Ela se deita no colo de Lia, chorando.

Lia: - Como assim? Não, mentira...

Os olhos dela se enchem de lágrimas aos poucos.

Paulina: - Quando seu pai estava indo para o trabalho hoje, bateu num ônibus e infelizmente, não resistiu!

Paulina se esforçava para falar, no meio de lágrimas e soluços. Lia cai no choro.

Lia: - Não, não pode ser. - Ela se levanta do sofá e leva as mãos na cabeça, chorando. – Meu pai não morreu...

Paulina: - Lia...

Lia: - ELE NÃO MORREU VÓ, NÃO PODE SER.

Ela começa a chorar mais ainda, então, vai para seu quarto e se joga na cama, colocando seu rosto de frente para o travesseiro e assim, tampando-o.

Lia não queria ver nada naquele momento, não queria ouvir nada. Só queria chorar. Nunca havia sentido uma dor como aquela, sentia seu coração se despedaçando aos poucos dentro de si.

Lia: - Por que, meu Deus? POR QUE ISSO SÓ ACONTECE COMIGO?

Então, em meio a tantos pensamentos, Lia ouve a voz. Aquela voz que ela era capaz de reconhecer em qualquer lugar do mundo, a qualquer momento.

– Se te faz sentir melhor, eu sei o que você tá sentindo...

Ela se vira e o encontra em pé na porta, a olhando.

Num ato de desespero, Lia se levanta correndo e imediatamente se atira nos braços dele, abraçando-o.

Lia: - Por que comigo? Sempre comigo. Eu quero meu pai de volta, não pode ser cara, não pode ser.

Vitor(passando a mão nos cabelos dela): - Calma minha linda, eu tô aqui...

Ela começa a chorar mais ainda, apoiando sua cabeça no ombro de Vitor e descontando toda a sua dor na camisa dele, agarrando o tecido com todas as forças que tinha e em alguns momentos até arranhando as costas de Vitor, que não se importava muito.

De alguma forma, se sentia segura nos braços dele. Apesar de tudo o que tinha feito a ela, naquele momento Lia não lembrava de mais nada, só pensava que precisava dele naquela hora, já que talvez ele fosse o único que a entenderia.

Lia: - Quem te contou? Como você ficou sabendo?

Vitor: - Eu tava indo para o hostel e passei na frente de onde aconteceu o acidente. O carro do seu pai ainda tá lá, todo destruído, mas está lá. Eu vi pela placa e reconheci...

Ela começa a chorar novamente, ele pega sua mão e se senta na cama com ela.

Lia: - Eu nem sei porque tô chorando. Eu nunca fui próxima dele... - Ela limpa as lágrimas -

Vitor: - Você tá chorando porque, próximos ou não, ele é seu pai.

Ela se deita novamente. Ele se aproxima, mexendo em seus cabelos e tirando sua franja do olho.

Lia: - E agora?

Vitor: - Agora o que?

Lia: - Essa dor, como fica? Eu só quero que isso passe...tá acabando comigo.

Vitor: - Eu não vou mentir falando que vai ficar tudo bem...não vai. Só vai piorar, só vai dar mais saudade. Mas você vai se acostumar.

Ela abraça ele, segurando forte em seu pescoço.

Lia(se afastando): - Vitor...

Vitor: - Fala...

Lia: - Por que você tá aqui? Quer dizer, por que você tá aguentando todo esse meu drama sendo que você sabe que depois eu vou te tratar mal? Isso tudo é culpa pelo que você fez?

Vitor: - Na verdade, nem um pouco. Eu amo você, Lia. E eu não vou sair do seu lado, se quiser me bater, se quiser me xingar...pode fazer tudo isso, eu vou continuar aqui. Eu sei que eu posso ser só mais um pra você e você poderia ser só mais uma pra mim também, mas é diferente. Eu quero ficar contigo pra sempre. E se você não me perdoar um dia, eu posso até me casar com outra...mas aquelas alianças sempre vão estar na minha gaveta, sempre. Uma com o seu nome e outra com o meu e ninguém vai tirar elas de lá. Nunca. Só vão sair se for pra que esteja uma no seu dedo e a outra no meu. Se não, não faz sentido.

Lia: - Você sabe que nunca vai ser só mais um.

Ele a olha, pedindo uma explicação.

Lia: - ...Você sempre vai ser o único.