Mais uma semana se passou e  nenhuma noticia boa foi pronunciada em relação a Valentina , mas não perdemos a fé de encontrá-la.  João já está melhor e Nicolas cada vez mais esperto ele faz 2 anos e 6 meses hoje , o que me faz refletir sobre tudo que já vivi e sobre o quanto tempo passou diante de nós e nem nos damos conta. Lembro ainda do colégio, meu primeiro dia de aula no 2º ano do médio e me aparece dois irmãos lindos e dois amigos que formaram o quarteto fantástico e abalaram a escola.

Parece bobo lembrar essas coisas, mas colocamos um sorriso instantâneo ao lembrar elas, falta apenas alguns meses pra concluir o primeiro período da faculdade, mas eu morro de saudade da escola , onde tudo era mais inocente e não havia tantos problemas , onde o João ainda era aquele garoto bad boy mais charmoso da escola. Lembro também dos momentos em que passei ao lado de Bernardo que foram inesquecíveis e maravilhosos.

_ Aqui está o restante das suas coisas, nem acredito que ta me abandonando. – Camila me entregou a mala de forma dramática.

_Não seja dramática Camila, venho sempre te visitar e você pode sempre me visitar.

_Mas não será a mesma coisa. - foi a vez de Fernanda protestar.

_ Eu vou sentir saudades de vocês. – eu abracei as duas .                                                                         

_ Nossa que drama! – Guilherme falava impaciente na porta com as malas.

_Idiota. –Fernanda esbravejou.

_ Estava demorando os dois começarem a implicar um com o outro.- reclamei

_ Estranho, já que os dois ontem estavam aos beijos na  minha sala. –Camila revelou.

_ O que ? – olhei assustada aos dois , e Fernanda deu um leve cotovelada em Camila .

_Quando iam me contar que estão juntos ?

_ Não estamos juntos Eduarda. – Fernanda falou brava.

_Mas vocês se odiavam e agora se beijam , e você não me contou isso . –protestei com Guilherme.

_ Foi apenas um infeliz acidente , Duda. Vamos , eu to atrasado , marquei de me encontrar com João Vitor no nosso bar.

_ Ninguém beija alguém acidentalmente. – ele me puxou para fora do apartamento , constrangido com a situação.

...

_Eu não acredito nisso , Guilherme Sampaio apaixonado.

_ Não inventa Eduarda. Foi só um beijo , e Fernanda e eu não temos nada em comum .

_ E daí ?

_ Eu não me amarro em ninguém , não posso decepcionar as mulheres desacompanhadas nas festas que me aguardam.

_Tudo bem , mas eu não acredito que não me contou , sempre conto tudo pra você.

_ Desculpa, mas achei besteira e você anda tão ocupada com suas provas da faculdade.

_Desculpado. Mas você disse que iria encontrar com o  João ?

_ Sim , e não precisa ficar preocupada eu não vou levar ele pro mal caminho.

_ Eu espero.

_ Vou deixar ele me levar . – ele disse irônico e estacionou o carro permitindo minha saída.

...

Terminei de arrumar as coisas de Nicolas no seu novo quartinho enquanto ele dormia tranquilamente.

_ Eduarda, cheguei. – Ouvi João Vitor anunciar na sala.

Corri ao ouvir sua voz e ele estava jogado no sofá tirando o terno e jogando no canto da sala.

_ E ai trouxe suas coisas? – ele perguntou me acolhendo no seu colo e me deu um selinho.

_ Sim, está tudo na perfeita ordem.

_Que ótimo. – ele colocou um sorriso perfeito no rosto e me deu um beijo mais demorado.

_ Que isso ? – falei ao sentir algo me alfinetando no bolso de sua camisa.

_ Ahh.. é uma passagem, tenho que fazer uma viagem a trabalho.

_ Pra onde?

_ É .. é .. – ele mexeu nos cabelos e me respondeu:

_ Atlanta , tenho que resolver algumas coisas pessoalmente com a filial de lá.

_ Você ta mentindo. – afirmei saindo do seu colo.

_ Não , eu não to.

_ Quando meche no cabelo nervoso é porque está mentindo. – juntei seu terno do chão.

_ Está bem , vou me juntar a Rogério e Bernardo.

_ Não acredito , mesmo depois de tudo que passou?

_ Valentina faz parte da minha família , não posso perdê-la também e preciso ajudar Bernardo , preciso está do lado dele , ele faria isso por mim.

_ Eu sei , mas...

_ Eu vou . Não tente impedir . Não temos noticias dela há semanas, temos que fazer algo. – ele levantou chateado.

_ Eu vou junto.           

_ Não mesmo. – ele riu e caminhou ao quarto.

_ Por quê? Eu vou com você, não posso ficar aqui a sua espera aflita.

_ Alguém tem que ficar com Nicolas.

_ Mas...

_ Sem “mas”, você não vai.

_ João Vitor?

_ Não quero você em perigo.

O telefone tocou atrapalhando nossa possível discussão e ele atendeu no terceiro toque.

_ Oi tio. – João Vitor falava.

_ Sim, a passagem ta comprada, meu vôo ta marcado pro fim da semana .

João Vitor acertou alguns detalhes e logo desligou.

_Me deixa ir com você , João . Juro que não vou fazer besteira dessa vez , fico no hotel se algo acontecer e quanto a Nicolas ele pode ficar com minha  mãe .

_ Essa viagem é por tempo indeterminado , não pode deixar Nicolas por muito tempo.

_ E você pode deixá-lo ?

_ Eu não disse isso , mas preciso que cuide dele.

_ Já não basta o tempo que ficou fora sem vê-lo.

_ E eu me arrependo muito por isso.

_ Não parece , pois é isso que pode acontecer se você  for , e  não podemos te perder mais uma vez.

_ E não posso arriscar que ele perda nós dois.

_  Eu vou com você . – afirmei .

_ Não quero começar uma discussão então, por favor, aceite . – ele disse levantando e  indo em direção ao quarto.

_ Tarde demais , já começamos uma discussão.

O segui até o quarto e ele  tirava sua camisa se preparando para o banho.

_ Eduarda , para de ser teimosa. Você não vai .  – ele disse chateado e entrou no banheiro batendo a porta.

...

Dois dias se passaram e  João Vitor já se prepara para viagem , não estamos nos falando direito desde sua decisão de não me levar.

Ouvi  o barulho da porta do quarto se abrir , era João que acabava de chegar , ele arrumava sua mala  em silêncio enquanto eu fingia me concentrar nos meus livros da faculdade. Tentava fugir dos seus olhares lançados a mim .

_ Eu to indo. – ele disse colocando a mala no chão e se aproximando.

Apenas assenti com a cabeça e o ignorei.

_ Então vai ser assim mesmo?

_ O que você quer que eu faça, vendo você caminhando direto pro perigo novamente? – falei  deixando os livros de lado.

_ Que me leve até no aeroporto e me beije antes do vôo.

_ Tudo bem . –  estava ainda aborrecida e contrariada , mas assenti e o acompanhei .

Chegando ao lado de fora do prédio , João Vitor guardou suas malas e fomos surpreendidos com a chegada de alguns fotógrafos e jornalistas.

_ João Vitor Roccher é verdade que está indo em busca da sua irmãzinha seqüestrada ? – perguntou um deles.

_ Como se sente após a morte da sua mãe e com tudo isso acontecendo? – essa e várias outras perguntas foram feitas seguidamente e  nenhuma foi respondida , entramos no carro e João deu partida nervoso.

_ Droga, como isso tudo vazou para impressa? – ele dizia nervoso.

_ Cedo ou tarde , eles descobririam , principalmente, depois da morte de Clarisse.

_ Isso vai atrapalhar tudo .

Chegamos ao aeroporto e já chamavam pelo vôo de João .

_Eu vou voltar pra você . –ele disse e logo depois me beijou.

_ Promete?

_ Eu prometo .

Ele entrou pelo portão e nossos olhos se ligaram mais uma vez e depois desapareceu em um mutuado de pessoas.

Narração de João Vitor :

Desembarquei em New York , e fui direto ao hotel em que Rogério e Bernardo estavam hospedados.

_ Sentiu saudade maninho?

_ João Vitor ? Finalmente chegou. – Bernardo disse me abraçando.

_ Titio ?! – disse dando um aperto de mão em Rogério que retribuiu.

_E ai garoto , como foi a festa de aniversário?

_ Divertida. – sentei no sofá ao lado deles.

_ Mas quais são as novidades  sobre Valentina?

_ Não muitas , mas sabemos de algumas pistas que Daniel Damasceno está escondido em Londres .

_ E o que estamos fazendo aqui em New York?

_ As passagens para Londres já foram compradas, amanhã de manhã viajaremos.

_ Vocês já estão sabendo que o assunto vazou a impressa

_ Sim. E infelizmente não tem como reverter, só espero que isso não complique o resgate da minha filha.

_ Então vamos a Londres! – Bernardo disse ansioso.

Amanheceu e logo pegamos o avião com destino a Londres e entramos em um carro que dirigia a um hotel.

_ Nossa que lugar fantástico .- Bernardo ecoou dentro do carro ao passar em frente de um museu britânico.

_ Bem vindo ao centro  financeiro do mundo. – comentei.

_ Não me surpreende a escolha de Daniel se refugiar pra cá. – Rogério disse concentrado.

_ Olha o simbólico ônibus vermelho de dois andar. – Bernardo falava encantado com tudo que via .

_ Routemaster . – Tio Rogério falou.

_ Que ?

_ É o nome do ônibus. – Rogério respondeu.

_ Sempre quis andar em um desse. – Bernardo disse eufórico.

_ E porque não agora ? – falei abrindo a porta do carro e saindo.

Por um instante Bernardo hesitou mais logo se juntou a mim e ouvimos alguns gritos de tio Rogério , mas saímos distraídos dando algumas gargalhadas da chateação do titio. Dei a mão a Bernardo e conseguimos subir no ônibus vermelho e paramos na próxima parada. Era um lugar turístico , tinha uma fonte de água enorme e algumas  pessoas tiravam fotos nela.

_ Meu  pai deve está pirando agora. – Bernardo comentou.

_ Ah qual é ? A quanto tempo você não se diverti ? – indaguei.

_ Você tem razão.

_ Então vamos , precisamos conhecer uma britânica.

_ Você pirou João ? E a Duda ?

_ Não pra mim, pra você. – expliquei em risadas com o seu susto.

Paramos em um bar e alguns homens gritavam com uma partida de futebol na TV. Sentamos e pedimos duas cervejas e aguardávamos no balcão.

_ Podíamos conhecer o Big Ben ? Bernardo disse animado.

_Sério? – indaguei irônico.

_ Que foi?

_ Te trago em um bar animado cheio de lindas britânicas e você quer conhecer um relógio ?

_ Você é um sem cultura , João.

_ Não acho. Só que existem coisas mais importantes, charmosas e bonitas para se preocupar.- falei distraído com a entrada de uma garota muito bonita , cabelos castanhos, lisos e faziam leves cachos nas pontas .

_ Ela tem sorte que vou me casar com uma garota mais linda porque se n... – falei entre risos e Bernardo me acompanhava na risada.

_ Você não muda mesmo.

_   Nesse caso , como sou o comprometido , me preocupo com a  cultura e você se preocupa com ela. – falei empurrando Bernardo na frente da garota que derrubou a bebida que tinha entre as mãos.

_ Eu vou te matar . – Bernardo sussurrou atrapalhado com a situação enquanto eu soltava gargalhadas altas.

_ Desculpas , compreendes ? É é ..

_ Aqui não é o México ,Doutor . –  Me divertia mais com a situação enquanto Bernardo  tentava se traduzir.

_ Excuse me!

_ Eu falo sua língua. – a garota disse com um sotaque quase impercebível.

_ ah isso ótimo. Desculpa outra vez. – Bernardo disse.

_  Sem problemas , é .. Como você se chama ?

_ Bernardo .

_ Prazer , eu me chamo  Felipa.

_ O prazer é todo meu Felipa . E esse é o meu irmão João Vitor.

_ Oi , prazer. – levantei  dando um leve aperto de mão em Felipa.

_Você é familiar . – ela disse se referindo a mim.

_ Eu ? – indaguei.

_ Sim . Ahh lembrei , te vi em uma capa de revista quando estava no Brasil.

_ Então já foi no Brasil ?

_ Sim , morei 3 anos lá , mas a pouco tempo tive que fazer uma mudança rápida para cá. E vocês estão morando aqui ?

_Não , estamos só de passagem. – Bernardo respondeu.

_Isso me alivia, teria bastante dificuldade, digo pelo seu ótimo inglês . – ela disse irônica e nós três rimos.

_ Ainda não tive tempo para terminar um curso, a faculdade não me da um tempo extra. – Bernardo se justificou.

_ Faculdade de quê? – ela disse interessada.

_ Medicina.

_ nossa , então temos aqui um futuro doutor e um empresário rebelde.

_ Pelo visto leu a revista ? – Comentei e Bernardo ria de deboche.

_ Não me leve a mal , até achei charmoso as noticias que diziam que o filho rebelde sem causa abriu a própria empresa para enfrentar a mãe.

_ Ela leu mesmo .- Bernardo continuava a debochar.

_ Muito engraçado ,Bernardo. Mas vou deixá-los,tenho que ligar pra Eduarda. – levantei e sai do bar , dando a oportunidade para Bernardo conhecer Felipa melhor.

Disquei o número de Eduarda rápido e depois de dois toques ela atendeu.

_ João ? – a voz serena de Duda chamou na linha.

_ Oi meu amor.

_ Já chegou em Londres?

_Sim , já faz algumas hora que chegamos.

_ E alguma novidade ?

_ Não ainda não , na verdade resolvi sair um pouco com Bernardo ele anda muito tenso. E nada melhor que uma britânica . – falei rindo.

_ Ah sei. E você ta tenso também ? – ela disse ciumenta.

_ Não seja boba.

_ Ain ta bom . – ela disse suspirando- mas eu espero que encontre logo Valentina e tudo volte ao normal.

_ Vamos encontrá-la , afinal ela vai ser nossa dama de honra.

_ Ah espera , olha quem quer fala com você. - ouvi alguns ruídos na ligação  e depois a voz dele ficou mais viva.

_ Pa-pai. – ele disse com um pouco de dificuldade.

_ Ei moleque , que saudades o papai ta de você.

_ Nós estamos com mais saudades ainda. – Eduarda dessa vez respondeu.

_ Eu te amo .

_ Eu também te amo.

Desliguei a ligação depois de alguns minutos , e quando iria voltar ao bar avistei um homem familiar saindo do bar , andei um pouco em sua direção , era Michael. Continuei a segui-lo, mas logo ele entrou em um carro e o perdi de vista, entrei rapidamente no bar atrás de Bernardo que ainda conversava com Felipa.

_ Ei que foi , parece que viu um fantasma ?  - Bernardo comentou.

_ Quase isso. – falei e o celular de Felipa tocou e aproveitei a distração dela.

_ Eu vi Michael sair daqui do bar , ele entrou em um carro e o perdi.

_ Ele estava aqui ?

_ Sim.

_ Ei gente , foi ótimo o papo , mas tenho que ir meu pai me ligou .

_ Foi ótimo conhecê-la . – Bernardo deu um beijo no rosto de Felipa,depois fiz o mesmo.

_Sabe devíamos nos encontrar mais vezes, enquanto ainda estiverem por aqui.

_ Isso seria ótimo. – Eu disse em coro com Bernardo e o celular de Felipa tocou mais uma vez.

_ Agora é o Michael , tenho que ir mesmo. – ela disse pegando a sua bolsa.

_ Espera Michael ?

_ É  o meu segurança , meu pai acha que preciso , digamos que temos algo em comum João , também sou uma filha rebelde.

_Isso deve ser uma coincidência – Bernardo sussurrou para mim.

_ Isso é o que vamos ver. – sussurrei de volta.

_ Então quando podemos nos encontrar de novo Filipa ?

_ Sabe , amanhã é o meu aniversário e vai rolar uma festa , vocês deveriam ir , aqui o endereço.

_ Estaremos lá.

_ até logo rapazes.

_ Eu não posso ter tanto azar para mulheres desse jeito , isso não é possível. – Bernardo exclamou dramático encostando a cabeça no balcão.

_ Considere ela a solução de nossos problemas e a respostas de nossos enigmas.