Percy Jackson e a Trilogia Da Pedra escrita por Pedro


Capítulo 69
19 - As Memórias de Perseu - Parte 4


Notas iniciais do capítulo

gente bom 2018 pra todos, resolvi postar esse cap antes do ano acabar, estou com ótimas ideias pro enredo da fic, 2018 eu acabo ela prometo.
boa leitura



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19 – As Memorias de Perseu – Parte  4

 

O característico repuxo no peito provocado pela Pedra de Onfalos deixou Perseu tonto. Ele se apoiou na pedra molhada e se deu conta de que estava nas masmorras. O ar carregado e o cheiro de mofo estavam mais acentuados.

Pandora franziu a testa e olhou em volta, o corredor estava bastante escuro, mais à frente archotes projetavam luzes esverdeadas num arco feito de mármore dórico.

—Não reconheço este lugar – ela retirou a espada da bainha.

Perseu estreitou o olhar. O lugar era realmente diferente, a pedra estava coberta de líquen e trepadeiras. Não havia sinal da luz solar ou indícios de visitantes recentes. A rocha estava retorcida e trincada, como cicatrizes de uma grande batalha no coração da montanha.

O brilho da espada de bronze de Perseu iluminou as paredes. Figuras estampavam as rochas, a maioria delas estava disforme e irregular, mas Perseu identificou os seres retratados.

Os primordiais.

Perseu reconheceu cada um deles. Caos. Gaia. Érebo. Nix. Urano e Hemera.

Um arrepio percorreu toda a espinha do filho de Zeus quando a imagem de Tártaro foi iluminada pela lâmina da espada.

O mesmo corpo negro esfumaçado e o sorriso vermelho capturavam a essência do deus. Perseu não sentiu medo, mas desviou o olhar por precaução.

Perseu e Pandora andavam lado a lado observando as imagens. Ele estava surpreso, havia muito mais divindades do que ele poderia contar, personificações dos céus, mares e montanhas.

A luz dos archotes estava começando a ofuscar o brilho da espada do filho de Zeus.

O arco de mármore marcava a entrada de um enorme salão oval. O aspecto era infinitamente melhor que o do corredor tomado por trepadeiras. O chão era feito de cerâmica lisa brilhante, as paredes decoradas com ouro e pedras preciosas. O teto do salão era bastante alto, Perseu quase não notou o pequeno ponto de luz quase imperceptível.

—Se aquela for a única saída temos um problema – ele transformou a espada em broche novamente – Infelizmente não posso voar como meu pai.

—Então, aqui estamos – Pandora parecia impaciente e tamborilava os dedos – Onde está essa Luz Superior, de que você tanto fala?

Perseu andou até o centro do salão e observou o cintilante azulejo branco. Ele observou seu reflexo cansado e algo chamou a atenção. Um ômega talhado pairando acima de uma mão saindo da terra bem no meio de uma das peças lustrosas.

—Não tenho certeza – ele se agachou e passou os dedos sobre a figura talhada no azulejo.

Perseu se postou sobre um joelho e cobriu a figura com a palma da mão direita. Ele fechou os olhos e se concentrou. Uma lufada de ar cortou o salão quando o brilho esmeralda da Centelha iluminou o ômega e a mão na cerâmica por um breve momento. Fumaça desprendeu quando o brilho apagou.

Um tremor estremeceu o salão e Perseu se pôs de pé com dificuldade. A luz solar que entrava do alto explicitou a poeira no ar. Ele olhou para baixo.

A figura talhada na cerâmica projetou sombras escarlates no rosto de Perseu. Os olhos do filho de Zeus se iluminaram e ele acenou para Pandora.

—O que é isso? – Dora se abaixou.

—Eu vi esse símbolo nos locais onde eu achei as partes da Pedra – ele estreitou o olhar.

Instintivamente ele afastou Pandora e depositou novamente a mão sobre a figura. O segundo tremor abalou as estruturas da montanha, o filho de Zeus quase se espatifou no chão.

Perseu arregalou os olhos quando começou a ver as rachaduras no azulejo, o ômega havia se partido exatamente na metade. Ele ouviu um estalo ecoar vindo de baixo. O som de um mecanismo substituiu o tremor. Engrenagens enormes invadiram as paredes e começaram a girar, destruindo o mármore adornado. O filho de Zeus se desequilibrou quando o salão inteiro deu uma guinada para baixo. Eles estavam numa espécie de elevador gigante.

O brilho da espada de bronze se equiparou ao vermelho escarlate da figura.

Dora o olhou incrédula, a deusa estava de pé.

O vestido de linho branco dela estava bastante encardido e rasgado em diversos pontos, ela se assemelhava a uma donzela em perigo, não fosse pelas grevas de batalha e sandálias de guerreiro, além do peitoral de couro e bronze que podia ser visto através do decote e dos rasgos.

 -Que foi? – ele arqueou a sobrancelha – Só por precaução.

—Está com medo disso? – a deusa sorriu com escárnio – Eu não acredito, nunca esteve num elevador? – a gargalhada de Dora ecoou no salão.

Perseu mostrou línguas para ela e mais gargalhadas ecoaram. Eles se encararam e a deusa corou. Os dois eram o casal menos famoso do Olimpo, ninguém apoiava a deusa filha do Ferreiro e o mortal traidor, a maior desonra do rei do Olimpo.

Ambos tinham a mesma idade, apesar dela ser imortal. Os dois eram apenas jovens lutando pelo seu mundo, mesmo quando todos acreditavam em líderes cegos eles saíram pelo mundo enfrentando Tártaro nas batalhas que ninguém ousaria lutar. Guiado por Gaia Perseu era a última esperança do mundo, já que Zeus se escondia no Olimpo negligenciando a ameaça à sua porta.

A relação dos dois era mais que apenas amorosa. Os dois se respeitavam como guerreiros, se apoiavam como amigos, brigavam como casados, confiavam suas vidas um ao outro. A amizade dos dois era bem mais antiga que o relacionamento. Pandora sempre observou Perseu do Olimpo e quando crianças eles se encontravam no Egeu para nadar e o filho de Zeus exibir seus poderes de semideus, apesar dela achar entediante.

Na adolescência Zeus reprovou o relacionamento dos dois, proibiu Pandora de ver o mortal e ele de subir ao Olimpo. Nem mesmo quando derrotou a Medusa ele teve permissão de vê-la, mas a deusa era astuta. Ela sempre visitava Perseu em sua casa, sempre o ajudava em suas missões, e o rei dos Olimpianos sequer desconfiava até a ameaça de Tártaro.

A conexão dos dois era inabalável, como se nada pudesse estar no caminho, como se os destinos convergissem um para o outro. Nem mesmo os deuses puderam impedi-los, e ali estavam, num elevador descendo a montanha dos deuses rumo a uma Luz Superior que teoricamente poderia mudar o curso da guerra.

O som inocente da gargalhada do jovem casal era tão impertinente daquilo tudo, de todas as preocupações e vidas que dependiam desta arma. O salão ecoou com as risadas enquanto o elevador continuava descendo devagar.

—Eu adoro a sua risada – ele largou a espada no chão e andou na direção da deusa – Eu adoro você – Perseu a puxou para um beijo.

Perseu a colocou no colo e a prensou na parede, ela arfou quando o filho de Zeus beijou seu pescoço. Dora o apertou forte e arranhou suas costas, Perseu agilmente despia a deusa com cautela.

Já havia muito tempo desde que os dois tinham um tempo sozinhos, eram sempre missões, deuses e monstros. Eles nunca levariam uma vida normal, somado ao fato dela ser uma deusa e ele mortal.

O calor do corpo de Pandora contrastava perfeitamente com a pele fria do filho de Zeus, o toque dos dois era quase uma necessidade, como se dependessem um do outro para respirar, como se fosse apenas uma só alma dividida entre os dois.

—Senti saudades – Dora mordia o lábio quando Perseu beijava seu pescoço.

***

Os dois estavam deitados no azulejo frio, mas não se importavam, eles estavam juntos e isso era tudo o que importava naquele momento.

O elevador seguia seu caminho vagarosamente adentrando a montanha dos deuses. Pandora fazia desenhos desconexos no peito de Perseu com as pontas dos dedos. O filho de Zeus estava com os olhos fechados, os longos cabelos negros de Pandora estavam espalhados pelo chão, o vestido da deusa cobria as pernas do casal.

As peças das armaduras dos dois estavam espalhadas pelo salão.

—Precisamos nos vestir – Perseu beijou a testa da deusa quando ela se deitou no peito dele.

Dora bufou impaciente.

—Eu queria ser uma mortal – ela encarava as pinturas dos deuses nas paredes do salão – Não ter que se preocupar com deuses, monstros e guerras.

A voz dela carregava cansaço, angústia e medo. Perseu apertou os braços entorno dela.

—Quando esta guerra acabar nós viveremos juntos – ele acariciou os cabelos de Dora— Vou construir uma fazenda para você, uma grande próxima de um rio que tenha um horizonte lindo. Nós iremos embora da Grécia, não quero mais viver essa vida de semideus, quero ser apenas o Perseu mortal comum.

—Nós não podemos – ela o encarou com o olhar triste – Zeus... e eu sou uma deusa – a melancolia estampou o rosto de Dora.

   -Não me importo, eu quero apenas você quando esta guerra acabar – Perseu acariciou os cabelos de Dora— Queria que este momento durasse para sempre, mas infelizmente somos a última esperança do mundo.

Perseu sentiu um sorriso se formar no rosto dela.

—Zeus ainda vai acertar um raio em você – ela ergueu o tronco e escondeu os seios com o vestido.

O filho de Zeus a encarou e deu um sorrisinho de canto. Dora corou violentamente e se levantou, as curvas do corpo da deusa pareciam ter sido esculpidas à mão.

—Ele pode até tentar – Perseu se apoiou nos cotovelos e observou a deusa.

Ela se foi andando saltitante pelo salão para recolher a armadura dos dois, o sorriso não desgrudava do rosto, já havia muito tempo desde a última vez que o casal tinha um tempo sozinhos.

Dora jogou o peitoral de couro para Perseu, além das grevas e das sandálias.

 Os dois não se demoraram para vestir as armaduras. Perseu estalou o pescoço e esticou os músculos.

—Estamos perto – o filho de Zeus estava terminando de amarrar as  sandálias quando o elevador parou subitamente.

Eles trocaram um olhar significativo, mais à frente uma das paredes do salão oval deslizou para a direita revelando um corredor iluminado por fogo grego.

Uma lufada de ar vinda do corredor sinistro bagunçou os cabelos de Dora.

O brilho da espada de Perseu iluminou os olhos da deusa. Ela desembainhou sua espada e os dois avançaram juntos pelo salão. O brilho dos azulejos lustrosos foi gradativamente sendo substituído pelas sombras bruxuleantes dos archotes queimando a chama verde ardente.

O cheiro de mofo fez o nariz de Perseu coçar. Alguns insetos rastejavam no chão e o trissar de morcegos ecoava nas paredes da montanha.

Uma luz fraca adiante chamou a atenção do casal. Eles trocaram um olhar significativo.

O arco de mármore que marcava o fim do corredor estava parcialmente rachado, um dos archotes queimava caído no chão.

Perseu foi cauteloso ao se desviar das labaredas dançantes que o fogo grego projetava, a luz fraca que emanava do alto era a única coisa visível após o corredor, os grãos de poeira no ar discriminavam a característica luz solar.

O garoto seguiu o brilho e arregalou os olhos. Dora também estava surpresa.

Uma adaga translúcida pairava iluminada pela luz do sol, ela flutuava graciosamente em meio aos grãos de poeira.

O cabo da adaga era cravejado de diamantes e escritos que o garoto não conseguiu ler, a lâmina era feita de um material prateado lustroso, e os dizeres “δικαιοσύνη και αλήθεια” em grego antigo cortando a lâmina na vertical foram traduzidos instantaneamente para português graças aos poderes de semideus de Perseu.

“Justiça e Verdade”.

—Só pode ser isto – o filho de Zeus andou rápido na direção da adaga. Ele esticou a mão esquerda para tocá-la mas quando o fez seus dedos não acharam nada sólido para encostar.

A mão de Perseu atravessou a adaga como se ela nem estivesse ali.

—Mas o que? – ele fez menção de se virar para Dora, mas o salão escuro estremeceu.

A luz que circundava a adaga no ar estava aumentando o raio de claridade, estava se tornando difícil olhar diretamente para ela. Perseu levou a mão esquerda aos olhos.

—Perseu, filho de Zeus, matador da Medusa, escolhido de Gaia...

A voz era estridente e penetrante e a claridade tomou o salão num brilho cegante.

De repente tudo ficou escuro e o brilho retornou aos olhos de Percy.


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Notas finais do capítulo

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