A casa tinha um aspecto podre e mal cheiroso, e Harry sentiu repugnância por pensar que estavam mantendo sua esposa naquele chiqueiro. Ele ajeitou o colete à prova de bala, ajustou a arma no coldre e conferiu se estava com a munição. Suspirou. Logo isso estaria acabado.

Os aurores da Ordem e alguns polícias da guarda civil de Londres, estavam posicionados ao redor da casa. Eles esperavam as ordens de Kingsley, até que ouviram um grito alto e agudo, carregado de dor.

_ Gina. – sibilou Harry, e Kingsley puxou a escuta.

_ Avançar.

Todos os agentes e policiais saíram de seus esconderijos, avançando rumo a casa. Logo no jardim, foram surpreendidos por diversas figuras encapuzadas e armadas, que deram inicio a um confronto pesado. Kingsley puxou Harry pelo braço, o levando para o interior da casa.

No interior da residência, os confrontos continuaram, tão intensos quanto no exterior. Harry e Kingsley iam avançando conforme as instruções de Draco de onde Gina estaria.

No caminho, um novo confronto foi armado, segurando Kingsley. Apesar das instruções para esperar, Harry seguiu adiante. Ele ia se escondendo nos cantos, a arma em punho, a respiração acelerada. Os gritos de Gina eram intensos e espaçados e Harry sabia que seu filho devia estar quase nascendo.

Ele topou com Lucio Malfoy em um corredor, porém não houve tempo para discussões. Com dois disparos, o loiro jazia morto no chão e Harry pulava seu cadáver. Agradeceu pelas aulas de tiros em pratos a distância, que tomara na faculdade.

Seguia os gritos da esposa, torcendo para dar tempo de alcançá-la. Matou mais três homens, antes que encontrasse sua principal desafeta da noite.

Rony havia descrito Bellatrix Lestrange com muitos detalhes, mas nem assim Harry pode evitar ficar espantando. Os dentes podres, os olhos insanos, o rosto pálido e os cabelos negros, sujos e armados. Engatilhou a arma e a mulher riu.

_ Eu não faria isso se fosse você, rapazinho. – a voz dela era estridente, quase cortante para os ouvidos. Harry trincou os dentes, cerrando os olhos na direção dela – Sua esposinha está aqui dentro, não acho que queria que algo aconteça a ela.

_ Harry... – a voz de Gina saiu sufocada de dentro da sala e ele arfou, tentando se controlar. Bellatrix gargalhou, enquanto se aproximava dele.

_ Ela está por um fio sabia? Ela e seu filhotinho. Ele, na verdade, está prestes a nascer. Imagino que você tenha um médico aqui com você. Se bem que eu gostaria de saber, como o médico vai cuidar de vocês dois.

Harry não teve tempo de pensar, antes de sentir a movimentação atrás de si. Virou-se, dando com um homem negro de quase dois metros, que apontava sua arma para ele. Socou a barriga do homem, porém Bellatrix também estava sobre ele. Sentiu-se desesperado e desesperançado por um instante, antes de ouvir um disparo e ver o homem a sua frente tombar. Rony estava a sua frente, com a arma em punho, uma expressão feroz no rosto.

_ Olá Bella, sentiu saudades? – o tom de voz dele era furioso, e a mulher recuou alguns passos – Acho que tenho contas a acertar com você. Por mim, minha esposa e minha irmã. Isso sem mencionar meu sobrinho e meu filho.

Ele ergueu a arma e deu dois disparos. Um acertou na barriga da mulher, o outro, direto no coração. Ela segurou o peito por alguns instantes, os olhos vidrados, antes de tombar para frente e cair morta.

_ Harry. – a voz de Gina era mais alta, mas não menos estrangulada. Harry e Rony correram os degraus restantes, entrando pela porta e parando arfantes – Harry, está na hora, o James vai nascer.

Nada no mundo teria preparado Harry para ver Gina daquele jeito. Sua pele estava ferida, muito ferida. Seu corpo estava magro, apesar da grande barriga, e seus olhos estavam fundos. Seu corpo todo tremia enquanto corria até ela e selava seus lábios, num beijo desesperado.

_ Harry, ele precisa sair, ou vai morrer. – ela disse, num sussurro urgente e choroso. Ele concordou, fazendo sinal para que Rony segurasse a cabeça de Gina. O ruivo se aproximou, apoiando o corpo da irmã e beijando a testa dela – Cadê a Mione?

_ No hospital, sendo cuidada. – respondeu Rony, acariciando o rosto da irmã, enquanto Harry examinava a intimidade dela – Logo vocês estarão juntas, está bem?

_ Eu ouvi você falar em filho... Ela está grávida, não é? Por isso que estava enjoada? – apesar de tudo a ruiva sorria, e Rony sorriu ao concordar – Que bom. Assim James terá alguém com experiência em ser mãe para cuidar dele.

_ Fique quieta Gina. – mandou Rony, nervoso – Se concentre em trazer o Jay para junto de nós e ficar bem, está bem? Pensamento positivo. Eu to aqui para te proteger dos monstros, como eu prometi.

_ Eu acho que você precisa empurrar durante as contrações. – pediu Harry e a ruiva concordou, começando a empurrar logo em seguida – Isso, muito bem meu amor. Está indo bem.

Harry e Rony não sabiam ao certo o que faziam, porém Gina parecia saber. Ela dizia a Harry o que fazer e como Rony podia ajudá-la. Foi preciso alguns minutos, porém foi com alívio que o choro de James Sirius Potter preencheu a sala.

_ Ele é tão lindo. – sussurrou Harry, encarando o filho. Gina sorriu para ele, e ele colocou o bebê nos braços da mãe – Ele tem o cabelo cobre, uma mistura do nosso.

_ Ele é perfeito Harry, perfeito. – garantiu Gina, beijando o filho – Eu consegui, eu fui forte o bastante para trazer ele ao mundo.

Os dois viram a ruiva começar a vacilar com a inconsciência e Harry fez sinal para que Rony usasse o comunicador para pedir uma ambulância. Quando o ruivo foi fazê-lo, ouviram um barulho estranho no corredor. Harry tirou o colete a prova de balas e jogou sobre o corpo dos dois.

_ Fica aqui com ela. – mandou Harry – Proteja ela e James, está bem?

O ruivo concordou, vendo o cunhado engatilhar a arma e sair pela porta. Harry viu que o corredor estava vazio e escuro, exceto uma porta no final do mesmo, que estava entreaberta e iluminada. Inspirou lentamente, antes de começar a caminhar na direção dela com passos lentos e cuidadosos.

Empurrou a porta com cuidado, observando o interior do quarto. Havia uma única pessoa, parada próxima à janela. Ele ouviu a risada fria quando entrou e logo, Tom Riddle voltava-se para ele.

_ Boa noite Harry Potter. Então o garoto que sobreviveu, veio para morrer?