A delicadeza do amor escrita por dannie


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Mais um ;)



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CAPITULO 01


A grande coisa em se apaixonar é que você parece que toma outro fôlego para a vida.

(Nick Farewell)



– 27 de Novembro de de 2009 -


Eu engoli mais um copo de cerveja. Nunca antes um liquido me pareceu tão atrativo. Quem sabe eu podera calcular quantas bolhinhas tinha naquele pequeno copo. Poderia ser qualquer coisa. Eu só não queria ter que contar aquele resultado. Meu mundo pareceu virar de cabeça para baixo. E eu desconfiava que não seria de uma forma boa, nada agradável. Então, larguei o copo na mesa, ainda observando que a cerveja balançou...balançou mas não caiu. Respirei fundo, olhando minha própria face assustada e pálida. Eu nada lembrava daquela garota de alguns meses atrás.


“Estou grávida, Rob.” Olhei a minha própria imagem no espelho e fiz uma careta. Não. Estava péssima. Parecia que eu vomitaria em seu colo. Suspirei fundo, bati em minhas bochechas a fim de que elas ganhassem uma nova cor. Definitavemente eu teria que me maquiar ou ele pensaria que alguém tinha morrido. Então, tentei, olhando para o espelho de novo.


“Robert, precisamos conversar...Vamos começar uma família. Não é legal?"


Deus. Eu tinha 17 anos e nós só tínhamos passado uma maldita noite juntos. Não era nenhum relacionamento duradoro. Passava bem longe disso. Não nos falávamos a três meses. Uma noite só que foi capaz de mudar tudo. Ele tinha 23 anos e já estava no último período da faculdade e eu no último ano da escola. Só tinha os sonhos de talvez entrar em alguma se estudasse bastante.

Foi na praia. Numa festa de uma amiga que era amiga da amiga que deu a festa. Entendeu? Não. Eu não conhecia ninguém e fui respirar um arzinho puro perto da água da praia depois de algumas doses de uísque. O som estava alto demais. Eu suava por todos os meus poros. Nunca lidei muito bem com multidões. Então sai, e acabei me deitando na areia fofa da praia. E foi lá que encontrei o garoto mais cheio de sonhos e gentil. A partir daquele momento minha vida não mais me pertencia e um completo estranho se tornava absolutamente essencial em minha vida..

Fechei meus olhos, sentindo o arrepio percorrer minha espinha quando o vento batia em minha pele e comecei a normalizar a minha respiração de acordo com as ondas do mar. A natureza às vezes agia de algumas maneiras tão engraçada e estranha. Definitivamente, bem estranha.

“Sabia que é perigoso garotinhas saírem a noite sozinha pela praia?”

Abri meus olhos e eu não estava preparada para ver toda àquela imensidão verde me encarando. Eu sorri discretamente mas em nenhum momento o medo estava presente. Era como se fosse certo eu estar ali e ele também. Foi natural.


“Quer dar uma volta?”


Eu devia estar completamente maluca. Ou quem sabe era meus hormônios descontrolados. Ele era um completo estranho. Talvez tivesse sido seus olhos, ou o modo que ele sorria que alcançava o mundo inteiro. Ou podia ser nada disso. Algumas coisas estavam destinadas a ser apenas. Para se viver...


O sorriso ainda estava ali quando ele me estendeu as mãos.


“Que tal um banho de mar?”


Me levantei num impulso, ainda segurando a sua mão quente. Todo aquele calor se alastrava pelo meu corpo me fazendo ficar feliz.


“Ótima idéia, senhor estranho...”




“Ma..mame...Acorda, mamãe...”


Acordei com aquela pequena sensação de alegria percorrendo meu corpo inteiro. Gemi contrariada, mas abri os olhos sonolentos vendo a minha bonequinha sorrindo, totalmente dispersa com o lençol enrolado ao redor do seu corpo pequeno. Apenas o seu rosto e seus olhos enormes estavam visíveis. Como os dele. A vida não tinha seguido do modo como esperava.


Não houve faculdade.

Não consegui terminar a escola.

Meus pais não quiseram saber de mim.

E agora eu tinha uma filha. Sem pai.


Mas tão igual. Em tantas coisas únicas como aquele adorável estranho poderia ser. Então sorri, agarrando seu rostinho gordo, dando beijo em cada uma de suas bochechas rosadas.


“Acolda mamãe... A Julie ta com fomi”


Ela estava com a mania de ficar se chamando na terceira pessoa. A Julie isso...a Julie aquilo. Tudo culpa da escolinha que ela estava começando esse ano. Meu coração se partiu na primeira vez que a deixei lá. E agarrei sua mãozinha gorducha na primeira vez. Passei o dia todo do lado de fora da sala vendo seu choro aflito. Mas ela foi se acostumando e no quinto dia a Julie não chorava mais. Me beijava a bochecha e agarrava a minha mão até chegar a sala.


“Fomi mamãe!”


“Ei sua comilona, vamos comer!”


“Hee mamãe!”


Ela riu, se deitando mais na cama. Me levantei e fui correndo até o banheiro. Fiz minha higiene e voltei para o quarto. Julie ainda estava na cama com o Senhor Urso agarrado no braço.


Ele tinha sido dado por nossa vizinha. Era um ursinho de pelúcia minúsculo, na cor marrom mas tinha os olhos verdes. Igual a ela. Julie deu pulinhos de alegria quando ganhou o brinquedo da Molly. Eu nunca tinha conseguido comprar muitos brinquedos para ela. A vida não tinha sido nada fácil. Não estava sendo.


“Senhô Ulso ta com fomi mamãe”


“Primeiro banho sua esfomeada...”


“Não...A Julie não quê banho...Nem o sinhô ulso...”


“Deixa o senhor urso na cama e vem” Estendi minhas mãos. ”Vem bebê”


“Tá mamãe...”


O domingo tinha praticamente voado. Era o nosso dia. Meu e da Julie. Íamos ao parquinho ou a levava no zoológico. Seria o nosso tempo de qualidade entre mãe e filha já que eu praticamente enlouquecia a semana todo naquele escritório.


Hoje fomos ao zoológico e a Julie ficou fascinada com todos aqueles animais, principalmente com os leões.


“Não se pendura na grande filha...Você pode cair...”


“Cai não, mamãe...” Ela riu, afastando um pouco a franja de seu próprio rosto. “Eu sou esperta, mãe!”


“Vem, vamos baixinha. Já é tarde. Você tem que tomar banho, dormir...que amanhã tem escola.”


Ela fez uma careta e eu escondi um sorriso enquanto a Julie segurava minha mão com um bico enorme no rosto.


“Que foi?”


“Julie não gosta de banho...”


Eu gargalhei enquanto nós entramos no carro. O dia já tinha se acabado e amanhã tudo começava de novo.


–-


“Tá bom mamãe!”


“Você quer pegar uma gripe?”


“Não!”


“Então deixa a mamãe te enchugar...Páre de correr Julie!”


“Tá.”


Ela sorriu brilhante enquanto eu terminava de enxugá-la e vestia um pijama do Ursinho Poh. Ela estava viciada naquelas coisinhas. Ela deu um gritinho animado, apontando para a própria blusa.


“O sinhô ulso, mamãe!”


“Aqui, aqui...” Entreguei a ela o brinquedo surrava com a cor já desbotada.


“Conta a minha historinha mamãe...” Julie pediu enquanto eu a cobria até o pescoço, deixando apenas o seu rosto do lado de fora. Ela era tão frienta...como o pai...


“...Fica aqui mais um pouco Love...sabe que eu morro de frio e você me esquenta. Seu corpo é tão quente...”


Deus! Que hora estúpida eu tinha inventado para lembrar disso? Ele é PASSADO! Passado, Kristen, lembra? O problema era encarar aquele passado todos os dias...

Eu suspirei, olhando divertida para a minha pequena se aconchegando na cama junto com o Senhor Urso. Ela sorria, expectante enquanto eu me levantava para pegar o livro.


“Não quer outra historia, amor? Tem a...”


“Não mamãe...essa!”


“Porque você gosta tanto dessa historia amor?”


“Eu gosto do papai ulso mamãe...Ele ploteje os filhinhos do lobo mau...”



“Tá bom... Todos os dias eram de alegria, naquela floresta imensa onde todos viviam muito felizes. Eram várias famílias de animais que ali moravam no meio de tantas árvores e vegetações. Existiam também algumas cachoeiras e muitos córregos onde bebiam água a vontade. Nas cachoeiras brincavam e tomavam o banho. Havia uma família de Ursos com papai mamãe e quatro filhinhos. Era o tesouro dos pais tão lindinhos e rechonchudos... (O conto se chama “O Ursinho Sonhado” e foi escrito por Marlene B. Cerviglieri)


Antes que eu terminasse de contar ela já dormia em um sono profundo. Sorri, dando um leve beijo em sua testa e a colocando o cobertor em seu corpo miúdo.


“Durma bem meu anjinho”


–-


continua...


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Notas finais do capítulo

Estão gostando?
Dei uma reformulada nesse capítulo =)