Fire On Ice - Hiatus escrita por tbagmari


Capítulo 3
03


Notas iniciais do capítulo

Foto de Cari Ann Wayman. Caso não abrir: http://weheartit.com/entry/61310530/via/Tbagmari



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Pessoas passavam de um lado para outro. Carros de todas as cores saiam passando por mim. As conversas e risadas eram altas. Um pop coreano tocava atrás de mim.

Diferente dos corredores do colégio, o estacionamento era bem descontraído. Já estava esperando Travis há cinco minutos e cogitava a ideia de ir embora.


– Hey, Mellery! - ouço me chamarem e viro para trás. Travis corria em minha direção. - Demorei muito?




– Sim, já estava querendo ir embora – resmunguei cruzando os braços.




– Muito paciente você – riu e começou a andar comigo em seu encalço. Chegamos perto de um carro antigo, mas bem cuidado e ele abriu a porta e entrou. Apenas fiquei o olhando, o que fez com que ele revirasse os olho. - Entra logo ai ou vai querer ir em cima do capô?



– Você sabe dirigir? - perguntei enquanto entrava relutante em seu carro.




– Sei – disse óbvio.





– Escuta, se você me levar para um beco escuro e tentar me estuprar eu te mato – falo apontando o dedo pra ele.





– Ah, não, não vou te estuprar – disse e riu pelo nariz. - Você é muito desconfiada.





– Talvez porque ninguém tenta falar comigo, você é um dos primeiros que tenta. E há anos estudando nesse colégio, você é o primeiro que eu direciono mais de cinco palavras, tirando os professores, claro – disse franzindo o cenho. Ele estava saindo do estacionamento do colégio nesse momento.





– Me sinto honrado com isso.





– Eu não me sentiria assim se fosse você – murmurei e o resto do caminho foi em silêncio, no total uns oito minutos.




A casa dele era de uma cor verde claro e havia um jardim bem cuidado na frente. Era tanto verde que me senti na casa do Shrek.


Saímos do carro e eu cruzei os braços na frente do corpo, franzindo o cenho enquanto caminhava por uma estradinha de cimento, que acabava na porta da casa. Haviam muitas flores no jardim e o cheiro era repugnante pra mim.


– Que foi? - Travis perguntou e eu o encarei juntando as sobrancelhas. - É que você está... sei lá. Parece estar incomodada – deu de ombros.




– Não é nada, apenas não gosto de flores – disse dando de ombros também.





– Você é estranha – disse e eu apenas bufei. Ele abriu a porta da casa e logo senti um cheiro maravilhoso de comida.





– Trav, venha aqui – ouço uma voz feminina soar pela casa.





– Vem comigo – Travis disse e começou a andar para algum lugar, que mais tarde percebi ser a cozinha.





– Bom dia filho – uma mulher muito parecida com ele, por ser sua mãe, disse sorrindo. Um sorriso malicioso estampou-se em seu rosto assim que me viu. - Quem é essa linda garota, Trav?





– Essa é a Mellery, mãe. Ela irá me ajudar em biologia – Travis respondeu apontando pra mim e logo apontou pra sua mãe. - Essa é minha mãe, Magnólia.





– Olá Magnólia – a cumprimentei.





– Oi Mellery, pode me chamar de Maggie – ela veio em minha direção e me deu um beijo no rosto. Me contraí com o contato repentino.





– Mãe... a Mellery não é do tipo que... aprecia contato físico – Travis disse de um jeito engraçado e eu lhe lancei um olhar mortal.





– Hm, diferente – Maggie ergueu as sobrancelhas surpresa. - Vocês devem estar morrendo de fome. Tem chili com carne, do jeito que você gosta Trav.





– Vamos só levar nossas mochilas no quarto e já voltamos, mãe – Travis disse para sua mãe e logo se direcionou a mim. - Venha – subimos uma escada e viramos num corredor à esquerda. Ele abriu a segunda porta e entrou no quarto. Entrei cautelosamente e me surpreendi com seu quarto. Eu imaginava algo muito bagunçado, com cheiro de gambá morto e vários posters de mulheres nuas na parede. Mas na verdade não havia uma única peça de roupa no chão, o cheiro era de um perfume masculino – provavelmente o que ele usava – e as únicas coisas na parede eram dois porta-retratos de Londres e Paris e uma placa de moto.





– Sério mesmo? - juntei as sobrancelhas apontando pra placa em cima de uma escrivaninha.





– Eu quis guardar de recordação – deu de ombros colocando a bolsa em cima da cama.





– Recordação?





– Ah, esqueci, você não se socializa. Ano passado eu sofri um acidente de moto, todo mundo do colégio soube. Ou quase todo mundo – sorriu de canto pra mim.





– Hm – murmurei e ele prosseguiu.





– Fiquei no hospital quase um mês e nem foi tão ruim assim – deu um sorriso malicioso.





– Deixe eu adivinhar, as enfermeiras gostaram bastante de sua companhia? - bufei com a resposta óbvia em seus olhos.





– É, mas continuando. Eu queria ter uma recordação do acidente e peguei a placa.





– Não se contentou com as cicatrizes, né? - falei sarcasticamente.





– É verdade que garotas gostam de cicatrizes? - perguntou curioso..





– Sei lá – dei de ombros.





– Mas você é uma garota! - exclamou rindo. - Me surpreendo cada vez mais com você – balançou a cabeça. - Coloque a bolsa na cama e vamos comer, antes que você diga que gosta de garotos gordos e barbudos.





– Eu gosto de barbas – murmurei baixinho. Ele voltou a me encarar com uma careta muito engraçada que não tenho como descrever. Acabei rindo disso.





– Que foi? - perguntou.





– Nada – balancei a cabeça e logo adentramos a cozinha.





– Fique à vontade Mellery – Maggie disse enquanto nos sentávamos na mesa. Apenas assenti.





– Você come muito ou pouco? - Travis perguntou e eu franzi a testa confusa. - Eu vou servir você – ele explicou. Ok, as palavras dele fizeram parecer que ele seria meu servo.





– Não, não. Não precisa. Eu posso fazer isso – falo tentando pegar o prato de suas mãos.





– Eu faço questão, Mellery – disse sorrindo gentilmente. Qual o problema dele? Por que ele é sempre educado, gentil e doce? Eu conheço ele à dois dias e já percebi que ele gosta de fazer as pessoas se sentirem bem com a presença dele. As pessoas se sentem bem com a presença dele.





– Ok – suspirei. Ele me serviu e colocou o prato na minha frente. Me encarou sugestivamente e eu sabia o que ele queria. Revirei os olhos e murmurei baixo – Obrigada.





– Desculpa, eu não ouvi – disse divertido. Me virei pra Maggie que nos observava enquanto comia.





– Como você suporta seu filho? Eu só conheço ele à dois dias e já não o suporto – disse a ela, que rio alto.





– Muitos anos de convivência ajudam – Maggie respondeu e Travis a encarou ofendido, fazendo com que eu risse um pouco.





– Ótimo, fizeram um complô contra minha linda pessoa – Travis disse bufando e se servindo.





– Bem modesto você – reviro os olhos.





– Eu sei – disse e começamos a comer. O almoço foi acompanhado por alguns diálogos entre Maggie e Travis. Eu quase nunca falava, mesmo estando meio à vontade com eles. Era estranho, a casa dos McGuire foi uma das poucas que eu frequentei e me senti bem. Quer dizer, para as únicas casas que eu vou são de meu pai, minha mãe e minha avó.




Após todos terminarem de comer e eu e Travis retirarmos a mesa – viu, sou muito educada - e subimos para o quarto dele pegar os livros e cadernos para estudar. Descemos pra sala e nos sentamos no tapete claro e bem macio que havia lá.



– Pronto pra enfiar alguma coisa que preste nessa cabeça? - perguntei abrindo o livro de biologia na primeira unidade.




– Acho que sim – disse passando as mãos no cabelo.





– Ok, vamos falar sobre a mitose – disse e vi a confusão em sua expressão. Suspiro. To vendo que vai ser difícil dar essas aulas.




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Notas finais do capítulo

Gente, eu sei, as imagens do capítulo não fazem muito sentido, mas se vocês usarem a mesma mente lunática que eu poderão entender e.e
Quinta-feira eu posto novamente se tudo der certo xx'



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