–Vou pra casa arrumar as malas, vou para Alemanha amanhã cedinho. - O moreno deu de ombros e me fitou curioso enquanto o irmão dele ia embora.

CHAR & THEO

–Você tá louca? Assumir namoro depois de um dia? UM DIA?

–Ah, você queria que eu fizesse o que? Dizer pro seu irmão ''Não, eu sou a peguete dele''. A gente tinha que contar, e nada melhor do que agora, né? Até por que...

–Você não tá entendendo, quando eu chegar em casa, meus pais vão 'tá sabendo, vão querer te conhecer, querer que você vá lá em casa e esses blá blá blá de namoro.

Arregalei os meus olhos. Certo, não tinha pensando nisso, porque meus pais não ligariam, mas os dele.

–Ah... Não tinha pensando nisso, desculpa.

Dei um sorriso amarelo pra ele, que passou as mãos pelo cabelo, puxou minha mão e foi me levando até a arquibancada, aonde dava pra ver todos que andavam de skate.

–O quê foi cara, você deixou meu lindo milk-shake lá sozinho, e meu skate. Se alguém pegar meu skate, eu juro que te mato.

–Calada, nós precisamos criar uma história.

–História? Pra que? Eu tenho cara de escritora?

–Não, ah, sei lá. Uma história pros meus pais, nós conhecemos há dois dias e já estamos namorando. Acha mesmo que eles vão cair nessa?

–Certo, faz assim. Nós conhecemos numa festa ano passado, e foi uma ficada, coisa de festa, de um dia qualquer. Você vai a festas, né?

–Claro, eu fui a umas no verão. Continua.

–E nós encontramos de novo no primeiro dia, passando o verão inteiro pensando um no outro e essas coisas melosas. Ai ontem depois da aula, nós fomos tomar sorvete juntos e você me pediu em namoro. Pronto, fim. Curtiu a minha história diva e romântica, idiota?

Ele olhava fixamente pra frente, seus olhos transbordavam desejo, olhei na mesma direção. Ele trocava olhares com a vadia. Que me deu um sorriso superior, ah, mas isso não vai ficar assim.

O puxei e o beijei, língua contra língua numa batalha forte. O beijo estava quente e transbordava desejo de mais, parei o beijo e dei um beijo leve no queixo dele, que tinha os olhos arregalados, dei um chupão no seu pescoço e o puxei para fora de lá, antes peguei meu skate e tive que deixar o meu precioso skate.

–O.quê.foi.isso?

Ele disse pausadamente, levantei a minha sobrancelha e mordi o meu lábio inferior.

–Nesse exato momento, ela acha que estamos indo pra minha casa.

Mandei uma piscadela pra ele, que me olhou boquiaberto.

–Mas... Ah, mas...

–Você é virgem, não é?

Disse com um sorrisinho de lado, um garoto de 17 anos virgem, isso é um milagre divino. Ele não respondeu.

–Bom, se você for. Fique sabendo que ela vai querer te levar pra cama na primeira oportunidade, e você não pode. De jeito nenhum, hesitar. Está me ouvindo?

–É sim. Entendi capitã. Hum, ela tá vindo pra cá. Vamos!

Comecei a correr rapidamente, ele corria atrás de mim. Cheguei ao portão da minha casa e comecei a rir, Theo também.

–Entra vai, ela vai dar um jeito de saber se estamos juntos.

–Como você sabe?

–Digamos que eu já passei por uma fase ''garota popular e vadia que dá em cima de todos''.

–Sério? Não consigo imaginar isso.

–E nem precisa.

Me joguei no sofá, ele também. Que moleque folgado. Nós olhamos de novo e começamos a rir.