Vitor, como em uma vingança, pega uma menina qualquer pela cintura e a beija. Ela não faz esforço nenhum pra parar o beijo, pelo ao contrário, a menina corresponde.

Lia não esperava por isso. Enquanto beijava Dinho, as vezes abria os olhos para olhar Vitor com a menina, e descobria que ele também estava de olhos abertos, olhando para Lia e Dinho.

Vitor agarrava a menina, segurando-a pela cintura. Logo, ele foi descendo sua mão e ela não fazia nada a não ser mostrar o quanto estava gostando. Lia preferiu fechar os olhos e não abrir mais, só continuar beijando Dinho, como se não estivesse nem vendo os dois.

Fatinha sai do banheiro e vê Lia e Dinho.

Fatinha: - Mas gente vocês tem um fogo no rabo que só vendo...

Quando Lia vê Fatinha, para o beijo.

Dinho(recuperando o fôlego): - Caramba marrentinha, eu não imaginava que você era tão bipolar porque olha...

Lia: - Cala a boca, Dinho.

Ela olha para Vitor e percebe que ele continuava beijando a menina e agora já não olhava mais para ela e Dinho. Ele parecia estar pouco se importando, e isso doía.

Fatinha: - Então vocês tão ficando, gente?

Dinho: - Sim.

Lia: - Não!

Dinho: - Mas Lia você me beijou...

Lia: - Ah...sei lá.

Fatinha: - Gente, se decidam né.

Vitor para de beijar a menina e olha para onde Lia, Dinho e Fatinha estavam. Então, Lia imediatamente beija Dinho de novo. Vitor faz o mesmo com a menina e só então Fatinha percebe o que acontecia ali.

Fatinha: - Ah, saquei a brincadeira gente. Vou entrar nela também.

Ela vira, puxa um menino e o beija, ele se apressa e logo coloca a mão na bunda dela. Vitor imediatamente larga a menina e vai até eles.

Vitor: - Que porr* é essa aqui?

Ela para de beijar o menino.

Fatinha(parando o beijo): - Ué, eu tô beijando (risos)

Vitor: - Pode parar a palhaçada.

Fatinha: - Pera, como que é?

Vitor: - Eu não quero muleque agarrando minha irmã, e principalmente na minha frente.

Fatinha: - Ah, mas você agarrar as outras pode, né? Me erra, Vitor.

Vitor: - Eu tô falando sério. Não tô mais agarrando ninguém. Vamos embora, não quero ficar aqui.

Dinho e Lia se aproximam.

Dinho: - Como assim cara? Já vai?

Vitor: - Ah mano, não tá dando pra ficar aqui. Foi mal.

Fatinha: - Eu nunca soube que você fazia esse tipo de irmão ciumento, sabia?

Lia: - É, nem eu...achei que ele nem ligava. Mais uma coisa que eu não sabia sobre você, né Vitor?

Vitor: - Você não sabe nada de mim mesmo, e se sabe, acho que finge que não. Mas quer saber? Foda-s*, vambora Fatinha.

Fatinha: - Mas ainda tá cedo. - Ela olha no relógio do celular - São só...

Vitor: - Não me interessa que horas são Fatinha, vamos.

Ele puxa ela e eles se dirigem até a saída do salão de festas, Fatinha ainda reclamava.

Dinho se aproxima de Lia, que olhava para Vitor saindo do lugar.

Dinho: - Ei, relaxa...

Antes de ir embora, Vitor se vira e olha para o rosto de Lia, com uma expressão desapontada. Então, ele vai embora, com Fatinha ao seu lado, reclamando.

Lia: - Cara, isso não tá certo...nada tá certo. Dinho, por que você foi aparecer, hein?

Dinho: - Não me culpa. Você sabe quais são as chances de dois melhores amigos namorarem a mesma pessoa sem nem saber? São poucas, Lia.

Lia: - Cara, é muita injustiça isso.

Dinho: - Deixa isso de lado. O importante é que a gente se gosta, né? E você me beijou, então acho que já deve ter me perdoado.

Ele não espera ela responder e a beija antes.

Ela não para o beijo. Sentia que era pra ser assim mesmo, que Vitor e ela não ficariam juntos, eles eram tão diferentes...mas ao mesmo tempo tão iguais. Os dois não pensavam antes de agir, eram completamente impulsivos pra tudo, os dois amavam música, os dois se amavam. Enquanto beijava Dinho, Lia se perguntava por que ele tinha que ser tão misterioso, tentava entender. Parecia que tudo que ela sabia sobre ele não era o suficiente, ela queria saber mais, sempre mais...mas ele se fechava completamente e parecia que nem Fatinha o conhecia, ela até entendia que seu passado influenciou muito no jeito de ser. Mas ao mesmo tempo em que tudo parecia fazer sentido, nada na verdade fazia.

Naquele momento, ela botou em sua cabeça que iria esquecê-lo. Custe o que custar.

Mas quando Lia deitou em sua cama naquela noite, tudo que pensava era nele. Por mais que tentasse parar.

Foi quando ela se viu saindo do seu quarto e seguindo pelo corredor em direção ao dele. Fatinha escutou os barulhos da porta do quarto abrindo e acordou, se levantando bem depois de Lia e indo atrás dela, de fininho.

Lia entrou no quarto de Vitor e Fatinha aguardava no corredor, pensando se seguia atrás da amiga ou não.

Vitor ainda estava acordado e não percebeu Lia entrando devido à música que tocava no seu celular, estava tão alta que mesmo que ele estivesse com os fones de ouvido, Lia conseguia escutá-la perfeitamente. Ela amava aquela música, era uma de suas favoritas, na verdade.

“This time, this place

Misused, mistakes

Too long, to late

Who was I to make you wait?

Just one chance, just one breath

Just in case there's just one left

'Cause you know, you know, you know...

That I love you

I have loved you all along

And I miss you

Been far away for far too long

I keep dreaming you'll be with me

And you'll never go

Stop breathing if I don't see you anymore...”

Tradução:

“Este tempo, este lugar

Desperdícios, erros

Tanto tempo, tão tarde

Quem era eu para te fazer esperar?

Apenas mais uma chance, apenas mais um suspiro

Caso reste apenas um

Porque você sabe, você sabe, você sabe...

Que eu te amo

Que eu te amei o tempo todo

E eu sinto sua falta

Estive tão longe por tanto tempo

Eu continuo sonhando que você estará comigo

E você nunca irá embora

Paro de respirar se eu não te ver mais...”

Ela limpa as lágrimas, que aos poucos escorriam por seu rosto.

A música para antes do fim, provavelmente porque Vitor tinha parado pelo celular. E Lia já sabia o que isso significava: Ele escutou seu choro.