– O que aconteceu na sala de Economia Doméstica? - Katie perguntou assim que viu Jhennifer andando em sua direção entre os alunos pelo corredor.

– Hã? - Jhennifer perguntou, ainda sentindo-se anestesiada pelos beijos que dera em Dylan nos últimos cinquenta minutos.

Katie olhou-a de cima a baixo. Parecia fora de órbita.

– O acidente com uma das meninas da classe de Economia Doméstica! Quem foi a menina? E porque o diretor mandou justo o Dylan te chamar? - Katie perguntou novamente, sendo respondida pela indiferença de sua amiga que fitava o nada, com o pensamento longe. "Tem algo de errado com ela."– Jhenni!

Jhennifer piscou rapidamente três vezes, voltando à realidade. Olhou para Katie ao seu lado, balançando a cabeça e tentando concentrar-se no presente.

– Não foi nada demais... Parece que ela se queimou um pouco com água fervente, eu acho. - Surpreendeu-se pela mentira rapidamente inventada. - Mas já está tudo bem.

– E quem é ela? - Katie perguntou mais uma vez.

– Ela quem? - Jhennifer arqueou uma sobrancelha.

– A acidentada, Jhennifer! - Katie irritou-se. - O que você tem? Porque está assim?

Jhennifer sentiu seus músculos rígidos por um instante de pânico.

– Nada, eu estou normal.

– Normal? - Katie franziu o cenho. - Você parece que estava na aula de Educação Física, não de Pintura.

– Como assim? - Jhennifer entrelaçou os próprios dedos. - Educação Física?

– Sua roupa está toda amassada, seu cabelo assanhado... Cadê o seu batom? - Katie apontou para a boca da amiga. - Onde é que você estava, Jhenni?

Jhennifer passou a mão direita pelos longos cabelos nitidamente tingidos de loiro, colocando alguns fios no lugar.

– Nada, Katie! Eu já disse! - Suspirou, afastando aquele nervosismo e todo o peso na consciência por esconder algo da amiga.

Katie calou-se, voltando a abraçar seus livros e pastas frente o peito. Caminharam paralelamente ainda em silencio, ouvindo o murmurar dos alunos ao redor. Ao dobrarem o corredor rumo à sala de história no segundo andar, perceberam que o barulho cessou completamente, ao passo que todos os alunos olhavam para uma mesma direção.

Intrigada, Katie virou-se, presenciando a tão impactante cena.

– Eu não acredito que isso está acontecendo... - Sussurrou, enquanto tocava o braço de Jhennifer até que ela virasse. - Jhenni, olha só.

No início do corredor, Daniel Harris caminhava lenta e tranquilamente, com sua clássica jaqueta azul do time Nottingham North Stars em letras amarelas. Uma cena comum e constantemente vista todos os dias, a não ser por um pequeno detalhe: a mão esquerda que anteriormente permanecia em um dos bolsos dos seus jeans agora segurava um pequeno vulto de cabelos negros que se escondia entre os livros que carregava.

Mary sentia-se incomodada. Aquilo não estava certo, era uma mentira. Estava disposta a ajudar Daniel a recomeçara e corrigir seus erros, mas como ele poderia fazer isso criando cada vez mais farsas? Já estava tendo aulas sigilosamente, agora tinha de fingir um relacionamento?

O silencio do susto das pessoas ao se depararem com aquela cena logo ia embora, dando lugar a pequenos cochichos.

"Quem é ela?"

"O que aconteceu com a Jhennifer Willis?"

"O Daniel terminou com a Jhennifer pra ficar com essa daí?"

"Que garota estranha!"

"Nunca vi essa garota, ela é caloura?"

– Mary, para de se esconder! - Daniel sussurrou, apertando sua mão e puxando-a para frente, ambos ficando lado a lado.

Mary revirou os olhos.

– Isso é mesmo necessário? - Ela perguntou, olhando para as mãos unidas.

Daniel entrelaçou os dedos com os de Mary, apertando-os com uma maior força e notando a diferença visivel entre seus tons de pele.

– É claro. - Ele sorriu, olhando-a diretamente em seus olhos, fazendo-a estremecer por dentro. - E você precisa tomar um sol.

Mary arqueou uma sobrancelha.

– Eu já estou me submetendo a tudo isso pra te ajudar, não pense que vou fazer mais do que isso por você.

Daniel riu, olhando novamente para o fim do corredor.

– Eu estava brincando.

Mary olhou em volta, finalmente com coragem para encarar as pessoas ao seu redor.

À esquerda, um grupo de líderes de torcida tinha o queixo caído ao olharem para as mãos unidas do "casal". Logo atrás, duas faces chamaram a sua atenção.

Com seus tradicionais jeans super apertados, Jhennifer Willis olhava para o casal. Não parecia surpresa, apenas chateada. Mary sentiu um enorme frio na barriga e um peso enorme na consciência ao pensar que tudo aquilo poderia ter sido sua culpa. Se não houvesse aceitado o pedido para as aulas, nada daquilo aconteceria.

"É tudo culpa minha..."

Ao lado da ex do seu novo "namorado", sua prima, Katie Monroe, parecia mais surpresa do que a própria Jhennifer. Katie parecia esfregar os olhos, ainda incrédula. Mary desviou o olhar. Lembrou-se do primeiro ano, de quando a prima lhe contara pela primeira vez sobre a paixão que tinha por Daniel Harris. Após um tempo, Mary perguntava-se o que acontecera com aquela paixão depois de tantos anos de amizade com Jhennifer Willis. Talvez a tivesse superado, talvez fosse só coisa de adolescente imatura mesmo.

Daniel parou de andar, trazendo-a de volta para a realidade.

– Para de ficar se preocupando com os outros, Mary. - Daniel sussurou novamente.

– Para de ficar me dizendo o que fazer! - Respondeu, já irritada.

Daniel revirou os olhos, puxando-a para a presença de Jhennifer e Katie que estavam encostadas em uma das paredes com os armários azuis e amarelos aleatoriamente.

"O que ele pensa que está fazendo?"

– Jhennifer... Essa é a Mary. - Ele disse, apontando para a garota ao seu lado.

Jhennifer olhou para Mary, a examinando dos pés a cabeça. Mary olhou para o chão, sentiu seu rosto esquentar, não sabia se era por vergonha ou medo. Talvez os dois. Talvez apenas sentia-se mal.

– É um prazer, Mary. - Ela respondeu, estendendo a mão direita. - Me chamo, Jhennifer.

Mary olhou para a mão da garota à sua frente, não entendendo nada daquilo.

Como ela podia agir tão naturalmente? Parecia que nunca houvesse tido um relacionamento entre os dois. Será que aquele namoro era tão maduro assim? O esperado não era que Jhennifer sentisse uma imensa raiva dela? Será que a única imatura e inexperiente em relacionamento ali era a própria Mary?

Correspondeu ao aperto de mão, sentindo a diferença de temperatura entre as duas. Jhennifer tinha uma pele quente e bronzeada que a deixava completamente linda. Mary era pálida, sua pele estava sempre gelada e em um imenso contraste com seus fios negros. Não era à toa que já houvesse tido tantos apelidos entre os familiares, como "Vampira" "Zumbi" ou até mesmo "Defunta".

– Olá, Jhennifer. - Conseguiu responder em um único sussurro, ainda estática pela apresentação inesperada.

Katie sentia que iria explodir a qualquer momento.

"Como isso pode mesmo estar acontecendo? Eles terminaram o namoro ontem! ONTEM! E hoje o Daniel já está com outra?! E com a Mary? Minha prima?"

Daniel não podia estar mais satisfeito. Finalmente, toda aquela confusão estava dando certo. Estavam acreditando e isso era ótimo. "Como eles podem acreditar que eu teria alguma coisa com a Monroe?"

Enquanto apertava a mão direita de Mary Monroe, Jhennifer tentava colocar para fora o sorriso mais sincero que podia, mas era impossível. Tudo bem, é claro que ela estava finalmente livre de todo aquele peso do relacionamento, feliz por tudo que estava vivendo com Dylan, mas era doloroso pensar que Daniel se recuperara tão rápido de tudo aquilo. Como se todo o seu esforço em todos esses três anos tivessem sido nulos. Como se tudo o que passaram não fosse nada.

O sinal tocou, mandando os alunos para suas respectivas salas.

– Você faz história com a gente, não é, Mary? - Jhennifer perguntou, fechando seu armário.

Mary apenas balançou a cabeça afirmativamente.

– Pode ir agora, Daniel. - Jhennifer olhou para o garoto. - Ela vem pra sala com a gente.

Daniel sorriu, satisfeito por ter mantido aquela relação de amizade com a ex-namorada. Apesar de todas as desavenças, não podia negar que Jhennifer era alguem que marcou muito sua vida.

Mary soltou a mão de Daniel, disposta a caminhar até a sala com as duas garotas, mas foi surpreendida assim que o garoto a pressionou pelo punho.

Virou-se rapidamente, quando ele a abraçou. Sentiu seu peito pulsar rapidamente, seguido do arder repentino das maçãs de seu rosto. A sensação dos braços de seu falso namorado a envolvendo era acolhedora, e despertou-lhe uma vontade imensa de fechar os olhos e adormecer ali, em seus braços.

– Você tem de se despedir, amor. - Ele sussurrou, obviamente irônico ao falar a última palavra.

Mary correspondeu ao abraço, revirando os olhos.

– Daniel, você vai ficar sonhando se acha que vou ficar me despedindo de você a cada aula.

Ele riu, soltando-a.

Mary continuou andando, alcançando as garotas à sua frente. Não acreditava que aquilo estava acontecendo, nunca em toda a sua vida imaginou ter algum tipo de conversa com jhennifer Willis. Muito menos com Katie Monroe depois de tudo o que havia acontecido.

– Então, Mary... - Jhennifer começou a falar. - Quando você conheceu o Daniel?

"Droga."– Mary pensou, dando-se conta de que não tinha nenhuma história combinada com Daniel Harris.

Mary olhou em todas as direções, perturbada pela pergunta. O que poderia responder? De qualquer forma, a história das aulas viria à tona, independente de um namoro ou não.

– Temos Química e Literatura juntos. - Respondeu, lembrando dos seus únicos pontos em comum.

– O Daniel falou com você primeiro? - Ela perguntou novamente, curiosa.

– Sim... - Respondeu.

Tecnicamente, era verdade. Sorriu ao lembrar das primeiras palavras de Daniel para com ela.

"– Ai! - Gritou, pela pegada que ela deixara em seu pé. -Você não olha por onde anda?

– Perdão, estava apressada, não queria me atrasar. - Ela respondeu, ofegante. - Eu machuquei você?

– Sim, mas deixa pra lá. - Ele a encarou. - Quem é você?

– Você realmente não me conhece? - Ela arqueou as sobrancelhas, incrédula.

– E eu deveria? Seu rosto não me é estranho, mas eu realmente não sei quem é você."

Aquelas lembranças tinham tão pouco tempo... Porque pareciam anos?

Mary olhou para Katie, do outro lado da JhenniferWillis. Ela mantinha um olhar fixo no chão, parecia irritada. Porque Katie estava assim? Porque parecia mais irritada do que a própria vítima de toda aquela história?

Ao entrar na sala de Matemática, Daniel caminhou até a tradicional bancada de mármore, sentando ao lado de Dylan Patterson.

– Você sumiu, cara, por onde andou? - Daniel perguntou, sendo respondido pela indiferença de Dylan que estava concentrado demais no exercício sobre a bancada. - Dylan!

– Daniel, você é muito idiota! - Dylan exclamou, finalmente olhando-o diretamente.

– O quê?

– Como é que você larga a Jhenni em casa te esperando pra ir ficar com a Mary? - Perguntou, elevando o tom de voz.

– Cara, calma! Em primeiro lugar, o pai dela morreu! Em segundo, como você ficou sabendo disso?

Dylan suspirou.

– Você só pensa em você, Daniel, não teve um mínimo de consideração pra pelo menos ligar para a garota e avisar! E ainda vem com essa cara de pau dizer que está apaixonado por outra?

– Dylan! - Daniel revirou os olhos, balançando a cabeça negativamente. - Pelo amor de Deus! Você acha mesmo que eu iria me apaixonar pela Mary? Justo por ela?!

– Então pra que toda essa farsa? Pra que esse desfile todo de mãos dadas pelo corredor?

Daniel abaixou o tom de voz.

– Dylan, ninguém pode saber das aulas. Eu poderia ter inventado outra desculpa, mas essa foi a primeira que me veio à cabeça! Se eu falasse das aulas de reforço, a Katie ficaria sabendo, e, meu amigo, você conhece a Katie! Ela faria questão de espalhar isso pra todo o mundo! Eu não posso ser expulso! - Daniel sussurrou.

– Tá vendo? - Dylan balançou a cabeça. - Você só pensa em você, cara. Não tá nem aí pra o sentimento dos outros, só pensa em você, no seu futuro, na sua permanência na escola, apenas em você, você, você. Não cansa ser um tanto egoísta?

Daniel calou-se. Dylan estava certo, ele estava colocando suas prioridades acima de tudo. Envolveu até a Mary em todo aquele seu esquema de mentiras, tudo por ele.

Dylan esfregou os olhos. A quem estava querendo enganar? Exigia a fidelidade de seu amigo quando nem ele mesmo respeitava aquele relacionamento. Reclamava do seu namoro fingido com a Monroe enquanto ele mesmo beijava a Jhennifer nos jardins da escola.

– Foi mal, cara. - Dylan suspirou. - Não vou mais me meter em sua vida.

– Como você ficou sabendo de tudo isso, Dylan? - Daniel perguntou, curioso.

Dylan desviou o olhar, voltando para o papel a sua frente.

– Eu tenho uma coisa para te contar. - Respondeu, sentindo sua respiração mais pesada. - Eu acho que você não vai gostar.

– Como assim? - Daniel perguntou.

– Harris, Patterson! Calem a boca! - A voz do professor chamou a atenção. - Estou tentando começar a aula já faz cinco minutos, dá pra parar a conversa?

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Jhennifer, como sempre, esperava até tarde pela chegada de Noah, o motorista da sua família ao lado de fora da escola. Aquele foi um dia muito, muito cansativo. A começar pelo interrogatório de Katie, e por toda a explicação que tivera de dar. Era difícil entender como se sentia sem ao menos poder contar sobre a sua relação com Dylan.

"A Katie vai me odiar depois de tudo isso..."

Conhecer Mary Monroe pessoalmente foi algo, de certa forma, intrigante. Não tiveram nenhum diálogo, ela parecia desconfortável. De fato, era o esperado, não deve ser nada fácil conversar com a ex de seu namorado há um dia de término. Ela não deve estar entendendo as coisas... "Talvez, deve estar achando que sou louca."

De qualquer forma, só queria que ela soubesse que o que passou, passou e agora seu namoro com Daniel era nada mais do que uma história acabada.

Dali, podia ver o jardim da escola. Viu exatamente o local onde sentiu o corpo de Dylan junto ao seu. Como ele conseguia fazer isso? Como conseguia sentir tudo aquilo apenas com ele? Tantos anos junto com Daniel e nada... Justo agora, se apaixonara pelo melhor amigo do ex-namorado?

De repente, sentiu o calor de braços a envolverem por trás, seguido do peso de um rosto sobre seus ombros. Sentiu um perfum familiar. Dylan

Sorriu, acariciando com a mão esquerda os braços fortes do garoto que a envolvia, e com a mão direita, acariciava seus cabelos que brincavam e escapuliam entre seus dedos. Virou-se de frente para ele, o abraçando. Ficou na ponta dos pés, alcançando seus lábios. Mais uma vez, aquele delicioso sabor gelado dos lábios de Dylan a invadia avassaladoramente. "O que ele faz pra ter esse sabor?" O garoto desceu as mãos para seu quadril, enquanto ela acariciava os seus largos ombros.

– Pensei que já estivesse em casa. - Jhennifer disse, cortando o beijo e sorrindo.

– Tinha que fazer isso antes de ir. - Ele respondeu, tocando seus lábios. - Esperei o pessoal ir embora. Sabia que você ficaria aqui até tarde.

Jhennifer sorriu, abaixando o olhar.

– Onde é que você tava esse tempo todo, hein? - Ela perguntou, erguendo os olhos verdes para cada contorno daquele rosto.

– Esperando você sair daquele namoro fajuto. - Ele respondeu, franzindo os lábios. - Porque você continuou com aquilo, Jhenni? - Perguntou. - Porque não terminou se te fazia sofrer?

O sorriso de Jhennifer sumiu de sua face, e ela afastou-se, evitando o assunto. Dylan segurou firmemente sua mão.

– Me fala.

Jhennifer suspirou.

– Não, eu tenho medo... - Respondeu em um sussurro.

– Medo de quê? - Dylan franziu o cenho.

– De te perder, Dylan! Você foi a melhor coisa que me aconteceu nos meus últimos três anos, eu tenho medo de você descobrir quem eu realmente sou e de te perder...

Dylan acariciou seu rosto.

– Você não vai me perder, Jhenni... Eu te conheço mais do que qualquer um, nós somos amigos há mais de cinco anos!

Jhennifer suspirou.

– Nem eu mesma me conheço, Dylan.

Uma buzina chamou a atenção do casal, atentando para Noah que havia acabado de chegar. Jhennifer deu um beijo rápido nos lábios de Dylan.

– Vou sonhar com você essa noite. - Ele disse, antes de se despedir.

O caminho para casa pela primeira vez parecia curto demais para Jhennifer Willis. Sabia que esse era um dos poucos dias em que seu pai estaria em casa e prometera a si mesma que acertaria as coisas, contaria do término com Daniel e daria mais um passo rumo a um relacionamento de verdade com o garoto.

– Pai... - Ela o cumprimentou ao vê-lo sentado no sofá da sala de estar, com um olhar distante. - Como foi de viagem?

Sr. Willis respirou fundo, esfregando os olhos.

– Jhennifer... Eu tenho uma coisa pra lhe contar. - Ele respondeu, indicando o sofá à sua frente.

Jhennifer colocou a mochila sobre a bancada, caminhando até o pai.

– Não, papai... Eu primeiro. - Suspirou. - Eu terminei com o Daniel.

Doug Willis arqueou uma sobrancelha, balançando negativamente a cabeça.

– Eu já deveria saber. - Sussurrou. - Você é igual à sua mãe.

– Como assim, pai? - Jhennifer perguntou, estranhando.

– Não me chame de pai. - Doug respondeu, assustando-a. - Você é igual à ela, não se importa com a sua família, só pensa em você.

Jhennifer calou-se. "Do que ele está falando?"

Doug Willis parecia exausto, como quem não tivera um dia bom, de maneira alguma. Jhennifer perguntou se seria melhor ter deixado aquela conversa para outro dia. Ele desabotoou o terno risca de giz preto, tirando do bolso interno um envelope marrom e jogando-o sobre a mesa de centro.

– Você quer a verdade? - Ele perguntou, andando rumo à porta da casa. - Aí está. Não sou o seu pai. E sua mãe era uma cretina.