Eu me perguntava se todo esse esforço e tempo que eu gastava desde que cheguei aqui era mesmo necessário para que conseguisse dominar meu elemento e se estava mesmo valendo a pena. Todos os dias eu fazia algo diferente mas que me parecia em vão já que em todo esse tempo eu evolui apenas uma vez, talvez fosse por minha falta de interesse, ou talvez porque realmente eu não servia para isso.
Olhei atentamente o copo a minha frente cheio de água e logo ela estremeceu se levantando devagar, girei as mãos e ela me imitava. O João olhava com atenção cada movimento meu e antes que pudesse mover de novo uma dor me acertou e eu deixei cair minhas mãos sobre a mesa já sabendo quem me causava a dor.
– Ai! - falei alto olhando pro João que se fixava em mim.
– Não esta concentrada Bianca! - ele falou e a dor parou.
O dom do João, como eu disse era bem raro, ele podia causar a sua pior dor e se ficasse muito tempo poderia matar, mais é claro que ele só mandava uma bem leve em nós quando estávamos sem nenhuma concentração.
– Desculpa, é que minha cabeça esta doendo. - falei em desânimo.
– Tudo bem então, vá descasar e amanhã continuamos!
– Tá. Tchau!
– Tchau! - sai de lá pegando minha bolsa.
O silêncio se matinha com a noite que caía, tudo vazio e calmo como minha mente pedia agora. Só o silêncio e nada mais.
O quarto estava escuro e a Jullya provavelmente tinha conseguido ficar com o pobre do Fred e isso era bom pois eu ficaria sozinha, sem ela falando. Tomei um banho demorado, vesti uma camisola e desci para pegar um lanche. Me deitei e fiquei ouvindo os grilos lá fora e logo a inconsciência me tomou.
Estava tão escuro e parecia não ter ninguém ali além de mim, movi devagar procurando o apagador mais nada encontrei, movi de novo e achei a maçaneta da porta. Abri e a porta fez um ruído alto e logo a sala ampla se revelou, o lugar onde eu estava.
Virei olhando a janela grande e que agora iluminava tudo. E vi uma garota sentada em frente a ela.Pensei em não me mover mais meu corpo diziam outra coisa, andei ate a pequena garota que parecia refletir sobre algo importante.
Me agachei ao seu lado e ela se virou pra mim, a pele branquinha como porcelana, os cabelos castanhos quase loiros batendo na cintura, os olhos cor de mel brilhavam imensamente.Tentei sorrir mais ela se antecipou mostrando os pares de dentes brancos e perfeitos, toquei seu braço e logo me arrependi pois todo o cenário claro e amplo mudou imediatamente, seu rosto de anjo foi tomado por algo assustador, os olhos ficaram negros como a noite e a pele ficou branca como mármore deixando aparecer as veias do rosto e os dentes agora era presas e de suas mãos estavam cobertas por algo vermelho. Levantei e o medo me tomou quando vi o estava sobre o chão e os meus pés: sangue...
Procurei de onde vinha aquilo e nada estava ali, só o chão branco destruído pelo líquido vermelho, dei alguns passos para trás e tudo estremecia, os objetos da sala começaram a flutuar e a garota que me parecia um anjo no começo flutuava pela sala e o desespero me tomou quando senti o cheiro de sangue perto de mim e pude ver que todo o líquido que estava ali não era fruto da garota e sim de mim.
Acordei assustada e olhei o relógio que marcava 05:28 horas da manhã. Respirei fundo tentando eliminar as imagens do sonho ruim da minha mente, levantei e lavei o rosto, troquei de roupa, vestindo uma calça jeans clara, blusa vermelha com botões na frente e calcei uma sapatilha. Meus cabelos estavam bonitos hoje e então resolvi deixar soltos.Tomei café devagar pois ainda estava cedo e depois fui para a sala de aula.
Ouvi atentamente e no intervalo vi o Rick rapidamente porque a Jullya estava enchendo ele de perguntas e não deu tempo para ele falar comigo...
– Oi Bia! - a Kate falou assim que entrei.
– Oi Kat!
– Temos muito trabalho hoje, parece que todos resolveram fazer aniversário essa semana! - eu ri.
– Então minha amiga vamos ao trabalho!
– Vamos sim! - ela sorriu empolgada.
Ela tinha razão, havia muitas encomendas e o movimento foi intenso, comi um misto-quente no lanche e depois corri pra limpar as mesas, sai satisfeita com a gorjeta e fui correndo para não me atrasar para aula do João.
Entrei na sala pequena e senti o cheiro familiar do Rick, aquele toque doce mais sempre muito quente.
– Oi pessoal! - falei assim que vi o João, o Rick e a Professora Claudia.
– Oi Bia! - ela falou gentil.
– Que bom que chegou Bianca, você precisa participar do assunto! - o João falou.
– Oi! - o Rick falou baixo e com um sorriso.
– O que foi? - perguntei curiosa.
– Acabei de colocar O Henrique numa "missão" e queria saber e quer ajudá-lo? - O João respondeu.
– Missão?
– Sim, quero ajuda para procurarmos o elemento terra.
– Claro, você tinha comentado comigo na semana passada. - falei empolgada.
– Sim e acho que temos pistas novas que podem ajudar!
– Legal e quando começamos? - perguntei.
– Nesse fim de semana mesmo. - a Claudia respondeu dessa vez.
– Tudo bem então!
A aula foi calma e consegui me concentrar mais dessa vez e o João disse que meu desempenho foi bom. Sai feliz da sala e apesar de ter tido um sonho ruim meu dia foi muito ótimo.

Sentei em um banco do pátio e fiquei olhando as estrelas que cintilavam no céu. Mal senti sua presença quando ele se sentou ao meu lado. Me virei para olha-lo e sempre ficava surpresa quando olhava dentro dos seus olhos cor de fogo.
– Vai ser bom ajudar! - ele falou olhando o céu.
– É sempre bom! - respondi.
– Sabe eu gosto daqui, é calmo, eu não preciso mentir, nem me esconder e ainda tenho ótimos amigos. - ele sorriu.
– Eu disse que seria ótimo!
– Você sempre tem razão Bia!
Olhei de novo o seu rosto perfeito, a sua pele era um contraste perfeito com os cabelos e os olhos avermelhados ele diretamente me lembrava um daqueles deuses gregos das historias de mitologia, perfeitos e encantadores.
– Espero que tenha evoluído mais do que eu nas aulas do João! - falei me lembrando da aula anterior.
– Na verdade eu não quero ficar numa sala pequena e não fazer quase nada. Quero ação, luta, ou alguma coisa assim.
– Ele diz que enquanto não tivermos o controle, lutas não são indicadas.- ele riu.
– Talvez porque ele ainda não me viu pegando fogo por completo! - ele estendeu a mão e uma chama surgiu dela.
– Talvez ele veja quando você for bem controlado! - estendi minha mão em cima da dele e com a água que surgiu apaguei sua chama.
– Talvez... - ele segurou minha mão.
– Você é sempre assim?
– Assim como?
– Quer dizer... sua pele é sempre quente assim?
– O tempo todo e as vezes fica ainda mais. E você é sempre fria assim?
– Um pouco! - rimos juntos da temperatura da nossa pele ser tão diferente.
Ele me olhou me fazendo prender o olhar no seu e sua mão tocou meu rosto de leve com as pontas dos dedos causando arrepios pelo meu corpo.
– Eu não me incomodo com sua temperatura na verdade te deixa ainda mais linda. - meu rosto corou concerteza e eu tentei sorrir mais ele se aproximou e meu corpo gritava pelo seu toque quente. Pude ver meu reflexo nos seus olhos assim que seu rosto ficou a centímetros do meu, ele sorriu e seu nariz roçou no meu me causado mais arrepios e logo seus lábios quentes estavam se movendo juntos com os meus.
Seu gosto era doce mais nada superava o calor que saia dele e fazia meu corpo estremecer e minha mente girar. Sua mão que estava no meu rosto desceu me puxando pela cintura e senti ainda mais o calor do seu corpo e confesso que eram muito bom.
Passei as mãos pelo seu pescoço e o beijo era quase como uma coisa viciante que me fazia querer ainda mais...
– Também não me incomodo com sua temperatura. - falei sentindo o calor do seu corpo perto do meu e ele sorriu me olhando nos olhos mais uma vez pra logo depois seus lábios encontrarem os meus para um beijo quente e frio ao mesmo tempo.

Ele me acompanhou até o quarto e me deu um beijo doce antes de sair. Tudo estava perfeito e ficou ainda mais quando dormi e sonhei com o garoto perfeito e sua pele inconfundível. Dia bom, sonhos bons...