Vida de escritora não é, definitivamente, nada fácil! Você fica se perguntando a cada minuto sobre o que escrever, quais serão os personagens, se sua história vai ser baseada em algo que acontece repentinamente na vida das outras pessoas ou algo alternativo, escolher para que tipo de público fará, gêneros, romance ou ação, comédia ou drama, aventura ou vida escolar, suspense ou mistério, se irá ser uma história ou um livro que apenas faça as pessoas sentirem que aquilo é baseado em sua vida. Não pode ser algo idiota, ou modinha. Tem que entreter o público, não fazer ele pensar “essa é igual a todas as outras histórias”. Sempre tem um mocinho e uma donzela, ou no caso da adolescência, o badboy e a nerd, claro, não pode faltar aquela garota metida a macho da história, a situação, ou no caso dos filmes da Walt Disney, quando o badboy nega na frente de todos que deu uns pegas na nerd e ela é humilhada pelas líderes de torcida, ou descobre que na verdade ele só dormiu com ela por causa de uma aposta. Título também é algo importante, pois é tanto ele quanto a sinopse que chamam a atenção das pessoas. Sobre o que escrever? Sobre quem escrever? Sobre que universo escrever? Alternativo ou real? AARRGGHH.

_Droga, droga, droga, droga, droga! Definitivamente uma droga!_ bufei e praguejei enterrando a cabeça em meus braços cruzados em cima da folha de papel. 20 dias para recuperar a adolescência que eu supostamente “perdi” e ainda por cima tenho que escrever um livro em mesmo prazo, ao contrário: bye bye emprego, bye bye carreira, bye bye oportunidades, bye bye VIDA! Way Good? Way? KILL ME NOW!

_ Levanta a cabeça e começa a tomar seu café da manhã antes que desmaie de fome._ Percy chegou em meu quarto com uma bandeja composta de suco de laranja, biscoitos com gotas de chocolate, um pedaço de bolo e alguns morangos. Não preciso dizer que eu ataquei a comida como se fosse a última coisa que eu fosse fazer na minha vida não é mesmo?_ Não precisa agir como se não comesse alguma coisa há séculos. Vai ficar com dor de barriga se comer tudo de uma vez.

_ Faço qualquer coisa para ter alguma ideia para esse livro._ de repente Percy abriu um sorriso. Se estivéssemos em algum tipo de desenho animado eu tenho certeza de que uma lâmpada se acenderia em cima de sua cabeça. Ele havia tido alguma idéia.

_ Vem comigo._ ele disse e eu olhei emburrada para o meu café da manhã._ Eu preparo um melhor ainda para você, e se quiser vamos no Mc Donald’s depois._ sorri e ele revirou os olhos me puxando.

_ Para onde vamos?_ perguntei pegando alguns biscoitos. Faça-me o favor, eu realmente estou com fome, e esses biscoitos caseiros parecem deliciosos.

_ Á um lugar._ ele disse ainda sorrindo. Vou dar um tijolada na cara desse verme.

Antes de tudo você deve estar achando que eu sou irresponsável o suficiente para deixar a Piper sozinha, ou pior, com a Thalia! Mas bom, já se passaram três dias que eu estou “cuidando” dela, e não está sendo tão ruim assim, então decidi deixar ela ir na casa de Jason, afinal, eu sou uma boníssima pessoa. Ainda mais por que o pai de Jason é meu avô, e ele é realmente severo e rabugento, e não deixará que eles façam algo demais. Sim, Jason e Thalia são meus tios, e por mais incrível que pareça, eu sou mais responsável que minha tia, tirando o fato de que Jason é mais maduro que nós duas juntas. Então, decidi confiar nos dois, e com isso quero dizer em Jason e meu avozinho querido. Vocês realmente acham que eu confio em Piper tanto assim? E sobre a Thalia, parece que acordou como se uma manada de elefantes estivesse pulando corda dentro de sua cabeça. Bem feito, além de ressaca, não se lembra de nada. Hunf! Nico se trancou dentro da casa dele e diz que não vai sair de lá nem que a vaca tussa. Vou dar uma voadora nesse emo fresco!

_ Para onde está me levando Percy?_ perguntei e ele somente continuou me puxando. Bufei.

Comecei a olhar a nossa volta. Era um lugar realmente muito bonito. Me senti em um filme adolescente da Walt Disney ali. Era um jardim, lindo, cheio de flores com cores diversas por todos os lados. Poderia parecer algo romanticamente enjoativo e que deixava qualquer pessoa com náusea e com vontade de jogar um desinfetante naquele monte de coraçõezinhos voando em cima de você como se fossem insetos. Porém não era exatamente algo vomitável. Havia algumas crianças correndo e brincando, jogando água uma nas outras, e uns casais e famílias faziam piqueniques ali. Ok, retiro o que eu disse: Era muito vomitável. Olhei para Percy como se ele fosse um doente mental e ele revirou os olhos como se me pedisse para esperar. Aquele lugar me parecia familiar...

“_ Ok, me lembre de nunca aceitar uma proposta sua novamente! Você me disse que iríamos à biblioteca Thalia._ eu dizia a punk que sorria maliciosa enquanto me puxava para dentro daquele... Jardim do amor horripilante e assustadoramente amável. Eu não ficaria surpresa se visse um carinha anão, novo, de fraldas e cabelo loiro enrolado segurando um arco com uma flecha de coração rodeado de passarinhos e pombinhas brancas espetando os outros com a sua doçura e seu sapatinho cor-de-rosa de cano longo.

_ Eu só quero te mostrar uma coisa sua CDF magricela._olha quem fala, uma garota de doze anos, que diz que o amor era invenção do capitalismo e mesmo assim me leva a lugares como esse.

_ Quer me arrumar um encontro por acaso?_ Thalia fechou a cara.

_ Claro que não._ sorri.

_ Está com medo de me perder para um garoto, hein melhor amiga?_ provoquei e ela bufou revirando os olhos.

_ Não, é só que eu não quero ficar te ouvindo suspirar e falar coisas doces como “O amor é tão lindo quantos os olhos azuis dele” ou “o cabelo loiro dele me lembra a areia do deserto”, e ainda ficar segurando vela._ ela falou e continuou me puxando.

_ E por que exatamente a senhorita está falando sobre alguém de cabelos loiros cor de areia e olhos azuis?_ perguntei curiosa, afinal, o único garoto que Thalia conhecia era Jason, e acredite, ela nunca elogiaria o irmão a não ser que ela ganhasse um ingresso para o show do Green Day por isso, o que eu tenho certeza de que não vai acontecer. Mas ok, eu tenho que rever os meus conceitos, pois, algo que eu também achava que não viveria para ver estava acontecendo: Thalia corou. Sim, ela, aquela garota punk sem sentimentos que odeia todo mundo. Ela. Realmente. Estava. Muito. Corada. CORADA! A THALIA!

_ Aí!_ gritei como uma garota mimada de filmes adolescentes. A bola tinha batido bem no meio da minha testa e eu havia caído na grama verde e macia de bunda.

_ Annie!_ Thalia disse preocupada se agachando do meu lado.

_ HEY! Sua idiota, por que tinha que entrar na frente da bola? Eu ia fazer um gol._ um garoto de mais ou menos a minha idade apareceu reclamando, bufando com as mãos na cintura que nem uma garota. Ele tinha cabelos castanhos e olhos verdes, realmente lindos. Porém aquelas orbes verdes não iriam me impedir de xingá-lo até a quinta geração.

_ Você acerta uma bola na minha cara, não me ajuda a levantar, e ainda fica me culpando por que eu..._ fui parando a frase aos poucos enquanto via um garoto se aproximar, vindo da direção em que a punk estava olhando. Ok, eu comecei a ligar os pontos. Cabelos cor de areia, olhos azuis... Então Thalia também estava entrando na puberdade é...

_ Percy! Já te falei para olhar para onde chuta! Parece até que tem..._ completei a frase com a primeira coisa que veio na minha cabeça.

_ Algas no lugar do cérebro!_ me levantei e passei a mão em frente ao rosto corado de Thalia, que ficou ainda mais vermelho quando balançou a cabeça se “despertando do transe”.

_ É! Seu peixinho júnior!_ o garoto de olhos verdes bufou me olhando com raiva. Olhei novamente para o loiro. Era um garoto realmente bonito, e tinha um bom forte físico. Aparentava ser mais velho que eu.

_ Calem a boca Luke e Travis, meu assunto é com a cizentinha ali._ fechei a cara.

_ Cizentinha é a..._ Thalia me interrompeu, me puxando novamente para sei lá onde. O que é que deu nessa garota?”

_ Percy, é aqui que nós..._ ele sorriu assentindo. Ele estava pior que a Thalia, não me contando para onde iríamos e me olhando estranho a cada cinco minutos. Não é á toa que eles são primos.

“_ Hey, cizentinha! Nós ainda não resolvemos aquele assunto._ o mala de olhos verdes disse se aproximando de mim no refeitório da escola.

_ Você? Mas que droga, o que eu fiz pra merecer esse... Esse..._ eu tentava achar algo ofensivo o suficiente para fazê-lo fechar a cara e me deixar em paz._ Cabeça de algas no meu pé?!_ de repente ouço várias gargalhadas vindas da mesa em que o idiota saiu. Ele rosnou.”

_ Chegamos.

“_ Não, não e não! Está tudo errado! Não sabe nem fazer um trabalho de ciências seu Cabeça de algas estúpido?_ o tal de Percy bufou, se jogando na cama e fechando os olhos com a cabeça sobre os braços, como se nem tivesse me ouvido._ Idiota.

_ Se você é tão inteligente assim, que tal fazer o trabalho sozinha senhorita sabidinha?_ cruzei os braços olhando para ele com raiva.

_ Ótimo._ falei e ele se levantou.

_ Ótimo. _ ele saiu batendo a porta do quarto e pisando duro.”

_ Mas o que..._ Ok, eu levaria anos para entender o que esse idiota queria me dizer com aquilo.

_ Eu já te mostrei a inspiração, só falta você mesma encontrá-la agora._ ele disse e eu engoli em seco olhando a minha volta. O que é que ele está pensando em fazer? E como assim eu mesma achar a inspiração? Do que é que esse cabeça de algas estúpido está...

_ Aquilo é... Uma casa na árvore?_ perguntei devagar, olhando para ele. O mesmo assentiu. Voltei meu olhar para a frente. Não era possível que aquele lugar estivesse assim... Ele era tão lindo antigamente, porque agora ele estava pior do que minha casa quando a deixei por responsabilidade da Thalia e da Piper? Me aproximei, olhando para a grama morta a minha volta. Onde estavam ás flores e..._ Oh meu Deus, o que é que aconteceu aqui?_ perguntei novamente olhando para a água completamente poluída do pequeno lago e para o lixo jogado no chão em volta da enorme árvore, que ficava bem no centro de todo o terreno que antigamente eu chamaria de jardim._ Onde estão os pomares e as flores? O que aconteceu aqui Percy?

_ Foi esquecido. Retirado das memórias das pessoas. É realmente difícil acreditar que elas se esqueceram de um lugar tão lindo, e ainda fizeram o favor de deixá-lo sujo assim._ ele disse olhando para o chão.

Aquele lugar costumava ser o meu preferido para brincar com aquela turma de loucos... Eu, Percy, Thalia, Nico, Luke, Rachel (lembrando que na época eu não gostava muito dela), Travis, Connor, Katie, Calipso, Beckendorf e até mesmo com a Clarisse de vez em quando! Não dava para acreditar que tinham feito aquilo com o jardim. Olhei mais atentamente para a casa na árvore. A madeira não parecia sólida, estava empoeirada e a pintura estava completamente desbotada, sem falar que por dentro deveria estar pior. Lembrei-me que eu e o resto da turma tínhamos deixado nossos brinquedos favoritos lá. Arregalei os olhos, pronta para começar a escalar e Percy correu em minha direção. Nós olhamos nos olhos um do outro.