as letras antigas e confusas, teria um longo trabalho pela frente.

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Estava irritado. Desde quando havia gárgulas na porcaria da janela daquela torre. O que Dumbledore tanto escondia de nós. Por que não podíamos nos aproximar da torre? Por que não podíamos vê-la? Mal consegui me concentrar nas aulas, estava apenas pensando em Hermione. Queria que ela estivesse bem. E mais do que isso eu queria vê-la.

Sentei frustrado na cama de Zabini, que mais uma vez desaparecera. Agora era sempre assim, ele desaparecia antes do jantar e jamais revelava aonde havia ido.

– Eu avisei que não daria certo.

– Não havia gárgulas antes, Theo! Claro que teria dado certo, se elas não tivessem aparecido.

– Eu ainda não entendi, como aquelas gárgulas apareceram do nada?

– Elas não apareceram do nada, Theo, elas já estavam em Hogwarts...

Eu joguei minha capa sobre os ombros. Estava frio demais para ser outono. E o tempo fechado ameaçava chover. Me dirigi ate o armário de vassouras e peguei a minha, não era muito difícil acha-la, já que era a única Nimbus 2010 por ali. Podia até não ser tão rápida quanto a Firebolt, mas com certeza era tão resistente quanto. Montei a vassoura e fui em direção a torre norte. E foi então que eu reparei que havia uma criatura monstruosa atrás de mim.

– “Que merda é essa?!” – Me perguntei em pensamentos enquanto ia o mais rápido possível para longe daquela criatura. Quando passei perto de uma tocha percebi que era uma gárgula. Merda!

Gárgulas eram criaturas encantadas que tinham um objetivo único: proteger. O variável era o que proteger. As gárgulas eram seres humanoides, porém com algumas características, ham... Demoníacas. No caso desta, garras e chifres, mais as presas assustadoramente grande que saíam de sua boca cinzenta. A pele era cinzenta e de aspecto rochoso e ainda haviam as enormes asas de morcego. E a única coisa que realmente se destacavam em gárgulas eram os olhos: ou eram profundos de forma que questionávamos sua existência, ou eram vermelhos brilhantes e horripilantes, que nos faziam ter arrepios. E essa possuía os profundos e quase inexistentes.

Eram habilidosas e cumpriam sua função com êxito e discrição. Me perguntei o que ela faziam ali e quando me aproximei novamente da torre, uma segunda gárgula, muito parecida com a primeira, tentou me atacar. Tentei distraí-las, mas eram espertas demais para isso e quase me pegaram novamente quando tentei me aproximar da torre norte.

Então era isso. Elas guardavam a torre, mas por quê? Por que guardar uma torre com uma garota doente dentro, e nada mais? Ou haveria algo mais? Quando me dei conta de que já não conseguiria alcançar as janelas da torre pousei. Nesse momento, ambas as gárgulas pousaram, perto das janelas do quarto dela e se transformaram em estatuas de pedra. Frustrado, fui obrigado a retornar ao meu quarto, mas minha mente ainda ladeava aquela torre em busca da garota que tantas vezes maltratei.

Terminei o relato. Theo novamente parecia pensar no que disse. Não sabia se ele tinha as mesmas duvidas que eu, mas acreditava que Theo também se perguntava o motivo de haver gárgulas guardando o quarto onde Hermione dormia.

– Por que não nos querem perto de Hermione? – Perguntou.

– É mais do que para ela “descansar”, na verdade penso que tem algo mais naquela Torre, algo que está junto de Hermione.

– Também pode ser algo que pertence a ela. – Opinou Theo e nos encaramos, sérios. Se isso é verdade, então qual o motivo de esconder isso? E Hermione, ela sabia disso?

A tensão no quarto era quase palpável. E as duvidas e questionamentos que surgiram em meio aquele silêncio eram tantas, que chegaram a me deixar desnorteado. Por que as gárgulas estavam ali? O que elas protegiam? Por que elas protegiam o que quer que fosse? Será que era Hermione? Será que Hermione sabia o que era? Todas essas perguntas sem respostas estavam começando a me irritar.

Após longos minutos a tensão foi, finalmente, rompida pela entrada de Blaise. Tanto eu, quanto Theo, desviamos o olhar para ele, que estava com uma interrogação no rosto.

– Qual é a da tensão aqui no quarto?

Eu olhei para Blaise. Ele vivia desaparecendo. E se ele soubesse de algo? Tinha chances, as mínimas que fossem, dele saber algo? Essa pergunta me atormentou, porque, querendo ou não, Blaise era mais próximo de Hermione do que eu. E isso me incomodava, e muito.

– Não é nada... – Sussurrei, antes que Theo dissesse algo.

– Você conseguiu vê-la?

– Não! – Ele arqueou a sobrancelha para mim. – Havia gárgulas designadas para proteger a Torre.

– E isso nos faz pensar que talvez, Dumbledore, esteja escondendo algo, além de Hermione naquela torre. – Disse Theo enquanto bufava.

Blaise se sentou próximo de nós e pareceu um pouco desconfortável. E aquilo despertou em mim uma desconfiança.

– Vocês fazem alguma ideia do que possa ser? – Ele perguntou, como quem pergunta sobre o tempo.

– Não, mas se você soubesse de algo você nos contaria, não contaria? – Perguntei a ele. Ele me olhou desconcertado.

– Ora, Draco... Você sabe que eu não escondo segredos de você...

E ai estava. Ele mentia. Sempre que mentia sua testa se franzia como agora. Ele sabia de algo que não queria contar. E isso me despertou, de forma lenta e quase imperceptível uma fúria que só viria a tona mais tarde, bem mais tarde.

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Rolei na cama, exausta. Não percebi o quão rápido o tempo passara até que o professor viesse nos avisar sobre a hora. Claro, qualquer tempo com tia Helena era pouco. Eu estava cansada e novamente observava as gárgulas nas janelas. Pareciam as gárgulas que uma vez vira em uma catedral gótica em Luxemburgo. Eu estava sozinha naquela torre, e isso me deixava irritada. E, a pesar de saber que gárgulas não eram muito amigáveis, eu queria coversar com alguém.

– Por que estão aqui? – Perguntei inicialmente e não obtive respostas. Droga elas eram tão quietas... – Por que Dumbledore colocaria vocês aqui? – E novamente o silencio. – Eu sei que estão me ouvindo, droga!

Elas não disseram nada e novamente eu deitei na cama. Já havia jantado e agora estava realmente entediada. Suspirei. Queria poder ver Harry, Rony, Blaise, Gina e até mesmo Theo e Malfoy. Céus! Eu sentia falta das provocações de Malfoy! Deitei minha cabeça sobre o travesseiro e fiquei irritada. Por fim dormi.


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