Between Heaven And Hell escrita por Ariany


Capítulo 2
Capítulo 1 – Dor, medo, escuridão.




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POV Stefan

Era para ser um dia normal. Aliás, eu esperava que fosse um dia normal pois não aguentava mais vê-la fazendo aquilo consigo mesma. Estávamos conectados de uma maneira tão forte, que cada vez em que ela se machucava, doía em mim e doía mais ainda, pois era a minha dor e a dor dela de um jeito único, todas de uma vez.

Já fazia uma semana em que ela havia parado com essas coisas. Foi um tempo de trégua a nós, o que me fazia lembrar meu irmão e a preocupação que eu tinha com ele. Onde estaria Damon? Por que ninguém me contava o que havia acontecido com ele depois daquela noite? Por que ninguém me dava noticias dele?

Muitas perguntas, nenhuma resposta.

Eu tinha certeza que Caroline sabia sobre ele, mas ela não iria me contar.

Tanta coisa para se preocupar, tanta atenção para se dedicar, especialmente aquela pequena morena teimosa que insistia tanto em me dar trabalho...

Elena...

Linda como um anjo, cabeça dura como um demônio. Deus, às vezes tinha vontade de entrar em sua cabeça só para entender o que se passava ali.

Depois daquela noite trágica tanto para o céu, quanto para a terra, Elena deixou de ser aquela menina controlada, doce e gentil. Tornou-se quase um expecto; fazia as coisas ‘roboticamente’, não sorria mais, não se importava mais. A única coisa que ainda mostrava que ela estava viva era quando no inicio da madrugada, se trancava no banheiro e ali chorava como se não houvesse outro dia, como se não houvesse esperança. E eu assistia aquilo tudo sem poder fazer nada, sem poder consolá-la, sem ao menos poder dizer que tudo iria ficar bem.

Inútil.

Incapaz.

Algumas vezes permitia que ela me visse brevemente, mesmo sendo proibido, para ela poder ao menos saber que não estava sozinha, que apesar de não saber quem eu era, eu estava ali para ajuda-la. Não adiantava, não era suficiente.

Depois dessas crises de choro, era sempre a mesma coisa, a mesma rotina. Elena se levantava, pegava uma lâmina e começava a tortura. Eu não suportava ver aquilo, sentir aquela dor, então eu simplesmente a abraçava mentalmente e repetia que tudo ia ficar bem, ela iria ser feliz novamente e como se fosse um calmante, ela ia parando com aquilo, se acalmando e acabava dormindo ali no chão do banheiro.

Quando Bonnie, sua melhor amiga, voltou de viagem no inicio da semana, foi como um bálsamo para Elena. Ela já sorria de vez em quando e tinha parado de se autoflagelar. Foi bom vê-la sorrir novamente, parar de se machucar e chorar por horas e horas ininterruptas, me dando assim espaço e tempo de ir procurar notícias de Damon. Acreditava que Bonnie poderia tomar conta de Elena ao menos por um dia.

Errado.

Naquela sexta feira de noite, após eu ter ido procurar Caroline no Plano Superior para tentar conseguir algo sobre Damon, senti a dor de Elena. Ela só havia sentido aquilo uma vez a dois meses atrás, sendo a dor mais forte que eu já senti e presenciei. Voltei correndo ao Plano Terreno, para casa de Elena. Ao entrar em seu quarto, me deparei com ela empunhando uma faca contra sua própria barriga. Não, aquilo não podia estar acontecendo, ela não podia estar fazendo aquilo. Ela não podia estar desistindo de tudo agora.

Sua dor.

Sua dor era tão grande, tão sufocada, que conseguiu me tirar de foco. Eu não conseguia pensar em mais nada além de para-la de fazer sentir aquilo então nem me importei em ficar invisível a ela. Nossos olhos se se fixaram um no outro.

Olhos castanhos sofridos e apologéticos encarando olhos verdes agoniados e que não entendiam.

Assim, fechando os olhos, enfiou a faca em si mesma puxando-a em seguida.

Elena caindo na escuridão e no frio.

Levando-me para a escuridão e para o frio.

O que você fez a nós, Elena?


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