Eu não sabia para onde a Claire estava indo. Tudo bem, eu sabia, mas não entendia porque estávamos indo para a sala dos professores já que estávamos fugindo de uma, mas assim que chegamos à frente dela, Claire abriu a porta, encontrando o professor de Latim, sentado em sua cadeira de rodas lendo um dos seus livros. Levantou o rosto nos fitando, por um minuto pareceu surpreso em nos ver ali, mas no momento seguinte a compreensão passou por seu rosto e logo Claire disse:

- Acharam ele.

                        Sério, que porra de brincadeira é essa?

            Capítulo 2 – Sério, acho que estou apaixonado.

- Você sabe dirigir? – Sr. Brunner perguntou a Claire.

- Sei – respondeu sorrindo brilhantemente.

- Não, eu não quero morrer – falei e acabei recebendo um tapa de Claire.

- Pegue a vã do Acampamento, está estacionada na minha vaga. Vá, logo, por favor.

            Claire segurou minha mão e me levou para fora do colégio mesmo sobre os meus protestos de querer voltar para pegar minha mochila e afirmou que alguém passaria para pegar mais tarde. Porém, uma coisa que realmente me incomodou foi o fato de ter que ir de carro com ela para sei lá onde.

            Não que eu fosse um motorista muito ruim, mas de qualquer jeito Claire era pior, com toda a certeza chegaríamos ao destino com alguma parte do corpo faltando, mas quem sou eu para me opor a isso? Eu curto uma aventura.

            Entramos na vã enorme que tinha algum logotipo de alguma coisa que eu não me preocupei em ver qual era. Era entrou no banco do motorista dando partida quando eu mal tinha entrado. Já saiu do estacionamento e seguiu uma estrada qualquer.

- Ok, Rick. Vou te contar agora porque eu não quero que você surte, tudo bem?

- Tudo bem, mas você está séria e isso está me assustando.

- Sem brincadeiras, Richard – ralhou parecendo estar brava – Você sabe o que seus pais são?

- Minha mãe é escritora e meu pai diretor médico. Você sabe disso.

- Sabe alguma coisa sobre seus avós?

- O pai da minha mãe morreu quanto ela tinha dezesseis anos e a mãe do meu pai me dá de presente aqueles cookies que parecem mofados.

- E a mãe da sua mãe? O pai do seu pai?

- Meus pais nunca falam sobre eles, então não sei nada.

- Seus avôs são deuses.

- São o que?

- Deuses, como aqueles que aprendemos.

- Ok, Claire, sem brincadeiras.

- Não estou brincando, Rick. Eles são deuses gregos, seus pais são semideuses e você e Rose são descendentes.

- Isso é sério?

- Nunca falei tão sério em minha vida. E você sabe disso.

- Então ‘tá. Que deuses eles são?

- Sua avó é Atena e seu avô Apolo.

- Legal – comemorei. Afinal, tem todas aqueles lendas de Apolo sendo o deus mais bonito e tal – Mas porque você sabia disso e eu não?

- Eu sou uma semideusa.

- Oh, não. Você não é filha de Apolo também não, é? Eu não vou te chamar de tia.

- Por mais linda que eu seja, meu pai não é Apolo. E sim, Poseidon. Mas sou mais forte que uma simples filha do deus do mar.

- Por quê?

- Além de ser filha de um dois Três Grandes, que são os “fodões” do Olimpo, eu tenho a benção de Ares, deus da guerra e de Hermes, deus dos ladrões e outras coisas.

- Benção útil essa última – brinquei.

- Não estamos para brincadeiras, Rick. As coisas estão sérias, os monstros estão atrás de descendentes e são poucos semideuses que sobrevivem por bastante tempo para chegar a ter filhos, ainda mais um casal de semideuses, seus pais foram um dos poucos que conseguiram isso. Agora, você, Rose, Leo e todo e qualquer descendente corre perigo. Por isso eu falei com Quíron...

- Quíron?

- O nome do Sr. Brunner é Quíron, mas enfim... Eu falei com ele e ele concordou em vir até o colégio, mantendo os olhos em você. Eu sabia que não demorariam até te achar, ainda mais estando comigo e morando com seus pais. Entenda, os semideuses tem um tipo de aura, que é facilmente rastreada pelos monstros. A minha aura é mais forte que a de seus pais, por que sou filha de um dos Três Grandes. Mas a sua é quase inexistente, mas você possui.

- Eu tenho algum tipo de super poder?

- Você é um descendente, Rick, não o Batman.

- Batman não tem super poder! – gritei indignado.

- De qualquer jeito, você entendeu.

- Não entendi não. Batman é super herói mais foda que existe, não admito você falando dele desse jeito. O respeite, por favor.

- Rick?                             

- Oi.

- Cale a boca.

            Fiz o que ela pediu. Não porque ela mandou, porque eu ainda estava chateado por ela ter dito que o Batman tem super poder. Não é por ser meu super herói favorito... Ok, era por isso sim, mas cara, quem não sabe que o Batman não tem super poder? Passei o resto da viagem olhando pela janela tentando ignorar Claire cantando. Não sabia para onde estávamos indo, apenas que era em algum lugar em Long Island.

[...]

Ok, era muita coisa para eu entender. Primeiro, o que eu estou vendo é um homem metade cavalo metade humano? E, por acaso, apenas por um acaso, ele está dizendo que meus pais são filhos de deuses olimpianos, que eu sou algo como um descendente e que pode existir uma profecia falando sobre mim? Que porra de brincadeira é essa? E como se nada pudesse ficar pior vejo dona Megan, entrando pelas fronteiras do Acampamento e a expressão em seu rosto me diz o quanto estou fodido.

- Ahn, Rick, vá dar uma volta com Claire enquanto eu converso com Quíron, por favor – minha mãe pediu.

            Rapidamente eu me levantei, puxando Claire para fora dali.

- Eu queria ver sua mãe brava – reclamou.

- Eu quero viver, Claire. Se você não tem amor a sua vida o que eu posso fazer?

- Olá, Claire.

            Virei-me para a pessoa que cumprimentava minha amiga encontrando um garoto com mais ou menos a minha altura. Ele parecia ser um pouco mais velho que eu, ou não tinha lâmina de barbear ou não sabia fazer isso. Ok, estou exagerando. Ele tinha uma barba por fazer, os olhos azuis, cabelos castanhos claros em um penteado estranho e um sorriso que parecia que cegaria qualquer um.

            Olhei para a Claire, que sorria bobamente e estava mais corada que... Pera, Claire nunca corou em todos os anos que eu a conheci.

- Ah... O-oi – gaguejou.

            Tossi para disfarçar minha risada. Cara, Claire Adams está apaixonada pelo sem lâmina de barbear, mas tarde eu zoaria ela demais por isso, com toda a certeza. Com a minha “tosse” acabei chamando a atenção do garoto para mim, que parou de sorrir ao notar minha mão ainda no pulso de Claire.

- Sou Josh Marshall, filho de Zeus e você? – estendeu a mão para mim.

- Ahn, Rick Solace – estendi a mão para ele, que quase quebrou com seu aperto de aço – Porra cara, não precisa quebrar minha mão.

- Filho de quem? – repetiu a pergunta, cruzando os braços com uma expressão séria.

- Ele é descendente. Apolo e Atena – Claire respondeu por mim.

- Ah...

- Bom, vou leva-lo para conhecer o acampamento. Até mais, Josh – sorriu com o rosto ainda corado.

- Você está apaixonada – acusei quando estávamos longe o bastante para que ele não pudesse me ouvir.

- Eu? Querido, eu já estou em um triângulo amoroso. Eu, a fome e o sono.

- Esqueceu-se de uma coisa.

- O que?

- Eu.

- Ata.

- Qual é, Claire. Sei que sou o amor da sua vida.

- Sonhe, Richard.

            Durante um bom tempo, Claire me mostrou cada lugar daquele Acampamento, até os chalés. Descobri que eu tinha muitos “tios”, alguns até mais novos que eu. Por fim, eu poderia decidir em que chalé ficaria. Atena ou Apolo. É obvio que eu escolhi o de Apolo, não por ser o mais bonito, em minha opinião, e sim pelas tias lindas que eu tinha lá.

- Vamos para a arena – Claire disse me puxando dali.

            De longe eu já conseguia ver ela, e cara, ela era a garota mais linda que eu já tinha visto. Era apenas um pouco mais baixa que eu, usava uma calça jeans escura que realçava suas curvas e porra, que curvas. Usava uma camisa laranja, a mesma camiseta que eu vi vários campistas usando. Tinha a pele pálida e meio fantasmagórica, com algumas gotas de suor escorrendo por seu rosto. As bochechas rosadas pelo esforço que fazia ao desferir golpes no boneco a sua frente. Os lábios rosados e convidativos. O cabelo comprido e longo, caindo em uma cascata em suas costas, o tom de castanho mais lindo que eu já tinha visto na minha vida e os olhos castanhos quase pretos.

            Sério, acho que estou apaixonado.