Desventuras Incertas De Luna escrita por Docinho Malvado


Capítulo 2
O Verdadeiro Começo


Notas iniciais do capítulo

Oie, eu queria agradecer á MiniCoisa, por ter deixado um review e por ter me mandado uma fic ÓTIMA, e tambem quero agradecer ao meu mano Zekrom! Vocês dois são de mais
IGNOREM TODOS OS ERROS! ;)



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Eu me lembro da minha mãe correndo perturbada pela casa quando eu tinha apenas seis anos e meio. Ela estava trancando todas as portas e todas as janelas. Estava chovendo muito naquela noite, eu chorava, estava com medo.

– Olhe Luna - Mamãe disse olhando nos meus olhos. - Eu vou ir pra longe de você por um tempo. Você vai para um lugar escuro, mas lembre-se sempre que a luz está em você. Não se preocupe, nós vamos nos ver de novo, eu prometo! - Disse isso e me deu um beijo na testa. - Eu amo você minha princesinha e quando tudo parecer difícil lembre-se que o futuro sempre pode mudar. Luna lembre bem disso que eu estou lhe dizendo!

– Sim mamãe. Eu amo você e não queria que você ficasse longe. – Falei chorosa.

Nós duas nos abraçamos. Sinto falta dela todos os dias da minha vida, e é claro que eu lembro-me claramente de tudo...

Me lembro da chuva, das palavras de mamãe, de como ela estava com um olhar enlouquecido naquela noite. Lembro como arrombaram a porta, dela me escondendo dentro do guarda-roupa, deles entrando e a arrancando enquanto ela chorava e gritava desesperadamente. Seus gritos ainda me assombram. Me lembro de como chorei baixinho enquanto assistia a tudo, é claro que eles ouviram o meu choro, abriram a porta e me arrancaram de lá de dentro, eu chorava e gritava enquanto me debatia furiosamente. Eles colocaram um pano no meu rosto e eu comecei a ficar com um grande sono, eu tentei lutar contra o sono, mas acabei dominada.

Quando acordei estava dentro de uma sala totalmente branca, deitada no chão. Assim que eu sentei vieram duas enfermeiras e uma delas estava carregando uma tesoura. Eu comecei a me encolher num canto da sala, uma delas se ajoelhou na minha:

– Escute garota, nós vamos ter que cortar o seu cabelinho um pouco, mas não irá doer nada! - Ela disse com a voz açucarada.

– Porque vão fazer isso? - Eu perguntei desconfiada e ainda encolhida.

– Só para alguns testes, e nós não queremos que você fique com o cabelo torto, então iremos cortar até o seu ombro.

– Mas eu não quero!

– Você não tem escolha! - A enfermeira que estava com a tesoura disse vindo em minha direção.

Eu chorei durante o corte. Foi rápido, ela simplesmente fez um rabo de cavalo com a mão e passou á tesoura. Alguns fios do meu cabelo caíram e outros foram colocados dentro de saquinhos plásticos.

Elas se foram. Eu fiquei lá, sentada no chão frio sem nenhuma reação, eu não sabia o que fazer, eu era apenas uma criança trancafiada em um quarto branco sem nada, sem nenhuma janela para ver o mundo, presa. Então eu fiz a única coisa que podia fazer, eu chorei, eu gritei, eliminei toda a minha raiva com murros, socos e chutes na porta. Eu senti, foi apenas depois de ter eliminado tudo a ficha caiu, eu vi que não tinha futuro nenhum, eu vi que eu talvez ficasse lá para sempre, era esse “talvez” que me matava, era uma tortura não saber de nada, eu sempre soube o que iria acontecer, mas naquele momento não via nada, eu daria tudo para ter uma visão, para ver o meu futuro, se eu sairia ou ficaria lá.

As palavras de minha mãe vieram a tona na minha mente, eu sentei no chão, encostei-me a parede e fiquei lá me balançando enquanto repetia:

– O futuro sempre pode mudar.

Eu acho que estava tentando convencer a mim mesma.

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Não sei quantos dias já aviam se passado, mas eu estava lá no chão, cantando uma música que eu tinha inventado para me distrair.

Neste período de tempo que eu permaneci naquele lugar, tinham abrido uma portinha por onde passavam comida e água. A comida que me davam não era lá essas coisas, era apenas um pão, isso mesmo, só o pão, e um copo de água. Eles me davam isso quatro vezes por dia e eu comia, pois tinha que comer algo.

No quarto onde eu estava não dava para ouvir nada, e eu tinha certeza que eles também não me ouviam do lado de fora. Lá dentro tinha quatro câmeras, voltadas para mim, era insuportável ficar sendo observada tão rigorosamente. Nos dias que se passaram eu não pude dormir, não conseguia, pois já era acostumada com o conforto do meu lar e dormir em um chão frio não era lá essas coisas, o peso de ser observada também não me deixava pregar os olhos e eu também tinha medo, pois não sabia quem estaria lá quando eu acordasse, claro, em alguns momentos eu tive que tirar alguns cochilos, mas era coisa rápida, questão de minutos. Eu odiava quando eu caía no sono sem querer, eu me sentia vulnerável enquanto dormia, e o pior de tudo é que eu não tinha nenhum sonho, eu não consegui ter nenhuma visão nos dias em que estive presa e isso era ainda mais torturante.

No meio da minha música eu vi uma coisa, uma luz forte brilhou e de repente a porta estava aberta e duas mulheres, as mesmas mulheres que tinham cortado o meu cabelo, estavam entrando com uma maleta na mão. Enquanto uma estava lá pegando coisas na maleta, a outra veio em minha direção e disse olhando nos meus olhos:

– Nós vamos ter que tirar um pouco do seu sangue, mas não se preocupe, não vai doer nada, é só uma picadinha, minha querida! - Ela falou colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e sorrindo.

– Eu não quero. Eu quero a minha mãe, eu quero sair daqui agora! - Eu gritei.

– Você não vai sair daqui enquanto não colaborar, então, seja boazinha! - Disse ela num tom ríspido e doce.

– Por favor... Não! - Eu disse cheia de lagrimas.

– A seringa já esta pronta? - Perguntou a enfermeira para a outra, me ignorando, como se eu nem tivesse dito nada.

A outra enfermeira veio caminhando em minha direção com uma agulha.

– Vai ser só uma picadinha. - Ela me garantiu, mas eu pude ver o brilho nos seus olhos, ela estava se divertindo com a situação.

Uma enfermeira me segurou firmemente, outra enfermeira, que entrou sem que eu visse, segurou com força o meu braço esquerdo, enquanto uma outra tirava o meu sangue. Eu gritava histericamente, pois nunca havia tirado sangue na minha vida, minha mãe nunca permitiu isso, ela morria de medo que os médicos descobrissem que tinha algo errado comigo, algo que a medicina era incapaz de compreender.

Depois da tortura, elas simplesmente me deixaram lá, largada no chão, uma das enfermeiras, antes de se virar e fechar a porta, disse pra mim:

– Daqui a pouco nós te daremos um pão, para você não ficar fraca, meu bem! - Sorriu e se foi.

Eu fiquei lá chorando. Só depois de um bom tempo, eu me recompus, cantando a minha música de novo.

De repente a minha visão se apagou, eu senti uma dor na minha cabeça e um desconforto na barriga, como uma pontada de gelo bem no estomago, e do nada eu não estava mais no quarto, eu estava em uma escola, no meio do pátio, olhei no relógio e marcava 14:00. Um menino esbarrou em mim e ficou lá, parado, me encarando.

– Vem logo Robert! - Eu vi uma menina o chamando.

– Já vou Violeta. - Ele disse pra ela. Violeta estava acompanhada de um outro menino, que eu não consegui ver direito. - Quem é você? Você estuda aqui? - Ele me perguntou, mas eu não respondi. O menino aparentava ter dezesseis anos, e estava com um cigarro na boca. De repente o celular da menina, Violeta, que aparentava ter uns quatorze anos, tocou.

Voltei para o quarto onde eu estava. Eu ainda estava no mesmo lugar, eu não tinha dado nenhum passo, isso só podia dizer uma coisa: Eu tinha tido uma visão.

– Uma possibilidade! - Eu sussurrei para mim mesma sorrindo.

Então, depois de um tempo raciocinando sobre a minha visão, eu juntei todas as peças, a musica que eu estava cantando já era uma visão, mas eu não tinha reparado, voltei a cantar a música alegremente.

Quando percebi já estava dançando dentro da sala. Eu nem acreditava que havia uma possibilidade, que eu tinha uma chance, esse tal de Robert era a minha salvação, eu tinha que encontra-lo, mas o problema seria: Como eu iria encontra-lo? Como eu sairia da divisão? Onde ele estava? Naquele momento, eu não quis pensar muito naquilo, pois estava muito feliz, eufórica, não queria que nada estragasse aquela alegria repentina que tomou conta do meu ser. Naquele momento, eu decidi que prestaria mais atenção nas coisas, pois a resposta estava ali o tempo inteiro e eu nem achei estranho o fato de ter inventado uma música como essa do nada, eu nem levei em consideração o fato de não conhecer nenhum Robert para coloca-lo na música assim do nada. Então pensei na única coisa que eu poderia fazer: Prestar atenção em qualquer sinal, ou tentar ter mais visões. Eu teria que confiar na sorte para acha-lo, claro, eu poderia prestar atenção em tanta coisa, em tantos detalhes, que talvez eu encontrasse alguém nada a ver, mas valia a pena o risco. E eu tentaria quantas vezes fossem precisas achar esse Robert, pois algo dentro de mim dizia que achando esse Robert tudo mudaria, tudo seria diferente, eu encontraria a minha mãe e seria feliz de novo.


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Notas finais do capítulo

O capitulo deu MUITO trabalho para ser escrito, então, eu quero reviews para compensar o sofrimento da autora aqui!
Musica do capitulo/ Musica que ela cantou: Foster The People - Pumped Up Kicks
XoXo