Fire On Ice - Hiatus escrita por tbagmari


Capítulo 1
01


Notas iniciais do capítulo

A foto a seguir é da Mary-Kate Olsen, que é como eu imagino a personagem principal, Mellery.



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Pessoas sozinhas têm pensamentos suicidas.”

Ouvi essa frase um dia desses, em um lugar qualquer. Ou seria outra frase?

“Mentes vazias têm pensamentos suicidas.”

Bom, não sei exatamente qual delas foi, mas era algo com base nisso. Mas voltando ao ponto inicial, essas frases me definem. Eu poderia ficar aqui lamentando e contando a história de minha vida depravada e explicar o porquê de ser o que eu sou hoje em dia. Mas prefiro deixar essas frases no ar e esperar que vocês tirem suas próprias conclusões.


– ...Srta. Hayes? - ouço meu sobrenome e desvio o olhar de meu celular para encarar meu professor de biologia.


– Ãhn? - indaguei confusa, já não havia ouvido sua possível pergunta.


– Já que parece tão concentrada na aula Srta. Hayes, poderia me dizer o que é Prometa Anatelo? - o Sr. Parker me olhava por trás daqueles óculos esperando minha resposta. Boa parte da sala me encarava.


– Talvez seja prófase, metáfase, anáfase e telófase – respondi com voz de tédio e um pouco de ironia. Eu posso ser muitas coisas, mas burra não sou. O Sr. Parker tentou conter a raiva por eu saber a resposta e ter lhe dispensado de me tirar da sala e prosseguiu a aula. Aquele professor me odeia a ponto de me mandar pra detenção por respirar o mesmo ar que ele.

Após poucos, porém longos, minutos a aula acabou. Enfim poderia voltar a isolar-me em meu quarto. Juntei meu material e me agachei pra pegar minha bolsa. Durante esse ato vi um par de pés se aproximando de mim. Puxei a bolsa e olhei para a pessoa. Era apenas um garoto de minha sala.


– Você é a Mellery Hayes, certo? - ele perguntou e eu apenas lhe encarei com tédio, colocando meu material na bolsa e me levantando. - Ok, eu já comecei mal. Eu sei que você é Mellery Hayes, mas geralmente as pessoas falam isso quando vão falar com outras pessoas que não conhece – o garoto disse me seguindo sala a fora.


– O que você quer? - me permiti perguntar.


– Bom, pelo que eu vi você é boa em biologia e eu estou super mal nessa matéria. Irei reprovar se não tirar um A na prova. E ela é em uma semana. Será que você pode me ajudar com a matéria? - ele perguntou esperançoso, enquanto isso eu apenas seguia meu caminho para fora do colégio.


– Não. E outra, não se avalia uma pessoa ser boa em algo por causa de um acerto – revirei os olhos.


– Na verdade, eu sempre vejo você recebendo suas provas e sempre são notas boas. E aquele negócio de Prometa não-sei-o-que é difícil pra caramba. Nem você falando a resposta eu entendi – revirei os olhos novamente. Quem pode não entender isso?


– Você é burro ou o quê? Pro-me-ta Ana-te-lo. Pró–fase, metá–fase, aná–fase e teló–fase – falei frisando a óbvia resposta.


– Ah, assim fica mais fácil. Viu, você sabe ensinar bem. Vai, me ajude Mel – ele disse e eu parei na calçada, já fora do colégio.


– Não me chame de Mel – disse entre dentes. - E não, não vou te ensinar porra nenhuma! Pare de me encher – disse e virei para a direita, indo em direção à minha casa. Pessoas me irritam, principalmente as que tentam falar comigo. Qual o problemas de me deixar quieta em meu canto? Se ele quer ajuda contrate um professor.

Enquanto ia pra casa passei em frente a uma loja de coisas antigas. Sempre passava lá em frente e adorava olhar a vitrine. Era uma loja de relíquias bizarras, coisas estranhas e de alto valor. Sempre havia algo diferente na vitrine e hoje algo chamou minha atenção. Havia uma bota estilo combate surrada bem na frente da vitrine. Era linda e minha cara, mas a loja não vendia sapatos. Eu frequentava bastante essa loja, já que tinham apenas coisas que me agradavam. Entrei na loja e vi que Connor, o dono, estava negociando um livro estranho com uma senhora também estranha.


– Olá, Mellery – a esposa do dono, Madge, cumprimentou-me de trás do balcão.


– Olá, Madge.


– O que temos pra hoje? - perguntou sorrindo.


– Aquelas botas na vitrine estão a venda? - perguntei apontando pra trás.


– Estão sim – disse e eu franzi o cenho.


– Virou sapataria? - arqueei a sobrancelha e ela riu.


– Não, não. Ela apenas é importante e bizarra ao nosso nível.


– Qual a história? - perguntei curiosa.


– Ela pertencia a uma mulher em uma aldeia do norte das Filipinas, há mais de cem anos atrás. E essa mulher não era apenas uma mulher, era o símbolo dessa aldeia. Era como uma Deusa pros habitantes da aldeia. E quando eles precisavam de alguma coisa que preservasse a sobrevivência das pessoas, como alimento da terra, chuvas, carne de caça, entre outros, essa mulher apenas vestia sua roupa de caça e fazia um ritual. E essa bota fazia parte da roupa do ritual – ela disse se mostrando fascinada pela história.


– Ela era tipo uma feiticeira? - perguntei interessada.


– Sim, por isso foi queimada viva por uma aldeia do oeste, que era contra práticas de bruxaria – concluiu a história.


– Uau. Quanto é? - perguntei empolgada.


– Bom, por causa de tudo isso, está em média de 400 à 500 dólares – disse movendo a boca pra baixo.


– Isso também é uau – disse coçando a nuca. - Não tem como fazer por 250 dólares? - perguntei esperançosa.


– Se eu fizesse por esse preço, eu não teria lucro – ela disse juntando as mãos.


– Preço de revenda, entendi – disse franzindo o cenho. - Todos minhas economias dão em 250 dólares.


– Olha, tem uma pessoa que já está de olho nessa bota. Está vindo da Espanha pra cá só pra comprar. Você tem até semana que vem pra conseguir o dinheiro. Eu vendo pra quem chegar primeiro – ela disse e eu ergui as sobrancelhas surpresa. Vir da Espanha pra Witchita por causa da bota é uma coisa um tanto louca.


– Eu vou conseguir o dinheiro – disse firme.


– Eu sei que vai – ela apoiou-me, mesmo sabendo que sem ou com apoio eu conseguiria. Eu sou um tanto persistente quando quero.


– Ok, eu vou indo. Apenas espero que não chegue ninguém interessado na bota até semana que vem – disse saindo da loja. - Tchau Madge.


– Tchau Mellery.

Fiz o resto do percurso pra casa pensando em como poderia arranjar 250 dólares em sete dias. Teria que ser algo fácil e sem muito contato com as pessoas. Pedir dinheiro para meu pai está fora de cogitação e eu não tenho nenhum amigo para emprestar. Trabalhar é algo complicado, já que a única coisa que eu faço de bom é desenhar. Oh droga, eu preciso daquela bota! Como vou arranjar esse dinheiro?

Só espero que a resposta de minha pergunta apareça logo.


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Notas finais do capítulo

Se alguém leu, sei lá, diga o que achou. Opiniões são boas as vezes.
xx'