Akai:yume escrita por killdream


Capítulo 2
Capítulo 2 - Goodnight


Notas iniciais do capítulo

Misono Hill: Colina Misono.
All God's/Minakami village: vilarejo de Todos os Deuses (estava pensando em deixar Minakami mesmo, mas como eu traduzi todas as outras coisas, e a versão inglês usa All God's village...)
Guardian Deities statues: estátuas das Deusas Guardiãs (eu pensei em usar divindades guardiãs, mas acho que deusas fica melhor, sei lá.)

Continuo procurando uma tradução melhor para The Lost Village -.- Acho "Vilarejo Perdido" tão tosco comofas/



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            — O Vilarejo Perdido — Mio murmurou enquanto olhava ao seu redor. Estava rodeada por cinco pilares e, quanto se sentou sobre o pedestal de pedra, aguçando sua visão, pôde ver as tochas, os portões torii e os telhados de casas tradicionais japonesas.

            Quando sua mente se deu conta de que estava na Colina Misono da vila de Todos os Deuses, a garota estremeceu. Só de lembrar aquelas cenas, da primeira vez em que esteve naquele lugar, era suficiente para deixá-la com o coração na mão. Mas apesar de assustada, a garota sentia um certo refrigério; estar naquele vilarejo novamente significava uma outra chance para salvar Mayu — e desta vez ela não deixaria sua irmã para trás.

            Se pudesse ser forte e enfrentar qualquer coisa que cruzasse seu caminho, as duas irmãs poderiam ficar juntas mais uma vez — e quem sabe agora fosse para sempre. Claro que seria difícil, até porquê, ela não tinha nem a lanterna nem a camera obscura, o que significava que estaria à mercê dos espíritos vingativos do lugar. Explorar lugares escuros seria quase impossível também, já que tudo o que tinha “a seu favor” era a pálida luz azul da lua e suas pernas; a garota agradecia por não estar no lugar de Mayu naquele dia. Se fosse Mio a cair e machucar a perna ela estaria realmente com problemas agora — bem, não que ela já não estivesse.

            Não demorou muito para que ela começasse a se repreender por aqueles pensamentos bobos.

            — Mayu? — A garota chamava pelo nome da irmã enquanto descia pela trilha estreita na colina. A cada passo que dava sentia a atmosfera do lugar condensar. Uma brisa fria soprou quando ela passou por uma das estátuas das deusas guardiãs. Virou-se naquela direção, com suas mãos trêmulas. Sabia que não era apenas o frio; havia algo de errado com o ar do lugar, e parecia corromper até o âmago da alma. No entanto, a garota não se lembrava de sentir-se assim na primeira vez que esteve ali. Claro, o ambiente daquela vez também era enlouquecedor, mas chegava ÀQUELE ponto?

            Apertou os punhos e continuou caminhando, observando atentamente tudo o que estava ao seu redor; precisava estar preparada para correr a qualquer segundo. E, quando aquela atenção focada percebeu um brilho lápis-lazúli vindo do armazém, seu coração parou. A parede de onde a luz emanava estava a mais de quinze metros de distância, mas o cérebro da garota insistia que ela ainda estava em uma área de risco. Suas pernas levaram-na para trás, instintivamente, enquanto o tempo voltava a fluir para ela novamente, fazendo com que seu coração batesse violentamente.

            O brilho azul profundo começou a tomar forma. Primeiro, o cabelo negro e curto, alcançando até o pescoço, então o rosto familiar, que fez a garota adiantar-se e gritar: — Itsuki!? — Mio arquejou e se acalmou um pouco. Ao menos ele não era um daqueles espíritos tentando levá-la para “o outro lado”. Seu corpo, no entanto, não concordava, dando mais um passo para trás. Seria o cabelo do garoto que tentou ajudá-la a salvar Mayu — mesmo tendo a confundido com outra pessoa — negro? Tinha certeza de que estava branco na última vez que conversara com ele.

            — Itsuki...? — Tentou novamente, com a voz trêmula, enquanto o garoto encurtava, lentamente, a distância entre os dois. Ele parecia saborear o momento, bem como a cena à sua frente. Com um sorriso ambíguo em seu rosto, que não revelava nem um pouco suas intenções, o garoto decidiu não apressar as coisas. Tanto que Mio teve até tempo de rever alguns dos eventos relacionados à família Tachibana. Se bem lhe servia a memória, eles tinham três filhos: a pequena garota com visão debilitada, Chitose, e os irmãos gêmeos Itsuki e Mutsuki.

            — Yae... — o garoto disse em um tom depressivo e, como se a voz dele fosse algum tipo de feitiço, um sentimento de letargia assaltou Mio. Seus olhos ficaram pesados e seu coração passou a bater lentamente. Talvez sua mente começara a trabalhar em um ritmo menor também, já que tudo parecia em câmera lenta para a garota.

            Ela deu três passos para trás, tentando se distanciar do garoto, apenas para encontrar a parede da casa dos Osaka em seu caminho. Engoliu seco e, antes que percebesse, o garoto já estava a um passo dela.

            Ele trouxe seu rosto mais perto da garota.

            E o coração dela parou.

            Os lábios dele tocaram as bochechas de Mio.

            E os olhos dela se fecharam.

            A última coisa que Mio ouviu foi uma voz distorcida dizendo “Boa noite”. Algo em sua mente lhe dizia que aquela era a voz de Mayu, mas ela não estava muito convencida.

            E então, sua consciência apagou...


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Notas finais do capítulo

——oOo——
Torii são aqueles portões tradicionais japoneses que separam o mundo profano (o nosso) do sagrado. Você pode ver em templos xintoístas por aí :D