–Ryuuzaki... Eu posso falar com você por um minuto? – Eu perguntei hesitantemente, afinal eu não queria atrapalhar o trabalho dele.

O detetive olhou por mais alguns instantes para a tela do computador, antes de voltar sua atenção para mim.

–Claro, sente-se, por favor – Ele disse monotonamente, mas com um olhar atento sobre mim.

Eu me sentei na cadeira ao lado dele.

–Pode dizer – L murmurou cautelosamente.

Tomei uma respiração profunda e fechei os olhos.

–Eu... Eu queria te falar algo sobre o Yagami-kun...

L olhou interrogativamente para mim, mas logo acenou com a cabeça.

–Bem... Eu estava falando com Matsuda-kun e ele me disse que amanhã o Yagami-kun iria se encontrar com Kiyomi, a porta-voz de Kira... – Eu comecei hesitantemente.

–Isso mesmo, as chances de que ela fale algo são mínimas, cerca de cinco ou sete por cento, mas nunca se sabe... Talvez sejam precisos dez ou sete encontros para que ela fale algo... Por que queria saber disso? – L questionou-me cuidadosamente.

–Bem... Eu fiquei sabendo que ela a namorava na faculdade... – Eu disse desconfortavelmente, pelo modo de como L me olhava.

L inclinou a cabeça para o lado interrogativamente.

–Sim, ele comentou isso, mas porque se interessa nisso? – Ele me perguntou, com uma sobrancelha erguida.

Eu ri nervosamente da pergunta do moreno.

–E-eu só achei um tanto irônico, ele ter namorado ela e agora ambos estão envolvidos com Kira de alguma maneira, sabe, parece até destino – Eu menti nervosamente, com um meio sorriso.

O detetive manteve seu olhar cauteloso sobre mim, mas agora um pouco mais leve.

–Eu não deixaria Amane-chan ouvir isso se fosse você, Yukki-chan – Ele disse depois de alguns segundos de silêncio, fazendo-me soltar um pequeno riso.

–Claro, eu irei tomar cuidado... Bom, obrigada por me responder, Ryuuzaki, acho que vou para a cama, boa noite – Eu disse ao me levantar da cadeira ao lado do detetive, porém antes que eu pudesse me afastar dele, ele segurou meu braço, fazendo-me parar imediatamente com minhas ações e o olhar com uma expressão confusa.

–Você não jantou ainda, não é? – L perguntou calmamente.

–Hu-hun, não, mas eu não estou com fome – Eu disse com um pequeno sorriso.

Minha resposta fez com que o detetive me observasse atentamente.

–Eu estou preocupado com você, Yukki-chan, você não parecia muito bem quando chegou, estava pálida, tremendo, suando e gaguejando, estou preocupado com você – Ele disse-me em um tom suave.

Naquele momento o misto de emoções voltou em mim, eu pude sentir minha garganta seca e meu estomago embrulhando. Beyond estava certo, eu não vou aguentar isso por muito tempo.

–Es-está tudo bem, nã-não precisa se preocupar, Ryuuzaki, ma-mas se isso te calmar, eu vou jantar, certo? – Eu ri nervosamente.

L manteve seu olhar cauteloso sobre mim, mas concordou com a cabeça.

–Ce-certo... Bom, boa noite, Ryuuzaki – Eu limpei minha garganta, tentando disfarçar o nervosismo em mim.

O moreno apenas acenou com a cabeça.

Com um suspiro, eu fiz meu caminho até a cozinha, onde Watari estava preparando algum prato aleatório e o Shinigami em um dos cantos da cozinha, assim que percebeu minha presença a criatura olhou diretamente para mim, fazendo com que eu engolisse o seco em minha garganta.

–Bo-boa noite – Eu murmurei suavemente, fazendo com que o homem mais velho me olhasse, com um pequeno sorriso.

–Oh, senhorita Scarllet, eu estava te esperando – Watari me disse, fazendo-me erguer uma sobrancelha.

–É mesmo? Por quê? – Eu perguntei curiosamente.

–Ryuuzaki me disse que você não se sentia bem, então resolvi preparar isso para você – Watari pegou uma tigela em cima da pia e me entregou, nela havia um ensopado quente e aparentemente delicioso.

–Poxa, obrigada, Watari – Eu sorri gentilmente para ele.

Depois de tomar a deliciosa sopa de Watari, enquanto tentava ignorar o olhar amedrontador do Shinigami, eu me preparei para dormir.

O dia chegou mais cedo do que eu esperava, e novamente eu teria que ir ao edifico onde Mikami trabalhava. Eu estava na sala de investigação como o resto da equipe, quando estava fazendo meu caminho para fora da sala, até que L me chamou, fazendo-me dar meia volta e ir ao seu lado.

–Sim? – Eu perguntei curiosamente ao detetive. Ele então pegou uma pistola que estava sobre uma mesa de vidro.

–Leve isso... Se Mikami é realmente quem pensamos, você está ocorrendo um enorme risco de vida – L respondeu calmamente ao me entregar a pistola. Eu concordei com a cabeça, colocando-a em minha cintura e tentando disfarça-la o máximo que eu conseguisse com minha blusa social e minha saia.

–Certo, obrigada, Ryuuzaki – Eu sorri para o moreno.

–Não tem do que, agora vá, vai se atrasar desse jeito – Ele disse-me com meio sorriso. Após a fala do detetive, eu rapidamente fiz meu caminho para fora do enorme prédio, até a estação de trem.

Soltei um suspiro de alivio quando finalmente me sentei em um dos lugares do vazio vagão, esse era a hora perfeita para pensar em algo que me fizesse sair desta situação, eu não poderia simplesmente falar para L sobre o que estava acontecendo, Raito é inteligente demais, ele iria perceber que algo estava errado, porém eu não poderia continuar á mentir para L, ele já percebeu que eu estou tentando engana-lo, e se não percebeu, Beyond com certeza já percebeu, e o pior ele está desconfiando de Raito, e ele vai me pressionar ao máximo até eu abrir a boca e lhe dizer tudo... Ok, acalme-se, Yukki, pense bem, Mikami provavelmente tem um Death Note, Raito te ameaçou a usar um e temos outro na força-tarefa, logicamente a hipótese de que existem mais de um Death Note é clara, e se cada Death Note vir acompanhado de um Shinigami teremos três deles... Se Raito é Kira, ele conseguiu de alguma forma arranjar um Death Note para Teru, eu só preciso descobrir como... Enquanto á Misa, L sempre desconfiou dele como segundo Kira, mas agora com Teru... Eu realmente não sei o que pensar dela... E por fim, a ex-namoradinha de Raito, Kiyomi Takada, a porta-voz de Kira, com certeza Raito não vai deixar essa oportunidade passar, ele ira convence-la á ir para seu lado, pois com certeza ele não fala como Kira com ela, ele deve usar Mikami ou Misa... Merda, isso está cada vez mais confuso...

As portas do trem se abriram fazendo-me levantar de meu assento e sair do vagão, eu comecei minha caminhada para o prédio com um nó no estomago, se esse cara é realmente o segundo Kira, eu estou em sérios problemas. Assim que cheguei ao prédio, a recepcionista me cumprimentou com um sorriso gentil, eu devolvi o sorriso e continuei a caminhar até a sala onde tanto eu como Teru trabalhávamos, assim que cheguei na sala eu pude ver o forte moreno sentado em sua mesa lendo atentamente um papel.

–Bom dia, Mikami-san – Eu o cumprimentei ao entrar na sala e fechar a porta atrás de mim. Teru voltou sua atenção á mim e logo em seguida para seu relógio de pulso.

–Você está atrasada – Ele murmurou calmamente.

–Me desculpe, o trem demorou alguns minutos – Eu menti rapidamente ao me sentar em minha mesa, onde havia uma pilha de papeis.

–Entendo... Comece com a avaliação desses processos, por favor – Mikami disse voltando sua atenção para o papel que lia antes.

Eu soltei um pequeno gemido de frustação e comecei com o trabalho.

Horas depois.

–Finalmente! – Eu suspirei alivia ao terminar com os inúmeros papeis, eu tive que almoçar no escritório por culpa desses papeis estúpidos...

–E agora? O que eu faço? – Eu perguntei á Mikami, que estava organizando alguns papeis em sua mesa.

–Nada, já está na hora de irmos – Ele respondeu ao se levantar de sua mesa e pegar seu casaco preto do cabeiro no canto da sala.

Ótimo, mais um dia e nada...

Eu arrumei minhas coisas e ambos de nós saímos do prédio.

–Bem, até amanha, Mikami-san – Eu disse ao moreno, assim que chegamos á rua. Antes que eu pudesse ir embora, Teru colocou uma mão em meu ombro.

–Na verdade... Poderia passar em minha casa, por favor? Eu preciso que assine uns papeis para sua contratação e acabei os esquecendo em minha cassa... – Mikami pediu, com um olhar sério sobre mim.

Eu estava prestes á negar, mas logo lembrei que se eu aceitasse o seu repentino convite talvez descobrisse algo mais sobre ele.

–Certo, sem problemas – Eu sorri gentilmente para Mikami.

Nós dois então começamos a fazer o caminho para a casa de Mikami, não era tão longe como eu espera, pegamos apenas cinco minutos de trem e alguns pequenos segundos á pé, em todo o percurso eu pude ver Gevanni nos seguindo, com um olhar cauteloso. A casa de Mikami me lembrava a casa de Raito por algum motivo, provavelmente por eu achar que toda casa japonesa segue um mesmo padrão. Teru abriu a porta de sua casa, e entrou seguido pro mim, ambos de nós tiramos nossos sapatos.

–Por aqui- Mikami entrou em uma porta, e assim como pediu, eu entrei, a sala nada mais era do que a cozinha, muito bem organizada por sinal.

–Sente-se, eu vou preparar um chá para nós enquanto isso – O moreno apontou para a mesa, enquanto se dirigia ao fogão.

Eu concordei com a cabeça e me sentei á mesa, observando atentamente Mikami, ele estava calmo demais para meu gosto. Depois de alguns minutos Mikami despejou o liquido quente em duas xicaras e caminhou até meu lado.

–Aqui está, Yukki Scarllet – Mikami disse lentamente meu nome, fazendo-me me levantar da cadeira bruscamente e a xicara cair do chão, derramando todo o chá e quebrando sua porcelana.

–Mu-muito engraçado, mas eu já disse... Me-meu nome é Alice – Eu ri nervosamente.

–Yukki Scarllet, a policial brasileira que veio para o Japão em trabalho ao caso Kira – Teru murmurou, com seus olhos castanhos me observando atentamente.

Minha respiração engatou em minha garganta e meu corpo começou á tremer.

Esse cara... Ele é... Ele é um dos Kiras...

Fim do capitulo 39!!!