Era domingo e eu ainda tinha parte do meu dia. Fui desperdiçar o resto do dia em casa. Eu queria mesmo ligar para Dick, mas ele ainda podia estar ocupado.

Então eu era o ponto fraco do “Sr. Grayson”? Ri sozinha ao pensar nisso. Meus pensamentos foram interrompidos pelo toque estridente do celular:

–Alô?

–Oi Suzi, como vai?

Pov. Dick

Eu já havia pensado o suficiente. Aquilo já havia durado tempo de mais, era hora de acabar.

Peguei o celular e disquei o número que já conhecia.

–Alô?

–Oi Lis. Está em casa?

–Não, estou na casa dos Lane, mas já estou indo embora.

–Certo. Então eu te dou uma carona, já estou indo.

O céu já estava escuro e o tempo começava a esfriar de verdade, mostrando que o inverno seria cruel. Entrei no carro pensando na melhor maneira de resolver tudo aquilo. Quando eu cheguei à casa dos Lane, Lis estava pronta para sair. Pude ver Suzi acenando da janela, acenei de volta. Lis entrou no carro.

–Oi. Me desculpa por não tê-la esperado na mansão. – Ela havia percebido rapidamente que eu estava “diferente”, seu sorriso logo desapareceu e ela ficou claramente pensando no que poderia ter acontecido.

–Tudo bem. Para onde estamos indo? – Ela também havia percebido que não estávamos no caminho para a sua casa

–Vamos tomar um café. – Tentei sorrir, mas não foi como sempre e ela forçou um sorriso.

Ficamos em silencio, ela olhava para a janela e eu não tirei os olhos da estrada por um só instante. Parei o carro em frente ao café, desliguei-o e quando pretendia sair, Lis segurou o meu braço.

–Dick, está tudo bem com você?

–Sim. – Abri a porta do carro e saí sem dizer qualquer outra coisa

Quando abri a porta para ela, Lis me lançou um olhar confuso, tanto para ela, quanto para mim.

Estávamos bem perto da porta de entrada. À direita havia um estacionamento que eu não precisei usar, optei por deixar em frente ao lugar, as pedrinhas pequenas forravam todo o lugar. Lis andava a minha frente, mas de repente mudou de direção, caminhando para dentro do estacionamento quase vazio.

–O que? Aonde vai? – Falei inutilmente, ela não me ouviria e muito menos mudaria de direção, o que me fez sorrir por um instante.

Ela caminhou até o centro do estacionamento e agachou pegando alguma coisa no chão.

–Alguém perdeu um brinco. – Ela se levantou voltando a sorrir com um brinco vermelho a mão – Ele brilha mais de longe. – Ela observou. Tentei sorrir, mas não tive muito sucesso. – Quer me dizer logo o que há com você?! – Ela mandou

–Nós precisamos conversar.

–Ótimo, vamos conversar então.

–Aqui?

–Agora.

–Está bem. Nós não podemos mais ficar juntos.

–O que? – Com certeza não era o que ela esperava – Como assim?

–Não podemos mais ficar juntos. Não dá mais. – Ela não estava acreditando muito, por mais que eu não quisesse, teria que ser do jeito mais difícil.

–Aconteceu alguma coisa?

–Não. Alícia, não torne isso mais difícil para nós. Eu não queria dizer tudo dessa forma – apontei para o estacionamento que nos rodeava – mas... foi divertido enquanto durou.

–Divertido? Está brincando comigo, Richard? – Ela avançou me empurrando e eu a deixei me empurrar enquanto despejava tudo

-É sério isso? Então eu realmente fui o seu recorde! – ela continuou rindo – Bárbara tinha razão o tempo todo! Droga! Eu fui um recorde. Parabéns Dick, até eu caí na sua! – Ela se afastou se tornando a pessoa mais fria que poderia ser naquele momento.

–Você não foi só um recorde para mim... – Comecei a falar, mas ela me interrompeu.

–Não. Zatanna foi o seu recorde. – Ela falou aquilo me atingindo em cheio e depois deu as costas, mas eu a segurei pelo braço – Se você vai ir embora da minha vida, vá de uma vez. – Ela sacudiu o braço me fazendo soltar e voltou a andar. Lis entrou no café deixando claro que eu devia ir embora.

Pov. Lis

Abri a porta de casa, entrei enquanto jogava a bolsa na poltrona e a bati com força. O que foi que aconteceu? Me sentei no sofá apoiando a cabeça no mesmo.

Tudo aconteceu tão rápido e eu ainda estava zonza por causa da fumaça e da explosão na mansão. E na mesma noite Dick terminou comigo. Dick terminou comigo! Certo, e se Bárbara estivesse certa mesmo? Então eu fui só isso, um recorde, uma namorada por vaidade. Se fosse isso, Dick só havia ficado comigo porque não namorei com nenhum outro cara da escola. Ele apenas queria provar que conseguia a mais difícil das garotas, mesmo depois de alguns anos... Minhas teorias não pareciam fazer muito sentido, ou talvez eu não quisesse aceitar.

Isso é ridículo. Me levantei chacoalhando a cabeça em direção ao quarto. Um banho me faria relaxar.

...]

–Já vai! – Berrei depois de ouvir a campainha tocando três vezes

A toalha ainda estava em meus ombros quando abri a porta. Suzi.

–Oi Lis! Tudo bem? Eu vim porque não tinha mais nada interessante em casa e... – Ela entrou falando rapidamente. Fechei a porta e a vi sentar no sofá vasculhando a bolsa até encontrar o que procurava – Eu queria muito te mostrar isso! – Me sentei no sofá e peguei uma revista de suas mãos.

–O que é isso?

–Página dezenove.

Folheei a revista até encontrar. Três páginas falando sobre Bruce Wayne e na página dezenove, em meia página, aparecia Dick e eu. Antes de entrarmos na mansão. Eu segurava sua mão nós sorriamos. Suspirei devolvendo a revista.

–O que foi?

–Nada.

–Alícia Amell! Me conta agora.

–Está bem. Dick terminou comigo. Satisfeita?

–O que?

–Ele terminou comigo. Não faz muito tempo. Depois que eu saí da sua casa, ele me levou em um café e terminou comigo. E deixou claro que foi divertido enquanto durou, mas ele não queria mais. E não desmentiu quando eu disse que Bárbara tinha razão e que eu fui só mais uma. – Despejei vendo-a arregalar os olhos incrédula

–Isso não pode ser sério.

–Mas é, Suzi. Isso ficou bem claro. Ele esperou até eu estar envolvida o suficiente para sentir... algum coisa com tudo isso. Ele me convenceu que eu não era só mais uma, me convenceu que deixou as outras para trás e que gostava mesmo de mim, para, na semana seguinte, terminar comigo depois de ter me salvado de um incêndio!

–Mas ele não é assim! Eu não sou sua melhor amiga de infância, mas sou próxima o suficiente para saber que com você não é assim.

–E talvez não fosse assim com Zatanna, Kara, Kory e todas as outras...

–Não precisa ficar assim.

–“Assim”? Eu não estou “assim”! Eu só não me acostumei com a ideia de levar um fora! – Eu nunca havia levado um. Era isso, não era? Tinha que ser.