Between Heaven And Hell escrita por Ariany


Capítulo 25
Capítulo 21 - Espadas




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POV Stefan

E lá estava ela entre um caminhão e demônios que queriam leva-la para longe. Eu não tinha opções nem escolhas e aquela era minha função; dar a minha vida pela a da minha protegida e salvar o amor de toda a minha vida. Sem pensar duas vezes, me atirei em frente do caminhão envolvendo o pequeno corpo de Elena em meus braços e asas e sussurrando que tudo ficaria bem. Não vi e nem senti o impacto, só pude perceber que minha respiração estava cada vez mais difícil e que meu corpo doía de uma maneira inimaginável. Tentava abrir meus olhos para ver se Elena estava bem, mas eles não me obedeciam e uma enorme letargia dominava meu corpo, enquanto o ar estava cada vez mais escasso. O sono foi ficando profundo e difícil de resistir e a última coisa que consegui pensar foi: Elena.

**

“Stefan? Stefan!”

Uma voz firme, mas serena chamava meu nome. Eu já tinha morrido uma vez, essa não deveria ser minha morte definitiva?

– Vamos Stefan, eu sei que você está acordado.

Forcei meus olhos a abrirem e eles focaram a figura de um homem de cabelos escuros, pele morena clara e vestido com uma roupa social que estava sentado ao meu lado.

– Ai está você! Não achei que você demoraria tanto para acordar.

Obriguei-me a sentar e a olhar em volta. Estávamos em um gramado onde só se via a grama baixa, um imenso céu azul com nuvens brancas espalhadas e o sol se pondo. Meu cérebro registrou em surpresa que nenhuma parte do meu corpo doía e aparentemente tudo estava bem comigo, se não fosse o fato de eu ter encontrado minha morte definitiva.

– Onde estou? – Consegui murmurar enquanto coçava os olhos.

– Onde você pensa que está? – O homem questionou.

– Bem, acho que encontrei minha morte definitiva, mas eu não sei que local é esse. Quem é você?

Virei-me para olhar diretamente para o homem em minha frente. Ele trazia um sorriso sincero e carinhoso nos lábios e seus olhos eram gentis.

– Morte definitiva? – Ele riu mais abertamente. – Acho que ninguém tinha dito isso antes. Sim, você está morto, e essa é uma espécie de nova dimensão.

Arqueei minha sobrancelha e olhei ao redor, vendo de imediato que minhas asas estavam mais claras e curadas, não havia mais dor ali.

– E você, quem é? – Voltei a indaga-lo.

– Sou alguém que vive por ai por muito tempo. Pode me chamar de Emmanuel.

– JESUS! – Exclamei assustado.

– Sim, as pessoas também me chamam assim. – Ele riu carinhosamente.

Abaixei os olhos imediatamente.

– Eu não sou digno da sua presença, Senhor. – Sussurrei em respeito e também por todas as regras que tinha desobedecido quando me tornei anjo.

Aliás, ali estava o dilema e o porquê da surpresa: quando nos tornávamos anjos, sentíamos as presenças de Deus e de Jesus, mas só os que eram da chamada “alta cúpula” já tinham presenciado suas vozes. Para poder vê-los, teríamos que passar por aquilo que eu chamava de “morte definitiva”. Ninguém nunca explicou aquilo para nós, mas eu suspeitava de que era um jeito de testar nossa fé, apesar de que uma vez ou outra, tínhamos a sensação de alguém muito superior a nós estar perto da gente.

– Ah, por favor! Claro que você é digno!

– Mas eu pequei Senhor.

– E desde quando amar é pecado?

Meu rosto congelou surpreso.

– Mas as regras sempre disseram...

– Regras, regras. – Jesus me interrompeu em deu um suspiro agitando as mãos no ar. – As regras às vezes são rigorosas de mais em fatos que não há tanta necessidade. Obviamente que precisamos de algumas leis, mas não quando ela te impede de ser feliz.

– Como assim?

– Veja, todos os anjos receberam a recomendação de não se apaixonar pelo seu protegido. Perceba que eu disse ‘recomendação’ e não exigência. Isso deve ser respeitado, é claro, mas se acontece e é um amor verdadeiro e correspondido, não há nada que se possa fazer, certo? A maior prova disso foi você ter dado sua vida por Elena. – Senti meu rosto corar quando ele tocou no assunto. Era estranho conversar com alguém onisciente e onipresente. Era estranho conversar com Jesus. – Eu até andei falando sobre isso com seu amigo Klaus.

– O Senhor falou com Klaus? – Perguntei atônito.

– Sim! Um dia enquanto Klaus vagava na terra sem ser visto, eu resolvi fazer uma surpresa para ele que parecia estar tão perdido e desesperado. – Jesus parou e olhou para o horizonte pensativamente e o sorriso voltou ao seu rosto. – Klaus acreditou que estava sonhando ou sofrendo algum tipo de grave ilusão, mas depois acreditou. Ele me lembrou muito de Tomé. – Riu. – Conversamos horas e horas sobre muitos assuntos e senti que em seu coração, ele estava preocupado com Elijah, Damon, Caroline e você, então resolvi aconselhá-lo e passar algumas coisas para vocês.

– Eu me lembro de ele ter tentado falar comigo umas duas vezes, mas sempre fomos interrompidos. Por que ele não disse que tinha falado com o Senhor?

– Porque eu perdi. Sabe, quando eu converso com os filhos de meu Pai, eu prefiro que isso fique entre nós dois, pois é uma coisa tão intima e tão nossa.

– Entendo. – Respondi olhando as nuvens

Um silêncio tranquilo se instalou no lugar e eu não me sentia inseguro ou envergonhado por estar ao lado Dele – eu me sentia perfeitamente bem.

– Você ama muito Elena, não é? Assim como Damon ama muito Katherine. – Perguntou me fitando.

– Sim. – Respondi em um sussurro. – Ela era o amor da minha eternidade.

– Por que “era”?

– Bem, eu estou morto, não estou?

– Tecnicamente sim. – Jesus sorriu e olhou para o céu, como se estivesse escutando o vento que passava por nós naquele momento. – Ora, já está na hora! – Ele se levantou e eu o acompanhei.

– Hora do quê? – Perguntei confuso.

– De você voltar!

– Voltar para onde?

– Para cumprir sua missão, Stefan! Escute, nem tudo está perdido. Lembre-se disso! Sobre Elijah, isso vai te ajudar a trazê-lo de volta e trancar Vadik para sempre no lugar de onde ele veio. – Ele se agachou, pegou uma rosa branca que tinha surgido do nada ali e colocou na minha mão. No mesmo instante ela se transformou em uma grande espada de cabo branco. – Você vai encontra-la debaixo da sua cama quando acordar. Dê essa espada a Klaus, ele é o único que pode fazer isso.

– Mas aonde vamos usar isso? O que está acontecendo Senhor? – Perguntei confuso.

– Não se preocupe, o coração de vocês vão vos guiar. Agora vamos! – Ele me virou e com as mãos nos meus ombros foi me empurrando sutilmente e parou depois de alguns passos. – Hm, Stefan... Sobre Elena: não se preocupe! Aparentemente tudo parece estar perdido, mas logo as coisas ficarão claras para vocês. E sobre a nossa conversa, é um segredo nosso, certo? – Apenas assenti com a cabeça. – Ok então. Não se esqueça nunca filho, eu te amo e sempre estarei com vocês.

Surpreendendo-me, ele me abraçou e pediu para que eu fechasse os olhos.

**

Sentia o ar correndo sutilmente por meus pulmões novamente.

A sensação era inquietante e me pegou completamente desprevenido. Em um impulso assustado, abri meus olhos e sentei ofegante na cama olhando perdidamente para o quarto que eu pensei que nunca iria mais ver. Avistei Damon, Katherine, Klaus e Caroline me olhando com os olhos arregalados.

– Damon? – Sussurrei.

– Stefan! – Ele murmurou.

Após uma pequena fração de segundos, ele pulou em minha cama pegando meu rosto em suas mãos.

– Você está bem? – Seus olhos me fitavam preocupado.

– Sim, eu estou bem.

– Idiota. – Damon deu um tapa na minha cabeça e depois me abraçou fortemente. – Não faça mais isso.

Lágrimas se acomodaram em meus olhos no momento em que percebi que ele chorava em meu ombro.

Fui abraçado por todos, mas não pude deixar de notar a tristeza nos olhos de Katherine.

– Onde está Elena, Katherine? Ela está bem? – Perguntei.

– Stefan, Elena morreu. – Ela respondeu baixinho.

Um aperto profundo apertou em meu coração me fazendo sentar na cama.

– Não! Não pode ser! Eu falhei! – Sussurrei.

– Não irmão, não! – Damon sentou ao meu lado e colocou o braço no meu ombro. – Tinha que acontecer, era a vontade de Dele!

Parte do meu cérebro se recordava do que Jesus tinha me dito: “Não se preocupe! Aparentemente tudo parece estar perdido, mas logo as coisas ficarão claras para vocês”.

– E onde ela está? – Questionei enquanto lágrimas escorriam por meu rosto e meu coração doía.

– Ela fugiu. – Klaus respondeu. – Assim que soube de sua morte, Elena se desesperou e fugiu e não conseguimos rastreá-la.

– Precisamos encontra-la. – Falei levantando da cama e afastando as lágrimas.

No mesmo instante uma mulher elegante de cabelo curto e rosto sério entrou no meu quarto.

– Rose! – Eu e Caroline dissemos ao mesmo tempo e os outros arquejavam.

Rose assim como Elijah, era do Conselho Superior e sua fama de rigorosa percorria por todo o céu.

– Stefan, Caroline. – Ela cumprimentou secamente com a cabeça e olhou surpresa pelo quarto vendo todos que estavam dentro do quarto. – Bem, eu ia perguntar se vocês sabiam sobre o que estava ocorrendo no Plano Superior, mas acho que primeiro vocês me devem satisfações. – Ela caminhou calmamente até a poltrona e se sentou. – Olá Damon, Klaus e Katherine. Por onde vocês vão começar?

*

Damon contou toda a história, com o auxilio de Klaus, sobre ter sido possuído. Já eu e Caroline falamos sobre as desconfianças de Elijah e Katherine contou sobre sua vida escondida e todo o resto da história. Rose ouviu tudo quietamente e em alguns momentos ela fazia caretas de reprovação.

– E cadê Elena? – Ela perguntou.

– Ela está morta e assim que ela soube da minha suposta morte, ela fugiu.

Rose levantou de onde estava sentada parecendo inquieta.

– Temos que encontra-la antes deles. – Ela murmurou quase que para si mesma.

– Antes de quem? – Questionei.

– Antes de Vadik. Escutem, há algo que vocês precisam saber: recebemos um recado hoje no Conselho Superior sobre uma suposta traição, e agora com essas informações que vocês me deram, eu tenho certeza e até já suponho quem possa ser o traidor.

– Quem? – Klaus perguntou.

– Marcel. Há algum tempo atrás, ele veio com planos de aliança com o mal para podermos promover um novo apocalipse e começar novamente a raça humana, perante o Conselho, mas obviamente nós negamos e ele não ficou nada satisfeito com isso. Rumores começaram a correr essa semana após o sumiço de Elijah, dizendo que Marcel tinha feito alianças com demônios e com anjos que eram a favor desse novo apocalipse, mas nós não levamos muito a sério.

– Mas o que Elena tem haver com isso? – Katherine questionou.

– Eu não sei, mas algo me diz que ela faz parte do plano de Marcel.

– Se ele conseguir o que ele quer, o que ele vai fazer? – Klaus perguntou novamente.

– Ele vai começar uma batalha no céu e depois dominar a Terra.

Todos no quarto arquejaram.

– Precisamos fazer algo! Temos que livrar Elijah dessa possessão! – Klaus falou.

E como se isso fosse uma frase mágica, ela despertou uma lembrança em meu cérebro.

– A espada! – Arquejei.

– Que espada, Stefan? – Caroline perguntou.

Mas eu já não ouvia. Corri para a cama e me agachei para olhar em baixo e lá estava: a espada e seu cabo branco. Puxei-a de lá e todos me olharam surpresos.

– O que é isso? – Damon me olhava confuso.

– Quando eu estava supostamente morto, alguém conversou comigo isso. Eu achei que era um sonho. Klaus, essa espada é para você ajudar Elijah. – Entreguei-lhe a espada de cabo branco.

– Não é possível! – Rose arquejou surpresa indo para perto de Klaus. – Essa espada estava sumida a mais de dez séculos! Com quem você falou, Stefan?

– E-eu, eu não consigo me lembrar. – Gaguejei mentindo enquanto Klaus me fitava curiosamente.

– Não importa com quem ele falou, o que importa é que agora podemos trazer meu irmão de volta. – Klaus falou.

Houve um momento de silêncio no quarto.

– Vocês estão sentindo isso? – Katherine perguntou olhando confusamente em volta do quarto.

– Sim. – Rose respondeu olhando espantada para Katherine. – Eu também estou sentindo algo... Algo muito ruim no Plano Superior! Precisamos...

Mas Rose não pode concluir o que ia dizer.

No instante seguinte estávamos todos, incluindo Klaus e Damon, com nossos trajes de batalha e armas em punho no Plano Superior.

– Rose, o que está acontecendo? – Damon olhou atordoado para todos os lados.

– A batalha! Marcel vai começar a batalha agora! Meu Deus, vocês não conseguem sentir o tanto de poder maligno que está em nossa volta?

E como se fosse uma deixa, anjos que já tinham sido nossos aliados, começaram a surgir de vários lados, com vestimentas negras e grandes espadas nas mãos, mas ao mesmo tempo, os anjos que restaram da nossa guarda também apareceram atrás de nós. Seus trajes eram semelhantes aos nossos, o que sinalizava que eles nos auxiliariam na batalha.

– Elijah! – Klaus murmurou olhando para alguém que vinha em nossa direção.

– Rose, o que vamos fazer com Elijah? – Um dos membros do Conselho Superior perguntou, se aproximando de nós.

– Vamos tentar uma despossessão, caso não dê certo... – Ela respondeu friamente mas algo em sua expressão me dizia que não era o que ela queria.

– Não! – Respondi automaticamente enquanto tentava contar quantos anjos tinham nos traído. – Nós vamos conseguir trazer Elijah de volta.

Anjos e mais anjos caídos surgiam no lugar onde estávamos. Seus rostos traziam a expressão fria de quem queria travar uma batalha e sorrisos sarcásticos estampavam seus rostos.

– Vocês não tinham ideia de que tinha tantos da guarda contra nós, né? – Katherine falou sem desviar os olhos dos que estavam em nossa frente.

– Realmente, eu não fazia ideia. – Rose respondeu sibilando e era notável a sua frustração por ter sido enganada daquele jeito.

– Esperem, aquela ali não é Elena? – Damon indicou com a cabeça o lugar onde Elena agora estava.

Ela também vestia preto, e suas asas eram estranhas de um tom de azul muito escuro que eu nunca havia visto antes. Seus olhos encontraram os meus por um instante e eu podia falar todas as emoções que eu vi se passando por eles: surpresa, alegria, tristeza, dor e finalmente conformação. Elena virou o rosto para não me olhar mais.

– Não! – Consegui sussurrar enquanto Katherine arfava surpresa ao meu lado. – Ela não pode estar do lado deles. Elena não pode ter feito isso.

– Acho que provavelmente esse foi o preço para salvar você. – Caroline falou baixinho ao meu lado.

– Ela é a uma das duas armas! – Rose arquejou surpresa.

– Que armas? – Damon questionou.

– As armas que Deus criou para uma batalha que nunca aconteceu. Ele previu que algum dia teria uma batalha muito poderosa, em que muitos poderiam até mesmo morrer, então Ele resolveu criar duas almas unidas – uma de asas azuis escuras quase pretas como a madrugada e a outra de asas muito claras como a luz do dia –, que fossem forte o suficiente para derrotar os inimigos nessa luta, só que uma das almas se voltou contra Deus e quis sua liberdade e Ele concedeu-a mandando-a para a terra. A outra alma ficou muito triste e Deus em um ato de generosidade, permitiu que ela fosse procurar a alma rebelde. As duas acabaram se perdendo uma da outra na terra e nunca mais se soube de ambas. Marcel disse que ia encontra-la e usar a seu favor. Olhem a cor das asas de Elena! Ele a encontrou!

Enquanto falávamos, finalmente o rosto mais esperado apareceu em nosso campo de visão.

– Marcel e Alexia! Eu sabia. – Rose sibilou seguida por múrmuros de todos os outros anjos que estavam surpresos.

Os dois caminharam até se aproximar de nós, que estávamos na linha de frente com a guarda em nossas costas, Elena e Elijah/ Vadik os seguiam de perto.

– Enfim chegou o dia, Rose. – Marcel disse com um grande sorriso falso no rosto. – Mas estou me sentindo piedoso hoje e vim oferecer a vocês uma última chance; se aliem conosco e juntos promoveremos o novo apocalipse!

– Você só pode estar brincando! Nós nunca apoiaremos vocês. – Damon riu ironicamente.

– E por que eu estaria, Salvatore? Praticamente todo o poder do mundo está em minhas mãos.

– Há uma grande diferença entra “praticamente” e “todo”, Marcel. Por que não se rende antes de começarmos uma batalha totalmente desnecessária? – Caroline perguntou.

– Vocês acham que tem alguma chance contra nós? Olhem o tamanho do nosso exército, e além do mais, nós temos a arma. – Alexia respondeu parecendo estar se divertindo.

Os membros do Conselho Superior fizeram expressão de espanto ao ouvir “nós temos a arma”.

– De que arma vocês estão falando? – Katherine questionou olhando diretamente para Elena, que evitava o contato visual.

– Aquela que vai destruir todos vocês. – Vadik/Elijah respondeu ao mesmo tempo em que avançava velozmente em direção a Katherine.

E foi ai que tudo começou.

Damon se pôs a frente de Katherine evitando que a espada de Vadik perfurasse-a e em um golpe que justificava a fama de ser um dos melhores guerreiros do Plano Superior, meu irmão golpeou Vadik na barriga. Aquele era o momento certo para trazer Elijah de volta.

– Klaus! – Gritei para o anjo que estava do outro lado do campo.

Seus olhos focaram em seu irmão caído e sendo segurado por Damon e no instante seguinte ele já estava ao nosso lado.

– Use a espada! – Damon falou.

– Mas eu não sei o que fazer! – Klaus parecia assustado.

– Sim, você sabe! Seu coração vai te guiar! – Eu respondi.

Klaus fechou os olhos e respirou fundo. Depois de um momento, ele nos fitou com determinação.

– A espada branca! – Vadik murmurou fraco e assustado enquanto olhava para a espada.

Sem esperar mais nenhum segundo, Klaus enterrou a espada branca no peito de Vadik/Elijah, arrancando arquejos surpresos de todos nós. Aquilo poderia matar Elijah também.

Um raio claro e alto caiu a poucos metros de nós iluminando todo o campo e logo em seguida, Vadik gritou de forma agonizante e assustadora. Seu corpo se contorcia e suas mãos tentavam retirar a espada em seu peito, mas toda vez que ele a tocava, suas mãos queimavam. As asas que antes estavam pretas, começavam a se clarear a medida que ele ia perdendo sua força. Uma mancha grande e negra como petróleo, se arrastou para fora do corpo de Elijah, e no mesmo instante, outro raio caiu em cima dela, fazendo com que aquilo gritasse da forma mais estranha e medonha que eu já tinha visto e de imediato um fedor forte de enxofre pairou sobre nós. No segundo seguinte ela desapareceu, Klaus puxou a espada de volta e Elijah levantou ofegante como se não tivesse estado com uma espada no peito instantes atrás.

– Bem vindo de volta, irmão! – Klaus o abraçou de forma rápida e entregou-lhe sua espada. – Junte-se a nós e nos ajude a chutar alguns anjos caídos.

– Nada me daria mais alegria. – Elijah respondeu com um pequeno sorriso.

Ao mesmo que tempo que isso acontecia, pude ver Alexia partir para cima de Caroline, seguida de vários anjos caídos que vinham para cima de nós. Alexia acabou acertando o braço de Caroline, que caiu no chão e rolou rapidamente de lado evitando o próximo golpe que viria. Olhei para Katherine que também estava vendo aquela cena e naquele instante parecia que tínhamos tido a mesma ideia. Sem pensar duas vezes, corremos para ajudar: em um movimento rápido e preciso, Katherine bateu com o cabo da espada na nuca de Alexia e logo em seguida, chutou suas pernas de modo que ela ficou de joelhos no chão e ela a segurou pelos cabelos.

– Você se arrepende da escolha que fez? – Katherine sibilou em seu ouvido.

– Jamais! – Alexia respondeu com uma expressão de dor, mas ao mesmo tempo satisfeita.

– Ótimo, assim eu não sentirei remorso. – Eu falei e cravei minha espada em seu coração. Ela soltou um grito alto e caiu no chão.

Vários anjos que estavam lutando pararam para olhar e Marcel que já tinha matado três de nossos anjos se virou em nossa direção e viu o corpo de Alexia estendido aos meus pés e Elijah livre da possessão de Vadik. Ele nos olhou totalmente enfurecido.

– O QUE VOCÊS FIZERAM? – Marcel gritou vindo para nosso rumo com sua espada.

– Katherine, saia daqui! – Damon chegou perto de nós e sibilou empurrando Katherine para trás de si.

– Eu não vou te deixar! – Ela falou tentando se livrar dos empurrões de meu irmão.

– Você nunca vai me ouvir não é?

– Sinceramente? Não.

Vi um sorriso incrédulo aparecer no rosto de Damon enquanto ele empunhava sua espada antecipando o golpe de Marcel.

Rose se aproximou de nós e no instante que se sucedeu, já estávamos em outro lugar.

– Isso vai ser uma briga feia. Quanto menos inocentes machucados, melhor. – Rose justificava o motivo de ter nos levado para outro lugar.

E ali naquele campo estávamos eu, Damon, Klaus, Elijah, Katherine, Marcel e Elena que olhava perdidamente ao redor, segurando tremulamente sua espada. Marcel parecia nem ter reparado na mudança de ambiente.

– Vocês acham que vão conseguir me derrotar? – Ele riu. – Mesmo sendo 5 contra dois, eu conseguirei vencer todos! Vocês não sabem o tamanho do meu poder!

No mesmo instante, a terra pareceu tremer em baixo de nós. Nuvens escuras tomavam os céus e Marcel pareceu ficar assustadoramente mais poderoso em nossa frente.

– Nós não temos medo de você. – Elijah sibilou.

– Pois deveriam ter.

Em um piscar de olhos, Marcel correu velozmente em nossa direção. Rose que era a mais próxima avançou contra ele e em seguida houve um grande baque surdo.

– Rose! – Elijah gritou tentando avançar para ajuda-la, mas não conseguiu, pois havia um tipo de barreira que nos impedia de ir em frente.

Olhei para Elena e sua boca se movia como se ela estivesse entoando um feitiço. Era ela quem estava nos impedindo de ajudar Rose? Iriamos ser espectadores daquele espetáculo enquanto esperávamos a nossa vez de morrer?

Dali não era possível ver muita coisa a não ser um grande vulto preto e um médio vulto branco percorrendo todo o campo e o som de espadas se batendo. Depois eles alçaram um voo alto e em seguida, um grito de dor ecoou em toda área e o corpo de Rose caiu e rolou no chão algumas vezes até parar de uma forma totalmente destorcida. Uma de suas asas pendia de forma errada de suas costas, como se tivesse prestes a cair, sua respiração era lenta e pesada, seu corpo estava cheio de sangue e uma de suas pernas definitivamente estava quebrada.

– Ai meu Deus! – Ouvi Katherine arquejar ao meu lado.

Klaus, eu e Damon tentamos nos mover, mas a força que nos prendia era muito forte.

Marcel pousou no chão e ali eu pude ver o quanto suas estavam grandes e pretas. Um preto que se dava medo até de olhar. Ele chegou perto do corpo de Rose.

– Fique longe dela! – Elijah gritou tentando sair do feitiço, mas sem sucesso. Marcel olhou sarcasticamente para ele.

– Sempre tão defensor, não é Elijah? Mas há algo a mais aqui, não há? – Marcel ria e passava a ponta da sua espada ao redor do corpo de Rose. – Rolavam conversar de que o Alto Anjo Elijah amava a Alta Anjo Rose. Achei que fossem só fofocas, mas aparentemente não é. – Ele se ajoelhou ao lado do corpo acariciando o rosto de Rose. – Eu sinto muito querida, por você não ter me ouvido e ter ficado ao meu lado.

Rose usou a pouca força que tinha virar o rosto e olhar para onde Elijah estava e gesticulou com os lábios “Katherine. A outra arma. Eu te amo.”

– Eu te amo. – Elijah sussurrou baixinho e um fraco e doloroso sorriso apareceu no rosto de Rose.

– Que bom que você está aqui para ver sua amada morrer, nobre Elijah. – Marcel falou e em um movimento rápido, enfiou a espada negra no coração de Rose, que arfou e fechou os olhos lentamente enquanto dava seu último suspiro. – Agora, quem é o próximo?

– Chega! – Katherine sibilou e avançou sobre Marcel surpreendendo a todos e passando pelo muro de enfeitiçado.

Elena olhava atordoada para a irmã, enquanto Marcel se esquivava de seu ataque e Damon gritava desesperadamente por Katherine e tentava se livrar do feitiço a nossa frente.

– Katherine, não! – Elena falou alto pela primeira vez naquele dia.

Mas já era tarde. Katherine investia contra Marcel perfeitamente bem, parecendo ter lutado anos e anos em várias batalhas. Seus golpes eram precisos e nem um pouco hesitantes. Marcel parecia não acreditar na força de Katherine. Ela desferiu sua espada contra o ombro de Marcel que arquejou e recuou de dor.

– Eu disse que já chega disso. – A irmã de Elena sibilou.

– Sim, você tem razão. Chega.

Estendendo um dos braços a sua frente, Marcel começou a sussurrar um feitiço e de imediato Katherine colocou uma mão no coração. Sua respiração começou a ficar difícil, como se alguém estivesse a sufocando e quando ela caiu de joelhos, sangue começou a escorrer de sua boca enquanto golfava. Ela olhou sua mão ensanguentada e um sorriso estranho surgiu em seu rosto.

– Não é tão fácil assim. – Katherine sibilou estendendo suas enormes asas claras enquanto um vento frio percorria aquele lugar e trovões começavam a ecoar pelo céu escuro.

– Ela é a outra arma! A que completa Elena! – Damon sussurrou surpreso olhando as asas de sua amada.

Katherine olhou fixamente para Marcel, que parecia ter sido pego de surpresa. Seus olhos se arregalaram em seu rosto e ele soltou um grito alto de dor e segurava sua cabeça entre as mãos. Ela se levantou de onde estava e chegou perto dele.

– Agora vamos logo acabar com isso.

Katherine empunhou a espada contra o peito de Marcel, mas em movimento rápido e inesperado ele bateu sua espada contra a dela, jogando-a longe, e cravou a espada na barriga de Katherine. Todos no campo arfaram surpresos e ela se curvou contra o seu corte. Marcel puxou a espada de volta e deu um forte tapa em Katherine que caiu desacordada no chão.

– NÃÃÃÃÃÃÃO! – Damon e Elena gritaram ao mesmo tempo.

– Você prometeu que não iria machuca-la! – Elena gritou para Marcel.

– Foram consequências. – Ele respondeu em tom de deboche.

Lágrimas escorriam do rosto de meu irmão que estava em choque e eu o abraçava, evitando que ele tentasse ultrapassar o muro enfeitiçado. Elijah e Klaus murmuravam algo para ele, mas eu não prestava atenção, pois olhava fixamente para Elena. Ela também chorava, mas seu rosto mostrava a raiva que ela estava sentindo; eu nunca tinha visto-a daquele jeito.

– Isso tem que parar. – Elena sibilou puxando sua espada.

– Você não tem chances contra mim. – Marcel olhou para ela.

Sem dizer nada Elena avançou contra ele, porém nada além de seu vulto pôde ser visto.

– Elena. – Murmurei.

Ela tinha estranhamente sumido. Alguns instantes depois Elena apareceu atrás de Marcel.

– Aqui, idiota!

Ele se virou rápido e Elena deu um soco forte em seu rosto. Marcel se desiquilibrou, porém logo se recuperou. Puxando ela pelo braço, os dois alçaram voo, e novamente tudo que se podia ver eram vultos, só que dessa vez escuros, e o som das espadas se batendo.

Os vultos ficaram mais devagar e consegui ver o momento preciso em que Marcel perfurou as costelas de Elena. Ela não gritou, apenas caiu no chão ainda com sua espada nas mãos e seu rosto contorceu de dor.

Sua respiração era fraca, e ela não emitia nenhum ruído de dor.

– NÃO! ELENA! – Gritei e dessa vez era Damon quem me segurava.

Marcel pousou ao seu lado.

– Você não deveria ter me traído! Eu trouxe seu namorado de volta a vida e é assim que você me paga? – Seus olhos brilhavam enfurecidos. – Agora você vai morrer como sua irmã e como todos eles iram morrer.

O corpo de Marcel se curvou sobre o de Elena e eu pude ver o momento exato em que ele baixou a espada contra ela, só que o que ele não esperava era que Elena levantasse a dela ao mesmo tempo contra o seu coração. Pude ver a ponta da espada de Elena transpassar as costas de Marcel, que gritou de dor.

– Eu vou morrer, mas você vem junto. – Elena falou baixinho enquanto o corpo já sem vida de Marcel caia ao seu lado e ela lentamente fechava seus olhos.

– ELEEEEEEEEEEEEEEENA! – Gritei conseguindo me libertar do aperto dos braços de meu irmão e correndo para o corpo estirado no chão.

Obviamente a barreira de feitiço tinha sido desfeita.

Cai de joelhos perante o corpo de Elena e puxei a espada de Marcel do peito dela, que arqueou um pouco do chão.

– Elena! Elena! Mantenha os olhos abertos! – Eu murmurava segurando sua cabeça e a apoiava em meu colo.

Uma parte de minha consciência permitiu ver que Damon estava curvado sobre Katherine e um sorriso de alivio estava em seu rosto, enquanto Elijah e Klaus olhavam o corpo de Marcel.

– Stefan. – Elena sussurrou fracamente. – Eu sinto muito.

– Shhhh. Shhh! Você vai ficar bem.

– Não, eu estou morrendo. – Suas asas estavam começando a sumir. – Eu sinto.

Lágrimas descontroladas saiam de meus olhos.

– Não me deixe! – Supliquei.

– Eu nunca vou deixar você. Cuide de Katherine e de Bonnie e Matt por mim, por favor. – Ela tentou levantar a mão debilmente para acariciar meu rosto, mas sua mão caiu na metade do caminho. – Prometa para mim.

– Eu prometo. – Uma dor insuportável crescia em meu coração em pensar que razão da minha existência estava morrendo em meus braços e eu não podia fazer nada para impedir. – Eu te amo tanto, Elena! Por favor, não me deixe! Eu não vou suportar!

Um sorriso fraco surgiu em seu rosto enquanto ela fechava os olhos e suas asas já tinham praticamente sumido.

– Eu sempre estarei com você. Eu te amo, Stefan.

E com um último suspiro e sem mais suas asas, Elena se foi definitivamente.


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