Antes Que Seja Tarde escrita por Mi Freire


Capítulo 21
E o tempo passando.


Notas iniciais do capítulo

Nesse capítulo vou retratar como anda a vida da Bia, lembram-se dela? A Beatriz, amiga da Malu, que não aceitava de jeito nenhum o relacionamento de sua amiga com o "pobretão" do Daniel? Bom, por acaso, ou não, Daniel vai reencontra-la e eles vão ter um pequeno conflito, mesmo depois do tempo que se passou.
Ah, eu não poderia me esquecer: pessoal, ANTES QUE SEJA TARDE ESTÁ CHEGANDO NA RETA FINAL, o que é uma pena. Já estamos mais que na metade da história. Eu já estou trabalhando em cima de um novo projeto. Acho que finalmente as coisas vão começar a se encaixar a partir daqui. Aguardem.



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Já era julho e nada parecia ter mudado, pelo menos não comigo.  As coisas com as pessoas ao meu redor pareciam dar certo, mas nunca comigo. E eu me perguntava o porquê dessa injustiça.

Guilherme estava namorando sério com Amanda, coisa que eu nunca imaginei ser possível. Lucas estava prestes a pedir a mão de Camila em casamento. Bruno estava se acertando com uma garota do seu passado por quem ainda era apaixonado. E, finalmente, as coisas estavam dando certo também para Júlia e Miguel.

Também conheci meus outros meio irmãos, Rafael, Vitor e Luana. Também fui apresentado para Eliza, atual esposa de meu pai e mãe dos três.

O que dizer a respeito? Bom, gostei de todos eles. Eu e Rafael realmente nos demos bem como papai havia imaginado. Ele adorou minhas tatuagens, o meu emprego e admirou a minha vida. Vitor se deu melhor ainda com Pedro, andavam para cima e para baixo sempre juntos. Vitor começou a frequentar minha casa, ou antiga casa, dia e noite. Luana era pequenina, linda, encantadora e dançava balé como ninguém. Sempre que me via pulava em meus braços com leveza, balançando seus cachinhos castanhos escuros. Fazia-me infinitas perguntas, pois tinha a mesma curiosidade de Pedro quando era menor. De longe, parecíamos uma família feliz e perfeita.

O restante parecia normal. Eu trabalhava, estudava e saia quando me restava tempo. Na empresa estava tudo corrido por conta de uma grande obra no centro da cidade.

Nem perguntem sobre Maria Luiza. Dela eu nunca mais soube e, a cada dia que passa, parece que estamos mais distantes. Aquelas lembranças parecem menos nítidas agora.

— Eu recebi um aumento por conta da obra no centro – falei ao meu pai em uma das minhas visitas. — E andei pensando em realizar uma das minhas maiores vontades: comprar uma casa. Será que o senhor podia me ajudar nessa?

— Ora meu filho, obviamente que sim. Vamos conversar mais a respeito e deixar suas ideias e sugestões mais claras. Mas antes, tudo bem que eu peça um café para nós?

Assenti com cabeça, ele pediu pelo interfone o tal e uma moça entrou na sala segurando a bandeja.

— Obrigada, Beatriz.

— Qualquer coisa é só pedir, doutor Ricardo – aquela voz me soou familiar e aquele nome também. Olhei depressa para trás antes de ela sair.

— Beatriz? – chamei-a surpreso. Ela virou-se me dando certeza de que eu não estava enganado. — Você? Aqui?

Levantei-me e segui até ela surpreso em vê-la. — Com licença, papai, preciso ter uma conversinha com essa senhorita.

Saímos e paramos no corredor da sala de meu pai. Eu ainda sorria encantado com a surpresa. Ela me evitava ao extremo, evitava contato com os meus olhos.

Beatriz. Amiga de Malu. A loura insuportável que namorava o Murilo. Que me desafiava sempre que nos encontrávamos dizendo que eu nunca estaria à altura de Maria por ela ser tão rica.

— Olhe só! Mal posso acreditar no que vejo – ainda tinha aquela cara de antipática e insuportável. — Você aqui... Trabalhando para o meu pai.

— Ele é o seu pai? – ela levantou um olhar curioso. — Eu... Eu... Eu não sabia! Oh, meu Deus! Mas que diabos! – ela reclamou.

— Ontem você falava mal de pobre, dizia que eu nunca seria bom o suficiente para Malu, mas veja como as coisas mudam e a cobra prova do próprio veneno – ri da cara dela. — Hoje, sou eu quem está por cima. Sou engenheiro civil e ganho o meu dinheiro com o suor do meu próprio esforço. Estou prestes a financiar minha própria casa. Meu pai é um dos mais bem sucedidos homens do país. E quem trabalha para ele? – pausei sorrindo irônico. — A loura oxigenada que foi capaz de terminar com toda a minha história com Malu. Eu não duvido que você tenha uma participação especial em nosso término.

— Ah! Cale a boca! – ela explodiu. — Eu não seria capaz de ir tão longe. Não iria perder meu tempo com vocês. Maria fez o que fez sem precisar da minha ajuda. Ela simplesmente se cansou de você e da sua insignificância. Encontrou alguém melhor do que você, querido.

— Cretina – disse nervoso. — Quem você pensa que é para falar comigo nesse tom? – encarei-a, quase a fuzilando com meus olhos. — Não passa de uma empregadinha para meu pai. Isso tudo é só para você engolir de uma vez por todas tudo que me disse quando eu estava por baixo – engoli em seco. — Você é cruel! Não merece nem o emprego que tem.

Dei de costas, não queria continuar aquela confusão que só me deixava pior. Voltei para a sala do meu pai tentando transparecer minha melhor expressão e sentei-me tomando o café que já estava frio.

— O que houve, Daniel? – papai perguntou sério. — Você já conhecia Beatriz? Ela não é adorável? – ele perguntou sorridente. — Você já a conhece, não é? – seu sorriso sumira. — É, ela não é tão boazinha quanto penso que seja.

— Não é bem assim, pai – falei voltando a olhar para ele. — Mas não vamos falar sobre isso agora, está bem? – ele assentiu. — E a casa? O que tem a me dizer?

Horas depois.

— Sabe que hoje é o último dia de aula, não é? – ela perguntou durante a aula.

— Sim, sei – respondi com desdém. Pensava na maluquice do meu passado.

— E eu estou namorando, Miguel. Você sabe, não é? – ela perguntou outra vez.

— Disso eu também sei – afirmei. Estava distraído e pensativo.

— Como sabe? – perguntou ela arregalando os olhos negros.

— Que? O que foi que você disse mesmo? Você e Miguel? Namorando?

— É, Daniel. Estamos. Você disse sabia, mas não me lembro de ter lhe contato. Bom, não importa. O que importa é que estamos juntos. Sinto que fomos feito um para o outro.

— Ah, legal. Finalmente um de nós se deu bem – disse forçando um sorriso.

— Daniel! Caramba! Não fale assim! – ela pareceu nervosa. — Você também merece ser feliz.

— Não! Não mereço, Jú! – encarei-a. — Eu e Malu somos um caso perdido. As outras meninas não passam de diversão. Cansei, desisto. Uma das possibilidades poderia ter sido você e eu, mas somos amigos demais para isso ser possível. E você já ama outro e isso basta para me fazer feliz.

— Não. Espera – ela interrompeu surpresa. — Você disse que uma das possibilidades para ser feliz seria eu? Eu e você? Juntos?

— É, Jú. Eu. Você. Juntos. Mas não quero que pense que só estive ao seu lado esse tempo todo porque estava interessado por você. Ao contrário. Você é a melhor amiga que um homem poder ter.

— Ah – ela suspirou pensativa. — Miguel me chamou para conhecer seus pais lá no interior do Rio Grande do Sul. E você? O que vai fazer nessas férias?

— Eu ainda não tenho planos. Nem sei se vou tirar férias no trabalho. Na escola sim, mas na empresa ainda é muito incerto dizer.

— Quando tiver certeza e se ainda não tiver planos, podemos te levar junto para o sul.

Já era sexta-feira quando vi todos os meus amigos partirem para curtir as férias tão esperadas. Acabei ficando para trás, triste e solitário. Cheio de problemas, não tinha nem cabeça para uma viagem ou algo do tipo. Talvez essa fosse a oportunidade de ficar só e colocar minha cabeça no lugar.

Eu confesso que foi difícil ver Júlia partir, ainda mais com o novo namorado. Gostava muito de Miguel, mas era difícil aceitar que ele estava a levando de mim. De fato, era normal pois se amavam e queriam ficar juntos.

Ela insistiu que eu fosse junto, já que conseguira férias também no trabalho. Mas não queria ir e inventei qualquer desculpa para ela acreditar em mim e ir sem se preocupar que eu ficaria para trás.

E lá estava eu, em plena sexta-feira à noite, organizando papelada do escritório, quando ouço meu celular tocar debaixo das almofadas.

— Daniel? Liguei só para avisar que estou indo viajar, mas não é uma viagem qualquer. Vou trabalhar – ela suspirou. — Senti que devia que te avisar. Não me pergunte o motivo, mas é como se você ainda fosse um pedaço de mim, apesar de todas as circunstâncias.

Era Malu ao telefone. Arfando do outro lado da linha. Falava rápido, senti que ela sorria. Parecia animada com alguma coisa que ela queria me contar. Não sabia ao certo o porquê daquela comunicação. Ela não me devia mais explicações. Não éramos mais namorados e muito menos amigos. Ainda continuávamos mal resolvidos. Pensei que ela só estava me ligando para jogar na minha cara a incrível viagem que ia fazer ao lado do namoradinho...

— Não pense que estou indo para Londres, Paris, Los Angeles ou coisa do tipo – ela riu sem graça. — Como é a trabalho, estou indo sozinha para a Costa do Marfim. Vou cuidar de algumas crianças que precisam de mim como profissional.

Maria indo para um dos países mais necessitados do mundo? Só para cuidar de pobres crianças? Sozinha?

Nunca pensei que ela seria capaz disso. Também nunca pensei que o priminho dela seria capaz de deixá-la ir sozinha nessa experiência. Sabia, lá no fundo, o quão era importante o passo que ela estava dando na sua carreira com essa viagem.

— Nossa! – sentia o coração travado. — Vai ficar quanto tempo fora? – foi tudo o que consegui dizer.

— Um mês apenas, mas se fosse preciso eu ficaria mais – senti Malu sorrindo. — E você, o que vai fazer nessas férias?

— Ainda não pensei.

— Então pense logo – ela riu. — Um mês, pensando bem, é pouco tempo para diversão. Lembro-me bem quando nos conhecemos naquela viagem. Uma semana pareceu insignificante a tudo que nos aconteceu.

— Verdade.  Uma semana foi pouco para tanto amor.

— Tenho que desligar, querido – ela falou depressa e eu continuava travado com a notícia que acabara de receber.

Hoje, agora, eu a amava muito mais que ontem, antes de ontem, anos atrás. Amava tanto que poderia cometer qualquer loucura para estar ao seu lado mais uma vez.

— Meu voo sai em questão de minutos.

 Mas já? Eu gostaria de poder te abraçar, dar um último beijo, olhar no fundo dos seus olhos e dizer o quanto te amo.

— Tchau – consegui dizer com uma dor apertada no peito. — Mande notícias, um e-mail talvez. E fica bem, meu amor. Por favor, fica bem – desliguei.

Ainda não sei por que disse aquela última frase, mas saiu como um sopro. Voltei aos papéis a minha frente, mas não consegui nem ler o primeiro trecho. Desisti. E me joguei sobre a cama refletindo.

E agora? O que eu ia fazer? Afinal, eram minhas férias. E como qualquer outra pessoa desse mundo, eu merecia um descanso, um momento de diversão.

Mas para onde iria? Ficaria em casa? Iria para casa de mamãe? Ou até poderia passar um tempo com meu pai. Ou simplesmente me dedicar a outra coisa. Não sei. Fazer algo novo, me redescobrir. Quem sabe eu me recuperaria e as coisas voltariam a dar certo de uma vez por todas.

Para Maria estava tudo indo muito bem, ela trabalhava e ao mesmo tempo realizava seus sonhos.

Júlia estava no mundo encantado da paixão onde tudo parecia possível e eterno.

Meus amigos, todos eles, se relacionando com quem gostavam e queriam bem.

Mas e eu? Onde estavam meus sonhos? Meu ânimo? Minhas vontades? Para onde eu iria? Com quem ficaria? Como aproveitaria? O que faria?


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Notas finais do capítulo

E ai? Ansiosos para o próximo capítulo? Grandes surpresas estão por vir!



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