Riley caminhava por Player, meio receoso quanto ao que ia fazer. Ele mesmo tinha jurado para si mesmo que não faria aquilo, mas era preciso para que o plano dele e de Skyne desse certo.

Já que restavam apenas poucos participantes no jogo, os dois garotos decidiram sair “caçando” e eliminando os que ainda estavam vivos e ignorar os seguidores da morte. Até que restassem apenas eles.

Era fácil diferenciar um vivo de um morto, graças ao poder de Skyne, porém, apenas isso não era o suficiente. A disputa estava acirrada, pois apenas os melhores jogadores conseguiram chegar até lá. Por isso, Riley constatou que talvez eles precisassem de mais vantagem.

Quando o garoto de cabelos negros entrou em uma rua, achou o que procurava. Phil, o fiscalizador, traficante de poderes.

Aproximou-se do homem, dizendo logo em seguida:

– O demônio negro vaga pela escuridão.

Phil abriu um sorriso divertido, mas ao mesmo tempo um pouco malicioso. Pediu para que Riley o acompanhasse, então os dois foram para um lugar seguro, onde ninguém poderia ouvi-los.

– Decidiu fazer o contrato dessa vez? – Phil começou falando

– É... – Respondeu apenas.

– O que te fez mudar de ideia? – provocou Phil – E bem no final do jogo? A disputa deve estar muito acirrada, pelo visto.

– A lista, por favor. – Riley o interrompeu, frio e grosso.

O homem revirou os olhos, mas entregou o papel que continha todas as informações sobre os poderes.

Riley analisou cada uma das opções. “Em quase todas elas, a penalidade tem algo a ver com o morto... Não posso me penalizar assim, senão na hora de enfrentá-lo estarei perdido.”

De repente, o garoto parou os olhos em um ponto da lista: Visão Raio-X. A penalidade para esse poder, é que quando o jogo acabar, o jogador contratante ficará cego.

“Não posso governar cego... Mas também nunca vou governar se morrer. Essa é uma das únicas penalidades que não envolvem o morto. E se eu...” De repente, Riley teve uma ideia:

– Phil... Nesse poder de Visão Raio-X, tem como fazê-lo em apenas um olho?

O fiscalizador abriu um enorme sorriso malicioso, dizendo logo em seguida:

– Parabéns garoto, achou uma brecha!

Riley sentiu seu coração dar uma pulsada. Se seu plano funcionasse, ele certamente venceria o jogo. Ele teria um poder útil, e a penalidade não seria tão grande.

– Bem, – Phil começou a explicar para que não houvesse dúvidas – Já que você fará em apenas um olho, apenas um de seus olhos ficará cego. Mas lembre-se que logo o jogo acaba, aproveite seu poder, que não terá por muito tempo.

– Eu sei... – respondeu o garoto olhando para baixo

O silêncio tomou conta do local. Riley ainda estava meio hesitante, mas sabia que precisava. E Phil, por sua vez, só estava esperando o garoto afirmar o que queria.

– E então... Vai fechar o contrato? – insistiu Phil

O de olhos castanhos respirou fundo antes de responder:

– Sim!

Phil então abriu mais um de seus sorrisos maliciosos e divertidos, de quem estava adorando a situação.

– Que assim seja... – disse o fiscalizador

Riley mal pode ver o que Phil fez para lhe conceder o poder. Tudo o que ele viu foram vários flashes de luz, se movimentando rápido e piscando em cores que ele nem sabia que existiam. De repente, o garoto se sentiu em outro mundo, sendo tomado por uma energia nova e eletrizante que percorria todo o seu corpo.

De repente, Riley voltou a ver o local em que estava. Ele se sentia completamente normal, apesar de antes se sentir completamente estranho.

– Está feito! – disse Phil sorrindo

Riley pareceu não entender nada, pois ele ainda enxergava normalmente. Então, o homem pegou um espelho pequeno que guardava no bolso e entregou-lhe para Riley.

O de cabelos negros então olhou seu reflexo, e se assustou com o que viu. O seu olho esquerdo, estava na cor vermelha. Um vermelho vivo, que transbordava poder. Porém, seu olho direito, continuava castanho.

O mais estranho, é que ele não enxergava através das coisas. A única diferença era a cor do olho.

– Mas eu não vejo através de nada! – reclamou o moreno

– Isso é porque o poder não fica funcionando 24 horas por dia. – explicou Phil – Skyne não te explicou nada? Você pode escolher quando ativa ou desativa seu poder, com a mente.

Riley finalmente entendeu. Ele até achou bom, pois ficar vendo através das coisas o tempo todo seria um pouco agonizante.

Ele associou o seu poder com o de Skyne. “Os olhos dele ficam amarelos quando ele aciona seu poder, apesar de serem verdes, mas porque o meu vai ficar vermelho?” Mas de repente, ele se lembrou que os olhos do loiro eram castanhos antes, então se aliviou um pouco.

Depois de Phil dar mais umas explicações, Riley finalmente conseguiu controlar seu poder. O garoto ficou maravilhado ao conseguir ver através das coisas. O mais incrível, era que ele podia controlar o foco do poder. Se quisesse, ele podia ver a parede que estava atrás de Phil, ou se focasse mais perto, os órgãos de dentro do corpo do mesmo.

E então, o garoto fora embora a procura de Skyne, que já devia estar arrancando os cabelos, pois Riley saiu escondido pela manhã para fazer o contrato sem ele saber.

No segundo em que saiu do beco onde ele estava conversando com Phil, Riley avistou Skyne. Como já esperava, o loiro veio gritando em sua direção:

– Onde você estava? Idiota! Eu já falei pra não sair sem mim! E se acontecesse algo com você? Tudo o que eu fiz não faria sentido!

– Calma – Riley riu do desespero do outro – Eu não vou morrer se ficar alguns minutos longe de você. Aliás, eu fui fazer uma coisa importante.

– O quê? – perguntou curioso

O moreno sorriu maliciosamente, e então, olhou diretamente para Skyne, que finalmente pareceu perceber seu olho vermelho.

– Não acredito! – Skyne se empolgou – Você fez um contrato?

– É... – respondeu Riley, não tão animado quando o outro – Visão Raio-X. A penalidade é que ficarei cego, mas achei uma brecha e consegui colocar o poder em apenas um olho.

– Isso é perfeito! – Skyne quase pulou – Assim você vai vencer na certa!

De repente, o sorriso do loiro mudou de alegre e empolgado para um pouco malicioso e dedicado:

– Vamos começar a caçada!

E a caçada realmente começou. Os dois seguiram com o plano de ir eliminando todos os vivos e se esquivando de seguidores da morte.

O novo poder de Riley ajudara muito. Eles conseguiam se esconder em um lugar e ir checando se tinha alguém por lá sem precisar sair. E graças ao poder de Skyne, eles podiam ver facilmente quem era vivo ou não.

Isso deu certo com alguns. Eles identificavam um vivo e davam o bote nele. Apesar de estarem se esquivando de seguidores da morte, tiveram que enfrentar alguns, mas isso não foi problema.

– Cheque a área! – pediu Skyne a Riley, quando os dois estavam novamente escondidos, seguindo com seu plano.

Riley acionou seu poder e olhou em volta, identificando três corpos.

– Tem três pessoas logo naquela rua, vá lá.

Escondido, Skyne foi até o início do beco em que estava para olhar a rua. Acionou seu poder, deixando seus olhos amarelos e analisou as pessoas. Ele se surpreendeu ao constatar que um deles estava vivo.

O loiro fez sinal para Riley se aproximar, e assim ele fez. Os dois continuaram escondidos, esperando a vítima ficar sozinha. Assim que constaram que o homem estava distraído, Skyne chegou por trás e atirou uma flecha no tronco dele.

Eles sabiam que aquilo não seria o suficiente para matá-lo, então se prepararam para o combate. O que eles não esperavam, era ver o homem retirar a flecha de si, e ver o buraco em seu corpo se fechando.

“Mas... Skyne disse que ele não era seguidor... Como ele se regenera?” De repente, Riley percebeu. “Ah, claro. O poder de se regenerar.”

Os dois garotos ficaram meio tensos, pois não sabiam como matar alguém que se regenera. Eles já enfrentavam seguidores da morte, mas não os matavam, pois não era possível.

Mesmo assim, eles não recuaram. Assim que o homem se virou, com uma expressão de fúria, sacou sua faca e partiu para cima dos dois.

Riley desviou e fez um corte no braço do homem, porém, ele se regenerou rapidamente.

A luta se seguiu assim. Qualquer ferimento que os garotos faziam no homem, se regenerava. Porém, eles perceberam, que assim como os seguidores, quanto mais grave o ferimento, mais tempo ele levava para se regenerar. Se eles conseguissem dilaceram completamente o corpo dele, provavelmente ele não conseguiria mais se regenerar e morreria.

Riley e Skyne conseguiram fazer vários ferimentos graves, e achavam que iriam conseguir vencer. Mas eles estavam enganados.

Quando Riley acabou se distraindo por alguns segundos, o homem deu uma facada bem no meio das costas dele. O moreno viu tudo se escurecer e caiu no chão, fazendo uma poça de sangue.

Skyne, que viu tudo acontecer bem na sua frente, se desesperou. Começou a atirar várias flechas na direção do homem, mas ele correu beco à dentro e fugiu.

O loiro poderia correr atrás do homem e matá-lo, pois já estavam conseguindo feri-lo gravemente, mas decidiu ficar para ajudar Riley.

– Riley! – Skyne se abaixou ao lado do moreno – Acorda cara!

O de olhos verdes segurou um dos braços de Riley e o colou em suas costas. Skyne foi carregando Riley até sua casa com um pouco de dificuldade, pois o moreno era mais pesado que ele.

Chegando lá, Skyne colocou Riley cuidadosamente no colchão. Retirou a jaqueta junto com sua camisa dele, que estavam rasgadas e banhadas de sangue. Sentiu um aperto ao ver o ferimento nas costas de Riley, mas ficou aliviado ao mesmo tempo, pois não tinha sido muito profundo.

Skyne viu que teria que dar alguns pontos, mas aquilo não era problema. Desde que entrou para o jogo, o garoto teve que aprender a curar seus ferimentos, e logo depois, os ferimentos de sua guilda. Poderia dizer que aprendeu muito bem como ser um médico.

Depois de limpar o sangue das costas de Riley e lavar muito bem suas mãos, Skyne começou a operação. Riley se mantinha desacordado enquanto Skyne dava os pontos, o que facilitou, pois ele não tinha anestesia.

Assim que terminou, Skyne enfaixou o ferimento. Teve um pouco de dificuldade, pois teria que circular com curativos o corpo de Riley, que ainda estava deitado de bruços.

– Skyne... – sussurrou Riley de repente, abrindo os olhos devagar.

O loiro suspirou aliviado ao constatar que o amigo estava bem.

– Que bom que você está bem! – disse Skyne sorrindo sutilmente.

O de olhos verdes achou que Riley perguntaria o que estava acontecendo, ou faria alguma reclamação devido à dor, mas ele apenas disse, ainda meio sem voz:

– V-você... Matou o cara?

Skyne deu uma leve risada, e respondeu:

– Não... Ele fugiu. Não fui atrás dele, porque preferi ajudar você primeiro.

– Por que fez isso? – Riley fechou os olhos novamente.

– Eu não posso deixar você morrer! – respondeu – Já disse que se isso acontecer, tudo o que eu fiz teria sido em vão. Eu prometi que faria você vencer...

Riley nada respondeu, estava cansado, mas deu um pequeno sorriso agradecendo. Skyne puxou o cobertor e cobriu o outro, dizendo logo em seguida:

– Descanse. Vai se sentir melhor amanhã.

O de cabelos negros então adormeceu rapidamente. Skyne então, deitou no outro canto do colchão e também dormiu.

Assim que amanheceu, como Skyne tinha dito, Riley já se sentia um pouco melhor. Apesar do loiro ter insistido para que o outro descansasse, ele jurava que já estava preparado para sair matando novamente. Então. Os dois se alimentaram e logo continuaram sua “caçada”.

E novamente, deu certo com mais alguns. Era fácil, pois eles eram praticamente os únicos jogadores que ainda jogavam em grupo. Todas as guildas tinham sido desfeitas, pois vários participantes viraram seguidores.

Para a surpresa dos dois, enquanto caminhavam procurando mais vítimas, avistaram aquele mesmo homem que tinha o poder de se regenerar. Eles ficaram meio receosos, achando que talvez ele quisesse atacá-los, por vingança, mas Skyne constatou que ele havia virado seguidor.

– Faz sentido. – disse Riley – A penalidade para esse poder é que o morto e os seguidores da morte serão quase indestrutíveis para ele. Era bem fácil ser morto por um seguidor. Apenas nos pouparam trabalho.

Então assim se seguiu, até que os dois acharam sua próxima vítima. Para a felicidade de Riley, o homem que eles estavam prestes a desafiar, lutava com uma Katana. O garoto sempre quis enfrentar alguém que lutasse com as mesmas armas que ele e que estivesse à altura, mas sempre algo dava errado. Mas desta vez, ele sabia que seria uma disputa que merecia seu esforço.

Os três então se encararam, sinalizando que começariam uma disputa logo naquela rua. Via-se na expressão do homem, cuja tinha pele e cabelos negros, que ele também estava empolgado por desafiar alguém que também lutava com Katanas.

Riley, que já estava cansado de enrolar, avançou em direção ao homem, dando um longo grito de ataque. Skyne também sacou suas armas, disposto a ajudar de longe.

O homem negro rapidamente desviou o ataque de Riley com sua Katana. O de olhos heterocromáticos tentou atacar novamente, mas o outro se defendeu de novo.

Foi a vez do negro atacar, e Riley também se defendeu. Viam-se algumas faíscas saindo de suas espadas quando se chocavam, devido ao atrito.

A luta continuou por um tempo. Ataques e defesas, alguns ferimentos, mas nada ainda grave. Skyne conseguira atingir algumas flechas no homem, porém não em pontos vitais. Infelizmente, Riley acabou com mais alguns ferimentos no rosto e braços.

Até agora, a luta estava normal, como todas as que eles já participaram. Porém, algo surpreendeu os três que estavam lutando. De repente, eles viram uma multidão aparecer. As pessoas circularam o locar e ficaram paradas, como se estivessem assistindo à luta. O mais estranho, é que Skyne podia ver que todos eles eram seguidores da morte.

“O que é isso? Por que chegou esse tanto de gente do nada?” Riley pensava. Os três pararam de lutar para olhar em volta tentando entender.

De repente, o olhar de Riley se fixou em algo. Ou melhor, alguém. Alguém que ele desejava muito rever, mas não daquela forma. Lix, ou melhor, o corpo de Lix, o olhava diretamente.

Skyne percebeu para onde o olhar do moreno estava direcionado, então correu para perto dele e sussurrou ao seu ouvido:

– Se controla, cara. Lembre-se que ela é um seguidor, não a Lix que a gente conhece. Não hesite em lutar com ela.

Riley apenas fez que sim com a cabeça, e retornou a luta. Eles achavam que aqueles seguidores seriam apenas plateia, mas não esperavam, que de repente, vários seguidores avançaram nos três.

– Mas que porra é essa? – gritou Skyne, enquanto atirava flechas em seguidores – Por que estão nos atacando?

– É estranho. – disse Riley enquanto também se defendia de seguidores – Parece que estão querendo nos eliminar, como se quisessem acabar logo com o jogo...

Os que antes se desafiavam, agora estavam ocupados lutando contra seguidores. Skyne ficou apreensivo, pois graças a isso, talvez o plano não desse certo.

O loiro tentou atirar mais flechas no homem que estava enfrentando antes, mas novamente não conseguiu.

Riley estava conseguindo abater todos os seguidores e tentava chegar àquele homem negro, mas ainda estava meio longe.

De repente, Lix apareceu na sua frente. O garoto gelou por dentro. Ele sabia que não conseguiria feri-la, mesmo ela sendo um seguidor. Ele já esperava que ela o atacasse, mas a de cabelos bicolores apenas sorriu e ficou parada.

Neste momento, Riley se desligou do mundo. Ele não entendia o porquê daquela seguidora da morte estar sorrindo para ele. “Será... Que ainda resta algum resíduo de lembrança nela?”

Porém, antes que compreendesse, um grito de Skyne fez com que ele despertasse:

– RILEY!!! CUIDADO!!!

Quando Riley se virou para trás, pôde ver a cena em câmera lenta. O homem cuja estava enfrentando antes tinha tentado atacar o moreno, porém, Skyne havia se enfiado na frente.

Riley arregalou os olhos ao ver a espada do homem atravessar o corpo de Skyne, que cuspiu um pouco de sangue. O negro retirou a espada, insatisfeito por ter atingido a pessoa errada. Ele ia tentar atacar Riley novamente, mas fora impedido por mais seguidores o cercando, e um deles era Lix.

Skyne, que estava em pé até agora, colou a mão na sua barriga, não aguentou, e caiu no chão. Riley ignorou tudo a sua volta e se arremessou ao chão ao lado do loiro.

– Skyne!!! – ele se desesperou, sentindo um aperto no coração – Aguenta! Você não pode morrer! Por favor, aguenta!

Skyne abriu os olhos devagar. Via-se que ele estava muito trêmulo e já havia feito uma poça de sangue. Tudo que conseguiu falar foi:

– R-Riley...

Sem conseguir segurar, lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Riley, que se misturavam com o sangue em sua bochecha.

– Por que você fez isso??? – o de cabelos negros gritou entre as lágrimas – Seu idiota!!! Por que entrou na frente???

Skyne, que estava ofegante, tentando sobreviver, fez esforço para abrir a boca e dizer, quase sem voz:

– E-eu disse que não ia deixar você morrer... Não importava se eu que tivesse que morrer... Eu prometi que faria você ganhar, né?

O loiro deu um leve sorriso, enquanto lágrimas também desciam de seus olhos, o que só fez com que Riley chorasse mais.

– Skyne... – foi tudo que conseguiu dizer.

– Eu consegui cumprir, né? – Skyne continuou, cada vez mais sem voz – O meu objetivo... Ele era por você... Era pra te fazer vencer... Eu sempre quis fazer algo importante pelo meu único amigo verdadeiro...

– Você fez. – disse Riley – Você acabou de salvar minha vida outra vez... Se não fosse por você, eu já estaria morto há muito tempo.

Skyne sorriu sutilmente, e depois pediu:

– Me faz um favor?

– Claro... Qualquer coisa – respondeu.

– Vai nas minhas redes sociais, e coloca “#partiu”

Riley riu, o que foi estranho, pois ele continuou chorando. Era incrível como Skyne continuava sendo engraçado e falando besteiras mesmo prestes a morrer. Enfim, o de olhos verdes voltou ao assunto:

– Obrigado Riley – mais lágrimas escorreram do rosto do loiro – Obrigado por tudo que você me fez... E obrigado por ser o motivo da minha vida...

Riley não conseguiu dizer nada, apenas se abaixou e abraçou Skyne. Ele sabia que ficaria todo sujo de sangue, mas ele não importava. Skyne, com as últimas forças que lhe restavam, retribuiu ao abraço, e disse:

– Por favor... Termine de cumprir meu objetivo... Vença esse jogo!

– Sim! – respondeu Riley com um tom decidido.

O loiro então, soltou o de cabelos negros. Riley se afastou do abraço e pôde ver que aquele rosto pálido, devido à perda de sangue, já estava com os olhos fechados. Reparou que Skyne não respirava mais, o que só fez com que mais lágrimas saíssem dos olhos de Riley.

De repente, o moreno limpou os olhos e se levantou, com uma expressão decidida e demoníaca. “Eu vou terminar de cumprir o que te prometi, Skyne...”

E com isso, o de olhos heterocromáticos correu em direção ao homem negro, com uma fúria que ele mesmo nem sabia que tinha. O outro ainda lutava com seguidores, mas todos se afastaram ao ver que Riley corria com sua katana apontada para ele.

O homem até tentou se defender, mas quando Riley atacou, até conseguiu retirar a Katana das mãos do outro, devido à força que pôs no ataque. Sem hesitar, o garoto perfurou a barriga do homem, atravessando seu corpo, assim como ele tinha feito com Skyne.

Porém, aquilo ainda não era suficiente. Ele sabia que o homem logo morreria, mas mesmo assim, cortou o pescoço do homem, arrancando sua cabeça. Chutou seu corpo, para derrubá-lo, mas continuou segurando a cabeça pelos cabelos.

O garoto estava banhado de sangue, tanto seu quanto de outros, e arfava, tentando recuperar a sanidade. De repende, todos pararam e ficaram olhando para ele.

Riley novamente não entendeu, mas mal pode pensar nisso, pois começou a sentir algo escorrendo pelos seus dedos. Quando olhou para sua mão, seu coração acelerou. A cabeça que ele segurava, estava se desintegrando e virando pó, como se ele estivesse segurando areia.

O garoto arregalou os olhos e olhou em volta. Ele pôde ver todos os seguidores, começando a vazar pó de seus corpos.

De repente, Riley se lembrou de algo. Correu até o corpo de Skyne, que ainda estava jogado ao chão.

– Skyne! – gritou ele, se abaixando.

O moreno segurou a mão de Skyne, porém, se surpreendeu ao ver que só por segurar, acabou arrancando a mão do outro. Mas ao invés de sangue, escorreu pó. Logo depois, pode ver diante de seus olhos, todo aquele corpo se desintegrar.

Ele se levantou assustado. Olhou em volta, e não viu mais nada, apenas uma grande poeira sendo levada pelo vento. Aquilo só podia significar uma coisa.

– N-não pode ser... – Seu coração estava muito acelerado e seu corpo tremia – E-eu... Eu... Ganhei?

Riley começou a ouvir alguns passos atrás de si, então se virou para ver o que era.

– Meus parabéns, vencedor – disse o morto.