3 Meses Com Annie escrita por Tamires Nogueira


Capítulo 6
Capítulo 6: Encrenca




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Era por volta das 22h quando eu comecei a ouvir barulho na porta de vidro da varanda. E aquele cachorro maldito da Sra. Fontana tava latindo mais alto que tudo. Daquele jeito ele ia acabar acordando a cidade inteira.

Vitor entrou no meu quarto, e ficamos conversando por um tempo bem longo sentados na cama, e de vez em quando eu deitava com dor nas costas. E sempre que eu fazia isso ele dizia que era engraçado como meu cabelo caía bagunçado no travesseiro. Conversamos mais, e eu fui me aproximando dele, até que estávamos a menos de um palmo. Ele falava e nos intervalos eu o beijava. Sobre o que ele estava falando mesmo? Antes que eu pudesse perceber algo, o movimento dele foi rápido, me puxando pelas pernas, ele me deitou e ficou por cima de mim. E como se diz nesses livros de romance barato... Meu corpo era como um fio desencapado por onde sua mão quente passava. Uma de suas mãos sustentava seu corpo e a outra descia do meu rosto para minha cintura, contornando meu quadril e depois puxando minha coxa pra cima. Quando sua mão voltou para minha cintura e me pressionou para mais perto dele, seus lábios passaram para meu pescoço e meus ombros. Eu estava perdendo o controle do meu corpo. Era uma mistura de arrepios, espasmos, surpresa... Quando minha mão ficou livre, eu puxei debaixo do travesseiro um pacote de camisinhas.

— O que é isso? 

— É uma coisa que você pode encher de ar e brincar por aí, e também pode ser usada por duas pessoas...

— Eu sei o que são. — Eu estava ficando nervosa. Não!!! Eu não podia desistir agora!

— Eu não sabia que tamanho pegar então, eu peguei a maior...

— Annie, não, eu não vou usar isso.

— Mas é claro que vai! Eu não..

— Não. Isso não vai acontecer, eu não vou transar com você.

— Por que não? Qual o problema?

— Não tem problema. Ai é que está, eu realmente gosto de você, e não quero ser mais um item na sua lista de coisas a fazer. Sabe, você não pode controlar todas as coisas na sua vida. Algumas coisas devem vir naturalmente. Elas tem que acontecer sozinhas, e você tem que aceitar.

— Então, você não acha que eu sou nojenta?

— Não!!!! Claro que não!! Você é encrenca. Com certeza, porque você é gata, é sexy e inteligente. Mas isso não vai acontecer hoje. Se você ainda quiser eu fico aqui com você, conversamos, e eu até deixo você me beijar um pouquinho... — ele fez um biquinho, como se estivesse bravo, mas um sorriso escapou em seus olhos. E que olhos...

Eu sorri, sem graça e o beijei.

Meu quarto foi inundado por luzes vermelhas e azuis de repente. Eu não me interessei de início, mas fiquei assustada quando ouvi o rádio da policia falando do lado de fora da minha casa. Vitor logo se levantou e correu pra olhar pelas cortinas.

— Vieram atrás de mim. Estão aqui na sua casa. Eu tenho que sair daqui!

Ele correu pro corredor mas voltou quando ouviu barulho no quarto dos meus avós.

— Vitor calma, eu vou lá embaixo ver o que querem, fica aqui e eu...

— Não, não vou causar problemas pra você, vou sair pela janela.

Vitor desceu pelo canto da minha varanda, onde tinha uma árvore. Os policiais devem ter pensado que ele estava invadindo minha casa enquanto descia, e pegaram ele. Meus avós saíram enquanto Vitor era levado pela policia e eu gritava da varanda. Eu gritava, pra eles me ouvirem, que ele não tinha feito nada, e que eu tinha convidado ele, mas eles não me escutavam. Vitor era um ex detento, e isso era o suficiente pra minha avó não acreditar em mim, nem nele. Quando eu desci, meu avó não me deixou sair, e tentou me acalmar, e disse que resolveria tudo.

Eu esperei. E uns de minutos depois, eu ouvi a voz de Vitor entrando na sala. Eu não saí da escada, mas eu fiquei ouvindo enquanto iam para a cozinha. 

— Essa menina está fora de controle!!! Desta vez ela vai aprender que não pode ter tudo o que quer!!! — Minha avó gritava. 

Meu avô mandou ela se acalmar, e eu a vi passando para ir pra sala de jantar, e depois ouvi o arrastar de cadeiras.

Ouvi Vitor se desculpando por tudo, e sua voz estava embargada. Meu avô ofereceu a Vitor um copo d'água, e depois ele Vitor recomeçou.

— Me desculpe mesmo, Senhor. Espero não ter causado nenhum problemas pra Annie.

— Obrigado, mas acho que entendeu errado. Foi ela que causou problemas pra você.

— Eu gosto muito dela, eu gosto mesmo da Annie... E ela vale a pena, mas... Eu estou muito preocupado com ela. Ela já falou daquele diário que ela carrega o tempo todo?

Ouvi meu avô fechar a saida de ar, que dava pro meu quarto. E depois puxar uma cadeira.

— Ela nunca te falou nada sobre o pai dela?

— Não Senhor... Ela não fala muito sobre assuntos pessoas.

— Há algumas coisas que não falamos muito nessa família, mas acho que ganhou o direito de saber. O pai de Annie se matou, quando ela tinha 1 ano. Ele deu um tiro direto na boca. Ela estava lá e de trás do sofá viu tudo. Eu não sei o quanto ela ainda lembra, ou o quanto ela guarda disso, mas agora está aqui crescida e escrevendo aquela lista. Talvez essa fase que ela esteja passando seja só uma ideia do que ela tem que superar. E eu acho que é nosso trabalho ajudá-la com isso.

— Nossa... Eu queria muito ajudá-la, mas ela não me dá espaço.

— É, não é só com você. Bom, mas agora vá pra casa, está tarde e precisa dormir. — Eu ouvir mais arrastar de cadeiras e a porta da sala se abriu. — Ah, Vitor!?

Eu não tinha percebido o momento que eu tinha começado a chorar. Primeira vez em 7 anos que eu chorei. Se eu não tivesse vindo pra cá ou me jogado daquele píer quando eu cheguei, nada disso estaria acontecendo, e Vitor não estraria em encrenca por minha causa.

— Sim? — perguntou Vitor.

— Sente enjoo no mar?


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