Everything Has Changed escrita por Bruna Pattinson


Capítulo 12
Tongue-tied


Notas iniciais do capítulo

Olá! Novo capítulo aqui! Desculpem a demora, como sempre, mas final de ano, e festas... Não tive tempo de escrever, por que além disso, a gênia aqui ficou de recuperação em matemática. Mas enfim...
Espero que gostem. Comentem!



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Ele me guiou um por um lance de escadas, em direção à parte de baixo da casa. As paredes já não eram de uma cor bege ou branca, e sim de concreto puro num tom de cinza claro. Edward abriu a porta de madeira à frente, e ligou a luz rapidamente, sem nenhuma dificuldade para achar o interruptor.

– Ainda estamos reformando aqui em baixo – ele explicou, percebendo que eu percebi a diferença entre aquele lugar e o resto da casa.

Dei um sorriso simples e concordei levemente. Olhei ao meu redor, observando um cômodo repleto de carros. Eu não era boa com marcas, principalmente de automóveis e coisas do tipo, mas consegui reconhecer uma Mercedes vermelha e um Porsche no tom de um amarelo extremamente chamativo.

Reconheci facilmente o Porsche por que meu tio apareceu com um de presente para mim um dia desses. É claro que eu tentei recusar, mas se brincasse, ele tinha dinheiro para alimentar um país. Um carro como aquele não era nada para meu tio. Eu tentava me manter centrada em relação a esse tanto de dinheiro ao meu redor. Não era fácil não ser comprada, principalmente eu, que tinha um fraco por coisas bonitas e brilhantes.

Edward riu baixinho. Decidi não discutir com ele sobre dinheiro, seja fosse de sua família ou da minha.

Ele caminhou em direção ao Porsche e eu o acompanhei. Mesmo sabendo que aquele não era meu carro, eu entrei esperando o mesmo cheiro do couro dos bancos e meu perfume. Mas o cheiro era mais embriagante e mil vezes mais doce. É claro que eu não deveria estar surpresa pela mudança de cheiros. Mas eu fiquei curiosa. Eu reconhecia aquele cheiro de algum lugar.

– Que perfume é esse? – Perguntei.

– Alice – Edward respondeu simplesmente.

Assenti com a cabeça, mas ainda sim me lembrava de ter sentido aquela fragrância em algum outro lugar antes. Pensei por alguns segundos, observando os detalhes do carro que parecia ser exatamente igual ao meu. Finalmente, aproximei-me de seu ombro e dei uma fungada em seu casaco timidamente. Era o mesmo cheiro.

– Vocês usam o mesmo perfume?

– Não – ele riu baixinho, tirando o carro da garagem. – Esse é o nosso cheiro.

– Mesmo? – arregalei os olhos. A essência era extremamente boa.

Ele assentiu.

– Se nos mantermos sempre limpos e alimentados, sim. Não me pergunte o porquê. Nem eu sei – ele me jogou um olhar de canto de olho, sorrindo – Vampiros que se alimentam de sangue humano tem um cheiro mais doce. Mas cada um tem um cheiro diferente. Seu olfato é muito fraco para notar a diferença.

Franzi o cenho, um pouquinho ofendida. Edward deu de ombros.

– Humanos também tem cheiros diferentes? – perguntei, e ele sabia que eu não me referia ao jeito humano de se identificar cheiros.

– Depende de quanto tempo estamos sem nos alimentar. Por exemplo, se eu acabei de caçar agora, seu cheiro – bom, não seu cheiro – mas o cheiro da maioria dos humanos é quase imperceptível. Daqui a uma semana já não será assim. Em um mês começa a ficar insuportável ficar perto de humanos. O desejo aumenta gradativamente, e o cheiro fica mais forte com o passar do tempo.

– O que tem o meu cheiro? – me ofendeu novamente o fato de eu não ser igual a todo mundo. O que havia comigo?

– Bom, isso é só comigo – ele suspirou, talvez arrependido de ter falado demais novamente. Mas dessa vez ele parecia que ia responder minha pergunta, então eu o incentivei:

– Como assim?

– Há alguns humanos que tem um cheiro extremamente mais forte do que o normal para alguns de nós. Alguns nunca acham essa pessoa, outros vivem para procurá-la. É muito raro simplesmente achá-la, para falar a verdade. Alguns encontram esses humanos mais de uma vez. É muito subjetivo.

– Então... E-eu sou esse tipo de pessoa para você? – murmurei, desviando o olhar de seu rosto.

– Sim – ele disse, finalmente. Eu já achava que ela difícil para ele suprimir sua sede em relação a mim, mas agora recebo essa ótima novidade.

– É muito difícil? Ficar perto de mim? – perguntei alguns segundos depois, após analisar todos os lados dessa situação. Ele devia estar segurando a respiração ou coisa assim.

Era. No começo foi horrível. Eu só conseguia pensar em como era fácil matá-la, Bella. Muito fácil – senti seu olhar em mim, mas não olhei para ele. – Está com medo?

– Não, você sabe que não – suspirei. Ele concordou, e continou:

– Quase o fiz.

– O que o parou? – segurei minha mão com a outra, para impedir que ele visse os pequenos arrepios que se passavam sobre elas.

– Alice. Ela sabia que eu não queria isso. Mas eu não conseguia pensar. O seu cheiro não me deixava pensar. Então, Esme achou um feitiço. Esse feitiço me impede de sentir o cheiro de qualquer criatura viva. Qualquer uma. Não sinto mais nem o cheiro de flores – ele sorriu.

Quase suspirei. Esme parecia sempre ter a solução. Soltei minhas mãos uma da outra.

– Isso não lhe incomoda? Eu pensava que os vampiros sentiam a presença de outros pelo cheiro – questionei, agora olhando para seu rosto pálido.

– Bom, nós não estamos exatamente vivos – ele explicou, enquanto o carro finalmente entrava numa rodovia. – Nem os inferi. Ainda sinto o cheiro deles também.

– Foi assim que você sabia que eles estavam chegando, no restaurante – não foi exatamente uma pergunta, mas ele mesmo assim respondeu:

– Sim.

– E os animais?

– Não sinto o cheiro deles. Lido com a minha sede me baseando na de Alice, e na cor dos olhos. Sempre que ela vai caçar, eu vou junto – ele explicou.

– Você não me explicou sobre a cor dos olhos. Você sabe que eu percebi no colégio, não é? – eu disse, lembrando-me de seu olhar violento e negro no primeiro dia, e de seus olhos mudando para o dourado no dia a festa do time de futebol.

– Sim – ele riu. – Você foi esperta em perceber.

– Nem tanto – eu dei de ombros.

– A maioria dos humanos deixa passar logo de primeira. Você se questionou muito. Fiquei um pouco preocupado e apavorado de saber que você estava percebendo esses detalhes, mas eu não conseguia levar você a sério.

– Por que não? – franzi as sobrancelhas. Por que ninguém nunca me levava a sério?

– Por que toda vez que eu via que você estava se questionando, e eu planejava ficar mais cuidadoso, você falava alguma coisa engraçada. Você não tem noção de quanto eu me segurei para não rir com você, Bella – ele disse, sorrindo para mim.

– Eu não sou assim tão engraçada. Talvez você ria demais com besteiras.

– Talvez sim – ele deu de ombros.

Um silêncio se seguiu. Comecei a ver prédios mais a frente, mostrando que nós estávamos perto da cidade. Tirei meu casaco de linho, pois o ambiente estava começando a ficar quente demais por conta do aquecedor que Edward tinha ligado sem eu perceber. O inverno estava chegando, com certeza a neve começaria a cair na cidade daqui a algumas semanas. Ao dobrar o casaco em meu peito sentir algo cair do bolso esquerdo. Droga.

Me abaixei o mais rápido que pude e peguei o frasquinho da poção que Esme me dera, o envolvendo completamente com a minha mão direita. Fiquei com a cabeça entre as pernas por um momento, encarando nervosa o chão do carro em movimento. Levantei num rompante e escondi minha mão debaixo do casaco.

Olhei para frente enquanto tentava achar o bolso com a outra mão, demorando alguns minutos. Desisti do casaco e coloquei o frasco no bolso traseiro da minha calça o mais delicadamente e rapidamente que pude. Finalmente olhei para Edward e ele estava com as sobrancelhas erguidas, me encarando.

– O que foi isso? – ele riu alto.

– Meu brinco caiu.

– Mas você não está usando brincos – ele arregalou os olhos, me olhando estranho por um momento. Dei uma risada nervosa.

– Ele estava no bolso do meu casaco – retruquei, meu tom de voz um pouco mais grosseiro do que planejava.

– Tudo bem – ele ergueu as mãos.

– Não tire as mãos do volante! – exclamei, exasperada. Meu coração perdeu uma batida, certamente. Ele deu uma gargalhada.

– Não se preocupe, Bella. Posso dirigir de olhos fechados até lá, quer ver?

– Não! – minha voz saiu um pouco mais alta do que eu esperava. Ele balançou a cabeça, sorrindo.

– Nada vai acontecer. Agora me diga o que tem dentro do frasquinho que você deixou cair – ele ergueu uma sobrancelha para mim, presunçoso. Rapidamente tentei pensar numa música. Mas eu estava nervosa demais pelo fato de que ele conseguiu ver a poção.

Um poção... Uma poção azul... Poções azuis... – Ele falou, pensando. Suspirei. Já era. Ele iria descobrir. Eu sou uma burra.

Ele quase arfou, mas depois voltou a sua expressão normal e me encarou.

– Tudo bem, Bella. Eu não me incomodo. É melhor assim para você, de qualquer jeito – ele deu um sorriso amigável, e voltou o olhar para estrada. – De qualquer maneira, você não pode ficar trancada em seu quarto para sempre.

– Quem disse que não? Tem uma mini geladeira lá dentro – menti. Mas seria legal ter uma.

– Uma hora a comida acabaria.

– Eu pediria para alguém de fora trazer para mim. O Kurt. Ou a Alison. Ou meu tio.

– Você ficaria entediada – ele retrucou.

– Tenho internet.

– Eu poderia quebrar a porta sem nem tocá-la – ele disse e sorriu.

– Tudo bem – eu ri. – Como você faria isso?

– Jogando algo nela.

Eu ri novamente, olhando para frente e reconhecendo a minha rua. Minha casa estava a alguns metros de distância, e Edward parou na frente dela, desligando o carro.

– Eu não planejo ficar trancada no quarto para sempre. Só quero ter meus momentos de privacidade. Só quero ter meus pensamentos para mim por pelo menos algumas horas – expliquei. – Mas não diga para Esme que você descobriu sobre a poção desse jeito. Ela queria te pegar de surpresa, mas eu estraguei tudo.

– Você também queria me pegar de surpresa? – perguntou.

– Sim. Mas pelo que percebi isso não é fácil.

– Nunca é – ele deu um sorriso de orelha a orelha, erguendo o queixo.

– O que não é justo, pois você me pegou de surpresa umas trinta vezes só hoje – franzi o cenho.

– Por que você não sabia muito sobre o sobrenatural. Acho que a partir de agora não terão muitas surpresas – ele disse.

– Espero que sim. Não gosto de surpresas.

– Nem as boas?

– Não. Acho que se você tem algo para falar, seja uma noticia boa ou ruim, um presente, ou qualquer coisa, é bom que fale logo. O suspense me mata – eu falei, corando um pouquinho.

– Já que é assim – ele se moveu no banco, virando seu corpo totalmente para mim. – Eu planejava lhe surpreender amanhã, mas devido às circunstâncias, acho melhor te falar logo.

– Sim. Fale – bati duas palminhas, animada. Ele deu uma risadinha.

– Eu e Alice entraremos para seu colégio – ele disse, seu olhar agora me avaliando. Meu coração começou a bater um pouco mais rápido mas eu tentei controlar minha expressão e meus pensamentos.

– E os outros? – perguntei, tentando levar a atenção para outro assunto.

– Eles estão cansados do colégio. Emmett e Rosalie principalmente.

– E você não? – se eu tivesse o dinheiro e a eternidade como ele, eu nunca colocaria os pés no colégio novamente. Edward deu de ombros.

– Eu gosto do colegial. É como assistir novela, só que na vida real. Muitos conflitos.

– Isso por que você pode ler os pensamentos das pessoas. Aí é claro que a coisa fica interessante – falei.

– Mas não é por isso que eu estou indo. Um garoto da sua sala morreu hoje. Logo depois que nós saímos – ele suspirou.

– O quê? Quem? – perguntei, preocupada com Kurt e Alison.

– Austin – ele olhou para baixo. Austin. Me lembrei de quando ele me ajudou com o dever de geografia. Me lembrei de sua namorada, Caitlin. Como ela reagiria? Alison era vizinha dele.

Por quê?

– Aparentemente foi um recado. Para você – Ah, não. Não.

– Que recado?

– Segundo a visão de Alice... – ele pareceu repensar o que ia dizer, e balançou a cabeça, tristonho. – Bella, eu realmente não quero te contar isso. Não sei como vai te afetar. É muito ruim – ele disse, segurando minha mão esquerda entre as suas.

– Me diga – Coloquei minha outra mão em cima das suas. – Eu prefiro saber, seja o que for.

– É ruim – ele repetiu.

– Eu aguento – falei, mas senti minhas mãos começarem a tremer com a antecipação, e lágrimas começavam a encher as bordas de meus olhos. Edward suspirou.

Pare de falar com os Cullen, ou a sua será a próxima – ele disse, cuspindo as palavras com nojo.

– Sua o quê? – perguntei. Edward olhou para o lado, e soltou uma das mãos das minhas para passar em meu cabelo delicadamente. Eu queria me inclinar em direção a sua mão, mas não o fiz. Ele segurou meu rosto, então, passando a mão em minha bochecha. Meu coração batia mais rápido do que antes, e eu segurei minha respiração.

– Não vou deixar nada acontecer com você – ele sussurrou, e senti seu hálito doce bater em meu rosto e me deixar tonta.

E então ele jogou a bomba:

– Elas cortaram a língua dele.

Soltei o ar.


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Notas finais do capítulo

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