Amor & Ódio - FemmeSlash - Finalizada escrita por MiSyroff


Capítulo 12
Ódio




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Capítulo 11 – Ódio

 

Meet me on the Equinox 

Meet me half way

When the sun is perched at it's highest peek

In the middle of the day

 

 

  

Encontre-me no Equinócio 

Encontre-me a meio caminho

Quando o sol está empoleirado no seu pico mais alto 

No meio do dia

 

 

 

 

Eu sentia meu coração acelerado, minhas mãos suando e minha cabeça latejando. Eu era covarde e sabia disso. Pelo que eu ouvia falar eu com certeza não seria uma Grifinória como a garota que dormia ao meu lado. Não, não seria. Coragem era algo que eu não tinha agora e não tive nas últimas semanas.

— Herrmion – sacudi levemente seu ombro tentando acordá-la.

— Hum – ela resmungou e virou pro outro lado.

— Herrmion, prrécisamos levantarr, sué aule – insisti sentindo meu estomago se contorcer. 

— Ah – exclamou virando de frente pra mim e arregalando os olhos. – Dormiu bem? – perguntou começando a fazer carinho nos meus cabelos enquanto eu fechava os olhos, apreciando.

— Bem, bem – disse depois de uns segundos. Abri os olhos e encarei aqueles castanhos que eu tanto conhecia, tanto amava. Dei um beijo demorado em sua boca e depois a abracei, sentindo o cheiro que eu sabia que demoraria pra esquecer. Depositei mais um beijo em seus lábios e me levantei, desvencilhando-me de seu pedido silencioso para que eu voltasse.

— Preciso que você entenda uma coisa – comecei encarando a janela, e quando a olhei seus dedos passeavam por seus lábios enquanto ela me encarava. Perdi o fio do pensamento e fui tomada pela curiosidade. – O que foi?

— Nada, é só que... teve um gosto... diferente – disse reflexiva, mas voltando a me encarar, agora intrigada.

— Bom – recomecei –, quero só te dizer que você é uma das garotas mais especiais que eu já conheci, você sabe disso né?

Hermione não disse nada, apenas continuou me encarando, sem expressão.

— E tudo que você me proporcionou foi único e verdadeiro, tenho certeza. Mas, eu – parei olhando para a janela e depois seu rosto.

— Continue – disse direta, e eu engoli em seco, buscando minha voz.

Encarei seus olhos e uma lágrima escorreu pelos meus. Abaixei o rosto e limpei-a rapidamente, e ao olhar para Hermione viu um pouco de emoção passar pelo seu rosto. Ela se levantou e começou a se vestir, e eu fiz o mesmo para não me sentir idiota. Não sabia a que conclusão ela havia chegado, mas era realmente melhor estarmos com roupas.

— Quem é? – ela perguntou parando na minha frente enquanto terminava de abotoar a blusa.

— Párdón?

— Com quem você me traiu Fleur? – ela disse com os olhos faiscando, mas não me intimidou.

— Com ninguém! – era verdade, tecnicamente.

— Então por quem você esta me trocando?! – ela cuspiu. – Você acha que eu sou idiota? Que não percebi como você esta estranha, como me olha diferente, como se sentisse culpa? Você se apaixonou por outra pessoa Fleur, não ouse mentir pra mim!

— Non estou mentindo, porr céus Herrmion! Eu non me apaixonei porr ningué, só non da mais cerrto!

— Non da mais cerrto! – exclamou ela me imitando, e aquilo me irritou. – Poupe-me, pelo amor de Merlin, poupe-me! 

— Ah, que seja então, ache o que quiser! Só saia do meu quarto!

 

 

Let me give my love to you

Let me take your hand

As we walk in the dimming light

Or darling understand

 

That everything, everything ends

That everything, everything ends

 

 

 

Deixe-me dar-te o meu amor

Deixe-me pegar tua mão

À medida que andamos na luz escurecida

Ó querida entenda

 

 

Que tudo, tudo termina

Que tudo, tudo termina

 

 

 

Hermione me olhou com desprezo antes de escancarar a porta e bate-la atrás de si. Pulei na cama e tampei meu rosto com o travesseiro, tentando conter as lágrimas que vinham em cascata dos meus olhos. Me deitei de bruços e chorei, como nunca havia chorado na vida, como nunca achei que choraria por alguém. E fiz só isso. Chorei.

Depois de algumas horas na cama decidi levantar. Muitos haviam batido na minha porta, mas ninguém insistia, imaginaram que eu precisava de um tempo só, ou simplesmente me conheciam o suficiente para ficarem longe. Mas não, eu precisava dela.

Fui até o banheiro e abri o chuveiro, entrando embaixo da água com a roupa que estava. Fui me abaixando até sentar no chão frio, deixando que a água me envolvesse, meus cabelos cobrindo meu rosto, a roupa colada em minha pele. As lágrimas escaparam novamente, e prometi a mim mesma que seria a última vez.

Acho que fiquei mais uma hora ali, não sei muito bem. Mas quando me ergui minha pele estava enrugada, e meus olhos mais inchados do que eu já os vira. Tirei a roupa e passei o sabonete pelo corpo, mas por mais natural que fosse, minha pele daquele jeito me dava náuseas, parecia que ia ficar assim pra sempre, e isso me aterrorizava.

Fechei a água e me enrolei na toalha. Peguei minha varinha no quarto rapidamente e voltei para encarar o espelho. Murmurei alguns encantamentos e meus olhos ficaram normais. Logo depois passei pra minha pele, deixando-a lisa e macia, como sempre fora.

 

 

Três horas. Três horas era o tempo em que Hermione estava naquela biblioteca. Não, na verdade era só o tempo em que eu esperava que ela saísse, porque provavelmente ela devia estar a no mínimo cinco horas lá. Eu só não agüentava os olhares que ela me mandava, aquele misto de raiva e magoa que manchava o chocolate puro de seus olhos. Eu só não conseguia, não amando-a como ainda amava, deixá-la mal. Só queria, bem, que tudo ficasse bem e eu vivesse com a culpa que me consumia.

 

 

 

Meet me on your best behavior

Meet me at your worst

For there will be no stone unturned

Or bubble left to burst

 

 

 

Encontre-me em seu melhor comportamento 

Encontre-me em seu pior

Pois não haverá pedra sobre pedra

Ou bolha deixada para estourar

 

 

 

 

 

Ainda esperei alguns minutos, mas logo ela saiu com uns cinco livros na mão e uma bibliotecária histérica expulsando-a enquanto Hermione seguia sozinha pelo corredor. Ela cambaleou um pouco e dois dos livros caíram. Peguei-os antes que ela o fizesse e nos encaramos, enquanto aos poucos sua surpresa desaparecia e se transformava em frieza.

— O que você quer?

— Aqui – disse trazendo-a para uma das salas que eu verificara antes que estariam sozinhas e fechei a porta.

— Não tenho tempo, preciso almoçar – ela disse tentando passar por mim, mas sem sucesso.

— Só prrecisé falarr com você.

— Seja breve.

— Eu – comecei hesitante encarando seus olhos frios, distantes.

— O que? – frieza, era só o que vinha dela. 

— Só quérro pédirr desculpés, pelo qué eu fiz, porr tudé.

— Para se desculpa Fleur, as pessoas tem que assumir seus erros. Quais foram os seus?

 

Fiquei muda, olhando-a perplexa. Não sabia o que responder, e como sempre Hermione fora astuta. Ótimo Fleur, fique encarando enquanto a garota simplesmente se encaminha para a saída e fecha porta. Assim mesmo, não se mova, isso.

— Saco – exclamei enquanto puxava uma das tantas cadeiras que haviam na sala e sentava. Olhei emburrada para a lua que insistia em sorrir pra mim, mesmo que eu amaldiçoasse seus encantos e poemas a ela já declamados. Peguei minha varinha e apontei para janela enquanto um sorriso de escárnio se formava em meus lábios.

— Ofusquio – murmurei e uma barreira se formou, deixando a sala na mais completa escuridão.

 

 

 

— Vamos Fleur, falta pouco – ouvi Isabelle insistir.

— Ah Belle, só não to com saco! Eu vou me dar bem, e nada disso vai servir pra nada.

— Mas você ouviu a Madame Máxime, eles podem usar de tudo. Mais uma vez, por favor.

— Tudo bem.

Me levantei e fechei os olhos. Senti o impacto de Isabelle lendo minha mente, pela quarta vez hoje. Imagens vinham, imagens da minha infância, imagens do nascimento da Gabrielle, imagens de quando cheguei em Beauxbatons, imagens de quando viemos pra Hogwarts, imagens de Hermione nua dormindo...

— Desculpe – Isabelle exclamou saindo da minha mente no mesmo minuto.

— Tudo bem – disse ofegante. – Podemos trocar agora?

— Não acho que seja necessário Fleur, há o perigo de alguém entrar na sua mente, mas não de você precisar fazer isso.

— Não tem problema – disse um pouco emburrada –, e eu quero aprender de qualquer jeito. Acha que é a única que pode saber legilimência? Eu não tive uma mãe biruta com essas coisas, mas quero aprender.

— Tudo bem – ela concordou parecendo um pouco exasperada. – A técnica é igual, porém com o tempo você pode controlar o que procura, mas agora será, pode se dizer, acasos, lembranças soltas. Pronta?

Assenti com a cabeça e apontei a varinha pra ela. Murmurei o feitiço e logo não estava mais na minha cabeça, e sim na de Isabelle. Sorri para as duas garotas que brincavam em um quarto grande, cheio de pergaminhos desenhados e lápis coloridos. Reconheci o quarto de Brigitte, uma das nossas amigas de infância, e logo ela entrou com um pacote de pequenos bombons.

— Não Bri, você sabe que não podemos comer tantos doces, vamos engordar!

— Pare com isso Fleur, coma e fique quieta! – Isabelle exclamou enchendo minha boca com os chocolates enquanto eu corria para o banheiro e as duas riram e olharam para a porta. Suas cabeças começaram a se juntar como se fossem se beijar, e nisso tudo começou a ficar nublado.

A cena mudou e de repente tudo ficou mais escuro e tive que me esforçar pra enxergar. Isabelle estava deitada na grama, beijando alguém. Quando tentei aproximar a cena ela se mudou para uma dela se olhando no espelho enquanto sua mãe estava atrás penteando seus cabelos. A partir daí comecei a sentir dificuldade em prosseguir, mas me mantive firme e logo a cena mudou novamente. Nela eu estava deitada na cama de Isabelle, enquanto se aconchegava com cuidado. Eu vi a mim mesma, como em câmera lenta, me virando, abraçando-a, beijando-a.

Sai de sua mente como se tivesse levado um choque, sem nem ao menos imaginar como o fiz. Só sei que num segundo Isabelle me olhava espantada e no outro ela corria do meu quarto. Sentei na cama abismada e com a cabeça a mil. Aquilo havia sido um sonho? Só podia, não? Balancei a cabeça e senti uma pontada de dor, estava exausta.

Deitei de lado e fiquei encarando o céu que escurecia lá fora, lembrando de quando Isabelle me explicara que sonhos não apareciam em meio às lembranças.

 

Cochilei por uns vinte minutos e despertei assustada. Tomei um banho morno e pedi para Madame Máxime me arrumar um tônico para a dor de cabeça, que parecia cada vez mais forte. Procurei Isabelle e as garotas me disseram que ela havia ido na biblioteca, e enquanto pensava no que fazer Madame Máxime me trouxe o tônico e me senti melhor quase instantaneamente.

Decidi ir ao castelo sem pensar muito, ultimamente pensar não estava ajudando e só me trazia problemas. Eu só precisava perguntar o que havia acontecido e poder liberar um pouco de espaço mental que andava sobrecarregado.

Já eram quase sete horas da noite e meu estomago já começava a roncar, e foi um alivio ver pela porta do Salão Isabelle sentada ao lado de Cedrico e da namoradinha de olhos puxados dele. Fui por trás evitando que ela me visse e sentei ao seu lado. Seu rosto ficou branco por uns segundos para depois ele se tingir de um rosado discreto, focado nas bochechas.

— Porque você está fugindo?

— Não estou Fleur – ela disse displicente se voltando para seu prato quase vazio.

— Está sim mon amour – eu disse me servindo um pouco da salada que havia na mesa. – Mas você não tem porque, eu só quero saber o que foram aquelas cenas.

— E o que você quer saber? – ela perguntou saindo da defensiva e indo para o ataque, isso estava claro em seus olhos.

— Você ficava com a Brigitte?

— Sim Fleur, ficava. O que mais?

Me espantei com sua clareza, mas continuei em seu jogo.

— Desde de quando? Como?

— Podemos comer e depois seguir com essa conversa?

— Claro.

Eu comi o mais rápido que pude e depois observei Isabelle, e ela parecia se demorar o máximo que podia. Meu olhar recaiu sobre a mesa da Grifinória onde Hermione conversava entre cochichos com o Potter e o Weasley. Observei seu rosto e meu coração apertou ao observar em como estava abatida.

— Vamos? – Isabelle perguntou bruscamente e eu concordei.

Seguimos para fora do castelo e nos sentamos nos bancos de pedra que haviam por lá. A fitei com um pouco de cautela porque eu realmente não sabia o que estava por vir, e mesmo com a mente cheia de deduções eu nunca chegava num ponto certo.

 

— Então? – perguntei receosa.

 

— Não é nada demais Fleur, de verdade, nem eu mesma sei porque estou tão nervosa com isso! A cena que você viu, você lembra nossa idade?

 

— Hum... 10?

 

— Isso, bem... a gente meio que ficava... mas não era nada demais, não namorávamos e nem beijo de língua tinha! – exclamou rindo. – Nós só tínhamos... uma amizade colorida. Isso, uma amizade colorida. E isso durou até entrarmos em Beauxbatons, quando acabamos ficando separadas. E depois nem nos falávamos direito, até o ano passado quando a gente meio que namorou um pouco e depois terminamos em paz. Acho que era só algo que precisávamos finalizar.

 

— hum... – murmurei. Não sabia o que pensar ou até o que dizer sobre isso. Então parti pra próxima pergunta:

 

— Eu te beijei?

 

— Sim.

 

— Quando?

 

— Lembra o dia que você queria falar comigo e dormiu na minha cama? E eu cheguei e nem te acordei e tal...

 

— Ah... e porque você não me falou, porque eu não lembro... eu, sei lá... – comecei a murmurar e Isabelle não disse nada. Acho que na verdade não havia nada a se dizer, eu devia ter sonhado, talvez...

 

— Ta – tentei concluir –, mas porque você saiu correndo?

 

— Nem eu sei, só fiquei nervosa e meu instinto foi correr. Desculpe.

 

— Tudo bem, só não gosto de mal entendidos – eu disse e Isabelle me abraçou.

 

— Ah, e tem uma coisa que eu preciso contar – ela começou se soltando do abraço. – Eu estou saindo com uma garota.

 

— Quem? – exclamei perplexa.

 

— Hum... uma Grifinória também... hum... você sabe quem é Angelina?

 

— Não sei, acho que o Cedrico comentou sobre ela. Ela joga Quadribol?

 

—Sim.

 

— Então sei, mas nunca à vi.

 

— E o que você acha?

 

— Me da dois minutos pra associar – pedi e olhei para o castelo.

 

Tudo bem, Isabelle também gostava de garotas e estava saindo com uma no momento. Não tem muito o que associar, se for pensar bem, pois é uma coisa bem plausível de se acontecer, se a pessoa for inteligente. Acho que o problema era outro.

 

— Eu... só queria que você tivesse me contado.

 

— Desculpe mesmo, só não sabia o que você ia achar.

 

— Mas é que eu te contei, desde o começo. Nunca escondi nada e você já era lésbica, isso teria me ajudado um pouco.

 

— Eu sei que não posso mudar nada, só me desculpa.

 

— Tudo bem, vamos dormir – disse me levantando.

 

— Posso dormir com você? – ela perguntou enquanto caminhávamos pra carruagem.

 

— Claro.

  

 

 

— Prázerr Angélini – disse apertando a mão da garota a minha frente. Sua pele era muito bonita, embora eu nunca tivesse sido fã da beleza negra, essa Grifinória conseguiu fazer com que a achasse linda.

 

— Também é bom te conhecer Fleur – ela respondeu sorrindo. – Uma pena que preciso ir, e aliás, você precisa descansar.

 

— Sí, sí...

 

— Te léve até o dorrmitórie, depois té encontrro tá? – Isabelle olhou-me ansiosa.

 

— Tude bem, vóu darr uma volte pelo castelé.

 

Deixei as duas em um dos corredores do quinto andar e desci. Parei no terceiro e entrei em um dos corredores que ele possuía, mas esse eu ainda não tinha entrado. Desci uma escada e de repente um dos degraus cedeu, fazendo com que meu pé afundasse. Senti uma pontada de dor e algo entrando pela minha pele, e soltei um gritinho de dor.

 

Peguei minha varinha e enquanto me agachava apontei pro buraco, alargando-o e possibilitando a saída do meu pé. Sentei ofegante em alguns degraus abaixo e com a varinha fiz um tipo de gaze e estanquei o sangue. Olhei ao redor e vi duas figuras no final da escada, e senti uma arrepio na espinha ao reconhecer uma das duas.

 

— Fleur, o que houve? – ouvi a pergunta enquanto a morena subia os degraus que nos separavam.

 

— Eu... non sei bén, o degrrau afundóu e algue entrrou na meu pé!

 

Hermione se agachou e encostou no meu tornozelo. Senti que me arrepiava ao sentir o contato de seus dedos na minha pele, e ela pareceu perceber, pois olhou minha perna toda e depois meus olhos. Ignorei que ela me olhava e perguntei:

 

— O qué ache que foí?

 

— Não sei... Gina, me ajude a levantá-la, vamos à ala hospitalar.

 

Em alguns minutos nos subíamos as escadas e chegávamos ao corredor principal. Hermione me ajudava de um lado e a Weasley do outro, que parecia incapaz de proferir uma palavra sequer. Demoramos uns quinze minutos pra chegar, visto que os andares pareciam nunca acabar e as escadas eram a parte mais difícil.

 

Chegamos na porta e foi ai que percebi que eu havia deixado gotas ocasionais de sangue pelo caminho. A enfermeira me olhou atônita por alguns segundos, mas quando olhou para o meu pé ela deu um gritinho esganiçado e me puxou pra dentro.

 

— Mas como isso foi acontecer menina? Você não sei cuida? – e antes que eu pudesse responder ou protestar ela me impediu. – E a terceira tarefa é amanhã, como se eu já não tivesse muito que fazer e preparar, mas eu mereço mesmo! E vocês, o que estão fazendo aqui, me deixem trabalhar! – ela exclamou para as garotas que a olhavam atônitas.

 

— Mas – Hermione protestou enquanto eu deitava numa das camas.

 

— Nada disso, sem ninguém.

 

— Porr favorr, non querro ficarr sozinhe

 

— Ah, tudo bem! Só uma! Mas espere longe, isso não vai ser nada bonito de se ver!

 

— Gina, vá pro dormitório e eu vou daqui a pouco – ouvi Hermione murmurar enquanto uma cortina era fechada em volta da cama que eu estava.

 

— Mas porque você vai ficar com ela? – ouvi a ruiva perguntar e senti a incredulidade na sua voz.

 

— É maldade deixá-la sozinha Gi, agora vai e não fale disso a ninguém.

 

— Tome – a enfermeira colocou na minha mão um copo com um liquido gosmento.

 

— Prra qué?

 

— Tira a dor mocinha, agora tome para que eu possa tirar esse pedaço de madeira daqui.

 

Bom, tudo que se passou foi bem estranho, mas em menos de meia hora eu já estava com meu pé inteiro, por assim dizer. Ela me dera um tipo de poção muito difícil de se fazer, pelo menos foi isso que ela ficou resmungando, pra que eu pudesse andar sem problemas amanhã.

 

Hermione esperou pacientemente , e quando fui liberada ela se ofereceu pra ir comigo na carruagem e evitar futuros problemas.

 

 

 

A window

 

An opened tomb 

The sun crawls

 

Across your bedroom

 

A halo

 

A waiting room

 

Your last breaths

 

Moving through you

 

 

Uma janela

 

Um túmulo aberto

 

O sol rasteja

 

Pelo teu quarto

 

Uma auréola

 

Uma sala de espera

 

Seu último suspiro

 

Se movendo através de você 

 

 

 

— Enton – comecei tentando preencher o silêncio que persistia em permanecer desde saímos da ala hospitalar –, come forram as prrovas?

 

   – Ótimas.

 

— E... o Po, Harry. Como esté prra prrove de amanhá?

 

— Bem, muito bem na verdade. Tenho certeza que ele será o campeão Tribruxo.

 

— Porr favorr Hermion, me escuté – disse pegando-a pelo braço e virando-a para mim quando estávamos quase chegando ao saguão principal. – Non posso nem éxplicarr pelo qué vocé prrecise me perrdoarr, mas ao qué eu possi, eu peçe. Porr favor, pérdon porr tude qué eu fiz, porr machucarr seu coráçon. Je t'aime vraiment.

 

— Fleur – ela sussurrou com lágrimas nos olhos e pegou minha mão. – Do que adianta me amar, do que adianta você me falar isso se eu simplesmente não posso acreditar?

 

— Terr e cerreteze que te dissé, qué você saibe – disse tomando seu rosto em minhas mãos e beijando seus lábios. Ela se separou bruscamente e me puxou para uma sala, e dentro dela colou seus lábios novamente nos meus.

 

Depois de alguns minutos ficamos somente abraçadas, e eu soube que era uma despedida e senti meu coração cada vez mais apertado. Ela se soltou e me olhou, e pude ver a profundeza de seu olhar, de sua tristeza.

 

— Podémos ficarr bam?

 

— Não sei Fleur, não sei.

 

— Só non me odeie.

 

— Eu não odeio, nem vou odiar. Só... tente ficar o mais longe possível de mim, por favor.

 

— Tudé bem – eu disse já sentindo a angustia tomar meu peito, mas consegui controlar para que ela não transbordasse e escapasse pelos olhos.

 

A morena se encaminhou para a porta e sem se virar pra trás sussurrou um “boa sorte amanhã” e saiu. Fiquei olhando alguns minutos para a porta, pra só depois me lembrar como se moviam os membros do meu corpo.

 

 

 

Despertei assim que os primeiros raios de sol entraram pela janela do quarto. Abri meus olhos e me espreguicei gostosamente, mas não consegui evitar a contração no meu estomago. Levantei e fui tomar banho, e não me demorei muito com as roupas, simplesmente precisava sair dali.

 

Fui até o gramado mais denso que tinha perto da carruagem, num canto um pouco afastado de tudo, quase escondido, e me sentei ali. Fechei os olhos e respirei fundo, mas meu estomago se contorceu de novo.

 

— Posso me sentar aqui?

 

Com um sobressalto olhei para o lado, onde um rapaz ruivo me encarava com um sorriso convidativo. Olhei-o de cima a baixo me perguntando quem diabos ele seria e porque estava ali. Seu visual era intrigante, cabelo comprido e usando brincos. Com certeza não era um estudante. Mesmo assim não foi o suficiente para merecer minha atenção, e sendo assim simplesmente voltei a fechar meus olhos e esperei que se afastasse.

 

— A moça não fala?

 

Senti a movimentação no meu lado, indicando que ele sentara. Bufei e olhei em sua direção. Ele olhava para o lago que estava um pouco mais a frente, enquanto mexia em uma corrente em que haviam várias pedras e coisas esquisitas. Nossos olhos se encontraram e lancei o maior olhar de desprezo que pude.

 

— Non deu prra entenderr qué non queeria que você sentasse?

 

— Desculpe, mas sou péssimo em Legilimência.

 

— Piorr ainde com bons modes pelo viste.

 

— Só sou com quem o é comigo.

 

Senti minha cabeça latejar e olhei para o lado oposto. Que droga, porque essas coisas sempre aconteciam comigo? As vezes ser muito bonita tinha seus preços, e muitas vezes caros. Me levantei ainda sem olhar para o ruivo, embora sentisse seus olhos me penetrando.

 

Caminhei decidida até a entrada da carruagem, sem dar o braço a torcer que algo me interessava. Subi os degraus, mas mais por costume que por outra coisa olhei pra trás. Ele estava de pé, encostado na árvore com as mãos nos bolsos. Nossos olhos se encontraram pela segunda vez naquele dia, agora porém com algo a mais. Vi que ele sorria e entrei, não conseguindo conter o sorriso que brotava nos meus lábios.

 

 

 

 

Não consegui comer, e mesmo com a Isabelle insistindo eu não conseguia colocar nada na boca. O diretor nos chamou e eu me juntei ao Cedrico para ver para onde nos levavam.

 

— Mas pensei que a prova era de tarde! – ele exclamou ao meu lado.

 

— Tambá – concordei.

 

Entramos na sala e pra minha surpresa meu pai, minha mãe e Gabrielle estavam lá.

 

— Maman, papa! Gabrielle!

 

— Nossa Fleur, como você esta linda! – mamãe disse enquanto me dava vários beijos.

 

— Deslumbrante, deslumbrante! – papai concordou me abraçando.

 

— Como está Hogwarts, o que tem aprendido? – Gabrielle perguntou enquanto a abraçava e a erguia um pouco do chão.

 

Comecei a contar as coisas que havia aprendido e pedi noticias da França. Enquanto eles me contavam comecei a reparar nas pessoas ao redor. Cedrico estava com seus pais, assim como Krum. Mas o Potter não parecia ter ninguém que fosse da sua família, e pelo pouco que ouvi eram os Weasley. Uma era uma mulher ruiva e espalhafatosa, e o outro era o homem que eu havia encontrado de manhã. Eles conversavam entusiasmados e de vez em quando ele lançava alguns olhares curiosos, enquanto eu fazia o mesmo, praticamente.

 

De repente uma idéia surgiu na minha mente, olhando-os tão amigos. Hermione sempre me falará deles, de como eram ligados, de como os considerava da família. Com um sorriso sai da sala com minha família, pensando que não conseguiria manter a promessa que fizera na noite anterior, e ficar perto de Hermione havia se tornado ainda mais tentador.

 

 

Música: Meet me on the Equinox 


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Notas finais do capítulo

Bom, ai está, o final de Amor & Ódio. Desculpe se eu decepcionei alguém, mas era mesmo assim que tinha que terminar, não tinha outro jeito.



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