Math For Love escrita por Valentine


Capítulo 24
Escadas de emergência


Notas iniciais do capítulo

AAAAAAAAAAAAAAH EU AMEI ESSE CAPÍTULO.
Acho que vocês vão gostar bastante também! *-*
Finalmente, as coisas estão começando a acontecer por aqui.
Espero que gostem, e comentem, ok?
Beijo!



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Certa vez eu ouvi alguém falar que evitar encarar os problemas era a melhor maneira de não ser afetado por eles. De fato, acredito que seja verdade. Mas, em contrapartida, todos sabemos que evitar a resolução imediata de um problema pode ser uma péssima escolha, já que a cada minuto ele cresce como uma bola de neve, acumula-se e fica pronto para explodir a qualquer momento.

Assim era o namoro de Jheninfer Willis e Daniel Harris. Evitar discutir todos os problemas visivelmente enfrentados era uma alternativa escolhida pelos dois para ao menos manter e preservar aquele relacionamento, uma alternativa muito errada por sinal.

Enquanto caminhava apressadamente pelo corredor de entrada de Nottingham High School North, milhares de imagens e lembranças transitavam pela mente de Jhennifer Willis naquela manhã de segunda-feira. Ainda não havia se recuperado das emoções da noite de sexta, muito menos da manhã de sábado.

Não sabia se aquela atitude de terminar bruscamente um relacionamento de três anos foi algo repentino ou já esperado há muito tempo, mas, percebeu o quanto sentia-se bem por estar finalmente livre para expor seus sentimentos, principalmente naquela noite de sexta... Ah, aquela noite...

Foi uma noite complicada, as lembranças são como um borrão, como se seu cérebro não conseguisse processar todos os acontecimentos. Mesmo sentindo-se mal diante do rompimento, o que teve com Dylan, ali, a fazia sentir borboletas no estômago cada vez que recordava.

Não conversaram naquela noite: foi uma noite em que apenas queriam expressar seus sentimentos mesmo sem o uso das palavras.

Beijaram-se. Cada um daqueles beijos foi intenso, forte, marcante e carinhoso ao mesmo tempo. De vez em quando, ouvia Dylan sibilar palavras entre seus lábios... Palavras soltas, como "Você é linda" ou "Eu sempre sonhei com isso".

Jhennifer não conseguia entender como aquele garoto mexia tanto com ela. Tantos anos de namoro com Daniel e nada nunca foi tão forte quanto é com Dylan. Cada toque, o caminho que suas mãos faziam de sua cintura à seu pescoço, ombros e bochechas, os pequenos beijos deixados em sua face, o perfume que impregnara em suas roupas, todas as lembranças aceleravam sua pulsação, aumentava aquele sentimento que fervia em seu peito.

Mas nem tudo são flores. O que aconteceu naquela noite era um segredo, algo que nem mesmo sua melhor amiga poderia saber.

– Jhenni! - Ouviu a voz de Katie Monroe à sua frente, trazendo-a de volta para a realidade.

Jhennifer deu um pequeno sorriso, caminhando em direção à sua amiga que tinha uma expressão preocupada.

– O que aconteceu com você? - Katie perguntou em um tom de voz angustiante. - Liguei pra você feito louca esse fim de semana, queria ir à sua casa ontem, mas fui a um enterro, não deu.. Como você tá?

Jhennifer olhou-a intrigada.

– Enterro? - Perguntou.

Katie fitou o chão, entortando a boca.

– Um tio meu, você não o conhece. Já faz um tempo que não o via, ele morreu na sexta-feira. Mas eu estou bem, já passou... Eu quero saber de você! - Fez uma pausa. - Você viu a mensagem que eu te mandei?

Jhennifer se calou. Colocou as mãos nos bolsos traseiros de seus jeans absurdamente colados e respirou fundo.

– Eu vi sim, Katie. - Desviou o olhar. - Daniel e eu terminamos.

Katie arregalou os olhos.

– Como assim? - Parecia surpresa. - Jhenni, eu juro que não queria que vocês terminasse, só queria que você soubesse onde ele estava!

Jhennifer cruzou os braços.

– Tudo bem, Katie.

Katie parecia desesperada, culpando-se a si mesma pelo rompimento do casal.

– É verdade! Eu nem sei de onde eles se conhecem, nem sei o que tava rolando entre os dois, acho que ele estava a consolando, o pai dela foi quem morreu, Jhenni!

– Eu sei... O Daniel me contou. - Ela suspirou. - Só não entendo de onde eles se conhecem, não faz sentido terem se apaixonado assim do nada.

Katie deu um pulo, assustada.

– Apaixonados?! - Gritou, chamando a atenção de todos que por ali passavam. - De onde você tirou isso?!

Jhennifer segurou seus ombros, pedindo que se acalmasse.

– Foi o que o Daniel me disse. - Jhennifer explicou, desviando o olhar. - Conversamos no sábado pela manhã e eu pedi uma explicação. Ele simplesmente pediu desculpas e disse que estava apaixonado por ela. - Jhennifer balançou os ombros.

Katie sentia-se atordoada. O que diabos era tudo aquilo? Como assim, apaixonados? A Mary?

– Como você fala isso com tanta naturalidade?! Jhennifer, ele era seu namorado, ele se apaixonou por outra! O que aconteceu pra você estar agindo assim tão naturalmente?

Jhennifer respirou fundo. Até ela estava surpresa consigo mesma, como se nada daquilo a afetasse. Como se, de fato, Daniel já não fosse seu há muito tempo.

Deu um pequeno sorriso de canto de boca, lembrando-se do quanto estar com Dylan lhe fazia ignorar os problemas.

"Como o Dylan consegue fazer isso comigo?"

– Eu to bem, Katie. - Afirmou, suspirando. - Eu e o Daniel não podíamos mais continuar com aquilo... Agradeço por ter descoberto isso antes de fazer o que estava prestes a fazer...

Katie revirou os olhos, perplexa com a naturalidade de sua amiga diante de tantos acontecimentos.

– E o seu pai? - Katie perguntou, lembrando a Jhennifer que haviam outros problemas com aquele rompimento.

Jhennifer mordeu o lábio.

– Esse é o problema... - Suspirou novamente. - Ainda não contei a ele.

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– Você o quê?! - Mary perguntou, perplexa, enquanto Daniel contava-lhe sobre a conversa com Jhennifer no sábado.

– Eu disse que estava apaixonado por você. - Ele respondeu, com a cabeça baixa.

Estavam embaixo de uma das escadas externas de emergência do prédio da escola, para onde Daniel a arrastara assim que ela chegou, dizendo ter um assunto sério a tratar.

Saber do término do casal foi algo impactante para Mary. Sentia-se triste pelo fim de algo que para ela - e para todos do colégio - era realmente verdadeiro e duradouro. Mas não podia esconder a estranha sensação boa que surgia em sua mente.

Quando Daniel contou-lhe da conversa, ficou assustada.

– Mas porque vocês terminaram? - Perguntou, confusa.

– Eu não faço ideia. - Respondeu, revirando os olhos. - Ela disse que recebeu uma foto de nós dois na varanda de sua casa, deve ter pensado que tava tendo algo demais. - Daniel suspirou. - Tá tudo bem, acho que já deveríamos ter feito isso há muito tempo.

– Porque você disse que estava apaixonado por mim, Daniel? - Mary perguntou, ainda surpresa. "Será tudo isso verdade?"

Daniel esfregou os olhos com as mãos.

– Foi a única desculpa que me veio na cabeça, Mary. - Fez uma pausa. - Eu não podia contar sobre as aulas, ninguém pode saber sobre isso! Não podia dizer que viramos amigos por que você é minha professora particular.

– Porque não? - Mary protestou. - Porque não dizer a verdade?

Daniel espremeu os olhos.

– Você não entende? No primeiro momento que a Jhennifer contar isso para a Katie, o que é óbvio que ela vai fazer, a escola toda fica sabendo! E o diretor foi bem claro: se alguém souber que eu fui absolvido mesmo depois das fraudes que fiz, ele seria pressionado a me expulsar.

Mary encostou-se no corrimão da escada, respirando fundo.

– Então você disse que estava apaixonado por mim? - Perguntou, ainda incrédula.

Daniel balançou a cabeça afirmativamente.

– Desculpa, mas foi a única justificativa que eu tinha. Espero que não se importe, mas eu preciso de sua ajuda em outra coisa.

– O quê? - Perguntou, cruzando os braços.

– Preciso que você finja ser minha namorada... por um tempo. - Disse, franzindo os lábios.

Mary arregalou os olhos, rindo ironicamente.

– Você só pode estar brincando...

– Mary, por favor! Eu inventei essa história, não posso simplesmente dizer que era mentira depois dela ter terminado comigo. E eu aposto que a Katie já espalhou essa história pela escola, então, tecnicamente, você já é minha namorada.

Mary assustou-se. Como ele pode ter inventado essa história?

– Daniel, namoro é uma coisa séria... pelo menos pra mim! Como quer que eu finja algo?

– Não vai ser nada demais! É só aqui na escola. - Ele respirou fundo. - Por favor, Mary. Você sabe que se ela descobrir que era mentira, mais cedo ou mais tarde a história dos gabaritos vai vazar... eu não posso ser expulso, o meu pai vai me matar.

Mary mordeu o lábio, fechando os olhos.

– Sentimentos são coisas sérias, não acho que devamos brincar com isso, muito menos fingir algo.

– Mas, que sentimentos? - Daniel perguntou. - Mary, isso vai ser absolutamente profissional, eu prometo. Só algumas semanas até esquecerem de tudo isso. E, além disso, você sabe que eu não sinto nada demais por você, nem você por mim. E isso nunca vai acontecer. Somos apenas amigos.

Mary engoliu em seco àquelas palavras. Como ele poderia falar algo assim?

"Eu sou tão ruim assim pra ele afirmar que nunca poderia sentir algo por mim? Porque isso me afeta tanto?"

Suspirou, colocando sua bolsa novamente no ombro direito.

– Tudo bem... Eu não sou ninguém mesmo... - Respondeu, indiferente. - Além do mais, nem se quer tenho uma imagem para ser abalada.

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O sinal tocou, anunciando que todos os alunos deveriam entrar em suas respectivas salas.

Jhennifer e Katie começaram a caminhar junto à multidão que se aglomerava entre os corredores, até ouvirem uma voz conhecida gritar pelo nome de uma delas.

– Jhennifer!

Olharam ao redor, deparando-se com Dylan ofegante, despertando batidas aceleradas no coração de Jhennifer.

– Jhennifer! Eu preciso que você venha comigo! - Segurou o braço da garota, puxando-a. Katie franzio o cenho.

– O quê? - Jhennifer perguntou, confusa. - O que aconteceu?

Dylan respirava compulsivamente.

– O diretor! Ele quer falar com você urgente, parece que aconteceu um acidente com uma das meninas da sua classe de economia doméstica, é urgente!

Jhennifer saiu apressadamente, preocupada com o desespero de Dylan que lhe puxava pelo punho, deixando Katie no meio da multidão, confusa. Desceram as escadas rumo à secretaria, mas antes de entrarem, Dylan desviou o caminho, arrastando-a para fora da escola.

– Dylan! O que aconteceu? Onde está o diretor? - Jhennifer perguntou, assustada enquanto Dylan a levava para o jardim da escola.

Ele controlou sua respiração, dando-lhe um pequeno sorriso. Jhennifer arqueou uma sobrancelha.

– Acha mesmo que estou me importando com o diretor? - Disse por fim, rindo.

– Então porque me trouxe aqui? - Ela perguntou, olhando em volta.

Dylan deu um passo, diminuindo a distância entre os dois.

– Não iria aguentar. - Expirou. - Tinha que te tirar da Katie um pouquinho. - Ele passou os dedos entre seus cabelos, prendendo uma mecha atrás da orelha e fazendo-a tremer a cada toque daqueles dedos em sua pele. - Eu preciso de você agora.

Jhennifer não pode responder. Naquele mesmo momento, sentiu as grandes mãos de Dylan segurarem firmemente sua cintura, puxando-a para mais perto. Sentiu o forte impacto de seu corpo em choque com o dele, sendo logo invadida por aquele beijo.

Ele envolvia os braços em sua cintura, e ela poderia jurar que se não estivesse pisando firmemente no chão, ele a teria suspendido. Os lábios gelados de Dylan tinham um gosto de abacaxi, como se houvesse tomado bastante sorvete no café da manhã. Jhennifer segurou seu rosto com as mãos, descendo-as vagarosamente pelo pescoço do garoto que a pressionava mais a cada toque, a cada carícia. Sentiu seus dedos brincarem naqueles finos fios ruivos, puxando-os carinhosamente.

Dylan desceu os beijos para seu pescoço, inalando o doce perfume da garota à sua frente. Como ela conseguia ser tão linda? Prendeu novamente seus cabelos atrás da orelha, olhando no fundo daqueles olhos verdes que cintilavam e o fazia sentir suas veias e artérias pulsando, como em êxtase. Seus corpos já estavam colados, mas não era suficiente, queria extinguir qualquer tipo de espaço que habitava entre os dois. Queria sentir que tudo aquilo era verdade, que a tinha em seus braços. Queria saber que aquilo não era mais um sonho.

"Dane-se o que o Daniel ou os outros vão pensar."

Jhennifer tentava respirar, mas não conseguia. Os beijos incontroláveis tiravam-lhe o fôlego, a fazia sentir que tudo era possível ao lado de Dylan. Não existe nada que possa descrever como se sente naquele momento. Mas tudo o que queria era sentir que ele estaria com ela para sempre. Trazendo-lhe sempre aquela sensação, ofuscando todos os problemas

Estava apaixonada, ela não podia negar.

E, ali, com ele, não estava nem aí para nada do que acontecia fora daquele jardim. Muito menos para a aula de pintura que estava perdendo.


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Notas finais do capítulo

Comente, Recomende!
Se me deixar escrevendo sozinha, a história vai parar por aqui.



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