Suteki da Nee escrita por Yoruki Hiiragizawa


Capítulo 15
Não Tenha Medo deste Amor!


Notas iniciais do capítulo

Música do capítulo: This Love interpretada por Angela Aki, parte integrante da OST de Blood+.



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SUTEKI DA NEE
por Yoruki Hiiragizawa

 

Capítulo Quinze
Kono koi wo osorezu ni

 

A segunda-feira ainda trazia consigo resquícios das atividades do dia anterior, tanto por causa dos cartazes que ainda estavam pendurados nos corredores, quanto pelo clima de animação dos alunos e professores. No entanto, antes do término das aulas, os ânimos já estavam mais contidos, afinal, a época das provas estava se aproximando.

“Classe dispensada. Uma boa tarde a todos!” - o professor Onoda encerrou a última aula do dia, saindo em seguida.

“Sakura, você se importa de esperar um pouco? Eu tenho que levar o relatório de atividades de hoje na sala dos professores...” - Shaoran perguntou levantando-se de sua carteira. Ele era o responsável pelas tarefas aquele dia.

“Claro que não. Eu o estarei esperando no lugar de sempre, está bem?” - respondeu com um sorriso, vendo-o concordar.

Enquanto o chinês se afastava, ela reparou no olhar divertido de Tomoyo e meneou a cabeça, quando a morena começou a cantarolar suteki da ne, após se despedir.

Sakura terminou de guardar seu material e saiu da sala com um sorriso cansado, acompanhada por Rika.

“Nossa, que clima horrível o de hoje...” - a garota comentou, fazendo Sakura voltar os olhos verdes para o céu cinzento, através da janela do corredor.

“Nem me fale...” - suspirou, ajeitando a pasta no ombro. - “Eu juro para você que fiquei tentada a voltar para cama quando ouvi a previsão do tempo...” - riu um pouco. - “Mas eu agradeço por ter feito sol ontem. Imagina se depois de todo aquele trabalho, chovesse no dia da gincana...”.

“Ah, não! Teria sido uma pena. Ontem foi muito divertido...” - Rika disse serenamente.

“É! Mas eu estou feliz por tudo ter acabado...” - suspirou pesadamente, fazendo a amiga rir.

Percorreram o resto do caminho conversando sobre amenidades até chegarem ao portão, onde se separaram. Sakura se encostou à grade do colégio olhando para as nuvens carregadas. Não demoraria muito para começar a chover. Esperou por, aproximadamente cinco minutos, antes que Shaoran chegasse e pudessem ir embora.

Caminharam em silêncio por algum tempo, cada um mergulhado em seus próprios pensamentos. Sakura suspirou pesadamente.

“Ai, estou tão cansada!” - ela declarou subitamente, fazendo-o rir.

“Achei que você fosse repousar com o término da gincana...” - Shaoran comentou, vendo-a abaixar levemente a cabeça.

“Mas é que aconteceram tantas coisas ontem que...” - interrompeu-se ao ouvir uma voz conhecida pouco antes de cruzarem com Akio, que saía de uma loja acompanhada de Akami e Hikari.

A ruiva os encarou parecendo assustada por um instante, mas depois os cumprimentou levemente com a cabeça antes de pronunciar um fraco ‘até amanhã’aos dois, afastando-se. Sakura observou a garota ir embora, sentindo-se um pouco tonta.

‘O que acabou de acontecer aqui?’, indagou-se continuando a caminhar ao lado de Shaoran. Atravessaram uma rua e entraram no parque.

“Desculpe, eu sei que vai soar como sarcasmo o que eu vou dizer, mas...” - ela começou quebrando o silêncio que se formara entre eles. - “A Yamazato, realmente, disse até amanhã?” - perguntou vendo-o concordar. - “Ela está muito estranha...” - afirmou, meneando a cabeça.

“Por que você diz isso?” - Shaoran indagou curiosamente. Sakura soltou o ar vagarosamente, antes de responder.

“Durante a aula hoje, eu a vi olhando em minha direção como se me observasse. E não foi só uma vez...” - explicou. - “E ela parecia prestar atenção em tudo o que eu falava, mas não fez um único comentário me criticando...”.

“Uhm... talvez...” - ele começou com o esboço de um sorriso, mas não completou a frase. Sakura o encarava atentamente e, de repente, sentiu um nó se formar no estômago.

Talvez, o quê, Shaoran?”.

O chinês pensou por um instante antes de responder. Na verdade, não queria admitir que não conseguira levar adiante sua resolução de ignorar completamente a garota. Mas a situação agora era diferente. Os sentimentos que o estavam movendo não eram os mesmos. Não eram sequer parecidos. Sakura haveria de compreender seus motivos.

“Eu... não contei isso para você, mas ela...” - começou, fazendo Sakura prender a respiração. - “Ela andou me procurando durante a semana passada...”.

A garota parou de andar, voltando-se completamente para ele com angústia estampada em todo seu rosto.

‘Não... isso não pode...’, teve seus pensamentos interrompidos quando ele continuou a falar.

“Não é o que você está pensando...” - tocou-a levemente no rosto. - “Eu não quero mais nada com ela... não se preocupe...” - assegurou, com um pequeno sorriso. O efeito daquelas palavras foi imediatamente visível sobre a garota.

“E... e o que ela queria?” - indagou, parcialmente recuperada do medo que a atingira. Não saberia o que fazer se, depois de tudo, Shaoran voltasse a se interessar pela ruiva.

“Tentar explicar seu comportamento anterior colocando a culpa na família...” - ele abriu um sorriso sarcástico. - “Na realidade, ela queria me convencer que, apesar de se interessar por mim antes, não poderia retribuir minha atenção de maneira apropriada por não saber que eu pertencia a uma família influente...” - voltou a caminhar com uma risada de deboche. Sakura, no entanto, não estava achando graça naquilo. - “Eu a coloquei em seu devido lugar e dei um sermão quando ela veio com essa conversa, mas é irônico que eu me encontre nessa situação...” - balançou a cabeça, parando, novamente, de caminhar e encarando Sakura. - “Eu não sou exatamente o tipo de pessoa que pode falar alguma coisa sobre esse comportamento...”.

“Como assim?” - não compreendia o que ele queria dizer com aquilo.

“Eu já fui muito parecido com ela, Sakura...” - falou sem encará-la. - “Eu fui criado acreditando que o mundo girava ao meu redor e tive que apanhar muito para me tornar quem eu sou hoje... e a primeira surra que eu levei, literalmente, foi do Eriol...” - adicionou em tom de brincadeira. - “Eu era arrogante, mesquinho e tratava os outros tão mal quanto ela o faz...”.

“Eu não consigo acreditar nisso...” - ela o interrompeu seriamente, fazendo-o sorrir.

“Mas é a verdade...” - disse encarando-a docemente. - “Eu só entendi que a proteção de minha família não valia nada quando comecei com os intercâmbios...” - explicou, passando a mão pelos cabelos. - “E fico feliz por ter conseguido mudar, porque eu, provavelmente, não me aproximaria de você, nem você de mim, caso a situação fosse diferente...”.

“Isso seria um desperdício...” - Sakura sorriu pela primeira vez, desde que ele começara com a narrativa. - “Mas ainda é inacreditável...".

“Eu penso o mesmo quando olho para minha infância... e também não é algo de que eu me orgulhe...” - seu tom de voz se tornou mais sério. - “Mas o fato é que: Yamazato disse ter vontade de mudar... e isso não é algo que eu consiga ignorar facilmente...” - viu Sakura abaixar o olhar por um instante e...

No momento seguinte, o que quer que ela estivesse pensando foi interrompido pelo estrondo de um trovão, imediatamente seguido por grossos pingos de chuva. Os dois começaram a correr até chegarem ao parquinho do Rei Pingüim, abrigando-se sob o escorregador, mas já estavam encharcados dos pés à cabeça.

“A chuva poderia ter esperado um pouco mais para cair...” - Shaoran reclamou, sentando-se encostado contra a parede do pingüim.

Sakura apenas riu levemente, ajoelhando-se encolhida com o olhar voltado para a rua. Sua mente ainda estava na conversa que fora interrompida pela chuva. Por mais que ele tivesse assegurado não ter mais nenhum interesse em Yamazato, ela se sentia insegura imaginando que, aquele auto-reconhecimento que Shaoran começou a enxergar na ruiva, pudesse trazer de volta sentimentos antigos.

‘O que eu devo fazer?’, pensava, alheia aos pensamentos conflitantes do rapaz, voltados para um objeto totalmente diferente.

Shaoran encontrava-se paralisado, o coração parecendo um tambor em seu peito, os olhos vidrados na silhueta... No corpo de Sakura. Engoliu em seco com os olhos cravados na blusa, colada e transparente, do uniforme dela; reparou na pele rosada, levemente bronzeada, em contraste com o sutien alvo. O tecido branco da camisa moldava-se às delicadas curvas, revelando aos seus olhos o formato torneado do corpo que tantas vezes abraçara, que tantas vezes estivera, como naquele momento, ao alcance de seus dedos. Seu corpo inteiro estremeceu e reagiu a esse pensamento...

Nunca havia parado para pensar no quanto Sakura era atraente fisicamente. Nunca a tinha visto por esse ângulo e essa descoberta o levou a se recriminar por sua própria cegueira. Para onde ele estivera olhando, durante todo aquele tempo, que não percebeu o que estava bem diante de seus olhos?

‘Ela é tão linda!’, contemplava-a embevecido, seguindo o movimento delicado das mãos que esfregavam suavemente a pele sedosa dos braços numa tentativa de se aquecer.

Observando-a, sentiu um calor se alastrar por todo seu corpo. Era como se, de repente, todo seu ser ganhasse vida própria e, independente de sua razão, necessitasse tocá-la. Seus dedos coçavam com uma curiosidade que só seria satisfeita quando sentisse a maciez e o calor da pele dela.

Shaoran, secretamente, agradeceu por ela estar distraída, não podendo ver, refletidos em seus olhos, os pensamentos que dominavam sua mente... Sentiu-se ligeiramente embaraçado. Sabia que não poderia fazer isso. Seria errado! Não era certo se sentir daquele jeito... ‘Não por Sakura. Isso não pode...’, prendeu a respiração, perdendo a linha de seu raciocínio ao vê-la estremecer e se encolher levemente com o vento que invadira o interior do brinquedo. Seu bom senso imediatamente vencido.

Sakura voltou seu olhar para Shaoran, ligeiramente espantada ao ser envolvida firmemente pelos braços do rapaz. Ela fora completamente pega de surpresa pela atitude inusitada do chinês e não conseguia entender o que estava acontecendo, mas, definitivamente, não iria reclamar. Passara os últimos minutos pensando em uma possível recaída dele pela ruiva, então, apesar da confusão por estar sendo prensada entre o rapaz e a parede do Rei Pingüim, sentia o coração se encher de uma alegria palpitante que alterava sua respiração, da mesma forma que ocorria com a dele.

O peito de Shaoran subia e descia num ritmo acelerado, como se tivesse participado de uma corrida; ele a encarava atentamente, fascinado pelos traços delicados, os olhos verdes, os lábios róseos. As mãos dele se moviam inquietas, ardendo enquanto exploravam as costas e cintura de Sakura, experimentando, com o tato, as curvas que o haviam provocado.

Ao ser medida minuciosamente pelo olhar escurecido de Shaoran, Sakura deu-se conta do que estava acontecendo. Ela pôde perceber que ele a olhava por uma nova perspectiva e isso a deixou se sentindo feminina e desejável. Era demais ser observada tão intensamente por aquele que há tanto tempo amava e por isso sentiu suas pernas tremerem e suas forças serem drenadas. Foi preciso agarrar-se aos braços de Shaoran, ou poderia desabar. Ela estava dominada pelo modo que ele a olhava e com a maneira que ele a acariciava, tocando-lhe com as mãos fortes, explorando e instigando as reações dela.

Shaoran aproximou seu rosto do dela até suas respirações se misturarem e acariciou o rosto gentilmente. Ela fez menção de dizer algo, mas o polegar dele, que antes acariciava suavemente a face rosada, pousou em seus lábios, impedindo-a de pronunciar qualquer palavra. Antes mesmo que ela pudesse elaborar o que dizer, sentiu-o entreabrir seus lábios com o mesmo dedo e tomá-los entre os próprios, em um beijo intenso.

Shaoran se sentiu como se, pela primeira vez, conseguisse realmente provar o doce sabor dos lábios de Sakura e essa impressão apenas servia para intensificar a receptividade de outras sensações. Ele a abraçava de modo a ficarem cada vez mais próximos, pressionando-a contra a parede do pingüim e reconhecendo com mãos ávidas, e com o próprio corpo, cada uma das curvas do dela, mas isso parecia não ser o suficiente. Sentiu que Sakura apresentava a mesma urgência, a mesma necessidade de tocar e sentir, correspondendo com paixão e entrega.

Afastaram-se levemente, voltando a se encarar por um instante, mergulhando nos olhos um do outro. Shaoran duvidava que ela tivesse consciência do quanto aquele par de esmeraldas o afetavam.

‘Como ela poderia saber quando eu mesmo não compreendo?’, indagou-se, levando uma das mãos ao rosto macio, fazendo-a fechar os olhos. Ergueu levemente a cabeça, beijando-a com ternura: primeiro em um dos olhos, ligeiramente fechado, depois no outro. Em seguida, desceu os lábios até tocar os dela; apenas por um instante. Em um ato contínuo, traçou o caminho até o queixo e foi subindo novamente até alcançar as maçãs do rosto. Eram toques leves, delicados. Apenas o suficiente para deixar a lembrança dos lábios e carinhos sobre sua pele alva.

Sakura nada disse. Não que realmente quisesse, mas se tentasse, tinha certeza que as palavras não sairiam. Ficariam presas em sua garganta, em algum lugar entre a embriaguez e a sobriedade. Apenas deixou-se levar, enquanto Shaoran continuava a borboletear beijos e carícias sobre seu rosto, para combinar com as borboletas que dançavam em seu estômago naquele momento.

Shaoran continuou trilhando a face de Sakura, novamente, em direção ao queixo e, ao alcançá-lo, depositou ali um beijo um pouco mais demorado. Tal mudança na carícia fez com que ela se arrepiasse inteira, jogando levemente a cabeça para trás, abrindo caminho para ele prosseguir pelo pescoço longo, aproveitando para sentir o doce perfume que a pele dela exalava. Não demorou muito para que ele percebesse que adorava o gosto daquela pele delicada e, quando a sentiu arrepiar-se ainda mais, e um leve sussurro escapou da garganta de Sakura, foi o suficiente para ele dedicar-se caprichosamente à tarefa, dando-lhe beijos, sugando-lhe levemente a pele, inalando profundamente o seu aroma.

Sakura estava enlouquecendo com as novas sensações que descobria. Não podia negar que sempre havia sentindo curiosidade sobre a intimidade de um momento como aquele, mas não estava preparada para descobrir que era muito melhor do que tudo que um dia imaginou.

Shaoran interrompeu os beijos e observou a pele levemente vermelha de Sakura. Seu olhar ainda continuou a investigação daquela garota linda e ele desceu os olhos pela blusa, que revelavam a forma dos seios. Sua respiração aumentou com o desejo de descobrir os mistérios ali guardados, querendo visualizar... Sentir.

Ambos estavam tão envolvidos no momento que levou alguns instantes para perceberem um som musical que começou a soar no interior do brinquedo, ecoando em algum canto de suas mentes até se tornar um sinal gritante de consciência. Afastaram-se rapidamente, encarando um ao outro de forma confusa, e desapontada, por algum tempo antes de Shaoran se voltar para sua mochila, procurando a fonte do barulho: seu celular.

“Oi, aqui é Shaoran Li falando...” - atendeu olhando para Sakura, que observava as próprias mãos sobre as pernas. Tirou o aparelho do ouvido quando a pessoa do outro lado começou a falar.

“Xiao Lang, onde você está?” — Yelan indagou preocupada. - “Aconteceu alguma coisa? Sakura está com você?”.

“Acalme-se, mãe. Não aconteceu nada. Sim, Sakura está comigo; fomos pegos pela chuva quando voltávamos para casa e decidimos nos abrigar até que passasse, o que não parece que vai acontecer tão cedo...” - respondeu tentando acalmar a mulher.

“Quer que eu peça para Wei buscá-los?”.

“Seria ótimo... Estamos no parque do Rei Pingüim. Fale para ele nos pegar na avenida comercial...” - informou, olhando para fora do brinquedo. A chuva continuava forte.

“Está bem... Fiquem abrigados. Ele ligará para você quando chegar aí...”.

“Tudo bem...” - concordou, mas então se lembrou de algo. - “Ah, peça para ele me trazer uma camiseta, por favor...”.

“Certo. Até mais...” - ela falou antes de desligar.

Shaoran suspirou pesadamente tentando pensar no que fazer agora, mas estava completamente perdido. Teria que dar uma explicação para Sakura sobre o que fizera, mas nem ele conseguia entender. Tudo acontecera tão rápido que ele não saberia dizer quanto tempo se passou enquanto a tinha em seus braços, no entanto lhe pareceu que aquele momento se arrastou por horas antes de o celular interrompê-los. Ele ergueu o olhar, encontrando os orbes esmeraldinos de Sakura sobre si.

Ela estava completamente sem graça, mas forçava-se a encará-lo diretamente, apesar da vontade de sair correndo. Precisava saber o que ele estava pensando e sentindo. Por um momento cogitou questionar o que o levou a agir de forma tão imprevisível e arrebatadora, mas logo percebeu não ter coragem. Além disso, se perguntasse, ele poderia se sentir pressionado e...

“Sakura...” - ele a chamou suavemente, interrompendo seus pensamentos. - “E-eu... sinto muito. Não devia ter...” - não conseguia encará-la ou completar a frase.‘‘O que eu estava fazendo? O que eu estava pensando?’, indagou-se, recriminando-se. Ainda sentia o corpo quente lembrando-se do sabor dos lábios e da pele dela. Olhou-a de soslaio por um momento e a viu de cabeça baixa.

Sakura podia não entender o que acontecera, mas “sinto muito” definitivamente não era o que ela gostaria de ouvir. ‘Palavras como essas, em um momento desses, realmente machucam...’, pensou sentindo um aperto no peito, mas não podia culpá-lo. Não completamente, pelo menos.

Ele ao menos sabia o que sentia, tampouco iria adivinhar o que ela estava sentindo. Ao pensar nisso, ficou ainda mais embaraçada por ter se deixado envolver daquela maneira quando tinha consciência de que ele estava confuso. Havia decidido manter seus sentimentos sob controle para que as coisas entre eles não ficassem estranhas, mas não conseguiria com aquela falta de firmeza diante de certas atitudes dele. Olhou para Shaoran ao ouvi-lo suspirar pesadamente, vendo-o desabotoar a camisa.

“Eu não sei mais o que estou fazendo...” - ele murmurou, parecendo pensar em voz alta e tirou a blusa. Sakura arregalou os olhos e se encolheu, involuntariamente, quando Shaoran se inclinou levemente para frente, esticando os braços. - “É melhor você colocar isso. Está molhada também, mas já resolve... um pouco...” - falou evitando encará-la.

Só então, Sakura se deu conta de como a chuva a deixara exposta, enrubesceu violentamente, entendendo o que o impulsionara a “agir”. Enquanto vestia a camisa que o rapaz lhe oferecera, sentiu uma ponta de satisfação, por saber que despertava aquele tipo de atração nele, misturar-se à chateação gerada pelo pedido de desculpas.

Algum tempo depois, o celular de Shaoran voltou a tocar, anulando o silêncio constrangedor que reinava entre eles. Sakura o ouviu trocar algumas palavras com o mordomo, embora não estivesse realmente escutando o que ele dizia; sua mente ainda estava a mil com o que havia ocorrido. Ao desligar o aparelho, Shaoran se voltou para ela e, sem encará-la, disse que Wei os estava aguardando em uma rua próxima.

Apesar da chuva que ainda caía pesada sobre eles, os garotos saíram correndo, afastando-se rapidamente do parque e logo alcançaram o veículo que os esperava. Assim que entraram, Wei deu uma toalha seca a cada um, para que se enxugassem um pouco. A camisa que o rapaz havia pedido estava no banco de trás e ele, ainda sem encará-la, vestiu-a rapidamente.

Sakura fez o caminho todo em silêncio, enquanto Shaoran conversava com Wei, evitando encará-la e tentando disfarçar o embaraço. Presa em seus próprios pensamentos, ela se sentiu ser envolvida por um leve torpor de esperança. Talvez, estivessem mais perto do que imaginava de uma definição para o confuso relacionamento que tinham no momento. Mas deveria tomar cuidado para queaquilo não voltasse a ocorrer, embora soubesse que, caso ele se aproximasse novamente, não conseguiria resistir, já que nada, jamais, parecera tão certo quanto estar nos braços dele.

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Sakura abaixou a sombrinha ao chegar à área coberta da lanchonete Atsui Hana, que estava com as portas fechadas, apesar da música relativamente alta e várias vozes que vinham do interior do estabelecimento. Sorriu levemente ao reconhecer a voz de Rika cantando no karaokê, enquanto dava a volta no prédio em direção à entrada de serviço.

“Boa tarde, Sakura. Estava achando que não viria mais!” - Chiharu disse ao vê-la cruzar o corredor entre a cozinha e o vestiário dos funcionários.

“Eu disse que vinha! Apenas me atrasei porque fui cortar o cabelo...” - comentou, balançando levemente as mechas que estavam molhadas pela chuva. - “Mas não sei por que perdi tempo fazendo escova com uma chuva dessas. Foi dinheiro jogado fora...” - suspirou pesadamente.

“Eu rezei a semana inteira para que fizesse sol ou, pelo menos, parasse de chover hoje. Parece que não deu muito certo...” - deu de ombros, seguindo em direção ao salão da lanchonete com Sakura logo atrás. - “Ficou ótimo esse corte na altura do ombro, aliás, mas o seu cabelo estava ficando tão bonito mais comprido...” - a outra se lamentou, mudando de assunto.

“Por que será que ninguém nunca fala essas coisas antes de cortarmos o cabelo?” - indagou com um sorriso de lado, fazendo Chiharu dar risada.

As duas se separaram assim que chegaram onde os outros se encontravam. Chiharu foi até Yamazaki e Sakura olhou em volta, vendo os colegas de classe espalhados pelas mesas ou rodeando o karaokê onde Rika finalizava a canção. Sorriu levemente diante da alegria que preenchia o ambiente, apesar da forte chuva que caía lá fora.

Fora idéia de Yamazaki estrear o karaokê que os pais compraram para a lanchonete com uma “festa particular” para a turma deles, em comemoração pelo segundo lugar na gincana esportiva: um resultado surpreendente considerando que nos anos anteriores haviam ficado nas últimas colocações.

Por fim, localizou Tomoyo e Eriol sentados na mesma mesa que Shaoran e decidiu caminhar na direção oposta, juntando-se a Rika que tentava convencer Naoko a cantar.

Sabia que estava sendo boba e que, mais cedo ou mais tarde, teria que falar com Shaoran, mas não tinha idéia de como fazê-lo e isso a deixava desanimada. Eles passaram a semana inteira fugindo um do outro e, quando isso não era possível, não conseguiam conversar direito. Não haviam mais tocado no assunto do beijo que trocaram na segunda-feira, como se tivessem feito um acordo silencioso a respeito, mas ela percebia que Shaoran se sentia incomodado com aquilo e o silêncio não estava lhe fazendo nenhum bem também.

“Sakura, ajude-me a explicar para a Rika que não irei cantar...” - Naoko pediu quando a viu parar perto de onde elas estavam. Rika sorria divertida e meneava a cabeça.

“Por que não, Naoko? Sua voz é tão bonita!” - indagou, vendo a amiga arregalar os olhos por trás das lentes dos óculos.

“E por que você não canta, então?” - indagou desistindo de se “defender” e partindo para o “ataque”.

“Sim, Sakura! Cante também...” - Rika se voltou para ela, animada. Sakura encolheu os ombros, olhando para as duas garotas.

“Eu canto se a Naoko cantar!” - disse incerta, vendo Rika forçar a amiga a se levantar.

“Ela vai!” - afirmou, carregando-as em direção ao aparelho para escolherem as músicas.

“Vocês vão cantar?” - Tomoyo se aproximou sorrindo de onde elas estavam.

“Vão, sim! E você Tomoyo?” - Rika estava impossível aquele dia. Parecia estar em um nível de animação superior ao de todos os outros, o que fez Tomoyo estranhar um pouco seu comportamento que, geralmente, era tão calmo e tranqüilo.

“Nossa, Rika! O que aconteceu? Parece que atingiu o sétimo céu...” - a morena comentou, não escondendo a surpresa e viu a garota virar um pimentão, causando surpresa nas amigas.

“Essa reação...” - Sakura começou, olhando para Naoko com um sorriso de cumplicidade.

“Sim... Parece que alguém está apaixonada...” - a garota de óculos completou abrindo um largo sorriso ao ver Rika ficar ainda mais desconsertada.

“Eu... estou namorando...” - a jovem falou tão baixinho que elas quase não ouviram.

“Por que não disse antes? Precisamos comemorar! Deixe-me escolher uma música...” - Naoko decidiu, animada enquanto Rika continuava contando alguns detalhes sobre o namorado para Tomoyo que a ouvia atentamente.

Sakura sorriu observando a expressão de felicidade de Rika com um olhar distante. Sentia-se feliz pela amiga. De verdade! Mas no fundo tinha um pouco de inveja dela... Gostaria de poder estar no lugar de Rika naquele momento, dizendo a todos o que sentia por Shaoran; que estavam namorando; que estavam felizes... Contudo não podia fazê-lo porque seu relacionamento com o chinês era mais complicado que isso... E tudo havia se complicado ainda mais depois daquele bendito último beijo no parque, sob o frescor da primeira chuva que precede o calor do verão.

O que a deixava ainda pior era que nada mais estava no lugar certo em seu relacionamento com Shaoran e ela não sabia o que fazer para consertar a situação ou para amenizar os sentimentos que pareciam à flor da pele sempre que estavam próximos um do outro. Mesmo que ela agisse como se nada tivesse acontecido, ou tentasse fazê-lo, ele não conseguia mais relaxar. Se eles se aproximavam muito, ou se tocavam sem querer, ou se seus olhos se encontravam ela notava que o rapaz era envolvido por algo parecido com medo... Um temor tão desesperador que ela não estranharia se ele simplesmente saísse correndo.

‘Mas, medo de quê?’, perguntava-se achando aquela idéia ridícula, embora ela mesma se sentisse amedrontada. Entrava em pânico só de pensar no quanto a situação estava afetando sua amizade com Shaoran e, talvez, ele sentisse o mesmo. Sim... Ele devia estar passando pelo mesmo dilema.

“Sakura...” - Tomoyo a chamou, colocando uma mão sobre seu ombro e fazendo Sakura piscar os olhos verdes de forma confusa.

“Você está bem? Pareceu sair de órbita...” - Naoko comentou, vendo-a levemente vermelha.

“Eu estou bem...” - respondeu com um sorriso sem graça, sentindo-se estranhamente tonta. - “Já escolheu sua música, Naoko?” - indagou, tentando afastar os olhares preocupados dos rostos amigos.

“Já, sim! E Tomoyo disse ter encontrado uma perfeita para você...” - disse abrindo um sorriso maroto.

“Qual?” - indagou curiosa, mas já prevendo alguma provocação vinda de Tomoyo. Olhou para a música que a morena apontava na lista e arregalou os olhos, enrubescendo. - “Eu não vou cantar ‘Kiss me’, Tomoyo!” - reclamou indignada, fazendo as amigas rirem.

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Eriol observou a namorada afastar-se e, então, voltou-se para encarar Shaoran, que mexia distraidamente o suco no copo. Meneou a cabeça, suspirando pesadamente, pensando em como abordar o assunto sem se intrometer demais na vida do amigo. Decidiu ser direto. Não poderia ficar dizendo ao outro o que ele deveria fazer, mas certamente poderiam ter uma conversa aberta.

“Shaoran...” - chamou-o seriamente, fazendo-o encará-lo intrigado. - “O que está acontecendo?”.

“De que você está falando?” - deu de ombros, balançando a cabeça como se tudo estivesse bem. Eriol cruzou os braços sobre o tórax franzindo as sobrancelhas.

“De teu relacionamento com Sakura.” - explicou, vendo-o arregalar os olhos e abrir a boca para responder, mas Shaoran se calou antes que pronunciasse qualquer coisa, abaixando levemente o olhar antes de desviar, distraidamente, a atenção para o lugar onde a jovem em questão se encontrava.

O mau pressentimento que Eriol tentara ignorar a semana inteira, diante da súbita mudança de comportamento dos dois, voltara a atingi-lo e, dessa vez, com força total.

“O que sentes por ela?” - indagou com certa inquietação na voz, recebendo um olhar assombrado, mas sério, do chinês.

“Ela é minha amiga, oras!” - Li retrucou imediatamente, sem realmente responder à pergunta.

O britânico não conseguiu evitar que um sorriso irônico se formasse em seus lábios e o encarou com uma sobrancelha erguida, deixando claro que não acreditava naquilo, mas Shaoran apenas sustentou o olhar, tentando demonstrar uma segurança que estava longe de sentir.

A verdade é que ele mesmo não saberia como responder àquela pergunta que o vinha inquietando ultimamente.

Sakura era sua melhor amiga e isso era fato. Mas e quanto ao resto? E quanto aos beijos que trocaram e à vontade louca que tinha de abraçá-la, de acariciá-la e tê-la entre seus braços? E quanto ao arrepio que lhe percorria a espinha toda vez que se tocavam...? E quanto ao que acontecera na última segunda-feira?

Não saber o porquê de tudo aquilo era angustiante, mas, sempre que se aproximava da resposta, sentia-se apavorado com seus próprios pensamentos e acabava empurrando-os de volta para um canto escuro de sua mente, preferindo contentar-se com o estado de ignorância...

De qualquer forma, por mais confuso que estivesse, não iria revelar suas inseguranças para Eriol. Era um assunto que só dizia respeito a ele e Sakura e, se tivesse que conversar com alguém, esse alguém seria a garota de olhos esmeraldinos, ninguém mais.

Então, como que para enxotar suas dúvidas e convencer o amigo de sua certeza, sorveu um gole do suco, mantendo a pose. Eriol, por fim, desistiu e afastou o olhar, meneando a cabeça.

“Apenas fico contente que não sejas tão amigo de Tomoyo quanto és de Sakura...” - comentou em tom de pouco caso e, apesar de ter voltado seu rosto para onde a morena estava, observava Shaoran de soslaio. - “Afinal, não gostaria de saber que andaste beijando minha namorada...” - completou, fazendo-o engasgar com o suco.

“O q... quan... on... como?” - os olhos de Shaoran se arregalaram tanto que, por um instante, Eriol imaginou que fossem sair das órbitas.

“O telhado do colégio não é, exatamente, o lugar mais adequado para se beijar uma garota...” - o inglês ergueu uma sobrancelha.

Shaoran escondeu o rosto nas mãos, apoiando os cotovelos na mesa, mas não se pronunciou. Eriol permaneceu em silêncio por alguns minutos, observando-o travar uma verdadeira batalha épica contra seus próprios pensamentos.

Enquanto Eriol pensava no que devia fazer para ajudar o amigo, Naoko começou a cantar uma música alegre no karaokê, preenchendo o salão. Decidiu tirar o chinês de seu estado semi-catatônico voltando a falar.

“Eu sei que não deveria me envolver no assunto. Que, o que quer que esteja acontecendo, provavelmente, não me diz respeito...” - começou atraindo a atenção do amigo. - “Mas não consigo evitar de me preocupar contigo e com Sakura...”.

“Eriol...” - Shaoran o cortou, mas o inglês continuou como se não tivesse sido interrompido.

“Eu prometo que ficarei de fora se tu me garantires que sabes o que estás fazendo...” - encarou-o claramente incomodado.

“Eu sei o que estou fazendo...” - mentiu, esperando colocar um fim à discussão, mas uma ponta de insegurança em sua voz serviu apenas para aumentar o desconforto de Eriol, que lhe lançou um de seus olhares mais incrédulos. - “É sério!”.

"Shaoran, tu és meu amigo, e eu te admiro muito. Tu sabes disso...” - começou com um olhar sério. - “Sei que és inteligente e que te importas com os sentimentos das pessoas ao teu redor, mas às vezes és um pouco desatento e isso pode tornar as coisas complicadas!” - alertou-o.

“Você não sabe do que está falando...” - Shaoran meneou a cabeça negativamente.

“O que eu estou falando é que não me surpreenderia se o que sentes acabasse mudando...” - teve de controlar-se para não acabar dizendo que os sentimentos de Sakura sempre foram diferentes. - “Eu sei que tu sempre viste Sakura como uma amiga e nada mais, mas os sentimentos são coisas imprevisíveis...” - suspirou, vendo-o abrir a boca para retrucar, mas continuou antes que ele conseguisse. - “Além disso, tu já paraste para pensar no que a Sakura pode estar sentindo ou no que ela pode estar esperando de ti?".

Shaoran não respondeu; não saberia como. Apenas recostou-se à cadeira, desviando novamente o olhar para a jovem, que aplaudia a performance de Naoko, refletindo sobre o que Eriol lhe dissera.

‘O que ela sente por mim?’, a questão veio à sua mente, invadindo todos os seus sentidos. Como era possível que nunca tivesse pensado a respeito disso antes? Seria por que sempre tivera a amizade deles como algo certo?

Alguma coisa havia mudado entre eles, por mais que não quisesse admitir. Não era natural que ele se sentisse atraído por ela daquela forma ou, pelo menos, ele achava que não, afinal, não havia muito tempo, dissera a ela que a tinha como irmã... ‘E pouco depois comecei a beijá-la de uma forma que nunca faria com minhas irmãs...’, argumentou contra seus próprios pensamentos. ‘Mas eu estou fugindo do assunto...’, voltou a concentrar-se nos sentimentos de Sakura. Ele sabia que não mais conseguiria encará-la de maneira fraternal, mas e quanto a ela?

Não levou muito tempo para ele se dar conta que Sakura nunca dissera vê-lo como um irmão. Ele falara isso, várias e várias vezes no passado, mas ela não. ‘Então, como ela se sente?’.

Seria um esforço inútil tentar adivinhar como ela estava se sentindo, a menos que ganhasse poderes psíquicos e aprendesse a ler mentes, mas as reações dela durante os beijos que trocaram tinham algo de animador. Ela era, sem dúvida, receptiva e retribuía com entusiasmo, mesmo nos momentos em que ele perdeu o autocontrole, tornando as carícias um pouco mais atrevidas.

Lembrou-se do beijo que trocaram no início da semana e sentiu o rosto esquentar. Evitou olhar para Eriol, imaginando que o britânico deveria estar se divertindo a sua custa enquanto ele tentava ordenar os próprios pensamentos. Fechou os olhos brevemente, respirando profundamente para voltar a se concentrar na questão...

‘Talvez ela também esteja confusa...’, considerou, sendo tirado de sua meditação pela voz melodiosa de Sakura no karaokê.

Em nós dois há um novo mundo
Em que anjos voam
Preciso de mais carinho do que você pensa...

…Mas aquilo não fazia o menor sentido. Ela não parecia confusa; pelo menos, até o início daquela semana, ela sequer demonstrava se incomodar com o que estava acontecendo entre eles.

Será que ela também sentia tudo o que ele vinha sentindo? A mesma inquietação que ele? Aquela necessidade de contato? A curiosidade? Não saberia dizer...

E, repassando aqueles momentos, existia, também, algo de desanimador nas atitudes de Sakura: ela nunca tomava a iniciativa nas carícias. Apenas correspondia, desfrutando cada um dos beijos, da mesma maneira que ele o estava fazendo.

Uma parte de si queria acreditar que as reações de Sakura indicavam seus sentimentos, e essa perspectiva era, sem dúvida, excitante. Mas a outra parte via a abertura da garota como algo alarmante.

‘E se tudo isso for apenas indício de que nos sentimos atraídos um pelo outro?’, questionava-se até que ponto aquilo poderia ser verdade...

Meu santuário, meu santuário
Onde medos e mentiras desaparecem
Música no tempo
Preciso de mais carinho do que você pensa...

E, se este fosse o caso, o que ele estava fazendo dando vazão a tais sentimentos descontrolados? Ele não poderia permitir que aquele desejo desvairado pela japonesa arruinasse a amizade que existia entre eles e, tinha certeza que Sakura pensava da mesma forma.

Além disso, era preocupante que perdesse o autocontrole da maneira que vinha acontecendo. Ter tomado consciência da beleza de Sakura não justificava o “piloto automático” em que seu corpo parecia começar a operar quando se tocavam. E ele nem estava considerando o fato de a última semana ter sido totalmente sufocante... Era sua culpa, ele sabia. Sakura provavelmente, não se sentia mais confortável ao seu lado e por isso se afastara.

Essa idéia era insuportável e lhe causava tamanha insegurança que ele não sabia mais o que pensar!

O que resta de mim?
O que resta de mim agora?

Eriol tinha razão: ele não sabia o que estava fazendo. Deixara o corpo controlar seu relacionamento com a melhor amiga e quase arruinara tudo. Aquelasexperiências foram longe demais e chegara o momento de colocar um ponto-final naquela situação embaraçosa.

Ergueu os olhos, encarando o karaokê, onde a garota cantava com um sorriso e as bochechas levemente rosadas. Sentiu um aperto no peito e a sombra de uma dúvida começou a envolver sua resolução.

‘Não é só por mim; é por Sakura também...’, concluiu, pensando que devia aquilo a ela. Empurrou a incerteza para um canto escuro de seu coração e voltou a encarar Eriol de forma decidida. Já sabia o que tinha que fazer. Agora era só colocar em prática.

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Akio parou em frente à Atsui Hana e respirou fundo, sentindo um arrepio na espinha, pensando que ainda não era muito tarde para voltar atrás. Durante a semana, tomara a decisão de participar daquela festa e “se misturar”, seguindo as instruções de Li, mas agora não tinha tanta certeza. Prestou um pouco de atenção aos sons vindos do interior da lanchonete ouvindo risadas e o final de uma música no karaokê. Por um momento perguntou-se quem estava cantando, mas logo reconheceu a voz da Kinomoto, não conseguindo esconder uma careta de desgosto. Sua indecisão se esvaiu e ela bateu à porta.

‘Kinomoto certamente está se divertindo em seu ambiente natural...’, pensou com um sorriso perverso. Sua madrasta sempre dissera que karaokê era a forma de expressão daqueles que não têm nenhum talento. Tinha toda razão.

Esperou durante quase um minuto sem que ninguém aparecesse para abrir a porta e voltou a bater, com mais força. Takashi Yamazaki havia dito no dia anterior que todos teriam acesso livre através da entrada de serviço, mas ela não se sujeitaria àquilo. Quando, finalmente, viu alguém aparecer para deixá-la entrar tratou de abrir um sorriso animado, ignorando o olhar espantado do colega, mas fora bem mais difícil ignorar o silêncio que pareceu preencher o salão quando passou pela porta.

Está certo que nunca antes participara de alguma confraternização que sua sala organizara, mas não precisavam encará-la como se fosse um ser de outro planeta. Odiou-se por se sentir vulnerável diante dos olhares espantados de todos ali e teve que se controlar para não sair da ‘personagem’ que estivera compondo durante a semana, especialmente para aquela situação, estudando o comportamento da Kinomoto. Uma personagem totalmente sem atrativos, mas que todos ali pareciam aceitar.

“Yamazato, é uma surpresa vê-la aqui!” - Yamazaki se aproximou dela com um sorriso, fazendo-a relaxar. - “Não sabia que iria se juntar a nós. Mishima e Takada virão também?” - indagou vendo-a negar.

“Não sei, mas acho que não...” - respondeu observando os colegas espalhados pelo salão e logo localizou Li, sentado sozinho em uma mesa, observando-a curiosamente. Estava na hora de entrar em ação.

“Então, seja bem-vinda e fique à vontade, por favor...” - ele disse como um bom anfitrião, antes de se afastar.

Ela hesitou por um instante, sem saber o que fazer, mas logo se colocou em movimento, aproximando-se de um grupo que observava o livro de músicas do aparelho de karaokê. Tudo o que precisava fazer era: sorrir, fingir prestar atenção quando lhe falassem e mentir sobre sua verdadeira opinião a respeito de toda aquela situação...

“Também vai cantar, Yamazato?” - foi Ikeda, o comediante da turma, quem perguntou, assustando-a levemente. Não estava prestando muita atenção ao que acontecia ao seu redor, preocupada em se lembrar de seguir um padrão de comportamento.

“Ah, não! Eu não me atreveria...” - respondeu com um pequeno sorriso buscando, com os olhos, pela reação de Li. ‘Será que ele ficaria enciumado se eu flertasse com alguém?’, questionou-se, mas logo notou que o rapaz não prestava atenção em si. - “Eu não sou uma boa cantora...” - completou, voltando a encarar o jovem a sua frente com falsa modéstia. Não iria se rebaixar, participando daquilo.

“Ora, mas karaokê nada tem a ver com talento... A única coisa que importa é se divertir cantando!”.

“Tenho certeza que os outros não achariam nada divertido se eu começasse a cantar. Seria preferível arranhar um quadro-negro...” - retrucou, fazendo Ikeda e outras pessoas que estavam próximas gargalharem. Teria ficado irritada com aquilo, caso não tivesse conseguido atrair a atenção do chinês.

“Não sabia desse seu senso de humor... Como é possível que nunca tenhamos conversado antes?”.

“Não faço idéia...” - sorriu levemente. Então, o que precisava fazer era manter-se em evidência, e agora já tinha uma idéia de como fazê-lo. Usaria o ‘dom’ do Ikeda para a comédia, a seu favor.

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 Shaoran meneou negativamente a cabeça, ouvindo a risada exagerada de Yamazato se espalhar pela lanchonete. Definitivamente, preferia a risada comedida e musical de Sakura.

Pensando nisso, desviou o olhar para a jovem de olhos verdes em silêncio. Ela conversava com algumas garotas com um sorriso suave nos lábios, os olhos brilhantes e a face rosada. Por um instante, imaginou sobre o que poderiam estar falando para fazê-la enrubescer.

Levantou-se em silêncio, indo juntar-se a Eriol que conversava com outros rapazes perto de onde a amiga se encontrava. Durante o percurso, olhou brevemente para a Yamazato que voltara a gargalhar. ‘Ela parece estar se divertindo bastante...’, pensou, voltando a pousar os olhos sobre Sakura e parando de caminhar, sentindo-se incomodado com alguma coisa.

Observou Sakura atentamente, reparando a persistência da vermelhidão em suas bochechas.

Havia algo errado!

Mudou sua direção imediatamente, aproximando-se de onde as garotas se encontravam, notando com mais clareza os sinais de que algo não estava bem. Como não percebera aquilo antes quando era tão óbvio? Deveria conhecê-la melhor.

Ouviu Rika interromper um comentário sobre alguém mais velho quando parou ao lado de Sakura, encarando-a com o cenho franzido. Por um segundo, ela ergueu os olhos para ele de forma espantada, mas logo desviou o olhar, evitando encará-lo.

‘E ela sabe que tem algo de errado!’, ele pensou, ficando realmente zangado com ela. Levou a mão até a fronte da garota; todos os seus terminais nervosos pareceram se concentrar ali na palma da mão.

“Sakura, por que não disse que está se sentindo mal?” - repreendeu-a, mas sem elevar a voz. Nem notara o súbito silêncio que caíra sobre o salão. - “Por Buda! Você está ardendo em febre...” - falou preocupado, enquanto, do outro lado do salão, a voz de Yamazaki anunciava para todos ouvirem:

“Yamazato, sua mãe a está procurando...”.

Os olhos de todos na lanchonete foram para Akio, que se mostrava repentinamente tensa, e depois para a porta onde uma mulher acabava de passar com ares de rainha, mas Shaoran levara alguns segundos para fazer o mesmo, ainda apreensivo com o estado febril de Sakura.

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“Ela não é minha mãe...” - a ruiva comentou se aproximando da mulher. Uma sombra de desespero transparecia em sua voz e expressão. - “Dominique, o que está fazendo aqui?” - todos prenderam a respiração, parecendo ter medo de causar uma catástrofe.

A madrasta de Yamazato era consideravelmente nova e evidentemente estrangeira, tinha os cabelos castanhos, puxando para a cor de mel, em um corte moderno, na altura do queixo e levemente repicado. Vestia-se de maneira requintada, um tanto intimidante; mas se excedia na quantidade de jóias que exibia, parecendo mais um mostruário. Não estava com uma expressão muito boa e examinava o interior da lanchonete com o nariz torcido em uma clara demonstração de desgosto que só fazia crescer a tensão que se formara no ambiente.

“Não consegui acreditar quando a querida Hikari me disse que você pretendia se juntar aos seus colegas em um karaokê e decidi comprovar com meus próprios olhos...” - a mulher declarou como se aquele fosse o crime do século. Pelo seu forte sotaque não restava nenhuma dúvida de sua origem francesa.

“Dominique, por favor...” - pediu engolindo em seco e olhando para os colegas com o canto do olho. - “É uma confraternização da turma do colégio...” - explicou.

“Mas é claro que é!” - afirmou ironicamente. - “Seu pai ficaria envergonhado com você...” - disse desgostosa, fazendo Akio encolher os ombros e baixar a cabeça envergonhada. - “Ao menos a querida Hikari teve discernimento em não comparecer, mas me admira que aquela filha dos Mishima não esteja aqui também... parece ser o tipo de evento no qual ela saberia se mesclar...”.

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Shaoran balançou a cabeça com os olhos levemente arregalados, notando que a senhora Yamazato não parecia nem um pouco preocupada por todo mundo dentro do salão estar ouvindo suas reprimendas ultrajantes e preocupava-se menos ainda com os olhares insultados lançados em sua direção. Olhou para Eriol que se aproximava com uma careta de asco ouvindo a mulher que continuava a falar. Quando o rapaz parou ao seu lado, encarou-o por um segundo meneando a cabeça, um brilho de divertimento escondido no olhar. Shaoran esboçou um sorriso e os dois suspiraram.

“Franceses...” - murmuraram ao mesmo tempo, rolando os olhos e contendo a risada.

Li logo desfez o sorriso, lembrando-se que tinha um assunto mais importante para resolver. Puxou o celular do bolso e começou a se afastar enquanto discava o número do seu apartamento e olhava de soslaio para Sakura que observava o monólogo da madrasta de Yamazato com um pouco de interesse.

Após ter conversado com a mãe por um minuto, voltou para perto dos amigos ainda ouvindo a tal Dominique criticar o comportamento da enteada. A única diferença era que o salão não estava mais dominado pelo silêncio curioso e apreensivo de quando ela começara o discurso. Sussurros e cochichos eram ouvidos por todos os lados.

“Eu não gosto da Yamazato, mas estou até me sentindo mal por ela...” - ele ouviu Chiharu comentar quando se aproximou.

“Eu estou com pena dela também, mas me sinto pior por mim mesma. Essa mulher não está apenas insultando a Yamazato, está nos insultando!” - Naoko falou indignada.

“Estou me sentindo um pouco culpado por ela...” - Shaoran revelou suspirando e atraindo a atenção dos amigos. Sakura se voltou para ele, mordendo o lábio inferior de maneira pensativa, mas não disse nada.

“Como assim? Por quê?” - Eriol indagou curiosamente. Shaoran baixou o olhar por um instante e decidiu explicar resumidamente o que acontecera na semana anterior e sobre as conversas que tivera com a Yamazato.

“Ah! Isso explica o fato de ela ter aparecido aqui hoje...” - Yamazaki disse num tom cômico. - “Mas, falando sério, gente. Será que não há nada que possamos fazer? A senhora Yamazato está arruinando a nossa festa...” - reclamou, olhando os amigos a procura de idéias.

Eriol abriu um sorriso zombeteiro e encarou Shaoran com uma sobrancelha erguida.

“Como está o teu francês, Shaoran?”.

“Enferrujado...” - respondeu, olhando pensativo na direção da ruiva. Voltou a encarar Eriol, vendo o sorriso que ele exibia. - “Ah!... Está bem! Mas você faz as honras...”.

“Com prazer...” - concordou, encaminhando-se até Yamazato com Shaoran ao seu lado.

O salão, repentinamente, voltou a ficar em silêncio e, ao reparar nos rapazes se aproximando, Dominique se calou observando-os de maneira altiva. Sem se importarem com o olhar de superioridade da mulher, os dois pararam ao seu lado, visando exclusivamente a ruiva.

“Yamazato, é sua vez no karaokê...” - foi Li quem falou, recebendo um olhar ofendido da garota, como se a tivesse ridicularizado, mas não se importou. Ela realmente tinha que aprender as regras daquele jogo.

“Com licença, rapaz, mas...” - Dominique começou num tom de escárnio.

Excussez-moi, qui êtes-vous?” - Shaoran a cortou com indiferença, como se só naquele momento a tivesse visto, e voltou, calmamente, a falar com uma Akio embasbacada. - “É melhor se apressar! Tem gente esperando para cantar depois de você...” - segurou-a gentilmente pelo cotovelo, guiando-a até o aparelho.

O som de várias risadas sendo contidas foi ouvido por todo salão diante da cena.

“Espere só um instante! Como se atreve a…” - a mulher exclamou quando encontrou a voz.

Qui tu pensez que c'est?” - Eriol, que ainda estava parado ao lado da mulher, a interrompeu de maneira autoritária e, depois, carregou o seu japonês com um sotaque britânico. - “A senhora invadiu uma festa particular, madam,não me obrigue a chamar a segurança!” - ameaçou-a firmemente, antes de se afastar, voltando a se juntar a Yamazaki. - “Acho que você, provavelmente, perdeu uma cliente...” - comentou como que pedindo desculpas, mas o amigo apenas meneou a cabeça com um sorriso.

“Não acho que ela fosse se tornar freqüentadora, de qualquer maneira...” – riu levemente.

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Shaoran estava perto do karaokê fazendo companhia a Yamazato, que estudava as opções na pasta de música, enquanto observava Sakura, em uma das mesas, ser cercada de atenções por Tomoyo e as outras garotas. Decidiu manter-se longe enquanto não houvesse nada que pudesse fazer e, pensando nisso, tirou o celular do bolso, começando a encará-lo como se isso fosse fazê-lo tocar imediatamente.

“Eu gostaria de agradecê-lo por ter me ajudado a lidar com Dominique...” – Yamazato se pronunciou sem encará-lo, tirando-o de sua interessante atividade.

Shaoran pensou em dizer que não fizera isso para ajudá-la ou, pelo menos, que essa não fora a principal razão e que a caça à bruxa francesa fora em própria defesa, já que ela estava insultando a todos ali, e também a pedido de Yamazaki, mas apenas deu de ombros. A garota que pensasse o que quisesse, ele não tinha que ficar se explicando.

“Achei muito boa a sua iniciativa de participar da festa...” – ele comentou voltando a olhar para o aparelho telefônico em sua mão. ‘Por que está demorando tanto?’, perguntou-se começando a ficar impaciente.

A ruiva o encarou com um sorriso um pouco relutante.

“Eu gostei de ter vindo. Foi divertido, apesar de minha madrasta ter descoberto e armado uma cena...” – voltou a desviar o olhar para a pasta em suas mãos, aumentando um pouco o sorriso.

Ele permaneceu em silêncio e bufou, passando a mão pelos cabelos, voltando o olhar, novamente, para Sakura. Viu-a encarando-o fixamente e sorriu, perdendo-se momentaneamente nos conhecidos orbes esmeralda, só para ser trazido outra vez à realidade ao sentir o celular vibrar em sua mão. Nem precisou olhar para o número no identificador de chamadas, já sabendo de que se tratava.

“Espero que escolha uma música bem alegre e que se divirta cantando-a na frente de sua madrasta...” – falou a Yamazato apressadamente, dando um passo para trás. – “Agora, eu preciso ir...” – completou já caminhando na direção de Sakura que conversava com uma Tomoyo bastante preocupada.

“Mas, Sakura...” – a morena começou em tom quase maternal.

“É sério, Tomoyo, eu estou bem...” – ela dizia com a voz firme, apesar dos evidentes sintomas da febre. Shaoran meneou negativamente a cabeça, rolando os olhos. Ela nunca mudaria...

“Mas não está mesmo...” – ele retrucou, parando ao lado da mesa. – “Eu a acompanho até sua casa...” – estendeu a mão para ela com um sorriso, mas ela não fez menção alguma de que iria sair dali, apenas abaixou levemente a cabeça deixando Shaoran um tanto intrigado. Não entendia por que ela hesitava em aceitar sua mão, até que um pensamento passou por sua cabeça:por causa da preocupação com a saúde dela, ele conseguira camuflar a sensação de desconforto que sentira durante a semana, mas ela, certamente, não se sentia daquela maneira.

Suspirou pesadamente, fortalecendo ainda mais a decisão que havia tomado mais cedo. A situação não poderia continuar daquele jeito. A amizade que compartilhavam era tudo para ele e pensar que a estava perdendo era enlouquecedor.

“Sakura...” – chamou-a gentilmente, sentando-se na cadeira ao lado dela. – “Você precisa descansar e...”.

“Eu sei. Eu irei para casa, não se preocupe...” – ela o interrompeu, erguendo os olhos com um frágil sorriso. – “É só que, você não precisa deixar a festa só para me acompanhar...” – falou já se levantando, mas foi firmemente segura pelo pulso.

“Você realmente acha que eu vou deixar você ir para casa sozinha?” – ele se levantou também, vendo-a encolher os ombros. – “Vamos! Wei está esperando na frente da...”.

“Wei? Como assim? Quando você...” – ela arregalou os olhos, recebendo um olhar zombeteiro.

“Você por acaso pensou que eu a tivesse esquecido?” – brincou, erguendo uma sobrancelha e vendo-a desviar o olhar, envergonhada, indicando que ela pensara exatamente aquilo.

Definitivamente, tinha que resolver a situação...

“Sakura, nós dois realmente precisamos conversar...” – ele declarou seriamente, fazendo-a encará-lo.

“Eu sei...”.

“Venha, vamos para sua casa...” – ele a puxou pela mão em direção à entrada. – “Lá nós teremos mais privacidade, já que, quando liguei para chamar Wei, mamãe disse que Touya iria se atrasar...” – e, dizendo isso, passaram pela porta da lanchonete.

Continua…

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Notas finais do capítulo

Vamos falar um pouco sobre o capítulo...

Como eu vinha comentando há algum tempo, as coisas estavam boas demais para ser verdade... O que o Shaoran vai dizer para a Sakura pode tanto resolver toda a situação quanto estragar todos os avanços que esses dois fizeram nesse complexo relacionamento...

Era óbvio que a falta de comunicação entre S&S acabaria criando um problema, uma vez que eles ficam se baseando no que acham que o outro está pensando, ao invés de perguntar e discutir sobre o que estão sentindo... Isso é complicado... Todos aqueles beijos e diálogo que é bom, nada...

Da parte do Shaoran há toda aquela confusão gerada por não saber o que está sentindo pela melhor amiga... E foi tudo tão rápido menos de um mês desde que eles trocaram o primeiro beijo...

Já a Sakura fica se apoiando na confusão dele para justificar o próprio medo de encarar o problema... É um sério caso de covardia emocional... Além disso, talvez, ela se sinta um pouco insegura com a Yamazato aparecendo na cena... como a "namorada atual" diante da "ex"... embora o Li não tenha realmente namorado com a Akio, mas ele ficou correndo atrás dela por dois anos... isso é muito tempo...

Não acredito que vocês tenham ficado felizes com o aumento da participação da Akio na trama... e o surgimento da tal Dominique, provando a veracidade do que a Yamazato dissera ao Shaoran anteriormente... não sei exatamente o que poderá acontecer. Sei, entretanto, que a cobrinha de cabeça vermelha não irá desistir facilmente de seu plano de "vingança", mas, se eu fosse ela, tomaria cuidado para não ficar presa na própria rede de mentiras e armações...

A música que a Sakura cantou no karaokê, foi Sanctuary, interpretada por Utada Hikaru, para o encerramento do jogo Kingdom Hearts II.Quanto à música Kiss me - Sixpence None the Richer, sugerida por Tomoyo é um Hit americano que há algum tempo recebeu uma versão em japonês. A letra é bem divertida, mas seria impraticável Sakura cantá-la na situação atual já que ela e Shaoran mal conseguem se encarar... Eu só achei que seria um disperdício perder a piada... u.ù

Traduzindo:Excussez-moi! Qui êtes-vous? - Desculpe-me, quem é você?
Qui tu pensez que c'est? - Quem você pensa que é?

Fico por aqui. Até o próximo capítulo.
Beijinhos,
Yoru.